- Boa Leitura!!-
Acordei com o celular berrando ao meu lado. Vejo na tela: décimo alarme: sete e vinte. Levanto-me, descalço, sinto o chão frio. Não estava com a mínima vontade de ir para a escola. Ir à escola só me desgastaria. Fui até a sacada respirei o ar frio, me apoio no parapeito, o suporte estava gelado me arrepio.
Olho para a rua um lindo homem estava entrando em seu carro, Ricardo, com uma cadela em seu calcanhar. Thaís alisando o seu paletó em seu ombro.
Fugiu-me uma lágrima. Meu coração, desesperado, gelado, oco, morto, querendo ser preenchido por ele, somente por ele... Por quê? Por que ele fazia isto com meu coração? Por que eu decidira sofrer por ele? Encostei-me na parede, parapeito, e desci até o piso. Eu poderia ter vivido aquele momento de luxuria, imaginado ele comigo. Mas ele nunca esteve! Sempre era eu, eu! Sozinho com meus pensamentos – fugiram mais e mais lágrimas... Soquei o chão inutilmente. Dói reconhecer a verdade.
Olhei para as nuvens como se faz na educação infantil. Uma nuvem em particular chamou minha atenção... Dizem que elas representam o que nós queremos, esta se parecia comigo e com Ricardo, estávamos beijando-nos, em meio aquele azul celeste...
Respirei fundo, engoli em seco. O que faria com todo aquele sentimento? Aquilo me sufocava matava minha alma, vê-lo, aquele sentimento, sendo desprezado, trocado por uma VADIA!
Escuto uns arranhões e batidas em minha porta. Tento me recompor rapidamente
— Espera! — Minha voz rouca vacila. Mas, a porta se abre, me levanto rapidamente.
— Henrique? — fala uma voz idosa, que lembrava-me grande parte de minha infância.
— VÓ! — Gritei de surpresa, abracei-a. Era minha avó materna, com seus cabelos pintados de loiro e sua pele branca e engelhada. Se chama Francisca, mas todos a chamam de Dona Chica.
— Meu netinho está enorme! Nossa Senhora de Aparecida! — Comecemos a rir, ainda abraçados. — Ontem vim aqui e você estava dormindo.
— Estava exaurido. Cadê o vovô, vó?
— Tá lá embaixo com teu pai! Conversando sobre futebol! — falou num tom de impaciente.
— Ah, vó, eles gostam!
— Meu filho, você estava chorando? — perguntou-me ao me desabraçar. Me olhou com suas feições baixas agora. Sentamos na minha cama desarrumada.
— Ah, não, não, nada haver. Meus olhos andam meio secos e eu acabei de colocar colírio. Brasília !! A senhora sabe como isto é seco, não é mesmo? — Deitei minha cabeça em sob sua coxa.
— Mas, nem seco está! — falou confusa.
— Tá frio e por mais que eu goste, seca meus olhos! — Menti.
— Hum... — falou ela desconfiada.
— HENRIQUEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE! — Grita a mamãe com certeza do primeiro degrau da escada.
— Parai, vó — saio do quarto e falo num tom meio alto para que mamãe pudesse escutar. — MÃE, HOJE EU NÃO VOU — falo determinado.
— TÁ, MAS TÁS SENTINDO ALGUMA COISA, FILHO? — pergunta da sala, perto do telefone.
— NÃO, SÓ UMA SENSAÇÃO, SEI LÁ, SABE?
— NÃO, MAS DESCE AQUI COM TUA AVÓ.
— JÁ TÔ INDO! — Volto para o quarto.
—Vó, mamãe tá lhe chamando. Diga a ela que já estou descendo, que vou me arrumar.
— Tá, tudo bem. Vou lá com minha filhinha. — Se levantou, caminho até a porta e saiu.
Lavei meu rosto e escovei meus dentes, troquei de roupa e desci. Todos tinham saído, só estavam Cida e Deco na cozinha.
— Cadê o povo, Cida? — perguntei confuso.
— Tua mãe, tua avó e teu avô foram ao Shopping e teu pai foi trabalhar. — disse ela lavando as louças da pia.
— O Deco já comeu? — perguntei.
— Já e tomou água também.
— Acho que vou sair com ele. Ele deve tá triste, tá meio depressivo.
— Vai lá, mas vê se não emenda para outro lugar, viu?
— Tá, só pelo condomínio, juro!
Meu pé nem doía mais, eu calcei o meu sapato e fui dar essa volta escutando música com Deco sempre afobado. De repente comecei a tocar “Telephone” da Lady Gaga lembrei do poder que eu tive ontem na secretária, do olhar do menino de boné. Comecei a dançar as empregadas dos outros blocos até me olhavam “Que droga é essa que ele tá usando?”.
Quando o bloco tava bem deserto, eu parava lá e esticava meus dedos e imitava a Gaga fingindo falar ao telefone. Deco virava e me olhava “Por que parou?”. No bloco de Bruno foi o que eu mais dancei, como se eu estivesse provocando-o. Mas, não, era porque era o que não havia pessoas transitando.
De repente chega duas mensagens. Abro a primeira e da Ana:
“Ei, migo cadê tu? (Ç.Ç) ” – Ana.
“Tô em casa :P ” - Eu.
“Por que tu faltou? :O” – Ana.
“Porque tô de saco cheio de tudo! Tô caminhando para espairecer.” – Eu.
“ Ixi, já tá de TPM?” – Ana.
“Tava ótimo até hoje de manhã ” – Eu.
“O que aconteceu? (?.?) ” – Ana.
“Ah, tu sabe! (¬¬’) ” – Eu.
“Não, não sei. O que foi? O.o ” –Ana.
“Menstruei hahahhahahhaha’ ” – Eu.
“ Porra, pensei que tu ia me dizer algo importante!”
“Quem tá com TPM agora? (U.U)”
“Tchau, senão a Dira vai me levar para a secretaria.”- Ana.
“Tá, tchau!” – Eu.
A segunda mensagem era de João.
“ Vais sair do colégio?” – João.
“Não. Por quê?” - .
Chega outra mensagem antes de guardar o telefone:
Decidi que ficaria com o telefone na mão mesmo. Vibrou.
“Nossa, é verdade o que disseram para gente?” – João.
“Depende do que te falaram...” – Eu.
“ Que tinham armado para ti?” – João.
“Ah, é sim, mas esquece. Foi uma babaquice. Tudo já foi resolvido.”- Eu.
Eu tava cansado daquele instinto fofoqueiro de todos e falei.
“Tchau, a Cida vai ligar aqui...”- Eu.
Logo chegou uma mensagem:
“Nossa tu dá muita confiança para esta mulher BAH! Nem podemos conversar direito.” – João.
“Não, não... Nada haver que tu falou. Tchau! ”
Uma lufada de vento levantou meu cabelo e deixou-me arrepiado. Talvez eles até soubessem de tudo! Estava cansado dessas coisas. Comecei a dançar novamente “Meu Deus, que troços são esses que me dão?” pensei. “Eu estou simplesmente alegre!”, pensei. E terminei minha caminhada só com a lista de musicas da Gaga, me contagiava.
Cheguei em casa coloquei água para o Deco, subi a escada dançando Telephone estava me deixando louco. Tiro os fones e deixo o celular no criado-mudo vou banhar me visto uma camisa branca de algodão e uma cueca samba-canção de seda.
Enquanto meu computador carregava liguei a TV, coloco no Multishow onde, no TVZ, começava o clip de “Telephone”, aumento rapidamente o volume para cem, jogo o controle em cima da cama. Começo a dançar, não queria me preocupar com nada. Logo Cida aparece e diz:
— Henrique, menino abaixa isso! — disse abafadamente ela com a mão na cintura. Faço como se a Gaga me dublasse. — Deixa teus pais te verem dançar assim! E teus avós! — riu ela e se apoiou no batente da porta.
Quando acabou a música me joguei na cama, meu notebook voou, mas eu o agarrei no ar; o controle caiu no chão e juntei-o.
— Pronto parou o fogo? — perguntou ela.
—Parou — falei ofegante.
Peguei meu computador e loguei meu Facebook, como não tinha nada para fazer comecei a jogar CityVille e tava precisando de
“Oi” — Eu
“?” — Eu.
“Fala” — Matheus.
“tudo bem ?”/ “Podes me ajudar no meu campo de corrida ?”– Eu.
“Sem resposta? Caceta! Ele devia estar em aula e eu pedi para ele me enviar coisas no CityVille, que babaca eu sou?”, pensei.
Fiquei mexendo e mexendo na internet. Encomendei minha maquete sobre o DNA dos vírus na G&J Artes DF.
— Henrique, Henrique! Vem cá! — Alguém me chamou do piso inferior. Desci a escada correndo.
— Oi! — Respondi quando estava no último degrau da escada.
Vi várias sacolas: A.Brand, Armani, Chanel, Diesel, Via Mia e outras várias espalhadas em frente a porta, a maioria de boutiques femininas. Mamãe vestida com sua sapatilha e seu vestido indiano, seus braços lotados de compras falou:
— Não deveria! Mas... me lembrei de ti! — Me entregou umas cinco sacolas. Se jogou entre as sacolas. Uma cena digna do filme ‘Confessions of a Shopaholic’ — Ai, tava precisando dessas compras para distrair a mente.
— Meu Deus, o que o papai vai falar quando ver tudo isso! — falei olhando-a e sorrindo.
— Eu comprei algumas coisinhas para ele, para distrair ele hahahahaha. — Suspirou — Me traz água, porque estou morta. Mas no paraíso.
— Tudo bem, já volto. — Fui à cozinha.
— Cida do céu, mamãe faz um tempão que vejo mamãe tão feliz! — falei irradiando.
— É hoje a felicidade tá solta, não é mesmo — Ela imitou o passo de Telephone.
— “Always” — falei segurando o copo de água. Fui até a sala.
—Mãe, cadê a vovó e o vovô?
— Hum. —Soltou o som enquanto bebia água. — Foram arrumar a casa deles, querido. Ela me disse que estava doida para voltar para cá.
— Por que ela não voltou antes? — perguntei.
— Papai. Ele queria ficar lá,mas o amigo dele; aquele deputado — estalou os dedos se esforçando para lembrar. — Aquele senhor que recebeu foi o mais votado do Rio Grande do Sul.
— Sei... O que tem ele? — Sentei no braço do sofá
— Ah, chamou eles para um baile de bodas dele. Se você boquiabriu-se com estas compras tinha que ver as de mamãe. Parece-me que vai ser bem luxuoso. — Fez um bico e se levantou
— Dia primeiro de setembro eu e seu pai vamos ao baile beficiente da classe empresarial do Distrito Federal, tínhamos que estar lá. Vamos fica na primeira fila perto da presidente — falou com tanto orgulho e segura de si.
— Ah, mãe, obrigado. — disse levantando a sacola da me referindo as sacola que ela me entregara e principalmente a sacola da FNAC com os livro do Harry Potter e as Relíquias da Morte e Insaciável.
— Pois é para ti ver como sou uma mãe boa — com sua unha do indicador apontou para a bochecha. — Cadê meu beijo?
Fui até ela e beijei sua bochecha, ela me puxou para seu colo e começou a fazer cócegas.
— Ai, hahahahahhaha, para mãe, hahahahhahahahhaha. — ela continuava. — Bom vamos almoçar , vamos, vamos — Me deu tapinhas na bunda para apressar-me — seu pai vai almoçar fora, negócios... — Ela revirou os olhos.
— Tí-pi-co — soletrei.
Almoçamos com Cida e comentamos os fatos curiosos daquela semana. Depois fui para o quarto. Peguei meu computador e comecei a digitar meu trabalho e fazia recortes da internet. Às três da tarde ouvi papai chegar e Cida veio deixar minhas compras esquecidas e ela se despediu. Terminei às seis da tarde meu trabalho e foi quando a campainha tocou. Fui atender. Tomei um susto, tinha me esquecido daquela figura.
— Tava com saudade? — disse com seu tom natural indelicado.
— Pelo amor, tu de novo?! — falei meneando a cabeça.
— Tava com saudade de te sentir — Me agarrou e me levou para dentro fechando a porta com o pé. Deixei-me levar, mas logo papai apareceu com a mamãe. Augusto fingiu estar me abraçando.
— Cara, tu já tá melhor? — Me soltou. — Boa Tarde. — Cumprimentou meus pais.
— Tudo bom, doutor? — perguntou meu pai, rudemente. Papai não gostava dele, dava para notar de longe.
— Creio que sim. — falou com um sorriso amarelo. — Tudo bem com a Sra? — Se referiu a minha mãe.
— Tudo ótimo — falou com um sorriso de orelha a orelha. — Temos que ir, vamos Tadeu!
“ Também, convenhamos, depois daquelas compras, né?”, pensei.
—Aonde? — perguntei, mamãe já estava porta afora.
—Sua mãe quer conversar com sua avó. — disse papai. — Juízo, viu? Nada de ficar andando pela rua.
— Tá pai — Virei os olhos. Ele olhou bem para Augusto e saiu.
— Que achas? — Olhei-o, desafiando-o.
— Acho que ainda tás mancando. — disse ele me analisando de corpo inteiro.
— Queres alguma coisa para tomar?? — perguntei.
— Quero. — E fui logo caminhando até a cozinha com ele atrás de mim. Ele agarrou-me.
— E ai pensou com carinho na minha proposta? — sussurrou no meu ouvido. Ele estava excitado.
— Enquanto tu tá nessa já fizeram uma coisa que tu ainda quer agora nesse momento. — falei.
— Caralho, que dizer que tu é liberal agora? — perguntou ele com raiva e meio exaltado me soltou.
— Sou humano. — falei rindo entregando a ele o copo d’água. Sentei-me no balcão e cruzei minhas pernas.
— Eu não quero essa droga. Eu quero isso. — Ele me beijou. Acariciei seu peito, agarrei seu cabelo. Mas logo pensei “Não, não posso! Estou muito assanhado. Tenho que parar com isto!”. Ele descruzou minhas pernas, quando ele estava a abrir sua braguilha eu o empurrei .
— Ah, qual é! Primeiro tu dorme em cima de mim e me deixa na mão. Dorme com outro me esnoba e agora quer vacilar de novo. Vai tomar no cu, porra!
— Cala a boca! — comecei a chorar. — Eu não quero!
— Tá, tá eu já vou. — Ele saiu fechando a calça.
Fui me deitar, nem liguei para EstherBom me desculpem por não postar depois de vinte quatro horas D: Família visitando, chuva, sono vocês sabem como é, não é? Desculpem-me. Beijos.