Toquei a campainha mais de três vezes ate o Daniel atender. Estava com uma cara de sono tremenda, acho que de principio nem me reconheceu.
- Oi, eu posso entrar? – perguntei
- Ah, é claro que pode! – ele bocejou, se espreguiçou e fechou a porta assim que entrei. – tudo bem com você?
- Comigo sim e com você?
- Também. – sorriu – cara me desculpa... eu sei que fui grosso com você... mas foi o momento, foi a situação! Não queria te deixar triste nem chateado muito menos magoado comigo...
- Tudo bem Dani, já passou! Esquece isso...
- Você me desculpa então? – ele deu um sorriso mais que lindo.
- Claro né? Você é meu melhor amigo... claro que eu te desculpo
A reação dele foi a melhor possível. Me deu um abraço tão gostoso... ele tava quentinho, eu coloquei as mãos nas costas dele e fiquei acariciando e ele fez o mesmo comigo. Ficamos assim mais ou menos cinco minutos, o silencio foi quebrado somente por ele:
- Vai dormir comigo né?
- Como assim dormir com você? – eu dei um sorriso bem safado.
- Quero dizer, você vai dormir aqui na minha casa né? – ele ficou vermelho. Como era ingênuo, eu dei a entender que sim e ele não captou a mensagem, pelo jeito a gente só iria ficar se eu tivesse a iniciativa... mas e a coragem pra fazer isso?
- Vou sim...
- Ebaaaaa! – ele deu mais um sorriso e eu também.
- Me conta como foi com a Claudinha?
- Ah Léo... – ele sentou – vem aqui porque a historia é longa!
- Vixi Maria, então começa a contar logo porque eu to bem curioso...
- Eu cheguei ela me pediu pra entrar. A gente subiu para o quarto dela e la conversamos.
- Prossiga.
- Começamos nos dando bronca é claro, dizendo que fomos irresponsáveis etc e tal. Depois ela me disse que queria tirar o bebe, e eu concordei com ela é claro. Não queremos essa criança de jeito nenhum.
- E...? – eu fechei a cara
- E depois de muito pensar decidimos que é isso não é o melhor a fazer. Ela disse que gosta de mim. Que não quer criar expectativas e tudo o mais mas que realmente gosta de mim. Só que eu fui sincero com ela. Eu disse que eu assumo essa criança, dou meu nome a ela, mas que sem chance de ficar com ela, de casar, de namorar, de assumir um relacionamento. Disse bem explicadinho que o que eu sinto por ela é amizade, só amizade, nada alem disso. E que o que aconteceu entre a gente foi um lance momentâneo, que o desejo e o tesão falaram mais alto.
- Prossiga – eu já tava morrendo de ciúme dela.
- Basicamente foi isso. Nenhum de nos quer esse filho, mas vamos assumi-lo. Ela disse que vai esperar mais um mês e vai contar para os pais dela e eu farei a mesma coisa.
- É senhor Daniel, uma ótima decisão. Finalmente vocês pensaram em alguma coisa boa! Fico feliz por vocês – por dentro eu estava roxo de raiva.
- Valeu cara... mas ainda assim não acho que isso é o melhor a fazer. Mas é o mais sensato.
- Isso é verdade. Me diz uma coisa Dani, por que você não assume um relacionamento com ela?
- Ahhh... sei lá... ela não faz meu tipo. E alem disso eu gosto de outra pessoa.
- De quem?
- Não sei se vem ao caso nesse momento – ele coçou a nuca e ficou hiper vermelho
- E por que não?
- Por que eu não sei se é o momento de você saber disso, e não sei se eu estou preparado pra contar uma coisa dessas!
- Contar o que?
- Léo – ele se aproximou de mim e sentou ao meu lado – A gente é melhor amigo, porem eu não sei se to preparado pra te contar uma coisa... Eu sei que eu vou te contar e vou te contar de quem eu to afim... Mas esse momento não é hoje, não é agora? Você me entende?
- Aham, te entendo perfeitamente porque o mesmo esta acontecendo comigo.
- Ah é?
- Uhum – eu olhei bem nos olhos dele e dei a entender que era dele que eu estava afim, mas pra variar o tapado não entendeu.
- Então ta! Quando você quiser me contar, quando você se sentir preparado me procura... eu vou te ouvir e te apoiar!
- Ai Danii... eu também vou te apoiar cara! Em qualquer decisão sua!
- Valeu maninho – ele me abraçou de novo. Como era bom sentir ele em meus braços, como ele era quente, como ele me fazia bem... tinha a sensação de que estava sendo protegido por ele...
Depois que o abraço acabou a gente subiu para o quarto. Fui dormir literalmente com ele aquela noite, mas como sempre não rolou nada alem de olhares insinuantes que ele não percebeu.
Fiquei a maioria da noite de costas pra ele e ele na mesma posição que eu. Como era uma noite fria fiquei como sempre, com a minha calca de moletom uma camiseta velha e sem cueca. Ele trajava um pijama como na maioria das noites.
Adormeci cedo aquela noite. Tive um sonho perfeito. Sonhei que eu e ele ficávamos, que a gente começava um namoro... Jamais esqueço aquele sonho: tão rápido mas tão marcante...
Acordamos bem cedo aquele dia, nem tinha clareado ainda. Uma surpresa, quando levantamos nos demos conta que estava chovendo e chovendo muito, e que alem de tudo não tinha eletricidade. Que maravilha, não iríamos pra aula aquele dia... Ia ser a minha chance de tentar algo...
Liguei para o Igor e pra mais alguns amigos. Todos disseram que não iam pra aula porque a chuva estava realmente forte. Liguei na secretaria do colégio e perguntei como a situação estava la, não mudou muita coisa, a chuva estava a mesma a única mudança era que la tinha eletricidade. Comentei que não iria e a moca que atendeu me recomendou não ir mesmo, que a aula que a gente ia perder seria reposta no sábado.
Eu e o Dani dormimos de novo e só acordamos depois da hora do almoço. Ainda não tinha luz então não se tinha muita coisa pra fazer. Levantamos, nos lavamos mesmo na água gelada e descemos pra almoçar porque naquela hora não dava mais pra tomar café. Almoçamos uma comida particularmente boa porque fui eu que fiz. Depois ele lavou a louca e eu fui dar uma limpada no quarto da mãe dele porque estava cheio de pó e outras coisas que a gente jogava no chão.
Parecia que a luz não ia voltar tão cedo e muito menos que a chuva ia parar... estava cada vez mais intensa. Depois que a gente terminou de fazer as rotinas domesticas a única coisa que sobrou para fazer foi deitar! E assim fizemos.
Nos deitamos e dormimos de novo. Só acordei perto das dez da noite porque meu estomago estava quase urrando de tanta fome. A chuva continuava la fora e a luz ainda não tinha voltado. O que será que tinha acontecido? Resolvi acordar o meu amor:
- Dãã... Acorda Dani... – mexi com ele umas duas vezes e nada.
Como ele tava dormindo e pelo jeito em um sono pesado eu resolvi jogar as cartas. Era tudo ou nada. Deitei de novo, me aproximei bastante dele, colei meu corpo no dele... cheirei a nuca dele, um cheirinho gostoso de perfume que já ta saindo da pele... encostei todo o meu corpo no dele e o abracei. Fiquei sentindo seu perfume, que delicia. Não demorou muito eu fiquei excitado. Encostei meu membro na bunda dele bem de leve e deixei ele lá...
Fiquei assim muito tempo até que senti ele se mexer e me distanciei bem devagar para não acordá-lo, se é que ele estava dormindo, o que eu duvido! Pra disfarçar eu disse:
- Finalmente tu acordo em seu xarope – e balancei ele na cama.
- Que horas são? – ele disse com uma voz linda de quem acabou de acordar.
- Quase dez! levanta vamos comer e tomar banho! Anda!!
- Nossa já é quase dez? – ele perguntou – Nossa dormi que nem uma pedra...
- É percebi, quase não consegui te acordar...
Ele riu.
- Pronto já acordei. Satisfeito?
- Agora eu to. Vamos colocar água pra esquentar que eu quero tomar banho! E jantar que eu to quase comendo o travesseiro. – eu dei risada e ele também.
A gente levantou acendeu uma lanterna e fomos pra cozinha. Esquentamos água e eu aproveitei o ensejo e liguei em casa. A minha mãe nem tava mais preocupada comigo, achei estranho mais acho que ela estava gostando de ter um filho a menos pra ela cuidar!
La estava tudo na paz, nenhuma novidade. Sentia falta do meu irmão Lucas, o Rafael não era tão ligado a mim, acho que ele não gostava muito da minha pessoa... Eu tentava muito me aproximar dele mas ele sempre me tratava mal, gostava só das minhas irmãs, comigo e com o Lucas ele não se dava tão bem. Acho que era coisa da idade mesmo.
Em mais ou menos quinze minutos a água esquentou. Quem tomou banho primeiro foi ele. Como a gente estava sem luz, a casa estava demasiado fria por causa que estava sem aquecedor, então a gente tava bem agasalhado. Ele não demorou muito. E nem eu. Não era agradável tomar banho de banheira sem eletricidade. Era estranho. Alem de ser bem frio.
Quando foi a minha vez de tomar o banho eu tinha certeza que ele estava no banheiro porem como estava escuro eu não consegui vê-lo, mas pude senti-lo! Era gostoso ser observado tomando banho, o tesão foi instantâneo! Demorei pouco mais de cinco minutos. Apenas lavei o corpo e nada alem disso. Me vesti bem rápido e desci com a lanterna pra cozinha. Ele estava sentado a mesa com duas velas e dois pratos com lasanha bem quente.
- Huuuuum que delicia!!!
- Vem comer logo que ta bem quentinha!
Eu sentei de frente para ele e a gente jantou em silencio, um olhando nos olhos do outro. Observando cada detalhe do rosto dele, da beleza dele. Estava ate parecendo um jantar romântico...
Acabamos de comer e ainda ficamos la por mais ou menos dez minutos para fazer a digestão. Subimos para o quarto por volta de onze e meia da noite. Ele resolveu ligar na CIA de energia elétrica para verificar o que estava acontecendo com a luz, eles informaram que devido a quantidade de chuva as fiações elétricas do nosso bairro foram danificadas e que eles só poderiam consertar o dano após a chuva acabar devido a alta periculosidade por causa da água e da eletricidade; ou seja, enquanto não parasse de chover a gente continuaria sem luz e sem sair de casa.
Deitamos e ficamos brincando de pedra papel e tesoura. Não tinha muita coisa pra fazer. A chuva não dava uma trégua um segundo, continuava sempre forte e com relâmpagos e trovoes a todo instante. O frio estava aumentando também. Já cansados da brincadeira a gente resolveu dormir mais uma vez, era a única solução que encontramos.
Deitei de frente pra ele dessa vez e ele na mesma posição que a minha. Nenhum de nos dois estávamos com sono, afinal dormimos o dia inteiro. Estava apreensivo, o que será que ia acontecer agora?
- Léo, ta dormindo?
- Não. Por quê?
- Nada.
- Fala!
- Não é nada!
- Faala moleque – eu me virei e comecei a fazer cócegas nele.
- (rindo) Não é nada, só pra te encher o saco! (rindo)
- Ah é? – eu disse rindo e intensificando as cócegas – Então quem vai te encher o saco agora sou eu...
- Ai não Léo pára pára - ele ria muito, nem parava pra respirar direito. Então eu já sabia um ponto fraco dele. – Pára moleque pára – ele ria demais e eu ria ainda mais dele.
Como de certa forma ele era mais forte do que eu ele conseguiu me imobilizar depois de muito rirmos juntos.
- Ai não, isso é golpe baixo – eu falei, ele tava sentado no meu colo prendendo as minhas mãos na cama.
- Porque é golpe baixo hein? – ele deu uma risada abafada. Não sei se o fato de não ver ele me ajudava ou me intimidava...
- Porque você é mais pesado que eu uai!
- Ah é? Você ta me chamando de gordo é seu xarope? – agora ele começou a fazer cócegas em mim e eu comecei a ter ataques de riso simultâneos.
- Para Dani para para – eu ri ainda mais que ele porque ele fazia cócegas no meu corpo inteiro.
- Se eu parar o que você vai me dar? – ele disse com um tom meio que safado na voz, só que na hora eu nem me toquei tamanha era a minha fraqueza mediante tanto riso.
- O que você quiser, mas para que eu to fraco já.
- O que eu quiser? – ele repetiu a minha pergunta. Só aí eu entendi o tom dele.
- Bom, depende né? Eu não tenho dinheiro! – eu tentei disfarçar o nervosismo que me deu com uma brincadeira. Mesmo estando afim eu não queria dar na cara que eu queria algo com ele...
- Isso eu não quero, o que eu quero é outra coisa!
- E o que é que você quer? – eu perguntei
- Isso.
Ele se abaixou e me deu um beijo na boca...
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