Capítulos de Mim - 10

Um conto erótico de Passarinho
Categoria: Homossexual
Contém 2628 palavras
Data: 27/12/2013 14:00:58

Dei um pequeno empurrão no Jean e falei:

- Corre Jean, se não chegaremos atrasados na aula de história e eu não posso perder nem o bom dia do professor. – Ele riu e eu peguei na mão dele e saímos correndo e brincando até chegar à sala.

Dei leves batidinhas na porta e o professor mandou entrar.

- Desculpe o atraso, professor, mas podemos entrar?

- Antes tarde que nunca, Já disse? – Disse ele exibindo aquele sorriso muito branco – Venha. Sente-se, aposto que temos um lugar pros dois na nossa sala hoje, vamos aprender algo juntos.

- Entramos e nos acomodamos. Jean no canto dele, no fundão e eu no meu. - Bem... Antes dos senhores entrarem e nos interromperem estávamos falando das bombas atômicas que os Estados Unidos detonaram no território japonês, no final da Segunda Guerra Mundial. Diga Ruy, você sabe por que os Estados Unidos detonaram duas bombas atômicas, uma em Hiroshima e outra em Nagasaki, já no final da Guerra?

- Apesar de a Alemanha ter caído, o Japão se recusava a se render. Então, os Estados Unidos explodiram as duas bombas atômicas, segundo eles, para apressar a rendição dos japoneses e acabar logo com a guerra.

- E você acha que esse foi o real motivo?

- Evidente que não. – Dei um sorrisinho de canto – Com a queda da Alemanha a Europa estava destroçada e as novas potências na nova configuração política do globo eram os Estados Unidos e a União Soviética. Obviamente, os Estados Unidos explodiu as bombas no inimigo que se debatia debilmente já no chão para intimidar o governo da União Soviética e definir sua força política.

- E??? – Perguntou o professor.

- Nesse caso, o que ocorreu na verdade foi um crime de guerra hediondo. Quer dizer, logo após a detonação das bombas mais de 160 mil pessoas morreram instantaneamente. Mais tarde, milhares de outros morreram em consequência da radiação nuclear.

- Bem... Você realmente não gosta das atitudes dos Estados Unidos ehm....

- Eu realmente não gosto da atitude de qualquer um que trate vidas de seres humanos como lixo descartável.

Nessa hora olhei pros outros alunos e todos estavam me encarando boquiabertos. Automaticamente, entendi que eu tinha sido super nerd ali porque quase ninguém acompanhou o que eu disse. Especialmente a equipe de Priscilla. Até o Nylo me olhava meio assim, não que ele não fosse inteligente. Mas ele não gostava muito de interagir nas aulas.

Enfim... A aula foi muuuito boa, como sempre. Continuamos com as outras aulas ao longo do dia, mas outra aula iria dar o que falar naquele dia. ÀS 15:00 PM nos dirigimos a aula de música. Na semana passada tínhamos visto somente coisas como História da Música e feito redações e anotações e coisas assim. A sala era também muito grande e reunia quase todos os instrumentos que eu conhecia. Desde flauta, piano, bateria, guitarra, violão, teclado, microfones, tambores e até tinha harpa.

A professora chegou e falou:

- Agora, sem gracinhas, eu quero saber quem daqui sabe tocar guitarra. Alguns levantaram a mão, inclusive Jean e Guto. Eu sabia um pouco de guitarra, mas não muito. Sabia um pouquinho de violão, mas nada muito incrível também. O único instrumento que eu dominava bem era teclado e piano, sabia um pouco de violino também. Havia uma sala de música, com instrumentos acústicos na minha escola dentro de uma sala isolada nos fundos e eu costumava passar o intervalo todo lá. Às vezes ia até no outro horário pra ficar mexendo nos limitados livros da biblioteca e bolinando o piano e no violino. Havia um professor que tocava e costumávamos passar horas falando sobre piano. Então, tenho uma bela noção sim. – Quem daqui tem alguma noção de bateria? – Mais uma vez Coysa levantou a mão e assim ela foi perguntando e a medida que alguém levantava a mão ela escrevia algo na prancheta. Até que ela perguntou quem sabia tocar piano e eu levantei a mão. Todos olharam pra mim. E até a professora ficou educadamente espantada.

- Qual seu nome?

- Ruy.

- Você é o bolsista, certo?

- Correto.

- E você sempre morou aqui?

- Não. Morava no Pernambuco. – Alguns alunos deram risadinha idiota, incluindo Coysa (Guto). Xenofobia a essa altura é difícil.

- Nem se percebe, porque você não tem sotaque.

- Dei um risinho de canto - Pois é, mas não tenho vergonha de falar da minha nacionalidade.

- Em absoluto – A professora ficou um tanto desconcertada - Mas Piano é um instrumento muito incomum aqui no Brasil.

- Pois é, não sou extraordinário, tenho só uma mera noção.

- Quer fazer uma demonstração?

- Acho melhor não.

- Coysa deu uma risadinha debochada e Priscilla não se conteve e deu uma gargalhada idiota e suprimida, mais pareceu um ataque de tosse.

- Pensando bem, talvez não seja uma má ideia – Sorri levemente com o canto da boca e me sentei em frente ao piano pronto para começar.

A professora ligou os sistemas de energia que estavam conectados em praticamente todos os aparelhos. A sala era a prova de som para não incomodar lá fora. Em cima do piano havia um microfone desses acústico.

Eu comecei a tocar: Courrier – Between.

http://www.youtube.com/watch?v=oD9jg1WR66o

E quando chegou a entrada da letra comecei a cantar também e ninguém esperava por isso. E modéstia parte, todos dizem que minha voz é bonita. Acabou que eu cantei a música toda e quando terminei todos estavam boquiabertos com meu desempenho. Então todos aplaudiram alguns até assoviaram, exceto Coysa e sua fêmea que ficaram com a cara emburrada no canto. Dei um sorriso quando olhei pro Jean e vi que ele estava aplaudindo e sorrindo.

- Oras... Sua voz é muito bonita e você toca muito bem também.

- Obrigado – Falei.

- Temos um campeonato de músicas aqui no Ensino Médio. Assim como o campeonato de esportes. Temos quatro salas de primeiro ano, cinco de segundo e quatro de terceiro. Os veteranos sabem que cada sala compete entre seus próprios anos. Depois, o vencedor dentre as salas do primeiro, segundo e terceiro vão disputar o grande prêmio. Mas depois falamos mais sobre isso. Depois disso, o Jean ainda tocou um pouco de guitarra. Algumas meninas cantaram também e tocaram diferentes instrumentos, dentre elas a que mais se destacou foi Heloisa. Uma menina realmente bonita e com uma voz encantadora.

- Vejo que o Primeiro Ano tem grandes chances este ano – Disse a professora com um sorrisinho bobo.

Depois de muita discussão ficou decidido que Heloisa seria uma vocalista, o que Priscilla não achou nada nada legal. Coysa ficaria tocando na guitarra, Jean na bateria, eu no teclado e alguns outros alunos em outros instrumentos. Estava na hora, contudo, de decidir quem ficaria como vocalista principal. Todos votaram em mim e Coysa ficou pril da vida. Fazer o que, mas modéstia de lado minha voz era um talento a parte. Ficou decidido que cantaríamos especialmente MPB, Rock e alguns Pop’s.

- Você não me contou que cantava tão bem – Nylo falava comigo enquanto estávamos a caminho da aula de língua francesa.

- Que bom que gostou. – Falei com um sorriso amarelo! :D

- Ruy... – Começou ele e eu soube pelo tom o que ele ia perguntar – Queria te fazer uma pergunta e gostaria que você me respondesse a verdade.

- Hmmmm – Que pergunta?

- Você é gay? – Ele mandou na lata... Olhei dentro daqueles olhos sob aqueles óculos e fiquei muito nervoso quando esse assunto era levantado... Como sempre.

- O... O que...? Claro que não, de onde tirou isso?

- Olha na minha casa eu aprendi a ter a mente super aberta. Não tem nada de mau em ser homossexual. É tão normal quanto ser hétero. Fica tranquilo, não precisa sentir vergonha de mim não... - Apenas baixei a cabeça e ele soube que esse sinal era um sinal afirmativo.

- Eu sou hétero, mas não existe mal algum em alguém ser homo, fica tranquilo pois somos amigos não é? E amigos guardam segredos um dos outros... – Sorri e ele me deu um abraço desajeitado, mas ainda assim foi um abraço que passou segurança, confiança...

Saímos conversando e a partir daquela barreira que me separava não só do Nylo mas das outras pessoas também nos tornamos muito mais desinibidos um com o outro.

- Eu corria e no fundo Rejane me perseguia, ela estava com uma arma... E em uma sala circular cheia de portas de diferentes modelos sempre que eu abria uma ela estava lá... Rindo maleficamente e eu, indefeso não tinha outra alternativa a não ser ficar ali.... Encurralado tentando fugir. Acordei e suava frio. Percebi de cara o que tinha me tirado do meu pesadelo, o meu celular estava no silencioso e apenas vibrando ao tocar. Seu contato com a madeira do criado-mudo me fizeram entender que alguém me ligava. Assombrado percebi que era naquele dia que saiam os resultados do exame da mãe. Peguei o celular e como esperado era o Vitinho. Desliguei e retornei de imediato, pois já sabia que a ligação era a cobrar. Enquanto isso saia do quarto e ia pra sala pra não acordar o Nylo que estava todo embrulhado

- Vitinho? – Do outro lado ouvia-se choro por um tempo até que ele se acalmou pra dizer...

- O-O-Oi.

- O que aconteceu rapaz... Deve ter umas 50 ligações aqui.

- Por-Por-que você não ate-tendeu? – Ele soluçava.

- O celular tava no silencioso.

- A mãe tem câncer na laringe – Ele mandou na lata.

Fiquei em choque até que lembrei como usar de novo minha voz – O-O que você disse?

- O médico iria encaminhá-la pra outro médico especialista e isso iria demorar mais, mas tendo em vista a urgência do caso ele já mandou os exames pra um amigo dele, nos consultamos com ele no mesmo dia e semana que vem ela já começa os tratamentos com quimioterapia.

- Ai meu Deus – Eu não conseguia parar de chorar pra acalmar meu irmão.

- Escuta, Ruy, eu tenho que desligar... Rejane não quer barulho depois que ela vai se deitar... Você sabe!

- Tá bom... Final de semana eu to ai e você tem que ficar calmo pra dar força pra mãe tá bom???

- Tá-Tá – Ele falou suprimindo um soluçinho...

- Tchau meu irmão, amo você!

- Eu também...

Ele desligou. As palmas das minhas mãos estavam molhadas. Levantei e fui tomar um pouco de água. Desde o início já sabia que minha mãe tinha algo... Mas câncer... Lágrimas queriam cair dos meus olhos mas eu não podia chorar mais...... Eu não queria! Minha mãe iria ficar bem, eu sei. Quando estava na salinha decidi sair um pouco e tomar um ar fresco... Estava me sentindo preso, sufocado... No jardim fiquei olhando as estrelas e pensando na vida quando ouço uma voz atrás de mim.

- Oras, mas quem diria... O certinho Ruy aqui fora a noite, de novo? – Era o Jean.

- Tive um pesadelo – Sorri um sorriso triste. – Por que será que a vida é tão injusta? Todos vocês digo... Nasceram em lares tão suntuosos e não falo nem por mim, mas tanta gente não tem nem o básico do básico. Pensava em minha mãe... Como eu queria ser rico para dar a ela o melhor tratamento possível.

- Pra ser sincero eu também não sei... Mas acho que a cada um cabe a alegria e a dor que trás no coração. – Ele sorriu e eu dei um murro no braço dele o que ele revidou e eu revidei de volta e isso acabou se transformando numa lutinha. Enquanto ele subia em cima de mim e rolávamos pela grama tentando imobilizar um ao outro ele acabou deixando meus braços imóveis entre os seus fortes e minhas pernas já não podiam se mexer.

- Ele estava ofegante e era a primeira vez que eu sentia o corpo dele daquela forma... Tão perto.... Tão em mim. Minha respiração se acelerava e aquele torpor já começava a entrar no meu cérebro.

- Por que se importa? Comigo... Quer dizer. – Perguntei cabreiro

- Eu gosto de você... Você me atrai, não pense que eu já não tentei ignorar você, mas é mais forte que eu...... Eu já não posso me controlar, eu tenho que fazer isso ou vou explodir. Não se mova... – Ele sussurrou com uma voz rouca e letalmente sedutora – Não resista... Apenas deixe se levar. – Ele deu um beijo demorado no meu queixo e muuuuito lentamente foi subindo e eu já transpirava em antecipação. Ele passou direto da minha boca e foi estacionar seus lábios em minha orelha. Ele dava leves mordidinhas enquanto meus braços se travavam no seu tórax prendendo-o a mim, recusando-se a deixá-lo ir. – Você não sabe o quanto eu esperei por essa oportunidade – Ele dizia em minha orelha enquanto a mordiscava. – Eu te quero, por favor não posso mais resistir! – Ele falava sussurradamente e com uma voz lenta e sedutora - Seus lábios desciam a caminho da minha boca procurando-a com devoção mas meus pensamentos deixaram aquela cena:

Era noite e eu estava num beco. O cheiro de ratos denunciava que os roedores aproveitavam a escuridão que o anoitecer proporcionava para procurar comida. Mais a frente havia um pequeno matagal que era perfeito para que casais desafortunados e sem dinheiro pro motel pudessem aproveitar seus amores consumidores. Ou para os drogados do morro delirarem com seus breves momentos de prazer consumindo seus produtos ilícitos. Enquanto andava eu me perguntava o que raios Guilherme queria ao me trazer num lugar tão isolado e esquisito. Minha expressão denunciava minha inquisição. Mas não tive tempo de arguir. Antes que o som de qualquer palavra pudesse deixar meus lábios Guilherme empurrou meu ombro fazendo com que eu gentilmente encostasse-se à parede do beco, ele colocou a outra mão no meu quadril e antes que eu pudesse Pará-lo. Antes que eu pudesse, sequer processar o que ele estava fazendo ele me disse:

- Ruy, é sério... Eu te quero cara, não posso mais resistir. Eu tenho que fazer isso – Meus olhos abertos em espanto denunciavam que aquela informação era absurda para mim. Mas antes que eu pudesse sequer pensar em algo para responder sua boca já procurava a minha com ferocidade. Não sei se pelo ambiente que exalava ilicitude, ou pelo calor do corpo dele tão perto de mim, ou simplesmente pela surpresa mas me entreguei aquele beijo. Meus braços se entrelaçaram no seu pescoço e minhas mãos afagavam seu cabelo. Por breves segundos ficamos ali antes que uma luminosidade que agora sei que pertencia a um flash de uma câmera invadir a escuridão e se fazer notável até para meus olhos que estavam fechados. E por causa de ter me entregado impensadamente agora toda minha vida estava por um triz. Pois Rejane utilizava as malditas fotos pra atormentar minha vida.

Voltei ao presente e a boca do Jean já sarrava na minha. Violentamente o empurrei enquanto me colocava de pé. Eu sentia o sangue ribombando em minha cabeça o que eu sabia que significava que eu devia estar muito vermelho. – Você pensa que eu sou mais um dos seus brinquedinhos? – Eu apontava o dedo pra ele e lágrimas já escapavam dos meus olhos - Tudo que você quer na vida você tem... O que o seu sobrenome e o seu dinheiro não compram você está acostumado a obter com esse seu jeitinho maroto. Mas sinto muito desapontá-lo, Jean, mas seu sistema não funciona comigo. – Saí dali em disparada deixando para trás um Jean petrificado pelo peso das minhas palavras. Corria rumo a meu quarto e nem me dei ao trabalho de parar para vigiar e ver se havia algum monitor ou guarda nos corredores e quando entrei bati a porta com força o que fez Nylo se mexer, mas ele não acordou. Deitei e me permiti chorar até que o sono me elevasse para um mundo totalmente paralelo. Quando estava naquele período entre o sono e a realidade ouvi ao longe um barulhinho quase inaudível de porta sendo fechada o que significava que Jean devia ter acabado de entrar no quarto dele também.

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Comentários

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Curtindo cada vez mais esse conto!

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Cara que demais. Que escrita. Que diálogo. Muito massa, muito bom você é dez muito melhor que "certos" contos da aqui.

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Simplesmente maravilhoso! Aguardo a continuaçãooo! Abraçãaaaaoo.!

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Gente eu adoro essa música Courrier Between *-* Nossa amei esse capítulo !!

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Cara eu to amando essa história, parabéns, só estou na dúvida se é real ou não? Mas mesmo assim meus mais sinceros Parabéns e estou acompanhado, está sendo uma grata surpresa ler essa história, só faço um pedido, por favor termine ela! rsrsr estou meio traumatizado com algumas histórias que não tiveram fim aqui, me deixou muito triste. Um Grande abraço! Drizo.

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Muito bom, acho que fosse duro com o Jean, mas entendo porque fez isso.

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É muita emoção pra um adolescente só! Ser o homem da casa, enfrentar uma cunhada complicada, além de um romance com um cara de outra classe social. Muito bom!

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Adorando e triste por vc ter feito isso com o jean...espero pelo proximo...bjs

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