Olá a todos. Me chamo Daniel, tenho 25 anos e vou tentar descrever aqui um pouco da minha vida, na verdade, da minha vida a dois, e isso começa quando eu ainda fazia faculdade.
Aos 18 anos eu me mudei pra São Paulo, sou de Contagem (MG) onde moro hoje. Na época eu passei na UFMG mas enfrentei uns problemas com documentação e que não me permitiram acertar minha situação até o fim do período de matrículas e como eu não tinha tantas condições de cursar uma particular, acabei por prestar vestibular na USP. Fui morar em SP com um grupo de também mineiros, éramos em 7 e conseguimos uma boa casa mobiliada para ficarmos lá. A casa já tinha outros 4 moradores também mineiros que estavam concluindo seus cursos. Eu passei em Administração junto com uma outra moradora. Ao decorrer do tempo a gente ia se conhecendo.
Eu vivia ali com uma vida bem regrada, diria que no aperto, meus pais me sustentavam ali com o básico, mas no segundo mês de curso eu consegui uma bolsa que ajudava aqueles que eram de cidades distantes e moravam ali, acabei por respirar aliviado.
Aos poucos o pessoal ia sabendo sobre eu ser gay, meus pais sabiam desde os meus 16 anos e tomaram aquele susto mas sempre me respeitaram. Enquanto morava em Contagem ainda jovem, tive um namoro de 1 ano que não terminou bem pois ele se envolveu com drogas, mesmo que por pouco tempo foi o bastante para eu querer o fim da relação. Desde então, sempre fui de pequenos e rápidos lances. E assim se seguiu até meu segundo ano de curso.
Certa vez eu tava em uma festa de um amigo meu e já fazia um tempinho que eu não ficava com alguém e minha amiga de casa e curso, Tábata, me veio apresentar um carinha.
- Lu, quem bom que te achei. Esse é o Luiz, Luiz esse é o Lu.
- Daniel, Tábata. Daniel.
Quando chegamos na república, todos nós novatos pegamos um porre e eu viajo e disseram que eu chamava todo mundo de maluco, e daí pegou o apelido mas a Tábata encurtava e me chamava de “Lu”.
- Esquece. Oi, Luiz.
Estendi minha mão e ele cumprimentou.
- O Luiz tava ali sozinho e chamei ele pra ficar aqui com a gente. Né Luiz?
- Aham.
Ele soltou um sorriso e me olhava. Não demorou muito a Tábata saiu de perto da gente nos deixando sozinhos.
- De onde você conhece a Tábata? – perguntei
- Ela é conhecida do meu ex.
Ele quis enfatizar que namorava um homem e eu ri com a situação.
- O que foi?
- Nada. Não sei você, mas tá me dando fome.
- Uhum, vamos lanchar.
Naquela noite a gente apenas deu um beijo na hora de ir embora e trocamos telefone, confesso que tava animado com ele, muito legal conversar com ele. No dia seguinte era uma segunda e eu entraria em semana de prova, e há pouco tempo havia chegado uns monitores para nos auxiliar em algumas disciplinas e nesse dia eu fui atrás de um deles. Na sala dos monitores eu não encontrava ninguém até que chegou um rapaz bem alto, bem alto, até porque eu tenho 1,86 m, barba por fazer sentou em uma mesa e pegou umas pastas e eu fui atrás dele tirar minhas dúvidas.
- Eu tô com um pouco de pressa.
- Mas você acabou de chegar.
- Aham, e já estou saindo. Outra hora eu falo com você.
- Mas a minha prova é daqui há dois dias. O professor Samuel vai ficar sabendo disso.
- Se você o encontrar, me avise. Também quero falar com ele. Bom, até mais.
E assim ele saiu me deixando ali sozinho, fiquei puto da vida, afinal, era horário de pelo menos um monitor estar naquela sala. Acabou que não achei mais ninguém que pudesse me ajudar até o dia da prova e fiz sem a ajuda de ninguém. Sem contar que eu havia esquecido completamente de entregar um trabalho no dia da prova e o professor deixou que a Tábata e eu entregássemos na próxima semana.
- Lu, consegui uma ajuda para o nosso trabalho.
Ela me levou até uma sala.
- Lu, esse é o Henrique.
E me deparo com o monitor folgado que não me ajudou quando eu precisei.
- Oi... Lu. - disse ele.
O “Lu” saiu super irônico e meu ódio por ele só cresceu.
