Olá amigos, depois de muito tempo estou de volta e propenso a iniciar mais uma das minhas curtas sérias. Prometo publicar textos maiores e de enredo mais cativantes. Enfim, mãos a obra!
Precisei viajar até a capital para realizar uma bateria de exames, o que me rendeu um atestado de uma semana e uma estadia naquela cidade quente, se bem que já estava acostumado, uma vez que viajava todas as noites para lá a fim de cursar a faculdade. Fiquei em um hotel bacana, bem localizado, próximo à clínica e aos laboratórios. Foram cinco dias acordando cedo, hotel-clínica, clínica-laboratório, enfim, já estava me acostumando. Na última tarde, quando fui ao consultório do médico, o mesmo me disse que embora eu tivesse feito diversos exames, somente aqueles não seriam suficientes, razão pela qual eu teria que permanecer por pelo menos mais dois dias na cidade a fim de me sujeitar a exames médicos mais sofisticados. Na hora nem pensei e falei que tudo bem, afinal era de saúde que estávamos tratando, mas só ao sair do consultório foi que me toquei que só tinha feito reserva no hotel até aquela noite.
Dada as circunstâncias cheguei no hotel e me dirigi de imediato à recepção, onde fui informado que seria impossível eu conseguir um novo quarto, que todos estavam reservados e que não havia vagas nas outras filias. Pensei "fudeu!", mas ainda tinha uma noite para conseguir um local para ficar esses dois dias. Sem saber que rumo tomar sai em busca de novos hotéis. Rodei por toda a região e nada, todos sem vagas. Já era por volta das 08hrs da noite quando sai cabisbaixo do último hotel, que por sinal era em frente ao shopping. Resolvi ir até lá e tomar um milk shake, sei lá, e fui. Na praça de alimentação comi um sanduíche e tomei meu milk shake e quando entrei no elevador encontro um colega de sala.
Este colega de sala era o Carlos. O Carlos era um cara que tinha vindo do nordeste, mas havia nascido por aqui mesmo e nem tinha sotaque. Chegou quando estávamos no segundo semestre e logo chamou atenção. Ele é todo definido e tem estilo de skatista. Branco e da minha altura, mas é gente fina. Como era período de férias e já tinha um tempo que não nos víamos ele me cumprimentou e perguntou o que estava fazendo por ali. Expliquei toda a situação e ele se prontificou a me ajudar, dizendo "cara, se até amanhã tu não conseguir um lugar pra ficar liga pra mim que eu dou um jeito, não te preocupa não". O problema é que eu não tinha o número dele. Nós não eramos da mesma turma na sala, só nos cumprimentávamos, mas ali no elevador parecia que eramos baita amigos. O mais estranho é que quando falei pra ele sobre passar o número ele respondeu "ah sim, te dou um toque e tu salva meu número". Como assim, ele tinha meu número? Achei estranho, mas não questionei.
Quando íamos nos despedir já estávamos na porta do shopping, eu indo para o portão de entrada, pois estava a pé, e ele para o estacionamento, Carlos me ofereceu uma carona e eu, como estava cansado aceitei.
No caminho fomos conversando amenidades, coisas da faculdade mesmo, até que chegamos ao hotel e quando fui me despedir e agradecer pela carona ele apertou minha coxa por cima do jeans e disse "tem nada não, foi um prazer. E tu não esquece de me ligar qualquer coisa" e só então soltou a mão. Eu desci do carro e fiquei pensando no quão estranho estava sendo aquelas atitudes dele, pois pra mim ele era hétero de carteirinha, velho.
Quando cheguei no saguão a moça da recepção me chamou e perguntou-me se havia conseguido um lugar, eu disse que não e ela me falou que então eu poderia ficar até o meio dia de amanhã no quarto, sem custos adicionais, e eu grato fiquei num misto de alegria e apreensão, pois depois não teria lugar para ir.
Cheguei ao quarto e já cai na cama, estava tremendamente cansado, acordei no outro dia já mais de 10hrs, visto que só teria os exames a tarde, arrumei minhas coisas, tomei um banho e sai do hotel as 11h30min, rumo a clinica para mais uma tomada de exames. Nisso já carregava minha mala. Fiquei a tarde toda na clínica e quando sai de lá resolvi ir ao shopping novamente comer alguma coisa e pensar se ligaria mesmo para o Carlos.
A atitude dele no dia anterior me causou pensamentos libidinosos, me deixou pensativo e apreensivo em ligar ou não para ele. Ademais, a vergonha estava sopesando na decisão, visto que iria incomodar um cara que eu troquei meia dúzias de palavras no dia anterior. Meus pensamentos pairavam numa órbita louca, já que nem percebi quando, incrivelmente, o Carlos sentou na mesma mesa que eu na praça de alimentação. Eu olhei pra ele surpreso e ele já foi logo perguntando "tu arrumou um lugar?" respondi negativamente pra ele, e ele nem se lamentou e já me disse "sem problemas, tu fica lá em casa, tô sozinho mesmo, o pessoal foi viajar e me deixou por causa do trabalho". O modo como ele falava dava a entender que ele estava muito satisfeito e entusiasmado pelo fato de eu ficar na casa dele. Como não tinha opções me vi obrigado a aceitar tal convite, e depois de conversarmos um pouco, ele chamou para ir embora. Como estava carregando minha mala, fomos rumo à casa de Carlos.
No caminho, ele mais uma vez pegou na minha coxa quando disse alguma coisa que o fez rir, razão pela qual achei que aquele negócio era tipo, uma mania, um modo dele se expressar quando estava sendo sincero, relaxei e, confirmei comigo mesmo, "tu tava delirando, o cara é hétero, e sem dúvidas". A casa de Carlos era uma típica casa da classe média, grande, bonita, com piscina e uma fachada bonita. Ficava em um bairro bom e caro, e a vizinhança pareceu-me agradável.
Fomos entrando e ele logo disse "tu vai ficar no meu quarto porque meu irmão trancou o quarto dele, e como não esperávamos visitas, o quarto de hóspedes está entulhado de coisas dos meus pais", não vi problema e falei para ele. Tava tudo normal, tomamos banho e Carlos disse "olha cara, eu sei que é estranho, mas ninguém precisa ficar sabendo, tu vai ter que dormir na mesma cama que eu, o colchão que tem aqui minha mãe levou na viagem". Como a cama dele era bem grande, não vi óbices. Só que Carlos foi adiante e continuou "meu ar condicionado ta com defeito e como ta muito quente eu durmo só de cueca e queria tu dormisse também pra eu não ficar constrangido". Já comecei a achar estranho, mas fazer o que, o cara tava me fazendo um baita favor e não relutei.
Enfim, deitamos. Demorei um pouco pra dormir, mas não o suficiente para ver que o ar condicionado "com defeitos" havia voltado a funcionar. Acordei com frio, só que Carlos não havia colocado nenhum lençol ou coberta para nos cobrirmos. Como não queria incomodar fiquei quieto. Foi quando sinto Carlos puxando meu braço e entrelaçando em seu corpo, fazendo uma espécie de conchinha, onde eu mais parecida uma capa protetora para um garoto frágil. Eu assustado com a ação dele ia me esbravejar quando ele falou baixou "não fale nada, é para nós esquentarmos".
(...)