Capitulo 11
Minhas pernas magras e longas se movimentavam para frente e para trás, minha respiração saia em lufadas rasas e descompassadas, eu estava correndo, conseguia disser por que o vento frio açoitava minha pele e eu podia sentir a terra por baixo dos meus pés. Eu estava a procura de algo, algo importante para mim. Parei e apoiei minhas mãos nos joelhos, tentando recuperar meu folego perdido, gritos estridentes de congelar o sangue e parar o coração chegam até mim, levantei minha cabeça rapidamente e senti meus cabelos chicotearem em meu rosto, começei a correr novamente, agora na direção dos gritos. A terra debaixo dos meus pés aos poucos foi se transformando em folhas secas que estralavam quando eu pisava e raízes retorcidas que faziam a minha corrida ainda mais difícil. Os gritos não paravam, para dizer melhor eles estavam cada vez mais constantes e próximos, acelerei mais o passo, sentia quando galhos baixos cortavam a minha pele, mas continuava a correr.
A floresta densa onde eu estava se abriu em uma clareira, arvores rodeavam toda a extensão e estava super iluminada. Olhei novamente para a densa floresta e ela estava escura, dei um passo para a clareira e depois mais outro e outro. Caminhei até chegar no centro onde encontrei um banco rudemente feito, apenas dois blocos de pedra paralelos e uma pedra lisa que servia se assento, não sei por que eu me sentei. Quando já estava sentado os gritos pararam, restando um silencio que era tão apavorante quanto os gritos, arrepios gélidos subiam e desciam pela minha pele. Eu estava com medo, mas não ousei me mexer um centímetro sequer. Foi quando eu vi, parados, um de cada lado de mim.
Meus pais, em um momento eu olhava apenas para o gramado depois olhava para os rostos zangados dos meus pais. Alegria me inundou e eu me levantei rapidamente do banco tosco e me joguei neles, cingido os dois ao mesmo tempo. Começei a chorar.
- Senti tanta falta de vocês - Falei, minha voz não parecia a mesma. Estava mais fina, cadê a minha rouquidão? Me aconcheguei mais contra os meus pais, mas não senti o calor habitual deles, ao contrario eles estavam extremamente gelados. Durante todo esse tempo que eu estava abraço neles, eles não se mexeram, não me tocaram. Pareciam duas pedras de gelos. Me afastei deles e olhei para os seus rostos, mascaras de zanga e repudio. - Mãe? Pai?
- Vejo que você não mudou nada, Chris - A boca do meu pai não se mexeu, mas a sua voz grave e confiante ecoou por toda a campina - Continua o mesmo garoto fútil de sempre.
- Não! Eu mudei - Falei, ao contrario dele minha boca se mexeu e aquela voz fina saiu de novo pela minha boca.
- Não minta para mim Christian - A voz poderosa da minha mãe parecia um chicote, por que eles estavam falando assim comigo? Quando minha mãe me chamava pelo nome completo era sinal de que eu estava em encrenca. Minha mãe gesticulou com a mão esquerda e o chão na minha frente tremeu, rachou e de dentro da terra um espelho da minha altura saiu de dentro da terra. cambaleei para trás quando vi o que estava refletido no espelho.
Era eu. O eu pré-morte.
Meus cabelos estavam arrepiados e minhas roupas apertadas, braços e pernas finas, mas com alguns músculos. Exibia um sorriso cheio de dentes e aparentava felicidade. A imagem mudou e refletido no espelho agora estava o meu eu, o eu pós-morte. Cabelos grandes e descuidados, roupas surradas e largas e olhos grandes vazios e sem esperança alguma. O espelho trincou, pequenas rachaduras corriam e cortavam o meu reflexo todo. O espelho quebrou com um estrondo alto, cacos de vidro voaram pelos céus.
Meu pais ainda estavam na minha frente, meu corpo estava cheio de cortes e sangue escorria pela maioria deles.
- Christian, você sentiu a dor que nós sentimos?
- Para - Gritei.
- Isso nem se compara com a dor que nós sentimos - As vozes deles dois estavam misturadas, em um coro mal feito e macabro. A cena era mais aterrorizante pelo simples fato de que as bocas deles não se moviam.
- Eu já pedi desculpas.
- Desculpas não bastam - Gritaram eles - Você tirou a nossa vida Christian.
- Não tirei não - Lagrimas desciam pelo meu rosto - Vocês sabem que aquilo foi um acidente.
- Acidente que você causou.
- Me desculpa - Cai de joelhos e senti o vidro afiado cortar a minha pele - Eu não quis fazer aquilo, não quis mesmo.
- Você tirou as nossas vidas - As vocês mudaram, não eram mais as poderosas dos meus pais. Olhei para cima e vi meus irmãos, com sorrisos sádicos nos rostos, quando falaram suas bocam também não se mexeram - Agora vamos tirar a sua.
Acordei gritando, chorando e soluçando. Esse sonho horrível de novo, eu não sonhava com isso a mais de dois anos. Estava suado e extremamente apavorado.
- Shhh, shhh - A voz apavorada de Li atravessou a espesso nevoeiro de medo que tinha se instalado em meu cérebro - Eu estou aqui, aqui com você.
- Não me solta, Li.
- Nunca.
Ele me apertou mais forte contra o seu peito musculoso, eu ainda fiquei um tempão chorando e Li me consolando. Meus olhos ficaram pesados e eu cai na inconsciência, mas dessa vez sem nenhum medo.
- Acorda dorminhoco - A voz grossa de Li me acordou, sussurrada em meu ouvido. Ainda estava apavorado demais por causa daquele sonho, seu hálito quente fez cocegas em minha orelha.
- Eu estou com sono.
- Depois você dorme - Falou - Já é duas horas da tarde e eu estou morrendo de fome.
- Da tarde? - Abri meus olhos e Li estava sobre mim com o seu usual sorriso no rosto. Seu sorriso virou uma careta depois de alguns segundos,
- Você vai me contar o por que daquela choradeira?
- Quem sabe outro dia? - Não queria ter que falar sobre aquilo hoje, não depois da noite de ontem.
- Tudo bem - Ainda tinha curiosidade na sua voz, mas ele não me pressionou. Ele abriu outro sorriso e começou a me puxar, gemi em protesto, não queria sair daquela cama. Estava tão bom - Tira esse rabinho lindo dessa cama e vai preparar algo para eu comer.
- Não estou com vontade.
- Você vai me deixar com fome? - Fez beicinho - Depois de você me esgotar até a ultima gota ontem?
- Você deveria ganhar o oscar de melhor artista dramático - Revirei os olhos e ele riu.
- Se eu não comer alguma coisa solida em alguns minutos eu... - Ele me deu uma olhada significante - Vou comer outra coisa.
- Li-Yang! Você estar me saindo um perfeito tarado - Senti minhas faces esquentarem, esse Li era novo para mim. Um Li safadinho.
- Ao seu dispor - Ele abaixou a aba do chapéu imaginário, eu ri e ele me envolveu em um beijo alucinante.
Fizemos sexo mais três vezes antes de descermos.
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Estava sentado na bancada da cozinha com Li entre as minhas pernas acariciando as marcas roxas que estavam marcadas em minha pele. Depois da nossa rodada de sexo fomos para o banheiro e lá eu vi como eu estava marcado, pescoço, mamilos, barriga e pernas com cupões idênticos. Li tinha brigado, disse que a culpa era dele, " Eu não me controlei" dizia ele "Era a sua primeira vez". Mas ao invés de ficar bravo com ele depois de ele me deixar todo marcado eu não estava, eu estava realizado. Se alguém tinha que ser apontado como culpado, esse alguém era eu. Eu tinha feito carne a milanesa ao molho rosé, arroz de cenoura e uma salada de folhas e tomate.
- Chris, não tem sobremesa? - Sua voz estava abafada, seus lábios tocavam na pele fina da minha barriga.
- Você ainda esta com fome? - Dei um risinho - Eu mal consegui comer o meu prato todo.
- Eu tendo um chef aqui em casa eu não lamberia os pratos? - Falei - Seria o mesmo que ter um matemático em casa e gastar tempo fazendo contas de trigonometria.
- Eu não entendi nada.
- Nem eu.
Li se levantou do banco que ficava do lado e me inclinou na bancada.
- Estar frio.
- Daqui a pouco fica mais quente.
Ele ficou em cima de mim.
Sim ficaria mais quente, tendo Li do meu lado, era um vulcão em erupção.