Na praia a comemoração do novo ano era animadíssima, Bianca se sentiu desconfortável ao abraçar Júlia para lhe dar o feliz ano novo. Sentiu que a atraia, mas estavam apenas se conhecendo, não dava para se arriscar em uma cantada de uma noite.
Elizabete estava bebendo mais do que seu corpo surportava para mantê-la sã, resolveram voltar para o hotel, onde estavam hospedados e estava tendo uma festa também, porém mais recatada à alta classe social, tipo; nada de pagode e sertanejo dançante. *[aff, chatisse]*
Convidou sua mais nova amiga para lhe acompanhar, passarem o resto da noite juntas, confraternizando. Bianca ainda não tinha encontrado uma maneira de recompensar Júlia por salvado sua vida por duas vezes. Na verdade não tiveram muitas oportunidades de conversarem à sós.
- Pelo brilho no seu olhar, está muito interessada nessa mulher, hein! - Sussurou no ouvido da irmã, dentro do carro, Felipe.
- Ela é linda, né? Ou será que eu bebi demais?
- Bia, pára, não vai me convencer que só um lance físico. Na boa, você não vai conseguir dar um adeus á ela de manhã sem pedir o telefone, hahaha.
- Pára você seu bobo de ver coisas demais. Ela se arriscou pra me tira daquele carro quase explodindo, hoje me salvou de dois assaltantes na praia.
- Assaltantes?
- Tranquilo, Fe. Você devia dar mais atenção à sua esposa, senão alguém pode se prestar à esse favor. Tipo eu, rsrs. Olha que pedaço de mal caminho!
- Pode tirando esses olhos de malícia de cima do meu amor, rum. Nunca brigamos por mulher, quando se interessava de verdade o outro respeitava, não vai querer bancar a sedutora agora. - Fingiu estar com raiva, fazendo bico.
- Ai que biquinho lindo, mu dezu!
Bianca apertou a bochecha de Felipe
começando a fazer cócegas. Estava sendo transportados em uma mini-van alugada no hotel, Elizabete, dois primos e amigos iam nos primeiros bancos na frente, Júlia, a esposa de Felipe, sua sogra e a cunhada recém nascida iam nos bancos do meio, Bianca e Felipe iam nos últimos bancos. O barulho da risada e algazarra chamou a atenção de todos, que olharam para trás vendo Bianca e Felipe caídos no corredor, um ao lado do outro rindo muito.
O motorista parou o carro, eles controlaram a crise de risos, sentando como bom filhos comportados.
.
A festa no hotel estava realmente um tédio, ao menos tinha a companhia de Júlia. Elizabete percebeu que a mulher que dançava com sua filha era a mesma que "agrediu" no hospital.
- Mas que indecência é essa, Bianca?
Elizabete se referia à filha estar dançando com Júlia, afastadas, dançando apenas por diversão, uma música dos anos 80.
- Mãe a senhora bebeu demais, devia ir se deitar um pouco. Não estamos fazendo nada de mais, apenas dançando e brincando, como duas amigas. - Respondeu tranquilamente Bianca.
- Sei o tipo de "amiga" - fez aspas com os dedos da mão - arham, do tipo que chupa sua buceta, né sua sapatão?!
Os gritos de Elizabete chamaram a atenção de todos na festa, o som foi desligado e os seguranças vieram para acompanhar ela e toda sua família para fora do salão de festas.
- Se for pra ficar de putaria com essa marginal, não quero você comigo, Bianca. - Disse Elizabete no corredor, fora da festa.
- Fica tranquila, não vai ter que olhar na minha cara tão cedo, Dona Elizabete. Vem Júlia, vamos sair desse lugar, curtir de verdade, com pessoas da nossa idade.
Bianca segurou na mão de Júlia, puxando-a hotel à fora. Entraram no primeiro táxi que viram, o dia amanheceria em poucas horas, ainda dava tempo para ir em uma balada ou Rave.
Conversa no carro, enquanto o motorista dirigia:
- Desculpa minha mãe, ela não aceita o fato de eu ser lésbica e toda vez que ela me vê com uma amiga, fica descontrolada. Ela não queria ofender você, a bebida também deve ter colaborado para Dona Elizabete falar coisas que não devia.
Júlia ouvia tudo calada, não compreendia bem o que era homossexualidade, no Orfanato foi criada na tradição católica, homem se casava com mulher e vice-versa. O novo assusta, não sabia o que pensar... De repente se viu pensando em como Bianca era linda, e se era errado o modo de Elizabete pensar ou o de Bianca agir. O certo era ela parar de tentar imaginar Bianca sem aquele biquini, afinal esses não são pensamentos adequados à uma pessoa virgem ter, ainda mais as duas sendo mulheres.
Fez o sinal da cruz, só então percebeu que Bianca estava fora do carro chamando por ela. Estava em frente à uma boate "gay".
- Não fica com medo Júlia, eu te protejo acaso alguma mulher queira te deflorar, kkkkk.
- Fui criada na igreja, esse local não é ambiente frequentado por mim.
- Será sua primeira vez num "inferninho"? Hum, isso muda tudo. Garanto que será inesquecível.
Mal entraram Júlia se assustou com o que viu....