Boa Leitura !
Bom, chegamos num instante ao Hospital Geral Nossa Senhora de Fátima. Logo que entrei mancando, veio um rapaz alto com uma cadeira de rodas, somente me fez sentar nela. Já que o balcão de atendimento ficava em frente à porta de entrada.
“Para que essa besteira? Jesus!”, pensei. Odeio hospitais, neles tem duas coisas que eu mais odeio injeções e elevadores. Já pensou os dois juntos, eu morria e ninguém me socorreria! Nem pensar nessa hipótese!
— Boa Tarde Senhor! Qual o convênio do mocinho? — indagou ao meu pai, uma atendente, jovem, com seu cabelo loiro um pouco abaixo de seu ombro e era mais polaca que eu.
Meu pai colocou minha carteirinha em cima do balcão. Prontamente ela agarrou minha carteirinha, com suas unhas vermelhas sangue de gavião.
— Plano Novem¨¨ Henrique Damião Arantes Lusitano. Vejamos ¨¨¨¨¨ — falou ela. Mexendo seus lábios. — Ortopedia com o Dr. Augusto Carrão, certo? — indagou ela. Claro que foi se referindo ao meu pai.
— Sim, acho que foi com ele que marquei, um amigo me indicou, me disseram que é um ótimo médico. — falou.
Eu tava lá boiando. Tipo ‘tá’, mas e eu aqui?
— Por favor, pegue o elevador e vá até o segundo andar. — disse ela. Deu minha carteirinha ao meu pai e fomos.
— Não me faça isso, não me faça correr, pai! Pelo amor de Deus, não! — Supliquei.
— Ah, você de novo com essa besteira. Tem que enfrentar teus medos! És um homem ou és um rato? — Foi empurrando minha cadeira.
— O senhor quer que eu guinche* aqui? — Virei minha cara fazendo cara de safadeza, amava fazer piadas de humor negro.
— Ai! Ai! — falou meu pai e revirando os olhos e sorrindo.
Chegando ao compartimento dos elevadores, um deles tinha uma placa de interditado e o outro acabara de sair. Falei: pai ainda não comi nada, compra um lanche para mim?
— ‘Tá’ bora lá. — falou ele.
— Bora, pai, deixa que eu guio minha cadeira! — reclamei — Pelo amor, né?
— ‘Tá’, ‘tá’, deixa de drama! — ele solta a barra da cadeira de rodas (acho que se chama assim).
O celular dele começa a tocar, meu pai tira-o de seu bolso.
— Alô, alô? — falou ele. Estava sem sinal, ele se afastou mais um pouco e pegou — Ah, sim, claro. Chegamos. Não, já vamos subir para ele ser atendido. ‘Tá’, ‘tá’ qualquer coisa te aviso (Gente ele falou parecia que eu tava no leito de morte. Mais que ‘ozadia’ é essa ‘G-chusis’? hahahaha). Antes dele se virar seu celular torna a tocar, mas eu não espero-o.
Mesmo mancando, sou rápido, vou logo entrando na escadaria. Ao lado da porta tinha um alarme de incêndio, provavelmente. Também havia vários janelões contínuos iluminando a entrada, os janelões se posicionavam na direção contraria àquela que se entrava na escadaria. Na parede, nela havia um ‘T’ branco gigante, corrimão em barra, e uma luminária de led; a parede era meio amarelada lisa.
Comecei a subir e minha perna a doer. Depois de vinte ou vinte dois degraus contados chego ao segundo andar. Lá era amplo e acima do balcão havia uma placa de informações que tinha setas indicando as especialidades de cada direção.
▲ Ortopedia, Traumatologia, Neurologia e Saída de Emergência;
◄Reumatologia e Saída de Emergência ;► Raio X, Tomografia,
Ressonância Magnética e
Saída de Emergência.
▼Escadaria e Elevadores.
Quase que na mesma hora que eu abro a porta da escadaria ~plim~, abre-se a do elevador.
— Henrique, que diabos estas fazendo assim? — falou papai.
— Ah, pai! Pare de frescura, n’é ? Só é a droga de uma perna! — falei.
Lá fomos nós em direção ao balcão, geral, do segundo andar. Mas antes papai disse:
— Olha a boca!
— Cadê o espelho? — ironizei. (batumtis~)
Fomos até um segundo balcão onde tinha uma enfermeira conversando com a atendente, esta estava de costas para o balcão. Ao contrario da primeira esta era morena e tinha cabelos longos até a metade de suas costas.Chegamos ao balcão, tinha uma moça de cabelos arruivados em pé falando:
— Ah, mas todos são assim mesmo, Dricca, eles só querem nos para isso ¨¨ — Parou a frase no momento em que nos viu.
— Ah, isso é, eles só nos querem quando é para nos¨¨ — Virou e nos viu ficou sem graça — Ops, hahahaha — Deu uma risadinha sem graça.
— Sim? — Perguntou ela — O que o senhor gostaria?
— Uma consulta na Ortopedia e Traumatologia, com o Dr. Augusto Carrão. — Entregou a carteirinha.
Ela bateu alguns dados no computador, dinossáurico, e disse:
— Ãn, ‘tá’, 'tá' tudo ok aqui. Coloque o seu dedo aqui. Para confirmar sua identidade no sistema. — Ela tirou um aparelho de digitais que estava debaixo do balcão.
Indicador, não passou. Polegar também não passou! Droga, nenhum estava cadastrando ¨¨ Será que eu ‘tava’ ficando transparente? Passou o indicador, em uma nova tentativa. Senti um alivio ao saber que iria sentar-me, eu era o quinto a ser consultado.
— Guarda teu cartão. — Meu pai me entregou o cartão e fui me sentar.
Não havia notado a sala de espera, por mais incrível que pareça. Pelo jeito só havia velhinhos e crianças lá. E três homens. Estava confuso, estava indeciso: estava numa creche ou num asilo? Fica a dúvida.
Os três rapazes que estavam lá: o primeiro parecia que estava com uma mão quebrada, o segundo com a perna, o terceiro não notei nada demais, todos eram normais.
— Pai me dá o seu celular?
— Mas cadê o teu?
—O senhor ainda pergunta. Pelo amor de Deus!
— Ah, sim, sim, sim ¨¨¨ — falou me entregando.
Pensei “Tadinho, é a idade ¨¨”. Ele me entregou o seu celular.
— Obrigado por lembrar. — falei meio que “¬¬’” #Zoeiro
Bom o celular dele tinha Android, pelo menos isso, que era novidade para ele, é claro.
Comecei a jogar Cut The Rope, já tinha baixado antes para ele. Já tava prevendo que ia ficar sem celular. Jesus, sou mãe Dina? Não, mais vidente que ela, não é?
Encostei minha cabeça na parede e fiquei cortando as cordinhas. Por mais estranho que pareça, apareceu um médico por lá. Este tinha minha altura, cabelos grisalhos e era moreno.
— Dricca, manda pedir uma ressonância magnética para a Viviane. — Disse-lhe. — E, ãn, meu telefone está mudo. — falou, dando meia volta.
— Vou mandar providenciar e, ãn. — Virou-se do computador para ele, que já estava voltando para o setor de Ortopedia, traumatologia e neurologia. — irei mandar verificar sua linha, mandar checá-la, Dr. Augusto.
Pensei “Esse é o Dr. Augusto?”.
Bom, voltei para meu joguinho, pois faltavam algumas estrelas, jogava até ganhar todas. Foi o primeiro, foi segundo, foi o terceiro (uma criança), foi o quarto.
Até que o celular tocou
— Pai, é da empresa, toma.
— Alô — Ele atendeu. Ficou impressionado com algo. — Filho tenho que ir! — Ajeitou a gravata e entrou no elevador. — Qualquer coisa me liga! — O elevador fechou, com ele gesticulando.
Meu Deus, eu ‘tava’ sozinho no pior lugar do mundo, ‘tava’ quase dando neura e sem celular! Senhor, socorro!
— Sr. Lazaro Ferreto Hernandes. — chamou a atendente. — É a sua vez, na Ortopedia, terceira sala, lado direito.
Eu era o próximo! Neura!!!!!!! Vinte minutos depois¨¨ Lazaro, o homem da perna quebrada, saiu. Logo me chamam.
— Henrique Damião Arantes Lusitano. Sua vez, na Ortopedia, terceira sala, lado direito.
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“Uou, não queria ir. Mas segurei na mão de Deus, fui.”, pensei. “Ah! Meu Deus isso é hora para ironia.”
“Eu já estive num hospital antes, se comporta Henrique!”, pensei, iniciando um monologo interno. “Mas não sozinho”, relutante, entrei. Na porta estava escrito “Dr. Augusto Carrão.”.
— Bom Dia — disse uma não figura ‘daquele’ Doutor Augusto da recepçãoHummm. O que será que eu estou aprontando? Bom, veremos. Essa parte do conto é uma ligação, só para deixar claro. :)
*Guinchar: Barulho feito por ratos, hamsters e variações.