Capitulo 18
Uma semana? Uma semana foi o que ele disse naquela maldita mensagem. Mas ele não estava aqui uma semana depois, ou melhor dizendo, duas semanas depois. Eu estava quase subindo pelas paredes, parecia que cada parte do meu corpo estava implorando por Li, nunca tinha me sentindo assim. Nem pelos meus irmãos eu fiquei assim, tão dependente. Descarregava toda esse excesso de frustação e tesão nos estudos, nos afazeres domésticos e em meu trabalho. Mas mesmo assim andava estressado, desligado das coisas que não se envolvessem no que eu estava fazendo. Deixei o arroz queimar porque estava lavando louça, só desliguei o fogo quando Caio veio correndo lá do quarto e gritou comigo.
Já tinha mandado varias e varias mensagens para Li e ele não respondeu nenhuma. Entrei em redes sociais dele e deixei do mais básico "Preciso falar com você" até mais complexos "Estar zangado comigo? Li por favor responde...."
Não sabia mais o que fazer, eu ia pirar se ele não voltasse logo. Foi justamente quando meus irmãos interviram.
Eu estava andando de um lado para outro na cozinha, estava com o celular na mão, tinha acabado de receber uma mensagem de Li, e não era nada bom.
"CHRIS DESCULPE POR TERMOS ALARGADO MAIS A ESTADIA AQUI, MAS ESTAMOS TENTANDO RESOLVER UNS PROBLEMAS AQUI. FIQUE TRANQUILO, EU LIGAREI APENAS QUANDO VOCE QUIZER SER CONTATADO. ESTOU COM UM BAITA TESÃO EM VOCÊ, QUANDO CHEGAR AI VOU TE JOGAR NA PAREDE E TE CHAMAR DE LARGATIXA, ATÉ LÁ TENHA CALMA, CHRIS. BEIJOS, DO SEU LI"
Como ele podia me mandar isso? Amassava o celular incessantemente nas minhas mãos. Li, Li, Li, Li. O nome dele ficava indo e vindo em minha mente sem descanso. Imagens dos olhos puxados, da boca perfeita repuxada em um sorriso. Larissa puxou meu celular e eu ainda tentei alcançar, Caio e Pedro formaram uma barreira de puro musculo entre mim e meu celular na mão de Larissa.
- Me da isso! - Gritei, precisava ter alguma coisa que lembrasse de Li comigo, no celular eu tinhas todas as mensagens, fotos e musicas dele - Eu estou mandando Larissa.
- Isso é patético, Chris - Falou - Você estar parecendo um louco, fica rodando a casa apenas sussurrando o nome dele. Era pegar seu celular ou internar você em uma clinica psiquiátrica.
- Quem vai para uma clinica é você - Rosnei, nem me importei quando meus irmãos arregalaram os olhos em choque, nunca tinha falado com eles desse jeito - Uma clinica de reabilitação, por que eu vou quebrar seus dedos se você não me devolver isso.
- Chris, escute o que você estar dizendo - Caio falou, ele estava com os olhos azuis repletos de choque, do mesmo jeito que eu nunca tinha falado alto com ele, eu nunca tinha ameaçado eles - Você precisa fazer algo para ocupar a mente. Urgentemente.
Não falei nada, por que eu sabia que ele estava certo. A pequena e quase extinta parte racional de mim guardou essa informação e registrou. Deixei a minha mão cair inerte do lado do meu corpo. Eu era patético mesmo, deixava ser dominado pelos os meus irmãos mais novos.
- Fazer o que? - Suspirei e me joguei no sofá - Estudar não ajuda, trabalhar também não.
- Eu não estou falando isso.
- Então o que? - Frustação tingia a minha voz.
- Vem fazer academia conosco - Caio falou, olhei para e notei que eles estavam com roupas de academia, Calções de tactel e camisetas que destacavam seus músculos para os meninos e legging rosa e camiseta skinny para a garota - Vai ser legal, assim você ocupa sua cabeça com outra coisa.
- Serio? - Consegui o que sarcasmo se sobrepor-se sobre a frustação - Pular de Para quedas seria bem melhor.
- Eu estou falando serio, Chris.
- E eu também.
Ficamos nesse jogo de vontades por quase dez minutos. Os três contra mim, não queria fazer isso, seria apelar. Começamos falando baixo primeiro, depois foi aumentando e aumentando até se transformarem em gritos. Eu gesticulava apontando para o meu celular e eu gritavam dizendo que eu estava louco. Eles desistiram primeiro.
- Faça o que quiser - Larissa jogou o celular e eu peguei enquanto ele dava um arco no ar - Fique aqui e enlouqueça, nós vamos malhar.
Me joguei novamente no sofá e eles saíram pisando duro em direção a porta. Academia? Nunca, eu não queria e nunca quis fazer isso. Observei meus irmãos se movendo lentamente no pequeno cômodo, me lembrando como eles sempre chegam super cansados em casa. Me levantei em um pulo, era exatamente isso que eu precisava. Ficar muito mais cansado fisicamente e melhor do que emocionalmente.
- Esperem - Gritei, mas eu já sabia que eles estavam apenas eu mudar de ideia - Vou com vocês. Tenho que trocar de roupas antes.
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Pessoas falando alto e rindo escandalosamente, musica ecoavam por toda a extensão da academia. Também tinha os famosos ruídos de metal contra metal. Foi só meus irmãos colocarem os pés dentro daquele cômodo que quase todos os rostos se alargaram em sorrisos. Garotas rodearam meus irmãos e homens e garotos a minha irmã. Eu fiquei mais atrás, eles pegaram todos os genes do estrelismo. Mas mesmo onde eu estava uma mulher me olhou e depois olhou para os meus irmãos e perguntou acima de todo aquele barulho.
- Caio não sabia que vocês tinham um irmãozinho - Depois que ela disse isso vários rostos se viraram para me olhar, contorci minhas mãos desconfortavelmente em minha costa. Isso era tão comum - É muita generosidade sua trazer o pequenino para malhar.
- E nós não temos - Ele estendeu a mão e sinalizou para que eu me aproximasse. Quando cheguei perto deles, Pedro passou um braço pelo meu ombro e Caio no outro. Larissa apoiou o queixo na minha cabeça - Esse daqui é nosso irmão mais velho, Christian.
A surpresa foi visível no rosto de todos, era sempre assim. Depois do choque inicial varias pessoas vieram me cumprimentar e eu fui cordial. Um cara robusto muito maior do que eu veio andando na nossa direção, braços e pernas longas, mas extremamente torneadas. Camiseta branca de algodão e short de Lycra. Não tinha cabelos, apenas três listras diagonais na parte esquerda da cabeça, todos abriam espaço para o homem passar. Eu parou na minha frente e estendeu a mão.
- Irmão de Caio e Pedro? - Arqueou uma sobrancelha, coloquei minha mão na dele e ela simplesmente foi engolida pela dele - E mais velho! Quantos anos você tem, irmão?
- Vinte e um - Respondi, novamente os olhos se arregalaram. O cara na minha frente estava mais surpreso - Meu nome é Christian.
- Vinte e um? - O homenzarrão ainda estava perplexo - Você veio fazer o que aqui?
- Extravasar - Respondi.
- Só isso - Perguntou.
- Apenas isso.
- Então me acompanhe - Ele ainda segurava minha mão, me puxou por entre aquele mar de gente até a parte da academia que tinha um acolchoado azul no chão e vários sacos de areia pendurados.
- Pode descarregar sua frustação aqui - Apontou para um amarelo com listras verdes.
Andei até estar na frente do saco, mas antes de eu dar o primeiro soco o cara parou a minha mão no ar.
- Use luvas. Você não vai querer machucar as mãos.
Calcei as luvas e começei a socar, no primeiro soco ele gritou "Isso não é soco", dei outro com mais força e ele gritou novamente. Soquei, soquei e soquei. Deixando cada soco levar a frustação por nunca mais ter visto Li, o tensão acumulado por Li e a tristeza que eu estava sentido por que Li foi embora. Minutos depois o pensamento Li se esvaiu da minha mente igual ao suor que escorria pela minha pele, minha mente ficou ocupada apenas com a voz do cara gritando comandos e os socos aliviadores.
Minutos depois não era só suor que estava descendo pelo meu rosto, lagrimas desciam em trilha pelo meu rosto. A morte dos meus pais, soco. A responsabilidade por outros, soco e soco. A ingratidão por aqueles que você se sacrificou, soco, chute e soco. O amor de sua vida fungindo de você, soco soco soco....
Cai sentado não chão e enterrei o rosto nas mãos e chorei, não me importei com o cara que estava atrás de mim. Queria apenas chorar, já tinha extravasado fisicamente, agora era emocionalmente.
- Pode chorar - Escutei a voz grossa do cara - As vezes eu acho que dessa maneira é muito melhor do que os socos.
Eu apenas chorei.
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Pessoal do Whatsapp, vocês são tudo. Me divertir demais de ontem para hoje.
Obrigado aos comentários do conto anterior e Beijos e até amanhã
