O Vampiro e a Noviça

Um conto erótico de Lena Lopez
Categoria: Heterossexual
Contém 5151 palavras
Data: 15/01/2014 14:53:51

por: Lena Lopez

PARTE 1

O vampiro olhou fixamente para dentro do convento por entre as frestas da janela.

Dentro da cela, estava uma noviça, que há muito ele desejava. Ela era linda e a noite sem o hábito, deixava a sua beleza à descoberto, todas as noites ele procurava pela mesma cena.

Ela se masturbava e passava as suas mão na pele branca. Ele adorava ver aquilo, mas desta vez, estava decidido, ele iria mais além!

O vampiro procurou um jeito pra entrar no convento, achou uma janela que não oferecia muita resistência, forçou a vidraça e a janela abriu-se um pouco. A criatura repulsiva conseguiu com muito custo entrar no convento. Apesar da dificuldade, em poucos segundos estava pronto para por em prática os seus terríveis intentos.

Ele estava impaciente, mal podia esperar para tocar aquela jovem mulher, gostosa e cheirando à fêmea no cio. O fato de profanar lhe excitava e estava louco pra possuí-la pela primeira vez.

Esgueirando-se pelos corredores e se escondendo entre as sombras, foi em direção a cela da sua noviça desejada. Ele tinha certeza que ela era virgem ainda, o seu instinto lhe dizia isso e queria de qual forma, ser o primeiro a profanar aquele belo corpo. Chegando a porta da cela, ele não encontrou nenhuma dificuldade para abri-la e entrar no aposento. A jovem noviça perdida em seus pensamentos erótico, não notou a presença e a aproximação do ser abominável. Ele atirou-se sobre ela, tapou-lhe a boca e a imobilizou, apenas passaram alguns segundos e ele já lhe havia conseguido o seu intento. A virgindade da jovem já lhe pertencia.

Ela chorava e com as mãos entre as suas pernas, via o sangue que brotava de seu ventre. O vampiro excitado bebeu-o gota por gota. Atordoada ela não entendia o que lhe havia acontecido, mas o vampiro sabia que ela chorava em vão, pois a sua mente insana dizia-lhe que não bastava.

Recompondo-se a jovem, entendeu que haviam lhe roubado a virgindade e sabendo que nada mais havia a fazer, cedeu aos caprichos do vampiro. Fizeram amor o restante da noite e ele foi embora antes do amanhecer.

Solitária na cela, ela adormeceu e dormiu poucas horas. Pela manhã Renée, esse era o nome da noviça, acordou assustada. Ainda tonta, achava que tudo não teria passado de um sonho louco, mas ao perceber os lençóis sujos de sangue, não teve mais nenhuma dúvida.

Levantou-se foi a pequeno banheiro e lavou-se demoradamente, como se quisesse se livrar da profanação do seu corpo. Esfregava com força e ensaboava o seu corpo, pensando em se purificar. Seus pensamentos porém, não deixam-na esquecer o vampiro e ela estava encantada com a sua beleza e sensualidade, tão hipnotizada que não foi capaz de lutar contra ele e cedeu aos seus encantos. Assim, ela se sentia uma verdadeira pecadora e precisava amenizar a sua dor, mas não encontrava uma forma.

O ritual do banho e as lembranças vivas da noite anterior acabaram por excita-la e ela se entregou a uma masturbação voraz. Tocou-se entra as pernas de um modo louco e desejou que o vampiro voltasse novamente na próxima noite. Seu corpo estremeceu e ela se envolveu em um gozo longo e extremo.

Cansada, sentou-se no piso do banheiro e descobriu que o vampiro havia levado a sua virgindade, mas a deixando marcada com sua volúpia, trouxe-lhe para perto de si, o desejo.

Ela secou-se, vestiu o hábito e saiu da cela. Caminhou pelos corredores do convento, em busca da porta da capela, entrou, ajoelhou-se e orou, pedindo perdão pelos seus pecados. A autopenitência foi breve e ela sabia que não poderia revelar a ninguém, o seu segredo. Sentiu-se mais aliviada, mas o desejo que fora plantado no seu ser, estava falando alto demais e ela esperava ansiosa que a noite logo chegasse, para reencontrar aquela criatura abominável, mas ao mesmo tempo, um homem forte, viril, moreno, sedutor e extremamente belo!

Ela se arrepiou, sentiu uma estranha sensação de estar sendo observada, lembrou-se da noite anterior, era ele quem a espreitava. Foi até a janela da cela, afastou as cortinas, olhou pela vidraça e nada viu, lá fora apenas a escuridão. Por um impulso, destrancou a janela e a deixou entreaberta.

Ela sentia uma culpa no seu íntimo, mas não conseguia dominar mais os seus desejos. Queria ser novamente possuída, queria se entregar totalmente, naquela noite ela precisava amar e ser amada e desfrutar de todos os prazeres mundanos.

A noviça despiu o hábito e se deitou na cama branca. Não conseguia segurar as suas vontades, enfiou as mãos entre as pernas e ofereceu leves carícias a vulva. Brincou com seus pelos macios e depois se dedicou ternamente ao clitóris, aos poucos ela se excitava e a umidade e o calor aumentavam entre as suas coxas, impossibilitada de se conter, ela aumentou os movimentos da sua mão, seus dedos entravam e saiam da sua vagina. Ela ofegava, gemia de tesão e seus seios eriçavam. A outra mão, segurava os seios, apertando-os e espremendo os mamilos, as vezes agarrando-os, aproximava-os da sua boca e lambia-os com sua língua molhada e quente. Ela permaneceu se masturbando por vários minutos, quando seu corpo estremeceu e gozou profundamente.

O vampiro escondido nas sombras da noite a observava e esperava pela hora que planejara entrar na cela. Depois que ela que ela dormiu, ele ainda permaneceu algum tempo aguardando, admirando aquele corpo de pele clara e desprotegido deitado sobre aquela cama.

A criatura aproximou-se, abriu a janela e entrou sem fazer barulho. Segurou os cabelos negros da noviça e os cheirou. Agachou-se ao lado da cama e aproximando o rosto da noviça, deixou o seu hálito tocar-lhe os ouvidos. Ela suspirou, parecia sentir a presença da criatura, mas permaneceu em seu sono. O vampiro beijou sua boca e ela então despertou, o beijo tornou-se quente e sensual. As mãos dele passearam pelo seu corpo, por entre as suas pernas e logo ele beijava-lhe os seios. A boca fria continuou seu caminho e estacionou sobre a vagina da noviça, dando-lhe um prazer imensurável. Ela gemia de tesão e em cada lambida mais se excitava.

Sabendo que a hora do orgasmo da sua presa se aproximava, o vampiro rumou para a boca quente da moça, ao mesmo tempo em que a beijava, a penetrou com violência, seu pênis entro de uma só vez. Ela gritou de prazer. Ele tapou sua boca e continuou com suas fortes estocadas, até sentir que o corpo da jovem amolecia e gozava em seus braços, aproveitando-se da fragilidade do momento, ele colocou sua presas de fora e enterrou-as na jugular da jovem.

A noviça estava hipnotizada pelo prazer alcançado e deixou-se sugar sem esboçar reação!

O vampiro limpou a boca com as suas mãos, olhou para o rosto da moça que havia desfalecido, e pensou: - Está consumado, eu tenho o teu corpo e a tua alma!

Pela manhã, as freiras sentiram a falta da noviça durante o desjejum, o mesmo acontecendo no horário das orações matinais. Era algo incomum e algumas delas decidiram ir até a cela de Renée encontraram-na estirada na cama, um estado febril abatia-lhe o corpo e ela suava por todos os poros.Elas prepararam um banho frio, com esforço carregaram a noviça para a banheira improvisada e a submergiram.

Renée sabia tudo o que estava acontecendo ao seu redor, apesar de aparentar doença, seus sentidos estavam mais aguçados, além da presença física das irmãs, ela sentia as suas almas e lia os seus pensamentos.

O estado de transe da noviça, a impediam de qualquer reação. Era um estado letárgico, no qual ela dormia e acordava continuamente. Quando dormia tinha sonhos estranhos, que lhe pareciam remotos, medievais. Sonhava com uma mulher chamada Juliet, bela e vistosa, apaixonada e apaixonante, envolvida com um homem exuberante e sedutor, os quais viveram um amor infinito, mas ao mesmo tempo sonhava com tragédias, sangue, fugas e morte, que vinha através de uma estranha mulher. Apesar das contradições entre o amor e tragédia dos seus sonhos, ela se identificava com aquela mulher. Quando acordava, seus pensamentos se povoavam de erotismo, não conseguia parar de pensar em sexo e quanto mais lutava contra seus pensamentos, mais excitada ficava. O vampiro parecia não deixa-la em paz nunca, a fantasias sexuais no seu transe, a levavam a ele e ela sentia que ele a tinha dominado, que ela estava ligada a ele através da suaa lma.

A noite, o vampiro postava-se a observar, ao longe, por entre a penumbra da pequena janela, ele sabia que não poderia mais se aproximar dela, até que a transformação estivesse consumada, seu sangue, jamais ele poderia beber novamente, pois já possuía a sua alma e se o fizesse, atestaria a sua própria morte, o sangue dela era o seu próprio sangue agora. Três dias se passariam e ela iria acordar, no sétimo dia, a transformação se completaria e ela seria a sua escrava e amante.

O vampiro lembrou dos tempos de outrora e em pensamentos direcionados para a noviça exclamou:

- Juliet, você voltou para mim!

A Madre, a freira mais antiga do convento, notou as marcas no pescoço da jovem. Ela ouvira as histórias da lenda que um vampiro rondava por aqueles campos e pela cidade, mas nunca soube de um ataque a humanos, apenas alguns animais haviam aparecido mortos, com as veias esvaziadas. Ela tinha certeza que a Cruz, alhos, sal e água benta, em nada adiantavam, eram apenas uma lenda, mas sabia que teria que agir rápido e eliminar o vampiro, se quisesse salvar a noviça, tinha apenas seis dias e nesses, a jovem não ofereceria perigo.

Era uma noite quente e Renée acordou do seu transe, estava sedenta, a garganta seca ardia. Levantou-se foi até o criado mudo, segurou o jarro de água entre as mãos e bebeu com vontade, a água escorreu pelo cantos dos lábios, molhando a camisola branca e surrada, a roupa de tecido fino colou-se ao corpo, os mamilos pareciam querer furar o tecido, que molhado, colou ao seu ventre e coxas, refrescando o seu corpo ainda febril.

A água não foi o bastante para saciar-lhe e ela necessitava de sexo, a sua verdadeira sede, olhou pela janela, sentiu a presença do vampiro, mas sabia que ele não viria e que ele, em pensamento lhe dizia para buscar a sua saciedade. Ela abriu a porta da cela, caminhou pelo corredor da ala das noviças e entro na primeira porta entreaberta. A sua colega noviça dormia e já houvera outras vezes que ambas desfrutaram muitos momentos de carícias íntimas, para aliviar seus desejos e queimarem suas vontades.

Renée deitou-se ao lado, abraçou Maryleid e postou os lábios sobre a sua boca, a noviça acordou assustada, mas ao perceber quem era, entregou-se à paixão. Elas se amaram durante toda a noite, beijaram-se, masturbaram-se, sugaram seus sexos, seus seios e deliraram em vários orgasmos. A cada gozo, novamente repetiam as carícias. Renée, em sua nova conformação corpórea, se mostrava insaciável. Elas fizeram amor até o raiar do dia, quando a futura vampira voltou para a sua cela.

A Madre precisava achar o vampiro e sabia que durante o dia, suas chances eram maiores. Sua busca já estava no terceiro dia, apenas mais três restavam e ela havia procurado em todos os cantos, becos, grutas da região. Aquele dia seria o derradeiro, ela tinha a certeza que o encontraria e iria ao último reduto que ainda não avia verificado.

Abriu o armário, afastou algumas tábuas do fundo e pegou uma espada antiga, uma estaca de madeira e um malho. Guardou-os sob o hábito, caminhou pelos corredores do convento e foi até a estrebaria. Selou o cavalo, pôs-lhe a carruagem ao lombo e rumou para o seu destino.

A gruta era escura, ela acendeu uma tocha que havia trazido e entrou. A umidade das rochas brotavam pelas paredes, o ar gelado entrava-lhe pelas narinas, o cheiro nauseante lhe embrulhava o estômago. Ela precisava ser forte e atrair o vampiro para a entrada da gruta, lá dentro na escuridão, nenhuma chance a esperava e gritou:

- Lord Nester, saia da sua toca, eu vou mata-lo!

- Ramona... (gritou ele) voltaste? Desta vez eu é quem vou elimina-la!

- Não é Madre Leonor... Ramona morreu a muito tempo! Eu venho em nome do meu Senhor para bani-lo deste mundo!

O vampiro se aproximou, Madre recuou para a entrada da gruta. Ela teria apenas uma chance, mas antes teria que cegá-lo, só assim, poderia faze-lo sair à luz do dia e ficar à sua mercê. Ela caminhou alguns passos em direção ao interior da gruta, o vampiro se aproximou e olhou-a nos olhos. A freira o encarou com coragem e ele se precipitou sobre ela. A Madre aproveitando-se do ataque voraz do vampiro e da presunção de poder do mesmo, esticou o braço e lançou a tocha ardente sobre os olhos do vampiro, queimando os seus olhos e cegando-o.

O vampiro se debateu caído ao chão, ele não esperava pela reação rápida da freira. Ela puxou-o pelas roupas para perto da entrada da gruta. Os primeiros raios de sol invadiam o ambiente e o vampiro se retorceu de dores. Ela pegou a espada, levantou-a com as duas mãos e desferiu-lhe um golpe mortal em sua nuca, decapitando a criatura. O corpo do vampiro se debatia separado da sua cabeça ela cravou a estaca de madeira em seu coração negro.

- Lord Nester, Ramona morreu, mas a sua alma continuo viva para livrar o mundo de ti!

A Madre rumou depressa para o convento e lá chegando foi ao encontro da noviça Renée:

- Minha filha, você está livre! Peça perdão e torne-se uma das nossas!

PARTE 2

A noviça deitada de bruços, ergueu a cabeça do seu travesseiro, seus olhos vermelhos de choro, mas profundos, firmaram-se diretamente para os olhos da Madre:

- O que fizeste? Onde está o meu amor?

- Minha filha - disse a Madre - finalmente morto está morto!

- O que fizeste, amaldiçoo-te pelo resto de sua vida!

- Era preciso fazê-lo, do contrário estarias perdida! Mesmo a pior das maldições que podes me enviar, não será pior que a que recairia sobre ti!

- Mas... ele era o meu amor e a minha alma... eu já lhe tinha entregado!

- Eu sei... Acalme-se agora e lhe contarei tudo!

A velha Madre, respirou fundo, alinhou a memória e começou a contar:

Era um tempo antigo, ainda quando a ponta da espada era a lei, os homens eram violentos e viver era uma enorme aventura. Havia uma donzela chamada Juliet, noiva de um Lord, chamado Nester, um homem talentoso, mas egoista e mesquinho. Lord Nester era capaz de fazer qualquer coisa para enriquecer mais e mais.

Na vila onde moravam, existia uma mulher chamada Desirée, uma mulher estranha, que não se mostrava durante o dia, morava em uma casa enorme e sombria, mas todos sabiam que era muito rica e poderosa. Ela havia se apaixonado pelo Lord e não aceitava o seu noivado com Juliet. Além de rica e poderosa, ela encantava os homens com sua beleza e lançou mão de todos os seus atributos para conquistar o Lord. Sabendo da avareza e do egoismo dele, lanço-se à conquista, usando todo o seu charme e encantamento. Lord Nester não resistiu e caiu na armadilha de Desirée.

Naquela vila, ninguém sabia de onde aquela estranha mulher teria vindo, um dia ela chegou, comprou a casa e ali se estabeleceu. Na primeira noite entre eles, Desirée usou de todas as suas armas sedutoras. Seios seios formosos e o corpo esguio, encantaram a mente egoísta de Nester, seu poder foi mágico sobre a avareza do Lord. Eles se amaram, juntaram seus corpos em um só e provaram dos mais intensos prazeres naquela noite. Ela usando de todas as forças e malícias que possuia, tomou posse do seu amada, conduziu-lhe e impôs-lhe um prazer extremo, do qual ele ficou totalmente emaranhado em uma teia de desejos. Levou aos limites da luxúria, recobriu-lhe com a sua sedução doentia e quando seus corpos derramaram-se em gozo, ela deu ao Lord a eternidade, mordendo-lhe o pescoço. Ela era uma vampira e vagava pelas sombras a mais de mil anos.

Certo dia, chegou à vila uma outra mulher, chamada Ramona e que perseguia por muito tempo a Vampira Desirrée. Aproveitando-se da fraqueza de Desirée, a paixão pelo Lord que deixou-a vulnerável e com a guarda aberta, vultuosa pela sua conquista, matou-a, em uma emboscada.

Ramona sabia que Desirée havia deixado discípulos e que um deles seria o detentor do seu legado, aquele que ela mais amou. Durante algum tempo, Ramona procurou por eles e eliminou todos, exceto o principal, Lord Nester.

A Caçadora sabedora de todos os infortúnios que um vampiro pode ter, estava consciente que Lord Nester procuraria uma nova esposa e que ele buscaria dar a eternidade, a quem mais amou, quando ainda era um ser humano, a sua ex-noiva Juliet. Ramona procurou pela amada do vampiro por todos os cantos e quando a encontrou jurou protegê-la e livra-la das garras da criatura bestial.

Ramona e o Lord se encontraram algumas vezes e em todas elas, ele conseguiu safar-se e fugir. No último encontro entre, apesar de ter sido dominado por Ramona, Lord Nester conseguiu desvencilhar-se e em um golpe de muita sorte, devido a uma distração da Caçadora, partiu para o interior da escuridão, gritando aos ventos:

- Ramona, voltaremos a nos encontrar e ainda que me custe a eternidade, Juliet será a minha eterna esposa!

Depois disso, ele desapareceu nas sombras daquela noite e nunca mais foi visto.

Provisóriamente, Juliet estava livre, mas os laços entre eles ainda não estava desfeitos, suas almas estavam ligadas pela eternidade, a menos que esses laços sejam cortados.

A Madre interrompeu a sua narrativa e olhando para a Noviça, viu-a com os olhos cheio de lágrimas.

- O que aconteceu - perguntou Renée - com Ramona e Juliet?

E a velha Madre contiuou a sua narrativa.

Ramona ficou decepcionada por ter falhado e jurou proteger Juliet para sempre, para ficar próxima, internou-se em um convento e terminou os seus dias como freira. Juliet viveu por muitos anos, mas sempre lembrava-se do seu amor e em nenhum instante da sua vida esqueceu-se dele.

Os olhos de Renée brilharam e encarando a Madre disse-lhe:

- Madre tudo o que me contaste, eu já sabia, é como eu tivesse vivido cada momento!

- Eu sei disso minha querida, pois eu sou Ramona, jurei protege-la por toda a eternidade, até tudo isso ter um final. Tu és Juliet! Estamos unidas pelo meu juramento.

- Madre, agora ele está morto, tudo terminou, então estamos livres.

- Ainda não, a nossa vida é um grão de areia frente à eternidade. Já estivemos aqui, fomos e voltamos, outras vezes iremos e novamente voltaremos e com ele acontecerá o mesmo. Ainda não acabou! Os laços entre vocês ainda não se romperam.

- Aqui aprendemos que vamos para o céu ou para o inferno, agora me falas o contrário, que podemos ir e voltar?

- Eu te falo a verdade, por que bem a sabes, és uma testemunha disso, as tuas memórias são as provas.

- E quando isso terá um fim?

- Nester foi enviado para o Vale das Sombras, está lá preso por sua mente maligna, de onde um dia sairá, pelo bem ou pelo mal. Se sair pelo bem, tudo estará acabado, mas do contrário, terei que matá-lo ou enviá-lo para lá novamente, assim que ele desembarcar neste mundo!

- Se ele é tão maligno, como poderá sair pelo bem?

- Precisará ser resgatado do Vale das Sombras, por alguém que o ame realmente e não se deixe envolver pela sua mente imunda e pelos perigos do vale.

- Quero morrer para ir busca-lo!

- Se desejar e fizer isso, irás também para o Vale e de lá não poderás sair, mas nunca o encontrarás e não poderá ajudá-lo. Se o amas e queres salvá-lo, tens que viver e aguardar a hora certa.

E, Renée viveu, prossegui seu caminho, tornou-se freira e depois a abadessa do convento. A Madre faleceu alguns anos depois, de todos estes acontecimentos.

Durante a sua vida, Renée tinha sonhos e pesadelos. Sonhava com dias de felicidade junto ao seu amado e em outros dias sonhava com o Vale das Sombras, pesadelos horríveis que lhe torturavam. Em cada um deles ela ouvia o chamado de Nester, mas não conseguia vê-lo. As vezes via-se caminhando pelo vale, atacada por criatuaras horríveis e horripilantes, todas as vezes acordava apavorada. Mesmo assim esperava pelo dia, no qual poderia resgatar o seu amado.

Suas noites eram quentes, bastava-lhe fechar os olhos e os sonhos povoavam o seu sono. Muitas vezes sonhou que fazia amor com Nester, sentia o toque cortante do vampiro em sua pele, o beijo frio a caminhar pelo seu corpo. Quantas vezes sentiu-se possuída e dominada pelo desejo, tendo as mãos do Lord passeando em seu corpo, segurando seus seios ou tocando o seu sexo.

Varias vezes acordou excitada, enchardada de desejo entre as pernas e se masturbou pensando em seu amor impossível. Teve infinitos orgasmos, quentes e poderosos e em cada um deles, parecia sentir que seu corpo era partido ao meio, tal era a presença constantes que o Lord habitava seus sonhos e pensamentos.

Os laços entre eles a amarraram durante toda a sua vida, sua alma nunca teve paz durante toda a sua existência. Ela sentia um fogo queimar-lhe o corpo, a pele ardia-lhe como se estivesse dentro um forno. Movida por uma paixão fugaz e que de maneira nenhuma seria completada, sem contrapartida.

Finalmente chegou a sua hora e mesmo na sua hora derradeira ela não deixou de expirar a sua paixão:

- Meu Lord, estou pronta, agora irei buscá-lo.

PARTE 3

Os sonhos se tornaram constantes, em cada um deles ela sonha com o resgate do seu amado. As vezes sonhava que estava conseguindo o seu intento, outras parecia que ele era distante. Por vezes se via em meio as trevas, mas ao mesmo tempo, ela possuía uma luminosidade que lhe clareava o caminho. Seres estranhos tentavam alcança-la, mas não conseguiam se aproximar, a luz lhes causavam horror. Ouvia gritos de desespero, gemidos de angústia, apesar de se encontrar em um local de desespero, sentia-se bem e sabia que aquela luz que dela saia, era capaz de dar calor aquelas criaturas. Os sonhos se repetiam um após o outro. Renée despertou, olhou em volta, tudo estava diferente, não foi capaz de reconhecer onde estava. Por algum tempo sentiu os pensamentos embaralhados, mas sentia-se leve. Parecia que o pesos dos anos haviam desaparecido do seu velho corpo. Olhou as paredes brancas, a luminosidade que vinha da janela lhe ofuscava os olhos. Cerrou os olhos com força, tentou lembrar-se de algo, foi em vão. Levou as mãos ao rosto, esfregou os globos oculares, tentando eliminar os efeitos daquela luz clara. Levantou da cama e dirigiu-se para a janela. Viu um jardim florido, o Sol estava de uma forma como nunca tinha visto, tinha um luminosidade, mas ela não cegava os olhos, era quente, mas não queimava. Definitivamente ela pensou: - Algo aconteceu e fui levada para algum lugar, um hospital talvez!

A porta do quarto abriu-se:

- Madre? - surpreendeu-se Renée - como...

- Temos muito o que conversar minha querida, mas descanse primeiro!

- O que aconteceu, como vim parar aqui?

- A sua hora chegou e a trouxemos para cá!

- Estou confusa... Não entendo!

- É natural, depois que nos separamos do corpo, abate-se um torpor sobre nós, alguns podem ficar assim durante anos, outros alguns dias ou apenas algumas horas, depende de cada um.

- Eu tive sonhos, eram trevas e desespero!

- Quando estamos assim, somos guiados pela nossa mente, não são sonhos comuns, mas reflexos da vida que tivemos, dos nossos objetivos e pensamentos.

- Sim Madre, eu entendo, morri! Mas onde estou? No céu? Mas onde estão os anjos, as nuvens e as harpas? Aqui é tudo igual, quarto, cama, jardim, Sol, até copo de água ao lado da cama!

- Esse é um céu que não existe, idealizado pelo homem. Se queres que aqui seja o céu, pode assim chama-lo. O que importa é que estás no lugar onde deverias estar. A Terra é apenas um cópia mal-feita daqui! Aqui temos tudo o que temos lá, mas cercados de paz e amor, sem egoismo, orgulho e avareza. Temos conforme as nossas necessidades e somente do tamanho delas, nada a mais do que isso. Agora, descanse, teremos muito o que fazer.

A Madre deixou o pequeno quarto, Renée sentou-se na cama, esticou o braço, pegou o copo sobre o criado-mudo e tomou toda a água. Sentiu sono novamente, deitou-se e adormeceu.

Todos os dias a Madre a visitava e explicava-lhe o que estava lhe acontecendo. Aos poucos ela passou a entender e logo pode deixar o quarto. Encontrou outras pessoas, alguns eram-lhe conhecidos. Ficou sabendo que vivia em um lugar para onde eram levados por suas obras na Terra haviam merecido e que ali teria muito a aprender. Durante o tempo todo que esteve naquele lugar, a Madre encarregou-se de instruí-la. Aprendeu a usar o seu amor para o benefício de todos e a cada dia sentia-se mais forte.

- Hoje passarás por uma prova! Disse-lhe a Madre.

- Eu já pressentia Madre, sinto-me forte e preparada.

- Vais ajudar em um resgate e se vencer as tuas limitações, estarás preparada para a tua missão!

- Eu não falharei!

- Se falhar, estarás perdida nas trevas. Não poderás vacilar, precisarás vencer os teus medos e em em nenhum momento duvidar do que acreditas. Saiba que verás sofrimento de muitos, horror, pavor, criaturas perdidas em sua mentes maléficas, mas somente um arrependido será resgatado. Vamos, às trevas!

Caminharam longas horas, a cada passo da diminuta caravana, as sombras aumentavam, até que um breu se instalou sobre eles. à frente deles ia um senhor idoso e a unica luz que restava era a luminosidade dos que faziam parte da caravana. As criaturas das trevas ao verem as luzes, escondiam-se e do seu esconderijo dirigiam-lhes ameaças, zombavam e diziam-lhes para se afastarem. Outras pediam por ajuda e recebiam a luz pra que fosse confortados, mas logo que se sentiam melhores, voltavam a ameaçar. Alguns bradavam por socorro, tentavam segurar-lhes as vestes, mas não conseguiam.

O Senhor idoso parou em freta a uma furna e gritou para o interior:

- Ramon, Ramon!

- Vá embora! - bradou alguém do interior da furna.

- Ramon, saia, vamos levá-lo!

- Quem és tu, para me ordenar, pensas que não sei o que queres. Quantas vezes estiveste por aqui me apavorando!

O velho sem outra opção entrou na pequena caverna.

- Louvado Seja, um Anjo, um Anjo!

- Venha comigo Ramon!

O velho saiu e trouxe Ramon com ele. Outros que estavam na caravana, correram ao encontro dos dois. Deram-lhe água, ele acalmou-se e adormeceu.

A caravana retomou o caminho de volta, com a missão cumprida em mais um dos tantos resgates.

PARTE 4

- Renée, estás preparada para a tua missão, já podes liderar o resgate, temos que prepará-lo.

- Bem sabes Madre, o quanto eu esperei este dia chegar.

Longos dias passaram para os preparativos, os integrantes da caravana foram escolhidos entre os mais experientes e finalmente o dia chegou.

- Hoje vamos às trevas, mas um lugar mais longínquo, entraremos no Vale e os perigos serão bem maiores! Disse a Madre.

- Vamos, tenhamos amor e fé, tudo sairá como planejado. Retrucou Renée.

- Antes que partamos - falou novamente a Madre - sabes que não poderás juntar-se a ele depois do resgate?

- Sei minha Amada Tutora, ele será levado e preparado para voltar à Terra, ele necessita de um corpo, para esquecer e recondicionar a sua mente maligna.

- Sabes também que deverás voltar e encontrá-lo na Terra?

- Estou certa e confiante, cumprirei a minha missão. Sei que o amor que sinto por ele, não poderei exercê-lo aqui e o lugar é a Terra. Serão mais de vinte anos na espera, mas nos reencontraremos e daremos um fim ao sofrimento.

- Nós o resgataremos, ele verá somente a ti, nenhum de nós ele poderá ver, tamanho é a cristalização da sua mente. Teu reencontro com ele não será maior que apenas poucos momentos, mas bastará para que ele vislumbre um pouco de paz e nos deixe trazê-lo. O resgate deve-se ao amor que sentes por ele. O traremos inconsciente e será levado para longe de ti, até que esteja preparado para o reencontro definitivo.

A caravana partiu, todas as dificuldades do caminho de trevas se repetiram, a longa estrada escura trazia muitos perigos e qualquer falta de fé, poderia por tudo a perder. As sombras aumentavam, adentraram por pântanos, sofrimento de todos os lados, viram criaturas indescritíveis e pavorosas, cristalizadas no tempo e no espaço, verdadeiros zumbis. Sujeira, frio, névoa e sequer um raio de sol era capaz de vencer aquela escuridão.

- Antoine, Antoine Nester! - Gritou Renée.

- Quem é, quem me chama? Quanto tempo eu não ouço uma voz!

- Sou eu Antoine, saia do escuro, não tenha medo!

- Essa voz, quem és?

- Lord Nester, ouça-me e saia da escuridão! Disse Renée com imposição!

A criatura maligna se aproximou, a luz de Renée feria-lhe os olhos e ele não conseguia a identificar.

- Venha Antoine...

- Juliet, finalmente voltaste pra mim, agora poderei te-la pra sempre!

Renée estendeu-lhe a mão.

- Venha meu querido, trago-lhe um pouco de paz!

- Não quero paz, quero Juliet...

- Então venha e não tenha medo, segure a minha mão!

Ele segurou a mão de Renée e da escuridão, saiu uma criatura horrível, ulcerosa, suja e totalmente louca, presa nas memórias do seu passado. Ele passou a mão em sua fronte, como um anestésico, o calor que dela emanava fez-lhe cair em sono profundo. A caravana retornou, trazendo com ela o Lord insano e adormecido.

- A primeira parte de tua missão foi cumprida - disse a Madre - agora vá minha filha, prepare-se para o retorno e o reencontro, nossos amigos te esperam. Não mais existirá sofrimento e o vampiro hoje morreu para sempre, pois a partir de agora um homem novo, ele será!

FINAL

O Sol iluminava o entardecer no Algarve, o oceano acariciava as pedras com suas ondas e espumas. Lucia olhava o horizonte e admirava a vastidão daquele mar. Estava escurecendo, a noite já se anunciava e ela pensava na sua vida, nos vinte e dois anos que havia vivido. Todo este tempo ela sentia uma saudade, não sabia como, não sabia por que e nem mesmo de quem. Seus olhos encheram-se de lágrimas, lembrou do seu fascínio por coisas antigas. A Idade Média causava-lhe um interesse enorme e deixava-lhe um sentimento que lhe parecia vivo na alma.

- Tás a pensar rapariga?

Sem olhar para trás ela respondeu:

- Sim, estava aos pensamentos!

Ele virou-se e olhou nos olhos do homem de vinte e poucos anos e soube então, que estava na frente do amor da sua vida!Publicado originalmente no Blog da Helena: www.lenalopezblog.com

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Nota 10. Delicia de conto... veja minha aventura e me diga o que devo fazer..

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