— Vai para casa Bruno. — falei chegando perto dele, descendo uma rampa que tinha do lado direito da calçada que era mais alta do que deveria.
— Cala a boca cara, deixa de ser idiota. Ele só te quer para isso! TREPAR — Sublinho. Agarrou meus ombros — Tu fez com ele, agora tu vai fazer comigo — falou ele prendendo meus dois braços em minhas costas com uma mão só e com a outra tapou minha boca.
Tentei parar, mas ele me empurrava cada vez mais porta adentro de um Hilux, no banco de trás, que eu nunca vira na casa dele. Entrou no carro e travou as portas.
— Tu não podes fazer isso! — falei. — Tu tás bêbado! — Parecia que ele tinha mais força bêbado.
— Ah, tens certeza? — falou ele desafivelando o cinto. Puxei meu celular que estava no bolso de trás, ele agarrou. — Ãn, ãn. Nada de tolice. Tu prefere ficar com um fracote que não pode te defender ou como um cara como eu... — falo ele sussurrando em meu ouvido. — ... que pode te foder gostoso que nem uma cadelinha? — falou ele rosnando.
— Me dá isso aqui. — pulei em cima dele. Ele colocou meu telefone dentro da cueca laranja junto com outro volume meia-bomba. — Vem pegar — falou ele.
— Eu pego — falei enfiando a mão na cueca. Meus dedos encostaram-se ao membro dele e ele agarrou-a prendendo lá. Senti seus pelos pubianos recém-raspados — Larga! Vou beslicar-te e, vai doer! Tu sabes que eu faço mesmo. — Ele soltou minha mão. Mas na hora em que o celular saiu. Ele tirou-o de minha mão e sentou em cima.
Não sei por qual causa vovó ainda não havia me ligado. “Ah, Ana deve estar me acobertando. Ela devia ter chamado para vir aqui quando eu me esbarrei com Augusto. Naquela primeira vez que pediu meu telefone.”, tive um devaneio fugaz.
— OLHA PRA MIM! — disse ele, em um tom um pouco elevado. Fui, de quatro, de frente para ele, me oferecendo como uma gata no cio querendo ser dominada por um gato.
— Fala, fala para mim. — disse. Beijando o pescoço dele. Ele estava pura cerveja.
— Ah, assim que eu gosto. — falou ele colocou a mão dentro de minha calça, me deixou tenso, passando a mão em meu traseiro. — Agora me chupa! — falou ele fechando os olhos e encostando a cabeça no apoio banco.
Me ajoelhei no chão, tirei sua calça. O chaveiro e o telefone caíram. “Droga! Fodeu o plano todo!”, pensei. Ele me olhou com ódio, balançou a cabeça e falou:
— Tu não vai querer fazer isso! — Me ameaçou. Me sentei no banco torcendo os lábios.— Eu te amo! — falou ele. Tentou beijar-me desviei. Segurou meus braços balançou-me. Meu telefone tava tocando.
— Eu tô namorando com o teu irmão, ele terminou com aquela garota! Eu amo ele!— gritei. Sabia, foi um erro.
— Como tu pode? — ele deu-me uma bofetada. Foi muito, muito forte. Eu comecei a chorar. — Tu não vai ficar com mais ninguém além de mim. Ninguém! Entendeu?
— Eu nunca tive nada contigo! — gritei. Com toda minha força dei um soco no vidro com a borda da mão direita. — AH! — Gritei. Não se partiu.
— É blindado. Tu só vai sair daqui quando eu quiser. — Ele puxou minhas pernas e eu escorreguei para debaixo dele. — Viu encaixou direitinho, agora só falta entrar. — falou ele me beijando forçadamente. Senti o gosto de álcool em sua boca. Cuspi no rosto dele.
— Nunca! — falei e dei uma joelhada nele. Empurrei-o para o chão do carro se contorcendo. Apertei nervosamente o botão de destravamento no chaveiro. Peguei meu celular.
— Tu não vai sair daqui! — segurou em meu calcanhar com seus sapatos. Bati minha testa no meio-fio. Puxei meu pé. Levantei-me. Ele voltou a se contorcer no chão do carro. Fiz o mínimo que podia bati a porta do carro e corri. Corri, mas quando chegou perto do portão diminui a velocidade.
— Boa noite, Roberval — Eu disse quando ele abriu o portão do prédio.
— Boa noite. — respondeu. — Me desculpe a intromissão, mas está tudo bem? — Olhou e apontou para minha testa.
— Tropecei. Desastrado.... Sabe? — falei rindo. Um dos sorrisos mais fingidos que eu já dei.
— Ah, tudo bem, então? — perguntou ele.
— Tudo. — falei entrei no saguão e fui para a escadaria.
Subi a escadaria correndo.Quando eu entrei no apartamento vovó e vovô olharam para a porta. Vovó foi até mim e vovô continuou vendo TV.
— Menino! O que é isso??? — se levantou. Me olhei no espelho que fica perto da mesa de jantar da vovó, que eu uso de estudos, que fica de frente para a porta, em cima do console onde ficavam bibelôs. Eu estava um horror. — Te assaltaram?
— Não, eu cai aqui na frente. — Mostrei minha carteira e meu celular para ela.
— Não te deixo mais sair sozinho na rua! Eu avisei: cuidado, cuidado, cuidado! Mas é isso que dá nunca ouvem. — falou ela me sentando na cadeira. Ana veio até mim. — Minha filha, você poderia pegar a minha maleta? Está do lado da minha cama.
— Vá lá pegar, vó. Ela não vai saber. E eu ainda tenho que lavar meu rosto. — falei indo para o quarto. — Vem cá, Ana. — Entramos no quarto e fomos ao banheiro.
— Por que tu avisaste que eu tava na casa da vovó para um porre? — perguntei.
— Foi sem querer. — Ela disse.
— Porra, cara ele queria me matar! — falei. — Mas também tenho outra coisa para contar!! — falei abrindo um sorriso.
— Tu e o Augusto viveram felizes para sempre?! — falou ela sendo irônica.
— Não, ele me esclareceu tudo! Depois eu te conto zona de risco, vovó pode ouvir. — eu disse. — E tu e o Felipe? — perguntei.
— Cara, ele é super ... amor sabe? Nossa que homem! Meu Deus! No início, eu queria te matar!
— E quase me matou — falei. — Pera, rapidinho. Vou tomar meu banho, Ana.
— Tá, tá me expulsando, né? — falou ela — Chateada, viu?
— É rápido, garota! — falei. — Te acalma.
Quando a água caiu na minha testa doeu, foi terrivelmente doloroso. Fora isso só meus joelhos doeram e nem foi muito. “Será que ele faria aquilo, realmente?” . Balancei minha cabeça meu cabelos espalharam água...
Ensaboei-me e me enxaguei. Já na ardia mais minha testa. Toquei meu lábios, lembrei-me de Augusto, ele me beijando. Comecei a imaginar-nos dançando “Bizarre Love Triangle”. Ele me girava e eu ria. Ele me beijou. Éramos como crianças, o mundo só nosso e feliz.
Abri os olhos, era isso. Para ser feliz com a pessoa que me faz bem, eu teria que enfrentar obstáculos. E acho que para Augusto, eu estava pronto para cair quantas vezes fosse. No final nós amaríamo-nos, e isso era o que importava. Eu estava pouco me importando.
Fechei rápido a válvula e corri até o telefone em cima do mármore. Liguei: Augusto.
— Alô? — falou ele do outro lado.
— Amor, eu te amo, te amo, amo muito!! Te quero aqui comigo, agora! — falei ainda com a música do devaneio em mente “Bizarre Love Tiangle”. Eu tinha medo se essa palavra realmente representava o que eu sentia. Não queria machucá-lo.
— EU TAMBÉM TE AMO MUITO, MEU AMOR . — falou ele.
— Avisarei para deixar-te subir me dá um toque quando chegares! — Provavelmente meus avós estariam dormindo e poderia ficar abraçado e juntinho com ele.
— Pode deixar, capitão. — falou ele.
— Para seu bobo. — falei rindo. — Quer ver se irás bater continência. — falei rindo
— Te amo — falou ele rindo.
— Também te amo, meu neném. — falou ele. Desligamos. Me vesti e sai do banheiro.
— Tu avó desistiu de te espera, ela tinha tomado um calmante. — disse Ana.
— Ah, ela gosta. — falei. Peguei algodão e o álcool iodado. Fui para frente do espelho do banheiro. — Mas voltando ao assunto “Tu quase me matou”.
— Ah, foi sem querer, amigo — falou ela me interrompendo.
— Ele tava caindo de tão porre! — falei. Virei-me para ela.
— Sério? — falou ela rindo. — Deixa de ser mentiroso! Ele não tava quando falei com ele. — falou ela olhando para mim. Embebei o algodão.
— Ele deve ter vindo de uma boate sei lá. Maior babaca! Me trancou no carro. Arg!! — Estava criando coragem para passar o remédio no corte.
— Por que tu não tentou sair?? Quebro o vidro. — falou ela como eu fosse o maior otário do mundo.
— Porque era blindado, dã — falei.
— Ui, nossa que chique. — falou ela.
— Ele tentou fazer aquilo lá, à força foi tipo aqueles pornôs retro. — Eu ri. Aproveitei e taquei o algodão enquanto tava rindo. — Ai!!! Caralho, caralho, carlho!! Tá doendo. — falei abanando. Ana começou a rir da minha cara. — Na hora não foi nada engraçado, viu?
Meu celular vibrou. Uma mensagem.
“Amor, não posso ir. Espero que entenda. Beijo. Te amo.”
— O Augusto não vem mais. — falei indo me sentar na cama.
— E ele vinha? — falou Ana.
— Vinha! — falei batendo minhas mãos nos joelhos.
— Ah, não fica assim. — falou me abraçando, largando do computador.
— Mas... E ai o Felipe? — falei me animando e abraçando mais ela. — Ele é super legal.
— Não, não. Ele é super tudo-de-bom! — falou ela entusiasmada. Passei outro algodão embebido em meus joelhos, a ardência foi menos acentuada. — Obrigada, amigo!
— Só não chama mais o Bruno! — falei rindo. Ela me levou para a cozinha onde tinha pizza e refrigerante que vovó havia encomendado. Ela me contou que tava no chat com ele. — Hm!! Tá apaixonada. — Cutuquei ela na barriga. Nós ficamos conversando até uma da manhã. Ela continuou no computador enquanto eu dormia.
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Gente o final desse dia seria melhor, mas faltou luz antes de’u salvar. Espero que estejam gostando e que continuem lendo o nosso conto! Beijos! ;)