Capitulo seis: Fingimento.
Jess saiu do banheiro radiante me fazendo sentir-me péssimo. O fato de Nathan tê-la beijado também não ajudou em nada. Quando Mat e Kim chegaram consegui me distrair um pouco. Só um pouco.
— E ai parceiro — Matt me abraçou apertado deslizando desconfortavelmente a mão em minhas costas e posso jurar que ele deu um cheiro em meu pescoço tão discreto que só eu senti.
Matt era um rapaz de dezesseis anos alto, pele morena, cabelo crespo cortado a máquina 1. Eu o achava bastante bonito com aquele sorriso farto e inacreditavelmente branco.
— Alisou o cabelo é? — ele riu passando a mão por ele e me descabelando.
— Engraçadinho você né? Ele não é engraçadinho Kim? E me virei para a menina de pele clara e cabelos negros alisados que esperava por um abraço.
— Nem sei por que você ainda dá atenção para ele — disse me abraçando — Senti sua falta lindinho.
— Também senti a sua.
Kimberly era minha a mais nova integrante do nosso grupo. Grupo deles, pois eu sempre me senti um intruso ali por não estar com eles o ano inteiro. Ela morava ao lado da casa da Jess.
Entramos todos no carro de Matt. Kimberly foi ao seu lado no banco do carona enquanto eu fui com Nathan e Jess no banco de trás.
Nathan disse que me amava, mas não parecia ser verdade. Ele e Jess se beijavam o tempo todo. A casa beijo meu corpo desejava mais fervorosamente que um raio caísse em minha cabeça para me livrar da dor. Eu amava Nathan em segredo a um bom tempo e mesmo com a distância esse sentimento não diminuiu. Na noite passada quando ele me beijou, senti como se meu mundo tivesse mudado. Como se o jardim do meu coração voltasse a florescer depois de anos de flores mortas. Ouvir sua voz era como ouvir a mais bela canção.
Matt nos levou a um shopping a poucas milhas de onde eu morava. Entramos em quase todas as lojas e experimentamos várias roupas e compramos muitas delas. Lanchamos no McDonalds e lá resolvemos fazer um amigo oculto. escrevemos os nomes em um pedaço de guardanapo e os sorteamos. Não sei quem ninguém tirou, mas eu tirei Kimberly. Não gostei muito, pois queria ter tirado Nathan. Nesse momento nos separamos para comprar o presento de nossos amigos. Nos separamos entre aspas, pois eu e Jess nos encontramos depois. Ele tinha tirado Nathan. Eu a ajudei a escolher um casaco de inverno azul marinho que eu sabia que ele iria adorar e ela me ajudou a escolher um cachecol rosa para Kimberly.
Todo o percurso com Jess teria sido bom se ela não falasse de Nathan o tempo inteiro. O quanto ele era educado, galante, bonito e como a deixava sem folego quando a beijava. Senti vontade de gritar para ela que eu sabia de tudo isso. Senti vontade de correr para me esconder em um ligar qualquer onde eu pudesse chorar sozinho. Mas me contive o maximo que pude. Só uma pergunta escapou por meus lábios.
— Vocês já transaram?
Ela riu com a pergunta sem perceber a forma melancólica que a mesma foi feita.
— Claro que não Lucas! — Exclamou ainda dando risinhos só que de forma contida — Começamos a namorar agora. Não vou dar para ele o que ele quer agora no inicio.
— Como sabe que ele quer? — perguntei me sentindo mais aliviado.
— Por que ele já tentou — Ela sorriu com malicia — Foi na noite em que ele me pediu em namoro. Ele me levou pra casa dele e me apresentou aos pais dele que são uns fofos! Depois fomos para o quarto dele. Nos beijamos muito e quando eu fui ver ele estava tentando tirar minha blusa. Mas eu o impedi é claro! Onde já se viu uma moça decente como eu transar com o cara no primeiro dia de namoro? Além do fato de eu ser virgem. Eu quero esperar o momento certo no lugar certo. Não vai ser assim de qualquer jeito.
Eu chorava por dentro. Ele tentou transar com ela para o pai ouvir e acreditar que ele não era gay. Sentia pena de Jess achando que ele a queria como mulher quando ele só queria usa-la. A dor era tamanha que eu quase contei a ela. Quase.
Nos encontramos na porta do cinema onde iriamos assistir O Hobbit a desolação de Smaug. Jess e eu fomos os primeiros a chegar seguidos de Kim e depois de Matt que estava acompanhado de Nathan. Jess foi logo ao seu encontro e o beijou. Abaixei a cabeça e segui em direção a porta da sala onde entreguei meu ingresso e o de meus amigos e pegamos nossos óculos 3d. Nos sentamos no centro da sala. Eu fique entre os casais ladeado por Nathan a minha direita e Matt a esquerda. Como quase toda minha pipoca durante os trailers para tentar ignorar os dois casais se beijando ao meu lado. Quando o filme começou eles pararam. Estava super concentrado no filme na parte que os anões estão na floresta quando sinto algo roçar minha mão esquerda. Olhei e vi que era a mão de Nathan tentando segurar a minha. Sorri e deixei. Me senti especial naquele momento, pois ele só segurava minha mão e não a de Jess que estava mais distraída com o filme do que eu estava. Quando o filme estava na metade, Kimberly dormiu. Não é o tipo de filme que ela curte e só topou assistir por que todos quisemos ver. Vinte minutos depois sinto algo em minha mão direita. Olho e era a mão de Matt tentando repousar-se sobre a minha de forma que eu não percebesse. Tirei minha mão da dele e ele me olhou com interrogação no olhar, mas ao ver minha mão entrelaçada a de Nathan sua expressão mudou para compreensão.
Quando o filme acabou fomos para casa. Primeiro Matt deixou Nathan e Jess na casa dela e Kimberly ao lado com a promessa de que iria voltar.
— Me desculpe pelo que houve lá no cinema. Eu não percebi que vocês dois estavam... — se desculpou meio sem jeito.
— Sem problema cara — disse — A intenção era ninguém saber de nós mesmo. Mas como você sabia de mim?
Ele riu e dobrou a esquina entrando na minha rua.
— Você não engana ninguém Lucas.
— Está tão na cara assim? — murmurei chateado.
— Se estivessem tatuado na sua testa nai estaria tão visível — E parou em frente a minha casa —Então boa noite.
— Boa noite.
Me inclinei e o abracei fraternalmente, mas quando tentei me afastar ele me puxou e me roubou um beijo. Foi bem rápido, mas demorou tempo suficiente para me deixar confuso.
— Só não conta pra ninguém — ele me pediu quando tirou os lábios dos meus.
Sem dizer nada, sai do carro, peguei minhas bolsas no porta malas e me dirigi a té a entrada de casa quando ele arrancou o mais rápido que a neve lhe permitiu. Já sabia que não teria ninguém em casa quando eu chegasse pois meu pai e Cindy estariam no restaurante. Meu pai tinha um restaurante de comida italiana que herdou da mãe dele que era filha de italianos. Ficava no centro da cidade era muito bem frequentado.
Joguei as bolsas no chão e me joguei no sofá no escuro mesmo. Por um momento pensando. Não em Nathan, mas em Matt. a quanto tempo ele gostava de mim? e como eu não percebi? Eram as perguntas que rodeavam em minha mente.
O telefone tocou e pela foto vida que era Nathan.
— Alo?
— Eles estão no restaurante? — perguntou quase se atropelando nas palavras.
— Estão — minha voz estava neutra demais.
— Já estou chegando ai — e desligou.
Nathan estava a caminho e eu deveria ficar radiante em vê-lo. Matt sairia da minha cabeça e eu não contaria nada a ninguém como ele me pediu.
