Capitulo 27
Não consegui dormir direito a noite toda, sempre que eu tentava fechar os olhos, o pensamento de que Li mentiu pra mim explodia em minha mente. Eu praticamente dormir trinta minutos, parecia que as cobertas da cama machucavam a minha pele, o suor que descia pela minha pele pareciam lagrimas que eu não conseguia derramar pelo meus olhos. Exatamente as quatro da manhã eu tomei banho, um banho gelado. Meu corpo estava frio, mas em compensação a minha cabeça estava pegando fogo, estava dolorida e pulsava. Quando a agua gelada fez contato com ela eu soltei um sonoro suspiro de alivio, quando tocou eu meu corpo eu tive que segurar um grito estridente que queria sair pela minha boca. Não sair debaixo do fluxo de agua gelada, mas até que depois estar debaixo de uma torrente de agua gelada teve seu lado bom, por que quase sem querer a imagem dos lábios de Heitor nos meus tomou de conta de minha mente e quase imediatamente eu endureci.
E eu não me arrependi do que fiz depois, coloquei minha mão no meu membro rijo e pulsante e começei a movimentar para frente e para trás, depois a agua que descia pelo meu corpo já não parecia tão gelada, ela estava agora perfeita para a temperatura de meu corpo. Continuava com os movimentos e pude sentir os lábios cálidos e cheios de Heitor novamente em minha boca. Nenhum beijo de Li conseguia aplacar o que foi o beijo de Heitor. Não me sentir nem um pouco arrependido depois que eu pensei isso, um pouco incomodado sim.
Meus movimentos ficaram mais rápidos e vorazes, queria logo chegar ao ápice. Gemidos um tanto quanto sensuais saiam de minha boca, depois da sensação dos lábios de Heitor nos meus veio as lembranças de suas mãos em meu corpo. Mãos fortes e grandes se prendendo a mim. Arquejei quando um espasmo pré gozo trespassou pelo meu corpo, depois tremi, a sensação de que Heitor estava ali era grande, minha respiração ficou mais acelerada e rasa, parecia que eu não conseguia colocar ar suficiente em meus pulmões.
Morde meus lábios com força quanto gozei, mas mesmo assim um pedaço de meu grito estridente escapou por entre meus lábios, colei meu corpo tremulo e fraco na parede atrás de mim e fechei a torneira do chuveiro. Quando o ultimo resquício de meu gozo desceu pelo ralo eu pude perceber o quão baixo e imoral eu era. Tendo pensamentos pecaminosos e pervertidos com o meu melhor amigo sendo que eu tenho um namorado que amo.
Choraminguei quando outro pensamento invadiu minha mente. Um namorado que amo que supostamente mentiu para mim, e estava tendo alucinações sexuais com outro cara, que espécie de namorado eu sou? Sair do banheiro e andei nas pontas dos pés até a minha cama, nem me sequei, apenas vesti uma cueca limpa e me joguei na cama. Não sei se foi o cansaço de uma noite mal dormida ou o tesão aliviado que me fez cair no sono, só sei que quase depois de colocar minha cabeça no travesseiro eu apaguei.
Acordei na manhã seguinte com o barulho de gritos e som de metal se chocando contra metal, ecoando pelo pequeno espaço que era a minha casa. Grunhi e passei as mãos em meus olhos inchados por causa do sono, viro a minha cabeça na direção dos barulhos e encontro uma cena um tanto quanto incomum para mim.
Meus irmãos.
E Li.
Rindo, conversando, interagindo.
Semicerrei os olhos para ver se não era nenhuma ilusão causada pela noite mal dormida, mas não era ilusão, era a mais pura verdade. Larissa estava sentada em uma cadeira enquanto os meninos estavam ao redor dela, cada um com uma panela na mão, arquei as sobrancelhas em confusão. Mas que diabos era isso? Me levantei devagar e nenhum deles prestou atenção em mim, coloquei as pernas para fora da cama e fiquei sentado observando aquela brincadeira estupida que foi a causa do meu despertar brusco.
- Com quantos você perdeu sua virgindade? - André foi quem falou, ele tinha duas frigideiras em uma mão e na outra segurava um minúsculo pedaço de papel. Depois que ele terminou de ler o que tinha no papelzinho ele imediatamente ficou envergonhado e virei a atenção para minha irmã e constatei que ela também estava envergonhada - Desculpa, Larissa. Mas está escrito aqui no papel... -Ele deu de ombros e pigarreou ainda com o rosto em brasas - então, responda.
- Não pode pular a pergu... - Mas antes dela continuar a fala todos os três garotos começaram a batucar as panelas, fazendo aquele ruído nojento se expandir pela casa. Larissa deu um sorriso fraco, suspirou e começou a falar - Tá bom, eu falo. - Ela deu mais um suspiro e disse baixinho - Eu perdi a minha virgindade com quatorze anos... - Ela deu uma espiadela na direção dos meninos e continuou rapidamente - mas eu quis fazer isso, não pensem que eu fui obrigada ou coisa e tal. Não, eu quis e não me arrependo de nada mesmo, foi desconfortável? Foi, mas não foi nada do que eu não tenha gostado e como eu respondi a pergunta agora um de vocês três podem se sentar aqui.
- Eu fui antes de você - Pedro disse.
- E eu fui antes de Pedro - Caio deu um sorrisinho e se virou para Li - É sua vez japa.
- Tudo bem, mas tire perguntas boas - Larissa se levantou da cadeira onde estava sentada em um pulo, sorriu para Li e pegou as panelas da mão dele. Dava para ver a hesitação de Li, seus ombros estavam rígidos demais, seus passos, muito uniformes, ele estava muito cauteloso, Larissa foi até a mesa pegou três pedaços de papel e distribuiu um para Caio e outro para Pedro, Li já estava sentado e ela foi a primeira a perguntar.
- Um momento de extrema felicidade para você? - A voz da minha irmã foi firme e ninguém poderia ter notado quando Li relaxou visivelmente naquela cadeira, ninguém a não ser eu. Seu sorriso que antes era mais frágil que vidro se transformou em um mais vibrante e belo.
- Quando eu descobri que minha irmã tinha ínfimas chances de não ter câncer novamente - Eu ainda estava sentado ali, mas ninguém prestava atenção em mim, mesmo a cozinha ser próxima de onde eu dormia ninguém sequer virava o rosto na minha direção. Com um pensamento mais do auto depreciativo me perguntei se eu tivesse um ataque e passasse dessa para uma melhor será que eles menos notariam? Será que Li notaria? Ou só iriam cair na real depois que estivessem realmente precisando de mim? Tratei logo de afastar aquele pensamento e voltei a olhar a conversa deles - Quase beijava o medico quando ele falou isso, mas pulei, chorei, gritei, sorri, fiz tudo.
- Pergunta respondida, mas agora é a minha vez de perguntar - Caio tirou o pedaço de papel da mão de Larissa e jogou fora, vi a minúscula bolinha branca bater na parede, cair no chão, dar algumas voltas até finalmente parar, Caio leu o que estava em seu papel - Um lugar mais inusitado que você já fez sexo?
Quase inconscientemente um sorriso um tanto bobo e um tanto prazeroso se expandiu pelo meu rosto, ainda conseguia me lembrar de todas as nossas transas, na cozinha, na piscina, no chão da sala, no quarto, no carro e a mais inusitada de todas: em uma casa abandonada, mas meu sorriso não durou muito tempo, a resposta de Li não batia com nenhum lugar de que eu me lembrava, nem sequer um lugar aonde nós alguma vez visitamos.
- Foi em um rio - Ele falou sem vergonha nenhuma, na perfeita natureza extrovertida dele, sempre com um sorriso no rosto - Um rio de aguas cristalinas, fomos nós dois em um dia mais do que perfeito, foi um dos dias mais perfeito para mim.
- O Chris deve ter amado esse lugar - Larissa falou, com os olhos brilhando e com o ar sonhador, Pedro e Caio apenas se reservaram em um dar de ombros simultâneo, foi por isso que ninguém viu a reação de Li, mas meus olhos estavam fixos nele e eu vi, seu sorriso perfeito se repuxou um pouco mais para cima e uma das sobrancelhas dele deu uma arqueada pequena, o gesto indicava: Serio que você chegou nessa conclusão? Mas tão rápido quanto surgiu a expressão se foi, mas não sem antes ficar marcada em minha mente - Agora é você Pedro.
- Qual a maior loucura que você já vez na vida?
- Eu não fiz uma loucura propriamente dita - Passou a mão no rosto e continuou - Mas já fiz algumas coisas que foram problema para mim.
- Como por exemplo......? - Larissa fez um gesto com as mãos, incitando Li a falar, mas o meu namorado permaneceu impassível e com o usual sorriso no rosto, não disse mais nenhuma palavra - Li você é um chato.
Uma ideia estalou em minha mente, um sorriso ínfimo se formou em meu rosto. Pigarreei e quase imediatamente quatro cabeças se viraram na minha direção, oito olhos fitavam os meus, mas não demostrei desconforto ou qualquer outra emoção negativa. Me levantei, dei apenas dez passos para chegar até Li, ele abriu um sorriso maravilhoso e esticou as mãos, mas eu desviei, dei um sorrisinho e apenas com os lábios sem emitir som algum eu disse "depois". Ele apenas deu uma piscadela.
- Será que eu posso participar dessa brincadeira?
- Mas é claro - Li respondeu, pegou a minha mão que estava próxima a ele e começou a acaricia-la.
- O que eu tenho que fazer?
- Pegue um pedaço de papel e escreva uma pergunta generalizada, não vale colocar "Li isso" "Li aquilo" - Ele ainda tinha o sorriso no rosto, eu não conseguia sustentar um.
- E as panelas?
- São para quando a pessoa se negar a responder a pergunta.
- Tudo bem, eu não vou escrever pois eu só tenho uma pergunta. Tudo bem? - Com muito esforço eu conseguir formar um sorriso em minha face, mas eu e ele sabíamos que era apenas um sorriso vazio. Seu sorriso deu uma vacilada, mas ele conseguiu firmar ele - E como você está sentado ai, bem, ótimo! Já que a pergunta era para você mesmo.
- Tudo bem - Ele deu uma risada, para os outros poderia ser uma risada normal, mas não para mim. Ela estava tremula e sem nenhuma alegria. Apenas um eco frágil e patético da verdadeira risada de Li - Você sabe que pode tudo, Chris.
- Panelas - Estendi as minhas mãos e Larissa me entregou as delas, coloquei uma em cada mão e deixei-as paralelas com minhas pernas, respirei fundo e disse em uma voz forte e clara - Me responda isso Li-Yang Wang, tudo bem? A quinze anos atrás a lei do filho único era aplicada aonde? Na China ou no Japão?
Eu vi quando toda a cor de seu rosto se esvaiu, transformando a pele já extremamente branca dele em um tom de branco fantasmagórico e de aparência frágil. Seus olhos se moviam frenéticos, seus ombros, caídos e pernas, tremulas. Eu nunca tinha visto Li daquele jeito, tão frágil e amedrontado.
- E então, Li? - Cutuquei ele com a panela da mão esquerda - Responde! Esse não era o objetivo da brincadeira? Eu faço uma pergunta e você responde? Então, bom, responde!
- Ai Chris! Que pergunta besta - Larissa revirou os olhos e sacudiu as mãos - São perguntas pessoais e não pergunta de conhecimento gerais.
- Cala a boca, Larissa! - As palavras saíram espremidas por entre meus dentes, eu ainda continuava a encarar Li e ele ainda estava no mesmo estado - Responde, Li! Eu quero saber!
- Errr....Eu...Eu.. Eu... - Era patético ver Li daquele jeito, mas ao contrario de me fazer voltar ao meu normal submisso e preocupado eu só fiquei com mais raiva. Levantei As panelas e choquei uma contra a outra, bem perto do rosto dele.
- Resposta errada! - Eu gritei, deixei as panelas caírem no chão e com o barulho de metal tilintando elas rolaram para longe, me virei para os meus irmãos e gritei - Saiam! Saiam agora! Vão, vão!
- Chris você ficou louco?
- Saiam? - Gritei e peguei na mão de Larissa e Pedro. Sai puxando eles até a entrada, sentia a resistência deles, mas não estava dando a mínima. Larissa aranhava a minha mão e Pedro tentava se soltar, não sabia onde Caio estava. Parei na frente da porta soltei os dois, abri a porta rudemente fazendo-a quicar na parede e voltar alguns centímetros para frente e gritei - Saiam! Preciso conversar com Li!
- Você definitivamente está louco - Larissa disse, bufou irritada, arrumou a saia e saiu pisando duro.
- Se cuida, Chris - Foi o que Caio disse antes de fechar a porta.
Fiquei parado ali, tremendo de raiva, só virei por uma única razão, um único som que eu não esperava ouvir.
Palmas.
Me virei e encontrei um Li totalmente diferente do de segundos atrás. Esse Li estava com as pernas cruzadas, o corpo perfeitamente a vontade na pequena cadeira e com um enorme sorriso sarcástico no rosto.
- Até que enfim você criou pulso forte, babacão.
E sorriu.
O sorriso dele estava impregnado de escarnio e sarcasmo.
E isso me enojou.
Quem era esse Li que estava na minha casa?
- Temos muito o que conversar, Christian.
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Muito obrigado a todos e desculpa. DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA, DESCULPA. por favor, desculpa.