- Eai Pedro, como é que foi de férias? – Perguntei.
-Ah, foi bom e a sua?
-Normal.
Sento na minha carteira, que fica encostada a parede, não sei por que sempre gostei de sentar ao lado das paredes, elas me reconfortavam e me deixavam seguro.
Quando o professor Geraldo chega à sala, vejo que ele estava com um garoto, que definitivamente era novato. Impressionei-me com a beleza daquele garoto, ele simplesmente era lindo. Tinha cabelo castanho escuro, olhos azuis, mas tão azuis que eu fiquei impressionado.
- Então, pessoal esse é o novo aluno da nossa turma, o nome dele é Gabriel, o tratem bem, ouviram? – Disse o professor Geraldo.
-Sim professor. – A sala diz como se fosse uma única voz.
Gabriel sai da frente da sala e senta logo atrás de mim, o que me deixou totalmente nervoso. Não sabia o motivo para ficar nervoso, eu era praticamente igual à ele, coincidentemente, tínhamos o mesmo corte de cabelo e a mesma tonalidade e aparentemente o mesmo porte físico, a única coisa que mudava em nós era os olhos, os meus eram castanhos cor de mel, e o dele um azul magnífico.
Virei para trás e fiquei alguns segundos olhando para os olhos dele.
-Algum problema? – Disse o Gabriel.
-Não, é que seus olhos são muito bonitos. – Respondi
-Obrigado, sempre me dizem isso. –Ele sorri
-Com certeza – Retribuo o sorriso. – E então, você não parece ser aqui de São Paulo, de onde você é? – Perguntei
-Ah, eu sou carioca.
-Legal. Ah, já ia me esquecendo, meu nome é Guilherme, mas pode me chamar de Gui se quiser.
-Ok
Viro para frente e começo a copiar a matéria até que sou interrompido por mensagens da minha namorada, que era de outra sala.
-Gui – Disse o Gabriel – Quem é essa?
-Minha namorada, o nome dela é Maria.
-Caramba, você é pegador – Ele da uma risada.
-Aqui na escola, ela é minha primeira namorada, o resto das garotas eu só fiquei, não foi sério, entende?
-Sim, perfeitamente, lá na minha outra escola, eu era desse jeito – Ele sorri
-Deve ser porque somos muito parecidos, já percebeu isso?
-Nossa cara... Você sou eu, e eu sou você! –Ele ri
-Muita coincidência, pois nem meu irmão é tão parecido igual a mim.
-Muito louco... Mas cara, você sabe onde eu posso pegar um ônibus para poder voltar para casa? Eu estou morando com minha madrinha em Jardins e eu não sei voltar.
-Sério? Cara, eu moro lá também! Se quiser eu te dou uma carona, meu pai sempre me busca, ai nós vamos juntos se você quiser.
-Pô cara, valeu mesmo, mas vamos copiar a matéria antes que sejamos expulsos da sala.
-Claro.
Quando saímos da escola, ele me convida para ir para casa dele, jogar um pouco de futebol ou vídeo game, eu aceitei na hora.
Quando chegamos a casa dele, a madrinha dele não estava e tinha um bilhete em cima da mesa avisando que não era para jogar bola naquele dia, pois a grama estava encharcada. Como não poderíamos jogar bola, subimos ao quarto dele jogar vídeo game. Uma hora depois, meu celular toca, era a Maria.
-Fala amor
-Eu to no seu quarto te esperando, precisamos conversar – Disse Maria.
-Ferrou cara – Disse o Gabriel, pois estava ouvido porque eu tinha posto no viva voz.
-Tudo bem, eu chego ai em dez minutos, tudo bem?
-Tudo, chega rápido. – Respondeu Maria.
-Ok
Desliguei o celular e andei até a porta quando o Gabriel me segura pelo braço
-Gui, eu mal te conheci e já sei que você é uma pessoa totalmente boa.
Eu fico paralisado, pois eu estava encantado com ele, mas eu era hetero, até aquele momento. Nossos rostos se aproximaram e nós acabamos nos beijando. Foi o melhor beijo de toda minha vida, ele era totalmente apaixonante, com pegada e um pouco de malícia, eu tentei empurrá-lo, mas acabei me entregando.
-Gabriel...
-Não conta nada pra ninguém, por favor, mas eu tive que te beijar, desde que eu te vi pela primeira vez, eu fiquei totalmente encantado por você.
-Eu não vou contar, mas não nos beijaremos mais. Eu sou hetero.
-Também sou, mas eu não me contive, desculpe.
-Tudo bem
Sai de lá e fui para minha casa, com meu coração a mil, não entendia porque estava assim, eu não era gay e nem queria ser, logo esqueci esse pensamento e fiquei pensando no que a Maria tinha para me falar.
Paro ou continuo? Esse é meu primeiro conto.