Eu acordei feliz hoje! Feliz por saber que logo logo o meu amado brutamonte volta pra casa. O voo dele pousa no aeroporto de Salvador ao meio dia. Como ainda faltavam quatro horas para a chegada dele, eu aproveitei para ajudar a minha mãe nos afazeres domésticos.
O dia parecia correr que nem o Papa-Léguas (bi-bi) ;P. Aproveitei o tempo para conversar com minha mãe sobre o meu relacionamento com o Bruno.
EU: Mãe!
MÃE: O que foi, meu filho?
EU: Amanhã Bruno e eu vamos fazer um mês de namoro. E eu queria fazer algo para comemorar isso. O que você sugere.
MÃE: Eu não sei, meu filho. Mas quando seu pai e eu começamos a namorar, no primeiro mês ele me levou para o farol da Barra, sabe?! Entramos lá dentro, fomos até a parte mais alta dali. - Minha mãe me contava isso com um grande sorriso no rosto.
MÃE: E alí, com a vista do mar, ele reafirmou os sentimentos dele por mim! - Ela suspirou - Aquilo foi o sinal de que iríamos nos casar e que seríamos felizes, assim como somos hoje.
EU: Ai, mãe, que lindo isso! - Minha mãe tem um coração tão bom que eu sempre quis a felicidade dela. Ela se tornou a minha melhor amiga de todos os tempos. - Agora eu entendo o porquê de a senhora e o meu pai serem tão felizes. Espero que a relação entre Bruno e eu sejamos igualzinho ao de vocês.
Minha mãe sorriu. Já eram 11h quando minha mãe e eu terminamos de cuidar da casa. Fui tomar banho e me arrumar para ir ao aeroporto, receber o meu amor. Liguei para a mãe dele, que era como uma segunda mãe minha, avisando que eu estava indo para o aeroporto. Ela já estava lá com o esposo dela.
Já pronto, eu peguei um ônibus para o aeroporto e me sentei numa fileira vazia, do lado da janela. Fiquei admirando o ambiente da cidade quando sinto alguém se sentar no assento do meu lado. Não dei importei em olhar pra quem se sentou ali e continuei a contemplar a paisagem de Salvador. Logo sinto o cara me cutucando e falou:
DIOGO: Ei, Hugo!
EU: Diogo! - Me assustei um pouco, já conhecendo os antecedentes dele - Como vai?
DIOGO: Mais ou menos, cara....
Eu dei um sorriso amarelo e voltei a olhar a janela, pois não queria papo com ele. Apesar dos meus olhos estarem voltados para a rua, eu sentia que Diogo estava me olhando, e parecia não querer parar de fazer isso. Ignorei isso e continuei na minha, sabe?!
Ele soltou no ponto de ônibus perto de um shopping que ficava perto do aeroporto. Ele saiu e eu continuei dentro do buzú até ele parar no meu destino.
*****
No saguão de desembarque de passageiros do aeroporto estávamos os pais de Bruno e eu. Não demorou nem trinta segundos e nós o vemos chegar. O Bruno estava tão lindo! *_* Mas aí eu percebo que tinham mais duas pessoas acompanhando-o. Os dois homens que estavam junto de meu namorado eram EXATAMENTE iguais: jovens, brancos, sorriso Colgate (ahhhhh), cabelos espetados e os olhos verdes que me prenderam numa espécie de encanto. Me peguei olhando para os dois e os dois olharam para mim. (Caso não deixei claro, eram gêmeos!) Quando me viram, eles falaram a mesma frase:
- Ah meu Deus! Ele está aqui?!
Apesar de dizerem a mesma frase, eles falaram duas coisas completamente distintas. Enquanto o Alex falou num tom de ódio e deboche, como se eu fosse um pedaço de carne estragada no caminho dele, o Estêvão falou com um tom de alegria, do mesmo jeito de que uma criança se comporta quando recebe um presente que tanto desejava.
Mas eu não dei a devida importância para isso naquele momento porque o que eu mais queria era rever o homem que eu amo, o Bruno! Ele abriu um sorriso ao me ver, mas logo depois ficou com um semblante triste e me ignorou.
O Quê??? O que está acontecendo aqui, pensei.
EU: Bruno! Por que está me tratando assim?
Ele olhava para os meus olhos mas não saía nenhum som da boca dele. Isso me machucou muito, pois não esperava uma atitude dessas da parte dele. Ele estava me ignorando na cara dura.
ALEX: Então esse é o viado que tá dando pro meu tio...
Eu fiquei sem reação pr'aquilo. O sobrinho de Bruno estava me humilhando e ele não fazia nada para me defender?
ESTÊVÃO: Pare com isso, maninho! Não foi essa a educação que a nossa mãe te deu?
O que acabou de acontecer aqui, no saguão do aeroporto? O meu Bruno, meu namorado, está me dando um gelo, um dos primos dele estava me menosprezando e o outro me defendendo?
Pra mim, já chega! Olhei pro Bruno com a cara de "Que decepção", e saí dali rumo à minha casa. Eu não saí de minha casa, fui até o aeroporto pra ser esculachado. Voltei pra casa triste, ao ver que o meu namorado voltou de viagem agindo que nem um idiota. Acho que algo aconteceu com ele durante a viagem que está obrigando-o a agir assim. Mas irei esperar por uma explicação dele, já que eu o amo! É bom que ele tenha uma excelente explicação para aquela cena no aeroporto.
Cheguei em casa e vejo a minha Best Friend Forever, a Faby. Ela tava irradiando alegria que chegava até a cegar! Prevejo uma longa prosa pra minha tarde de hoje ^_~ .
EU: Faby!!! (sorri) Que milagre é esse aparecer na minha casa hoje!
FABIANA: Migo, hoje eu estou muito feliz!!! Eu tenho tanta coisa pra te contar!
EU: Você vai me contar tudo, tim-tim por tim-tim! Mas vamos entrar primeiro, pois acabei de chegar do aeroporto, e tive uma desagradável surpresa lá.
Entramos em minha casa e Faby foi pro meu quarto, enquanto eu fazia um suco de laranja e cortava uns pedaços de bolo de milho na cozinha. Logo subi pro meu quarto e Faby estava cantarolando em frente ao meu computador.
EU: Querida, cheguei!! Sai desse PC e vem me contar o porquê de estar na porta da minha casa hoje?
FABIANA: Claro! Meu namorado chegou de viagem hoje!! :)
EU: Como assim, namorado?? - Me sentei na cama, e Faby girou a cadeira em que ela está sentada na minha direção - Você tá namorando e não me disse nada? Que bela amiga você é, hein?!
FABIANA: Você não tá sabendo porque você não quis! Você, migo, estava tão preocupado em namorar o meu ex, que esqueceu de que eu existia e nem falou comigo nesses últimos dias....
Era verdade! Eu me foquei exclusivamente para o meu brutamonte que me esqueci completamente dos amigos, ou melhor, da Faby.
EU: Perdoe-me, miga! Mas agora estou aqui pra você! Me conte tudo, tá!
FABIANA: Certo. Depois que você começou a ficar muito "amigo" - ela falou e fez sinal de aspas con os dedos - do Bruno, eu comecei a conhecer pessoas pela internet. Foi aí que eu encontrei o meu namorado. Ele é um gentleman! Sabe conversar, tem bagagem, me trata com o respeito que uma dama como eu, mereço. Conversamos muito e resolvemos que ele iria me visitar quando viajasse para Salvador.
Eu olhei para minha amiga com uma cara de "isso é cilada, Faby!", mas ela continuou com o relato.
FABIANA: Ele passou alguns dias off-line por causa de uns problemas familiares. Mas ontem ele me avisou que está chegando hoje para Salvador e que está doido para me conhecer pessoalmente. (Faby olha para o relógio e me diz) Eu acho que, pelo horário, ele já deve ter chegado aqui. Ai ai... (suspira)
Eu a olhei nos olhos, suspirei fundo e falei aquilo que eu estava pensando de tudo aquilo que ela acabara de me contar:
EU: Olha miga, eu desejo toda a felicidade do mundo para você, mas tem algo errado nessa história. Você sabe que namoros de internet normalmente não terminam bem - disse isso e ela ficou um pouquinho triste -, e segundo, o que é que você sabe dele? Será que ele te contou tudo aquilo que você DEVERIA saber? Não sei não, Faby, mas acho que você está entrando numa furada.
Ela ficou um pouco irritada, mas disse:
FABIANA: Olha Hugo, eu vou arriscar, tá bom?! Eu conversei e ele parece ser muito legal. Vou poder conhecê-lo melhor hoje. E quer saber? - Ela me olha com um sorriso no rosto - Eu vou chamá-lo para vir aqui agora!
Ela levanta da cadeira, pega o celular, disca um número, e faz a chamada.
FABIANA: Alô, amor! Já chegou de viagem?
...
FABIANA: Que bom, meu amor! Você está hospedado aonde?
...
FABIANA: Sério?! Você tá tão pertinho de mim... Venha até aonde estou que eu estou doidinha pra te ver e te apresentar ao meu melhor amigo!
Ela disse o endereço de onde eu morava. Não sei o porquê, mas não tô gostando nada nada desse namorado de Faby - e normalmente eu não erro !
FABIANA: Tá certo, amor! Estamos te esperando. Beijos... Te amo... Tchau! - Desliga o telefone, e senta na cadeira aonde estava sentada antes da ligação.
FABIANA: Migo, você não imagina, mas o meu namorado está hospedado aqui pertinho. Ele disse que já já virá pra aqui.
EU: Sei não, Faby, mas eu tô meio cabreiro aqui: um cara que você só "viu" pela internet, que você não conhece a história dele e vem aqui só pra ver você? Estranho, não!
FABIANA: Que nada, migo! Pois ele vai passar um tempo aqui na cidade, e eu terei a oportunidade de conhecê-lo.
DING-DONG! - A campainha de minha casa toca.
FABIANA: Ah, é ele! Meu amor chegou! Vamos vê-lo pela primeira vez!
EU: Tá certo. - Falei com uma voz de desânimo, já que eu não curti essa ideia de namorado a distância de Faby.
Nós descemos as escadas para a sala e a Faby abriu a porta. Quando eu o vi, eu não acreditei!
EU: Você??
Meu Deus, era o Alex, um dos sobrinhos de Bruno! Ficamos nos encarando por um tempo, e a Faby perguntou:
FABIANA: Vocês já se conhecem?
ALEX e HUGO: Infelizmente, sim!
Faby não tinha noção da inimizade que Alex e eu sentimos um pelo outro. E eu resolvi explicar:
EU: Olha, Faby. Hoje eu fui buscar o Bruno no aeroporto, mas quando ele desembarcou, trouxe junto os filhos da tia dele, que estava hospitalizada e, infelizmente, faleceu. O problema é que essa criatura aí era um dos sobrinhos do meu namorado. E age que nem um idiota!
ALEX: O problema é que eu não sabia que meu primo estava pegando um viado! Com tanta mulher gostosa que tem por aí, ele resolve pegar esse dai! Eu não aceito isso!
EU: Tá vendo! (falei com tom de chateação) Ele está me discriminando só porque eu sou gay e namoro o primo dele.
FABIANA: Ei! Parem vocês dois! Hugo, releve o Alex! Você já viveu algo similar com o Diogo. Não perca o seu tempo. E você, Alex, mais respeito com o meu amigo. Caso você continue discriminando o meu amigo, nem apareça mais aqui, tá entendido?
ALEX e EU: Entendido! - Falamos com tédio no nosso tom de voz. A Faby parece que tem o poder de dominar os homens ao seu bel prazer.
Ficamos os três no quarto. A Faby e o Alex ficavam conversando e namorando, enquanto eu ficava segurando uma "tocha" pros dois ali - o que pra mim é o ultraje!
Pedi licença e fui pra sala, assistir TV. Enquanto assistia a uma comédia romântica que estava passando num canal, eu fiquei pensando um pouco no Bruno. Eu não conseguia entender ainda a atitude dele no aeroporto. Por que ele agiu assim comigo hoje? O que será que aconteceu na viagem dele que o deixou assim? Será que a vinda de Alex e Estêvão pra Salvador tem a ver com isso? Essas perguntas, que estavam na minha mente, ficavam martelando ali até a hora em que escuto a campainha.
Eu me levanto do sofá, abro a porta e me deparo com uma montanha de músculos com pernas, a que era familiar!
EU: Bruno?!
BRUNO: Nós precisamos conversar!
