Não dava pra acreditar, ele tava ali, logo ali. Ele me olhou, e depois desviou o olhar, e o caminho.
- Hum, agora sei porque você gosta dele - disse a Bruna ao meu lado
- Eu quero entender a necessidade disso Bruna, eu nunca disse que gostava dele, eu hein.
Ela riu. Depois disse que iria pro mar e perguntou se eu queria ir também, então tirei a roupa. Eu queria que ele me visse, foda-se se fosse hétero ou não. Tirei a roupa e fiquei só com uma sunga azul marinho. Bom, eu tenho um corpo bonito, eu malho para conseguir. Não tenho um peitoral malhado, apenas levemente definido , nem tanquinho, minha barriga é reta e lisa, gosto assim, minhas coxas são grossas e meu bumbum bem empinado e duro. Fui andando pela areia com a Bruh ao meu lado falando sobre ela estar ficando com o Luiz Felipe, um amigo nosso do antigo colégio com grandes olhos azuis e cabelo castanho, ele é bi, e já havia pedido pra ficar comigo, mas não quis, nunca falei nada com a Bruna porque sempre soube da quedinha dela por ele.
- Ele beija super bem, Lou. Nem imaginava que a gente ia ficar mas agora a gente tá ficando toda semana
- Hum que bom, o Luiz é bem legal.
Entramos no mar e ficamos um pouco, mesmo com a típica água gelada de Copa, havia poucas ondas, tava tudo bom.
- Que droga, ele tá aqui.
- Depois diz que não gosta dele.
- Ah, sei lá...
- Vem, vem passar protetor.
Saímos e ela passou protetor em mim e eu nela, Mari e Gabriel estavam conversando e logo em seguida foram pra água, era legal sair com a galera, eu estava me sentido mais leve.
Observei onde o Alex tava e chamei a Lets pra conversar.
- Letícia, ele é repetente, né ?
- Aham, ele andava com aquela galera ali, eles são do terceiro ano, aí sabe como é, turma do fundão, bagunça...
- Hum, saquei.
O dia todo foi bem quente, cheguei em casa por volta das 15:00, eu estava mais bronzeado, minha pele é morena porém pálida, agora estava com mais cor, meu rosto estava vermelhinho.
Eu estava tão cansado que dormi logo depois de deitar na cama. Eu estava em um quarto grande, e ele me agarrava por trás, suas mãos tocando meu corpo e sua boca beijava meu pescoço, ele me jogou na cama, e eu passei a mão pelo seu corpo sarado, ele sorriu e me beijou, depois deu uma chupada no meu ombro que doeu um pouco, "Louie ? Filho ?" Era minha mãe me chamando.
Abri os olhos e já estava de noite.
- Vem jantar vem.
- Huuum - disse meio sonolento - já vou.
- Vem logo, o Alex não tá no seu quarto.
- Hããã ?
Ela riu e desceu.
Jantei as panquecas maravilhosas da mamãe, e logo em seguida, mamãe falou:
- Acho que nosso filho está apaixonado, Clau.
- Aé ? Hum até que enfim - disse ele com seu sotaque típico.
- Não mãe, eu não tô ! Caraca até você, já não bastava a Bruna !
Ah, só pra constatar, meus pais sabem sobre mim, e me aceitam, toda a minha família paterna aceita, na materna há algumas resistências, mas eu sou muito sortudo de ter pais que me aceitam, existem tantos homossexuais que são botados pra fora de casa, ou que são mal tratados verbalmente pelos próprios pais, não foi difícil, meu pai é canadense, canadenses são um povo muito amistoso e de cabeça aberta, e minha mãe é psicóloga, ela me entende. Amo meus pais demais, são literalmente os melhores pais do mundo.
- Ah é ? Então porque estava falando o nome de um tal de Alex enquanto dormia.
- Ai mãe não começa, por favor.
- Você tem que me contar as coisas menino, sou sua mãe.
- Tá, hum, ele é popular, loiro, alto, forte, e ah, o detalhe mais importante: hétero.
O sorriso bobo sumiu de sua cara, ela me olhou com dó.
- Awn meu bebê, sinto muito.
- Eu não estou apaixonado por ele, ai, vocês são muito... vocês !
Ambos riram da minha cara de raiva, mas os ignorei e comi minha panqueca.
Depois de subir pro meu quarto e ficar lendo Cidade das Almas Perdidas, minha mãe apareceu na porta.
- Podemos conversar ?
- Claro, senta aí - Fechei o livro e o coloquei no criado mundo.
- Olha meu lindo, não precisa ficar triste por ele ser hétero, um cara legal ainda vai aparecer pra você.
- Mãe... eu não gosto dele, eu mal o conheço, ok ?.
- Dá pra ver nos seus olhos filho, você tá gostando dele.
- Tá, tanto faz.
Ela alisou meu rosto, e sorriu.
- Estar apaixonado é bom, mas não crie espectativas com ele, ok ? É melhor não se decepcionar.
- Ok
Meu celular tocou logo em seguida, minha mãe pegou e leu: Bruh, oba, adoro ela.
- Oi querida, me fala do Alex
- Mãe !!!
Tentei pegar o celular mas ela foi mais ágil, então decidi esperar enquanto ela fofocava com a Bruh.
- Aham, ele vai sim, ok, eu levo vocês. Beijos querida, manda beijos pra sua mãe também. Tchau.
Ela jogou o celular pra mim e disse:
- Festinha na casa do Pedro, sexta que vem, 20:00 levo você e Bruna.
- Não mãe, não vou não !
- Ai meu filho, vá. Só fica infurnado nesse quarto, sai do País de Louis.
- Vou pensar (eu iria) ok ?
Ela desceu, eu tinha uma mãe maluca mesmo. Ela sempre foi liberal porque na sua juventude era muito presa, meus avós eram muito rígidos, uma vez ela me disse que quando era jovem, prometeu que quando fosse mãe seria liberal e uma mãezona, bom, ela cumpriu.
A semana se passou devagar, aulas, livros, informações do Alex com a Lets. Tais como: Ele morava com a avó, num condomínio na melhor área daqui da Tijuca, que não era muito longe da minha casa. A mãe dele morreu quando ele nasceu e o pai viaja muito à negócios. A semana foi passando, Alex me ignorava, não sentava mais perto da mim, na quinta, ele não foi, na sexta também não, peguei mais informações com a Lets, escondido é claro, ele era do signo de Touro, descendente de alemães, joga futebol, surfa, tem uma meia irmã que mora com a madrasta, e outras coisas avulsas como o fato de ele gostar de chocolate meio amargo. Eu meio que sempre liguei pra signos, e acabei percebendo que o compatível do meu signo, Escorpião, é Touro. O signo dele...
Ai droga preciso tirar esse cara da cabeça.
A outra semana passou tão rápida que nem notei que já era sexta, não choveu nenhum dia, estava muito quente. Depois de sairmos do colégio, eu e Bruh combinamos de que se ficasse muito tarde poderíamos dormir lá na casa do Pedro, minha mãe deixou, meu pai ficou meio com um pé atrás mas acabou deixando. Comecei a me arrumar por volta das 19:00, tomei banho, passei hidratante, depilei os pelos que cresciam, fiz as sobrancelhas, lavei o cabelo, eu nunca tinha ficado tão vaidoso, eu sabia que o Pedro era o mais popularzinho de nós e por isso falava com o Alex e seu grupinho, mas não pensei que ele fosse chamar. Vesti uma blusa preta e por cima uma xadrez roxa e azul, jeans preto, penteei meu cabelo que agora estava um pouco maior, e estava bem brilhoso, depois de me perfumar desci e a Bruh já estava lá me esperando, eu nem havia escutado a campainha, deve ser porque eu estava ouvindo Green Day no último volume.
- Uau que gato me pega - disse a Bruh rindo.
- Tem certeza ? Vai se apaixonar - ri de volta.
Fomos pro carro e quando chegamos lá o Gabriel e a Lets estavam nos esperando do lado de fora. Entramos e encontramos a Mari também, que estava ficando com o Pedro. Me surpreendi porque nunca imaginei isso. O cabelo castanho escuro da Mariana estava preso numa trança de lado, e a pele morena bem hidratada, ela usava um vestido branco ficava bem legal. Pedro estava com seu cabelo castanho arrepiado e usava uma camisa verde que contrastava com a pele rosada. A festa estava acontecendo no jardim, porém começou a chover, forte, era de se de esperar depois de tantos dias de calor, fomos pro terraço e continuamos a nos divertir mesmo com trovões ressoando, rimos, dançamos, o terraço era bem espaçoso e tinha umas 70 pessoas, não estava apertado, mas também não estava vazio. Depois de dançar eu tirei a xadrez por causa do calor, e fui me sentar enquanto bebia um drink. Do nada, alguém derrama bebida em mim, olho pra cima e reconheço os cabelos cor de mel... Bianca ? Por que ela fez isso ? Não sei. Ela simplesmente tacou e depois deu um sorrisinho idiota:
- Ops, desculpa francezinho.
Eu estava assustado, eu nunca havia feito nada pra ela, nada...
- Não é francês, é canadense. Mas você não deve saber disso porque é uma burra. Sua vaca.
Joguei meu drink na cara dela.
Todos olharam, uns riram. Acho que não havia muitas pessoas que gostavam da Bianca. Pelo o que eu sabia, ela era mesquinha, mimada e fútil. Logo depois alguém me empurra, viro e vejo um dos amigos de Alex
- Tá maluco moleque ??? - ele grita. Vejo outros do grupinho me olhando então vejo ele. Eu não havia reparado que ele estava ali até agora, ele me olhava.
O amigo dele me empurrou mais uma vez, e Bianca gritou:
- Seu viadinho você estragou meu vestido !!!
- Ainda bem que foi seu vestido, porque por mim eu enfiava esse copo na sua boca. - gritei de volta.
- Louis não piora as coisas, cala a boca - Alex interviu. - Vai se lavar no banheiro Bibi, Clara ajuda ela aí.
As basic bitches se retiraram. Os amigos dele também, só ficou eu e ele.
- Cê tá maluco cara ? Você não tinha o direito de fazer isso com ela.
- Aé por quê ? Afetou você também ? Deve ser porque seu esperma deve estar dentro dela ainda.
Ele me deu um soco no peito. Meus amigos chegaram tentando entender tudo.
Eu o olhei surpreso, doeu, ele era muito forte. Senti vontade de chorar, mas não pela dor, mas por ter partido dele, me retirei, descendo as escadas com pressa enquanto ouvi a Bianca histérica no banheiro, saí pela rua, ignorando a chuva, em 10 segundos eu já estava ensopado.
- Louis espera ! - Alex vinha correndo atrás, só podia ser piada.
- Não, sai daqui! Vai lá com seus amiguinhos - me virei. Ele me segurou pelos braços, me olhando nos olhos.
- Olha, desculpa. É que o pai dela é promotor e ela sempre arranja um jeito de ferrar uma pessoa.
A raiva e a dor eram tantas que chorei.
- Me desculpa.
- Não, eu te odeio, sai daqui, você só foi legalzinho porque queria começar o ano letivo com boa nota !!
Um trovão ressoou com um barulho bem alto.
- Pra onde você vai nessa chuva ???
- Pra casa, oras !
- Deixa eu pelo menos te levar de carro, tá trovejando muito e tem muitas árvores aqui no Grajaú, é perigoso.
- Não, me deixa - Eu estava agindo como uma criança mimada, mas a verdade é que eu não queria estar num espaço fechado com ele, porque hoje eu tive a certeza de que eu estava apaixonado, por aquele popular idiota, lindo e gostoso.
Ele abriu a porta de um carrão.
- Você tem 17, não tem habilitação.
- Ai cala a boca.
Outro trovão ribombou. Iluminando nós dois com um clarão.
- Louis entra no carro.
- Não, eu vou sozinho, me deixa !
Saí andando na chuva e subi na calçada. Ele me seguiu e segurou meu braço.
- Entra no carro agora, é perigoso demais.
- Por que você tá falando isso ? Você nem se importa comigo.
- Eu me importo sim.
Ele me puxou mais pra perto, sua camisa clara estava transparente e eu podia ver seus músculos, ele me puxou pra mais perto ainda, e senti a rigidez dos mesmos. Ele me olhou nos olhos...
- E como me importo.
Então Alex fez algo inimaginável, ele me beijou. Começou rápido, mas depois desacelerou, era por volta de 00:00, não tinha ninguém na rua, a não ser nós dois. Era um momento nosso, só nosso. Seus lábios eram macios, sua pegada forte, ele parou e me olhou.
- Entra no carro, vamos lá pra casa, é mais perto, tá tarde, vamos sair dessa chuva antes que você pegue uma pneumonia.
Sorri, e dei um selinho profundo, mas o barulho de um trovão nos separou.
- Entra no carro - disse ele rindo.
Então eu entrei, e fomos pro seu apartamento.