Minha avó me levou até a rodoviária. Ela era a única pessoa que me restou, além da família do irmão do meu pai, Tio Marcos, porém era com a minha vó, com quem eu sempre podia contar. E agora eu estava me despedindo dela, iria começar uma nova vida, meio que forçado; mas teria que começar; e pior, longe dali, e daqueles de quem realmente amava.
Eram por volta das 8 horas, a manhã ainda estava sem o brilho do sol, e meu coração estava cinzento assim como aquele dia e ônibus. De pouco a pouco, vi a minha avó se distanciando, falando “Que a Mãe de Acompanhe!”, e Erlonas foi ficando para trás.
Minha antiga vida, meus amores, minha família... Será que tudo isso é preciso, por causa da faculdade?
“Não estou preparado”, pensei. Abri o meu diário, e folheando as páginas, parei simplesmente em uma, na que estava a foto de Dan. Senti um aperto no coração, queria ele ali do meu lado, me dando coragem, me consolando, me envolvendo nos seus braços, cheio de amor para dá... Observei os seus olhos tímidos, e me lembrei de como me olhavam, e os seus lábios de como me tocavam...
Ele não estava comigo, eu tinha que ser mais forte. Porém fechei o diário, encostei-o sobre o meu busto e comecei a chorar; pois tinha certeza apenas de uma coisa: nunca mais o veria.
***
Quando cheguei em Portopólis, Tia Elba e meus primos: Clara e Kadu, logo vieram me buscar. No dia seguinte já tinha aula, e esperava ao menos poder colocar algumas ideias no lugar. Tia Elba, continuava como sempre, os seus cabelos pretos e despenteados, que chegavam primeiro do que ela, em qualquer lugar que fosse; prima Clara, com os cabelos sempre presos, mas hoje estavam soltos, porém bem penteados e primo Kadu, estava mais lindo do que nunca, demonstrando que a academia estava fazendo efeito, mas ele era hétero.
-Meu sobrinho, Henrique... A quando tempo! –venho correndo Tia Elba, meio que toda afobada, com seu vestido hippie, para me abraçar. –
-É verdade, Tia... – disse, meio que sem jeito. – Primos, como estão?
-Bem. – disse Kadu, bem secamente, pois é o jeito dele mesmo. –
- Eu estava morta de saudades, priminho! Tenho é muitas coisas pra te contar – começou Clara, que se deixasse, não terminava mais. –
- Então vamos para casa? Preparei uma comidinha maravilhosa pra gente comemorar a chegada do universitário! – falou Tia Elba. –
Chegamos, e almoçamos (o almoço maravilhoso de Tia Elba era uma Torta de Abóbora), e subi para desfazer minhas malas e me ajeitar. Escrevi no meu diário, como foi a minha chegada. Eu gostava da minha família, mas preferia ficar sozinho, assim não precisava ter que ficar alegre e sorridente para está entre eles. Observei a janela, e notei a cidade grande, os arranha-céus, o barulho das buzinas, as sirenes, o vai-e-vem louco das pessoas: isso era bem diferente de Erlonas, que era pacata, sombria, silenciosa. E comecei a chorar. Lembrei de tudo, da morte de meus pais, da morte de Dan, e de tudo...
Queria guardar tudo para mim, mas não dava.
- Posso entrar? –perguntou Kadu. –
- Claro. -falei, limpando minhas lágrimas. -
- Sei que seu companheiro morreu, a Clara me contou... Primo, não fica assim...
- Obrigado, Kadu – respondi. – Obrigado mesmo... Não sabe como é bom ouvir uma palavra de consolo.
- Descansa, primo. Nossa família vai te ajudar e te proteger em tudo. E descansa mesmo... Porque amanhã, além de calouro, você é o menino do interior!
-Seu palhaço... Somente você mesmo pra me fazer rir... –disse jogando o meu travesseiro nele. –
E foi isso que fiz, deitei, e guardei tudo para mim, resolvi ser forte, como Dan falou: "Seja forte, acredite em você!", antes de partir.
Amanhã ia começar uma nova jornada, novas pessoas e quem sabe novos amores? Ou será que o amor pode está mais próximo do que a gente pensa?
Gente, depois de tanto ler vários contos, resolvi fazer um misto da minha vida e um pouco de ficção, espero que gostem, sou escritor de primeira viagem, e quero ver nos comentários: criticas, elogios, e tudo o que vocês quiserem... Por favor me ajudem a ser um bom escritor. E por fim, daqui a pouco sai a segunda parte.