Anna olha-me com ternura, deita-se ao meu lado e coloca-me deitada em seu colo, sob seu peito. Fecho meus olhos e adormeço com o lento ritmo de sua respiração.
Acordo com a claridade tomando meu quarto. Anna está dormindo ao meu lado, um braço seu me envolve. Olho-a dormir. Seu rosto suave e calmo, seus longo cílios, sua boca entreaberta, seu peito subir e descer lentamente, algumas mechas de cabelo sob seu rosto. Pego-as e coloco para o lado, descobrindo sua face. Admiro sua beleza por longos minutos.
Saio de seus braços e olho o relógio. Já passam e muito das 9 horas da manhã. Perdemos o horário da escola. Deixo-a dormindo na cama e vou tomar meu banho. Ainda sinto-me mal, mas os enjoos cessaram. Após um rápido banho saio e enrolo-me na toalha. Me troco silenciosamente para não acordar Anna que ainda dorme. Vou até a cozinha e coloco o café da manhã na mesa. Subo até meu quarto novamente. Balanço-a levemente: Anna, Anna, acorda, Anna.
-To acordando - reponde-me ainda de olhos fechados.
-Vamos logo preguiçosa.
Ela então abre os olhos e sorri para mim.
-Está melhor?
-Para falar a verdade não muito. Perdemos o horário da escola, desliguei o alarme ontem e esqueci de ligar de novo. Desculpa.
-Tudo bem Julia.
Ofereço uma mão pra ajuda-la a levantar. Ela toca em minha mão e se iça para cima, ficando bem perto de mim. Anna então coloca suas mãos em meu rosto franzindo a testa: Você ainda está muito quente.
-Depois tomo um remédio. Vem, vamos comer.
Sentamos em silencio ao redor da mesa, observo-a comer toda pensativa. Minha vontade é recuar e a afastar, mas não consigo. Cada minuto que passa é mais difícil me proteger contra ela.
Comemos em silencio, apenas com troca de olhares. Eu me perdia em sua face.
-Julia, eu vou pra casa agora. Preciso tomar um banho, trocar de roupa e escovar os dentes.
-Ta bem - não consigo esconder o desanimo em minha voz.
-Se não se incomodar eu podia voltar, você sabe, pra cuidar de você. - enrubesce lindamente.
-Volta. - digo simplesmente.
A acompanho até a porta e sigo seus movimentos enquanto some casa a dentro.
Arrumo toda a bagunça que fizemos na cozinha e a minha cama. Não posso deixar de lembrar do conforto que encontrei nela naquela noite. Acabo de espantar esses pensamentos quando ouço batidas na porta. Desço rapidamente e atendo a porta, encontrando Anna com um enorme sorriso.
Meu coração salta quando vejo Anna de short, chinelos e uma blusa preta, tão parecida com meu sono que desejo prontamente sua boca na minha.
Abro espaço, permitindo que ela entre. Engulo em seco olhando tentadoramente para sua boca: Quer ver filme?
-Claro! - responde animadamente - Já tomou o remédio? - semicerra os olhos.
-Estava indo tomar. Faz assim, você escolhe o filme enquanto eu vou tomar. - tento desviar meus olhos de sua boca mas é impossível.
-Pode ser.
Levo-a então para a pequena sala de cinema que existe em casa.
Entramos na sala pequena e escura, com um sofá cama quase no meio da sala, uma tv de 65" do lado da porta, uma estante na parede logo atrás do sofá, com os filmes mais recentes que baixo e gravo.
-Uau. - Anna diz quando entra.
Mostro a ela onde estão os filmes. Mesmo com a sala iluminada ela ainda é escura, olho o contorno de seu rosto e de seu corpo na fraca luz. Num impulso empurro Anna cuidadosamente até a parede, prendendo-a. O sorriso em seu rosto some, vejo seu olhar de meus olhos ir para minha boca. Baixo meus olhos para sua que encontra-se semiaberta. Aproximo-me mais, tornando quase nulo a distancia de minha boca da sua. Sua respiração pesa, assim como a minha. Como um imã sua boca e a minha se atraem até colar uma na outra.