Sua língua envolve a minha, uma mão sua em minha nuca entrelaçando os dedos em meus cabelos e a outra desliza pelas minhas costas. Estou apoia na parede ainda a prendendo para mim. Como se sincronizado nossas bocas desgrudam e recuperamos o folego por poucos segundos, nossos olhos se encontram e vejo os seus brilharem: Julia, me beija.
Sem exitar acabo com o espaço entre nos tirando o pouco fôlego que pegamos. Nossas línguas dançam juntas, desvendando todos segredos de onde se encontram. Anna solta um suspiro abafado. "Não pode" ouço em minha cabeça, "Você não pode". Ignoro, minhas mãos vão para sua cintura e se prendem ali. Simultaneamente minha mente é bombardeada pela imagem e um gritante "PARA".
Bruscamente me afasto de Anna puxando o ar pesadamente. Seus olhos me fitam com preocupação: Tudo bem?
Sua mão afaga meu rosto, dou um passo para trás.
-Vou tomar o remédio. - Saio da sala rapidamente, me seguro para não correr.
Subo os corredores, vou ao banheiro e pego o remédio com as mãos tremendo, engulo a seco. Vou para o quarto e sento em minha cama. Debruço-me sobre meus joelhos, cubro meu rosto com as mãos.
Não sei quando começo a chorar ou quanto tempo Anna me observa até sentar ao meu lado e me abraçar desajeitadamente pelas costas: Eu estou aqui.
Levanto meu rosto ainda cheio de lagrimas, encontro sua face triste e seus olhos lacrimejando.
-Faz isso parar. - suplico a ela.
Vejo dor em seu rosto. Anna se aproxima e cola sua testa na minha, fecho os olhos. Sinto seus longos dedos limpando os rastros de lágrimas: Respira fundo, devagar.
Obedeço-a. Sinto seus lábios beijando minhas bochechas, a ponta de meu nariz, minha testa e dando-me um longo selinho.
Meu choro para, ainda respiro fundo, abro meus olhos.
-Me promete que um dia contará? - pergunta-me séria.
-Prometo. - digo fracamente.
-Vem. - ela entrelaça seus dedos nos meus e me puxa para cima - Já escolhi o filme.
Andamos de mãos dadas até a sala, coloco o filme que Anna escolheu e apago as luzes. Sento-me ao se lado e ela deita sua cabeça em meu ombro. Vemos o filme silenciosamente, brinco com o polegar em sua mão fazendo lentos círculos. Hora ou outra Anna se espreme mais em mim, quando alguma cena do filme de terror a assusta. Sinto-a prender a respiração alguns momentos e não consigo evitar sorrir de canto de boca. O filme acaba, me desvencilho de seus braços e levanto para retirar o filme. Anna levanta-se e me segue de perto, acompanhando todos meus movimentos de perto até que acendo a luz e ela parece relaxar.
-Se tem tanto medo não devia escolher um filme de terror. - brinco com ela.
-Não tenho medo. - responde fazendo bico.
Sorrio com aquela cena e ela me abre seu lindo sorriso.
-Vamos comer Anna?
-Não vai dar, tenho que ir para casa. Minha mãe me intimou hoje de manhã pra almoçar lá. Mas eu queria te chamar para ir em uma festa comigo.
-Festa, eu? - pergunto surpresa.
-É um aniversário de um amigo - ela passa a unha pelo meu braço - vai ser em uma boate. - sobe até meu ombro - O convite dizia claramente que pode levar um acompanhante. - responde toda alegre com a mão em minha nuca - Vamos Julia, por favor? - pergunta ao pé do ouvido me causando arrepios.
-Não sei se é uma boa idéia Anna.
-Vamos, por mim.