Capítulo Sete
O MELHOR PRESENTE DE TODOS
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Ás 19h00min horas eu desliguei meu computador e me despedi do Adam.
- te vejo daqui a pouco – falou ele. – não vou demorar.
Eu ia fechando a porta quando me lembrei.
- Adam, eu quase me esqueço de te falar, o Dr. Leon Miller ligou hoje mais cedo para falar com você, mas você não estava ele pediu para que você ligasse para ele.
- obrigado Mike, eu estava esperando ele ligar, ele é o promotor de um dos casos que eu estou cuidando pessoalmente e nós fizemos faculdade juntos, vou ligar para ele hoje ainda.
- tudo bem, até mais – falei fechando a porta.
Eu desci até o 5º andar, tomei um banho, vesti uma roupa normal, que é a que eu ia trabalhar e sai do prédio. Liguei para Charley e ele disse que chegaria em 1 hora e 30 minutos porque ficou até mais tarde no trabalho e meu pai disse que sairia do trabalho ás 19h30min e iria direto para lá, ou seja, mais ou menos 1 hora, ou seja, os dois chegariam meais ou menos na mesma hora por volta das 20h30min.
Eu então vi o bar e restaurante que ficava do outro lado da rua. Eu tinha o costume de tomar alguma coisa de vez em quando com um ex-namorado chamado Tyler, mas depois que terminamos a pouco mais de dois anos eu parei de ir, pois me trazia lembranças.
Antes que eu desse um passo em direção ao bar meu pai me ligou novamente.
- filho, por acaso você convidou o Denny? Todo ano ele aparece lá em casa e te dá um presente e vocês passam a noite conversando. Com certeza ele vai lá hoje.
- pai eu esqueci. Será que vai pegar mal se eu convidá-lo de última hora.
- melhor do que ele ficar na esperança de te ver daqui a pouco. – falou meu pai.
- vou ligar agora para ele então.
- abraços, até daqui a pouco.
Eu procurei o nome de Denny na lista e coloquei em chamada e logo ele atendeu com seu sotaque.
- Denny?
- feliz aniversário – falou Denny.
- obrigado. Deixe eu te falar, o pessoal da empresa que eu trabalho marcou de comemorarmos o meu aniversário em um Bar, restaurante, boate, sei lá... Eu quero que você venha.
- que horas? – perguntou Denny.
- agora. É só você se aprontar e vir.
- está tão em cima da hora, por acaso você se esqueceu de me convidar?
- que é isso, eles marcaram agora no fim do expediente, meu pai e Charley vão vir.
- tudo bem então. Onde fica?
- Em frente do meu trabalho. Você sabe onde fica não é?
- sei sim. Eu vou me arrumar e vou para ai assim que estiver pronto.
- ok, fico te esperando. Até daqui a pouco.
Desliguei o telefone e observei o sol que estava se pondo. Eu olhei para o outro lado da rua e vi que o local estava acendendo as luzes, estava na hora de eu ir.
Atravessei a rua e fui em direção ao enorme restaurante. Eu entrei e vi que tinha pessoas bebendo e foi quando eu vi que o lugar tinha mudado bastante em dois anos. O bar tinha agora um espaço para dança juntamente com o bar e o restaurante. Algumas pessoas estavam em pé na pista de dança conversando enquanto tocava algo de David Guetta, um DJ estava com um óculos escuro enquanto tocava as músicas. A única diferença do lugar para uma balada era que todas as luzes eram acesas. Eu procurava um lugar para ficar ou por alguém e foi quando eu ouvi alguém gritando meu nome.
- Mike – falou Vanessa vindo até mim. – feliz aniversário. – falou ela me abraçando.
- obrigado.
Nós nos olhamos e ela entregou uma caixa azul que tinha um relógio dentro.
- Vanessa não precisava – falei abraçando ela novamente.
- espero que goste. – ela pegou minha mão e me guiou até a mesa. – venha Steve e Gray já chegaram.
Eu cheguei à mesa e eles estavam com uma cerveja na mão cada.
- olá – falei.
- feliz aniversário – falou Steve vindo até e apertando minha mão e me dando um meio abraço.
Ele colocou a mão no bolso e tirou um pequeno envelope e me entregou. Havia apenas um cartão.
- o que é isso? – perguntei.
- seu presente. Não tive muito tempo para pensar.
- Steve não precisava se dar ao trabalho – falei abraçando ele. É claro que fui sarcástico, mas eu sabia que era o máximo que eu podia esperar dele. Fiquei surpreso pro Steve ter tido tanto trabalho por um presente, mas fiquei feliz de saber que ele se importava comigo. Nesse momento me arrependi por ter o chamado de tantos nomes no passado por sua arrogância.
- não por isso. – falou ele tomando um gole da cerveja.
Eu me sentei ao lado de Gray que tomou um gole e estendeu a mão pra mim
- feliz aniversário – falou ele estendendo a mão e eu apertei. – eu não tenho presente.
- não tem problema, só por você ter vindo eu já fico feliz e satisfeito.
- pra que você não fique sem nada meu, você pode pedir o que quiser de mim. – falou Gray tomando um gole da cerveja.
- não precisa – falei.
- pede um beijo – falou Steve.
- para de graça – falou Vanessa.
- você quer? – perguntou Gray.
- claro que não.
- se você quiser eu te dou. – falou Gray.
- aproveita Mike. – falou Steve dando um gole da cerveja.
- quer saber, acho que essa idéia de comemoração foi uma idéia ruim.
- é brincadeira – falou Gray dando um gole de sua bebida.
- tudo bem – falei com um pouco de vergonha. tinha acabado de completar vinte anos, finalmente eu podia beber legalmente. Pedi uma cerveja e ao chegar tratei logo de dar um gole.
- vê se não chega em casa e vai bater uma se lembrando desse beijo – falou Gray. Quase engasguei quando ele disse aquilo.
- a conversa está indo para um lado muito pervertido – falei tomando outro gole. Eu não era acostumado a beber cerveja, pra falar a verdade eu não gostava e só bebia às vezes socialmente ou então em casa com Charley e meu pai.
- tudo bem – falou Steve colocando a cerveja em cima da mesa. – só estou dizendo que se você por acaso o fizesse pensando em mim eu não me importaria. Falou Gray pra mim.
- fazer o que Gray? – perguntou Vanessa rindo – você é tão exibicionista que adoraria saber que alguém faz isso pensando em você. Seu pervertido. – falou Vanessa arrancando uma risada do de mim.
- do que está rindo? – perguntou Gray com um sorriso – posso não ter trazido meu presente agora, mas prometo te dar um.
- eu acredito, mas não se preocupe não vou fazer nada pensando em você.
Eles deram boas risadas com o que eu disse.
A música tocava alta, não tão alto ao ponto de atrapalhar a conversa. Tomei apenas uma garrafa, e à medida que a conversa fluía eu ia ficando mais a vontade, nunca imaginei conversar sobre aquilo com eles. Estava realmente me divertindo.
- por favor, não comentem com Adam o assunto que estamos conversando.
- por quê? – perguntou Steve.
- porque sim, ele pode não gostar dessa brincadeira.
Falei isso e olhei no relógio que marcava 20h10min. Foi quando Adam entrou pela porta. Olhei pelo canto do olho e ele vindo em nossa direção.
- desculpem pelo atraso – falou Adam tirando o terno e colocando na cadeira entre eu e Steve e logo em seguida se sentando.
Eu torcia para que eles não tocassem no assunto.
- a conversa estava picante antes de você chegar - falou Steve.
- droga – falei baixinho forçando um sorriso.
- sério? – falou Adam levantando a mão e o garçom trouxe uma cerveja e ele abriu e deu um gole.
- foi sim – falou Gray – ele disseque quando chegar em casa vai fazer algo pensando em mim. Ele vai se tocar e dizer meu nome aos sussurros.
Dei uma risada sem graça. Apertei os lábios envergonhado.
- esse Gray é ou não é metido? – perguntou Vanessa para Adam que tinha dado uma gargalhada.
- gente, eu estou aqui. – falei sem graça. Pedi que não dissessem nada.
Adam colocou a garrafa em cima da mesa e tirou uma carteira de cigarros do bolso e tirou um cigarro de dentro e colocou na boca.
- eu não sabia que você fumava – falei.
- não consigo beber e não acender um desses – Em seguida ele acendeu com um isqueiro e em seguida deu uma tragada e assoprou a fumaça pra cima. – vocês tinham que ter visto o abraço que ele me deu hoje quando entreguei o presente dele, isso sim vai ficar na cabeça dele por muito tempo.
- gente por favor, vocês estão me matando de vergonha – falei fazendo todos rirem.
- você sabe que é brincadeira né Mike? – falou Adam – se não gostar é só falar.
- sei sim. Eu não me importo. – falei. – só fico um pouco envergonhado.
Depois de alguns segundos conversando Adam acabou com o cigarro e apagou no cinzeiro e foi nesse momento que eu vi meu pai e Denny entrarem.
- pelo amor der deus não toquem nesse assunto de “conversa picante” com meu pai.
Me levantei e Denny veio até mim e me deu um abraço.
- feliz aniversário – falou ele me entregando uma caixinha com um colar gravado “Mike”.
- obrigado – falei abraçando ele.
- feliz aniversário filho – falou meu pai me abraçando.
- obrigado pai.
Olhei em volta, mas não vi Charley.
- onde está Charley? Pensei que ele vinha com vocês.
- ele não apareceu – falou meu pai – decidimos não esperar mais.
- tudo bem – falei afastando-me da mesa e pegando o celular e discando o número dele. O telefone chamou e foi para a caixa de mensagens. Tentei mais quatro vezes e decidi enviar uma mensagem pedindo que ele viesse logo.
Voltei a mesa e meu pai ainda estava em pé, ele me deu outro abraço e dessa vez seguido de vários beijos no rosto.
- eu te amo tanto – falou meu pai.
- eu também te amo pai.
Nós nos soltamos e ele me começou a desabotoar a camisa que usava.
- o que está fazendo pai?
- seu presente de aniversário – falou ele com um sorriso. Ele me mostrou uma tatuagem nova que havia feito em seu peito. Ele tinha tatuado um pouco acima do seu peito o meu nome.
- você tatuou meu nome? – falei surpreso - pai o dia que eu pedi pra você tatuar meu nome eu estava brincando.
- eu já tenho um tribal no braço e um dragão na perna, porque não tatuar o nome do meu filho? A pessoa que mais amo nesse mundo.
- obrigado pai – falei abraçando ele.
Todos se levantaram e eu fui apresentando todo mundo pra todo mundo e logo estávamos sentados pronto para começar a festa.
Fiquei sentado ao lado de Adam e Gray. Meu pai se sentou ao lado de Adam e Steve. Steve se sentou ao lado de Vanessa. Vanessa se sentou ao lado de Denny e Denny ao lado de Gray.
Eu não quis beber mais cerveja e pedi bebidas sem álcool enquanto todos os outros bebiam bastante.
- pai não bebe muito se não quero ver quem vai dirigir.
- eu não bebi tanto assim filho – falou ele.
- pai essa semana, quarta, eu cheguei em casa e você estava desmaiado na cama.
- eu não sei o que aconteceu. Eu não me lembro de ter bebido tanto.
- não se preocupe Mike, eu não vou beber justamente para nos levar para casa. – falou Charley interrompendo meu pai.
- vocês se conhecem há quanto tempo? – perguntou Adam.
- a um ano de quatro meses – respondi. – foi o Denny que nos apresentou.
- vocês pensam em se casar? – perguntou Steve.
- o que é isso Steve, eu sou muito novo. – respondi.
- não sei por que. – falou Steve.
- eu é que não sei por que, você tem 34 anos e ainda não se casou. – falei.
- é porque eu ainda não encontrei a pessoa certa.
- o Mike está certo – falou meu pai – está muito novo. Não dê ideias para meu filho Steve – ele disse isso e todos riram.
Conversa foi rolando e quando olhei no relógio, já marcava 22h40min. Adam tinha parado de beber a mais ou menos 40 minutos. E os outros agora bebiam bem devagar e bebiam batidas, bebida tropical e outras coisas mais leves.
- porque você não vai dançar? – perguntou Gray pra mim;
- eu não! – falei vendo as pessoas dançando uma música bem agitada. – eu não sei mexer meu corpo.
- na pista de dança não existe regras – falou Steve.
- exatamente por isso eu não vou, sabe-se lá o que vai acontecer quando eu entrar lá.
Nós continuamos conversando e depois de alguns minutos começou a tocar uma música lenta.
Alguns casais se formaram na pista de dança dançando agarradinhos.
- agora você pode ir dançar a canção está lenta e a pista de dança agora tem regra, tem que dançar agarradinho.
- gente para de querer me jogar pra pista de dança, estou começando a pensar que vocês querem se livrar de mim.
- é seu aniversário você precisa dançar – falou Vanessa. – não precisa de se preocupar as pessoas não vão jugar você por estar dançando com outro homem.
- gente não é isso, é que eu realmente não quero dançar.
- vai lá – falou Denny.
- vai você Denny – falei brincando.
- quer saber? Chega disso – falou Adam se levantando e estendendo a mão para mim.
- o que está fazendo?
- me concede essa dança?
- não – respondi sem graça.
- vai mesmo me deixar aqui pagando mico? – perguntou Adam com um sorriso.
- Vamos amor, se não eles não vão te deixar em paz – falou Charley.
Olhei para a pista de dança e por alguns instantes pensei em dizer não de novo, mas não queria fazer aquilo. Não é que eu tinha vergonha de dançar com um homem, eu realmente tinha vergonha de dançar em público.
- OK, eu danço – falei me levantando.
- é isso ai – falou Adam batendo palmas para mim enquanto me levantava
Andamos até a pista de dança e para meu azar (ou sorte) começou a tocar uma música lenta.
- essa é para os amantes – falou o DJ que comandava o som.
- por favor, não faça isso. Tem algumas pessoas do escritório aqui. As fofocas vão começar outra vez. – falei chegando á pista de dança.
- eu demito a empresa inteira – falou Adam.
- você não pode ficar mandando todo mundo embora por causa de mim.
- na verdade, eu posso. – falou Adam – eu sou o dono, ou já se esqueceu?
Os casais começaram a se formar ao som de “Lovin' Touchin' Squeezin'” do Journey.
- como nós vamos... dançar? – perguntei sem jeito.
- é uma música lenta, devemos dançar lentamente.
- você não se importa? – perguntei – do que as pessoas vão pensar de você? Elas vão pensar que você é gay.
- eu não me importo.
- todo mundo na pista deve ser namorado. Acho que foi uma má idéia eu ter aceitado.
- tudo bem, já que não quer – falou Adam tentando voltar, mas eu segurei no braço dele impedindo-o. Quando fiz isso eu larguei rapidamente.
- então admite que quer dançar comigo? – falou Adam com um sorriso.
- OK, mas vamos dançar como se fosse valsa, pelo menos meio metro de distância entre nossos corpos.
- vai ser ridículo Mike, para de bobeira dança comigo agarradinho. Tenho certeza que seu namorado, que não veio, não vai se importar.
Ao dizer isso ele colocou a mão na minha cintura e me puxou para junto dele. Levei um susto ao sentir seu corpo tão junto ao meu, senti um arrepio, não posso negar.
- OK – falei deitando minha cabeça em seu ombro e abraçando-o. Suas mãos estavam em minha cintura. Nós balançamos lentamente de um lado para o outro. Senti o cheiro de seu perfume em meu nariz e por alguns instantes me senti a pessoa mais segura do mundo.
Estar nos braços daquele homem era o paraíso. Eu sentia como se nada pudesse nos separar, como se fôssemos feitos um para o outro.
Deus sabe o quanto eu estava adorando aquele momento. Fechei meus olhos e tentei aproveitar e esquecer que estávamos na frente de outras pessoas. Aquele eram eu momento, e com certeza, o melhor presente de toda a noite.