Eu estava no 3º ano do ensino médio e Caio era um garoto da minha sala. Estudávamos juntos desde o 1º ano, e até então nunca havíamos nos falado, talvez pela grande incompatibilidade de personalidades. Ele fazia parte do time de futebol e não era o que podemos chamar de aluno exemplar. O grupo que ele fazia parte, como um todo, era bem imaturo e infantil, do tipo que ainda fazia guerrinha de papel durante as aulas. Em contrapartida de seu caráter imaturo, Caio era muito bonito.
Ele não era muito alto, na verdade era considerado “baixinho”. Era mais baixo que eu (na época, eu tinha cerca de 1m78), tinha os cabelos bem pretos, que contrastavam muito com sua pele branca. Usava-os levemente arrepiados e bagunçados. Às vezes ficava imaginando o quão peludo ele devia ser, visto que seu braço não deixava a desejar neste quesito. Nesta época ele já tinha barba, que geralmente deixava bem rala por fazer, o que lhe dava o aspecto de ser mais velho. Suas sobrancelhas eram bem pretas e grossas, simétrica e naturalmente bem feitas. Seu rosto era quadrado, másculo. Seus olhos bem redondos, e um tanto quanto fundos (nada exagerados, é claro). Eu pirava na boca dele, os lábios eram muito bem desenhados, e naturalmente bem rosados.
O corpo de Caio era proporcional à sua altura, não era saradão, porém passava longe de estar fora de forma. Por conta do futebol, sua barriga era chapada e seu tronco forte. Ele costumava ir para escola com calças levemente apertadas na parte das pernas, que acentuavam suas panturrilhas e coxas bem grossas. Um dos aspectos que mais me excitava nele – mesmo sendo um tanto incomum – era seu pescoço. Grosso, e dono de um pomo de Adão bem saliente. Caio era parecido com o ator pornô gay "Darius", da produtora Chaosmen (http://goo.gl/qra652). Caio era considerado um machinho e tanto.
Como disse, eu nunca havia falado com Caio. É claro que já estivemos numa mesma rodinha de conversas, porém nunca interagimos diretamente. Não por falta de vontade, pelo menos não da minha parte, sempre tive vontade de conversar com ele.
Bem, o fato é que o dia em que teríamos que nos falar, querendo ou não, chegou. O professor de história, Diego, organizara um projeto em que teríamos que formar grupos fixos para a execução de diversas atividades a serem realizadas durante o semestre. Pela desunião dos alunos e as panelinhas existentes em nossa sala, o professor decidiu ele mesmo formar os grupos, por meio dos números da chamada. Fato é que eu e Caio, por sermos números pares, ficamos no mesmo grupo. De início fiquei um pouco apreensivo, não sabia como agir ao lado dele.
Formados os grupos, nós teríamos que subdividir a equipe em duplas, a fim de cada dupla ficar encarregada de uma tarefa específica. Os outros integrantes do grupo, todos nerd’s com quem também nunca tinha falado, estavam escolhendo com quem e quais temas queriam ficar responsáveis quando, para meu total espanto, Caio se prontificou:
- “Eu quero ficar com a parte da revisão dos temas, e acho que o Miguel também. Podemos ficar encarregados disso”.
- “Tudo bem”. – disse Letícia, uma nerd metida que parecia comandar o grupo. – “Tudo bem pra você Miguel?”.
- “Tá... tá, tá tudo bem”. – gaguejei. Fui realmente pego de surpresa. – “Ficamos com a revisão”. – e olhei para Caio, que não me olhava.
Achei estranha a atitude dele. Na verdade eu nem queria esse cargo, mas decidi me concentrar nas discussões do grupo. A aula transcorreu normalmente, na qual Caio pouco falou/opinou sobre algo. Ficou decidido que faríamos reuniões periódicas na casa de alguém para debater sobre os assuntos e organizar as atividades. O sinal bateu e as pessoas já saíam apressadas. Estávamos colocando as cadeiras nos lugares, quando tomei coragem e me dirigi a Caio.
- “Caio, por que você disse que queríamos a revisão?”
- “Ah sei lá, eu não estava afim de ter que aguentar qualquer um daqueles manés e achei que seria legal ter você como dupla. Mas se você quiser a gente pode trocar”. – disse
- “Não, não, é claro que não. Também acho que vai ser legal trabalharmos juntos”
- “Vai ser sim. Cara, meu pai vai vir me buscar, tenho que ir. Você mora aonde? Se quiser uma carona...”
- “Não, tudo bem, eu moro aqui perto”. – menti – “Bem, até amanhã então”. – disse dando a mão para um cumprimento. Ao apertar a mão dele percebi que definitivamente ele era forte, pois quase saí com hematomas tamanha a força dele.
- “Falou cara!” – e saiu.
O dia transcorreu normalmente, fui para casa almoçar, e depois segui para o curso técnico que fazia durante a tarde. É claro que a atitude de Caio me surpreendera, afinal, nunca sequer nos falamos, e até então achava que ele ignorava minha existência, mas não fiquei pensando nem fantasiando nada a respeito.
O dia passou sem muitas novidades. Cheguei em casa já a noite morto de cansaço. De certa forma, mesmo negando, o ocorrido ficara na minha cabeça. É fato que Caio, em quesitos físicos, era sem dúvida o meu tipo, mas não me parecia possível a ideia dele ser gay, logo não havia de ser nada. Bom, parei de pensar e fui dormir.