- Me mostra como se ama alguém. Eu quero ir pra cama com você!
- É o que eu mais quero também. Vem comigo. Vamos por quarto. Lá eu posso ficar agarradinho com você. – Fábio puxou ele pelo braço.
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- De todas as coisas que aconteceu em minha vida, você foi à melhor de todas. Eu amo tanto você Davi.
- Eu também te amo Fábio. Eu queria ver a tatuagem...
- Davi! Davi! Acorda cara!
- Hã? Cadê? Deixa eu ver.
- Davi, você estava sonhando. E pelo visto um sonho muito intenso. – Rafa o acordou daquele sonho maravilhoso. Sim, ele havia deixado o Fábio na mão e partiu para casa do amigo. Mas o seu pensamento no outro foi tanto, que o fez sonhar em calorosas declarações de amor. Com aquele sonho, ele teve a certeza de que o Fábio mexia com o coração dele, muito mais do que ele podia pensar.
- Com quem você estava sonhando? – Rafael estava curiosíssimo.
- Com nada. Ele se levantou e caiu na real: era mesmo um sonho. A sua coragem de ir até a casa do Fábio e se declarar para ele, foi tudo imaginação de sua cabeça.
- Você não confia mais em mim? Eu venho percebendo que você está muito estranho e agora sonha com tatuagem? É algum cara né?
- Claro que não Rafael! Chega desse assunto. Eu vou escovar os dentes pra gente tomar café. – Ele seguiu para o banheiro e deixou o amigo se questionando em cima da cama.
Bem que o Fábio tentou algo mais intenso com o Davi, mais ele não obteve sucesso. Davi era um rapaz inexperiente, medroso, e principalmente, incapaz de tomar atitudes tão ousadas. Não que ele nascesse desse jeito, mas o tempo o tornou assim. Era óbvio que o Fábio desejava muito o Davi, que por sua vez, fugiu dele como um carneirinho foge de um lobo.
Ele e o amigo se juntaram a mãe deste último, para tomarem café. Sandra era a mãe do Rafael, uma mulher muito jovem e bonita, e trabalhava como Fisioterapeuta.
- Bom dia rapazes! Eu fiz pão na chapa; tá quentinho. Alguém vai querer?
- Bom dia Dona Sandra. Eu nem falei com a senhora direito ontem. Como à senhora está? E o Sr. Ricardo?
- Estou bem meu querido. E o meu marido teve de ficar na casa da mãe dele. E os seus pais, vão bem?
- Hum, hum! – ele acenou com a cabeça.
- Mãe, eu queria que a senhora convencesse o pais do Davi, a deixar ele viajar com a gente no mês que vem.
- Tudo bem. Eu posso pedir a Carmem.
- Eu já expliquei pra esse cabeçudo, que no mês de Fevereiro é o período mais intenso na igreja. E eu não posso faltar.
- Ai Davi! Você só pensa em igreja! Que saco.
- Rafaeeel... A mãe dele lhe deu uma chamada.
- Eu sei que ia ser divertido viajar com vocês, mas os meus pais não gostam que eu quebre os meus compromissos com a igreja. Meu pai disse que eu serei Pastor.
- Mas meu querido, isto é uma decisão sua. Deus jamais viraria as costas para um filho, se ele seguisse seu próprio caminho, sem a interferência dos outros. É desse jeito que nasce a sabedoria... Através do andar com as próprias pernas. E Deus gosta de homens sábios.
As palavras da Sandra entraram como um foguete dentro dele. No fundo, ela estava certa. Ele jamais desejou ser pastor, muito menos ser tão radical com os outros. Na família dele, todos evangélicos, exceto sua tia Flávia, que também era perseguida da família. O problema pior talvez não fosse querer ser ele mesmo, mas sim, ser ele mesmo, com todas as suas essências; mas o Davi sabia que poderia pagar um preço alto.
- Não vão tomar um pouco de iogurte?
- Não mãe. A gente vai dar uma volta.
- Obrigado pelo café dona Sandra. Estava delicioso. – todo tímido e meio sem jeito, ele se levantou da mesa, quer dizer, ele foi arrastado pelo amigo.
Na calçada, os dois conversavam, e o Rafa insistia em saber sobre o sonho do amigo.
- Eu ouvi muito bem quando você disse: “deixa eu ver a tatuagem”. – exaltou ele.
- Seu problema é essa tua insistência chata. Foi um sonho qualquer. Eu nem me lembro direito.
- Tudo bem. Se você nãoconfia mais no seu amigo, ok então!
- Eu juro que não me lembro. Davi preferiu não desgastá-lo com aquele assunto.
- Tudo bem.
- Agora sou eu que te pergunto. Às vezes vejo você meio triste. Está acontecendo alguma, Rafael?
- É um cara aí, do passado.
- Como você nunca me disse deste cara?
- Não valia a pena. Ele me decepcionou muito. Mas o pior de tudo é que eu ainda o amo.
- Eu não estou acreditando que você só está me contando isto agora? Sou eu quem deve questionar a sua amizade. Tudo bem que eu sou careta, não entendo muita coisa da vida, do mundo, de sexo, sei lá! Mas daí não me contar o que você estava sentindo? Desabafar faz bem, sabia? – Davi mostrou sua mágoa, pelo fato de ambos nunca terem escondido nada um do outro.
- Este cara foi um babaca, que me enganou e me jurou amor para sempre, como se isso existisse. Na verdade o otário fui eu em ter acreditado nele.
- E como vocês de conheceram?
- Foi quando eu saí de casa escondido uma vez, e fui parar naquela balada que eu te contei. Lá, eu o encontrei; daí nós ficamos. Chegamos a nos relacionar escondido, mas depois ele me abandonou. Eu só não te contei nada, porque eu tinha muito medo que os meus pais soubessem.
- E você acha que eu iria contar para eles?
- Me perdoa. Eu ainda gosto dele, e não o esqueci, mesmo depois de dois anos.
- 2 anos? E vocês nunca mais se viram?
- O mais engraçado, é que um dia,quando eu estava indo a sua casa, eu tive a sensação de ter visto ele. Mas foi só impressão... Foi forte, sabe? Mas ele é muito diferente de mim. Sabia que ele é vidrado em tatuagens?
- Porque você não tenta garotas?
- Davi! Pode ir parando. Você sabe quem eu sou, e não finjo pra mim mesmo a minha condição. Não venha me julgar agora.
- Eu não estou te julgando. Desculpa. Então... Tenta esquecer este cara e parte para outra.
- É o que eu vou fazer.
Eles andaram mais um pouco, fizeram um lanche no shopping, e depois foram num clube perto da casa do Rafa. Davi parecia que estava de férias. Com a viagem de seus pais, ele pôde aproveitar mais, seus momentos a sós. Ainda tinha mais três dias pela frente. No final da tarde, ele voltou para casa. A caminho, como sempre, passou na igreja, fez sua oração, e pediu a Deus para que expulsasse o Fábio de seus pensamentos. Ele estava com um peso na alma e principalmente no coração.
Aproveitou que a livraria estava aberta e comprou o livro para o seu trabalho de biologia. Votando, ele se deparou com o Fábio na calçada rodeado de amigos. Baixou a cabeça para não ser visto, mas já era tarde. Fábio lançou um olhar de raiva para ele, com certeza, devido à atitude do Davi, de tê-lo deixado sozinho na casa dele, e ter saindo correndo porta a fora. Fábio estava se sentindo um bicho.
- Só um instante. - disse o Fábio ao grupo de rapazes, e seguiu em direção ao Davi.
- Parabéns pelo que você fez ontem comigo. Pode ficar tranquilo que eu não vou mais lhe importunar. Aliás, eu sou idiota de ter perdido o meu tempo com você, pastorzinho de merda.
- Eu que fui idiota de ter caído na tua conversa. Acho bom mesmo você me deixar em paz! E nunca mais se atreva a me dirigir a palavra.
- Isso você pode ter certeza de que eu jamais farei. Somos mesmo diferentes um do outro. Eu gosto de beber, fumar meu cigarro, sair. Talvez eu não tivesse paciência de suportar um cristãozinho ao meu lado.
O Fábio quando queria, sabia magoar sem nenhum esforço.
Davi se esforçou para segurar as lágrimas, e funcionou.
- Vai chorar é? Chora! Chora, mais bem longe de mim.
- Fica tranquilo que este gostinho eu nunca vou te dar. Se você soubesse como é a minha vida. Se você entendesse só um pouquinho. Tudo bem, deixa pra lá. Tchau!
No fundo, Fábio sentiu que pegou pesado com ele, mas o seu ego estava ferido. Sentiu-se rejeitado e humilhado pelo Davi, pois este não confiou nele.
- Só mais uma coisa. – Davi olhou para trás.
- Eu descobri que estou amando você cada vez mais. E se você confiasse em mim só um pouco, eu te mostraria como é bom ser livre e feliz. Tchau!
Cada um seguiu para um lado.
CONTINUA...
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Meus queridos, eu agradeço todos os comentários. Vejo que alguns acham precipitado o romance do Davi com o Fábio. Tenham calma e confiem em mim. Este conto ainda vai surpreender vocês. Beijosss!
