Do ABC para o AMOR! – PARTE 1
Sou Fernando, tenho 17 anos a poucos meses de completar a maioridade. Tenho cabelos castanhos lisos, olhos verdes, 60 kg e 1.70 de altura. Sou bissexual, embora tenha tido muitos casos a mais com homens do que com mulheres, minha vida amorosa sempre foi muito conturbada, relacionamento serio só com gripe e olha lá, nem essa praga me pegava a longo prazo. Às vezes (pra não dizer sempre) meu foco foi tanto os estudos e meu trabalho voluntario em uma ONG que meus lances amorosos sempre ficavam em terceiro, quarto, quinto, centésimo plano. Alias a ONG é a minha maior paixão. Nos meus 15 anos a conheci, e ela é responsável por ensinar pessoas de todas as idades a ler e escrever. Na grande maioria eram senhores e senhoras que nunca estudaram e tinham vontade de aprender. Isso me fascina. Português sempre foi a minha matéria favorita e na ONG é o que eu ensino. Velhinhos e velhinhas a fazer o que pode ser a coisa mais simples para uns, ler e escrever, mas que para eles é algo muito complexo e que exige muita paciência. Eu, minha melhor amiga Leticia e meu melhor amigo Juliano, juntos com demais voluntários tocamos essa Organização não governamental com doações de livros, materiais didáticos e com a ajuda de alguns apoiadores.
***
Mais um dia como todos os outros estava começando. Aquela mesma rotina diária, acordar cedo, tomar banho, tomar café, arrumar as coisas e ir pra escola. Sempre amei a escola, sempre fui um aluno exemplar, de boas notas e a escola nunca foi um terror para mim. Mas esse ultimo ano de Ensino Médio com toda certeza eu não via a hora que acaba-se. Com o meu sonho de uma faculdade cada vez mais próximo, o que representava um degrau a mais que eu daria na escada do meu amadurecimento.
- Garoto você vai se atrasar pra escola. Se quiser que eu te leve termina logo esse café. – Gritou meu pai bem humorado da sala, só que não, como sempre. Apesar de ele não saber da minha sexualidade, creio que ele desconfia, mas ele sempre me tratou de forma esquisita e sem sentimento, mas fazer o que, é o jeito dele.
- Ta simpatia. Eu já vou.
Terminei meu café, peguei minha mochila e fui para o carro. Eu não sei o motivo, mas desde a hora que despertei, algo me dizia que algo diferente iria acontecer hoje, não sei se era pressentimento, sexto sentido, ou que caralho de nome podia dar a isso, só sei que estava sentindo isso, e fui o caminho todo pensando nisso. Poucos minutos e eu já estava no Colégio. Despedi do meu pai e entrei. Na escada a Leticia estava conversando com suas amigas, ao me avistar veio a meu encontro.
* Leticia desde pequena é a minha melhor amiga, somos praticamente vizinhos, ela é minha irmã, minha confidente, tudo pra mim. Ela é muito bonita, um corpo de dar inveja a muitas garotas do colégio, com o cabelo castanho sempre perfeito liso e encaracolado nas pontas. Um par de olhos azuis que mais pareciam de vidros, causava suspiros de qualquer garoto na escola. Só que tem um porém, apesar das inúmeras investidas ela não da a mínima para os garotos, ela é lésbica. *
- Fe eu tenho que te contar uma coisa muito massa que aconteceu. – Falou eufórica se aproximando.
- O que? Não me diga que você desencalhou? – Ri.
- Ah vai se foder garoto. E eu lá tava encalhada?
- Digamos que desde aquele casinho seu com a Flavia a 6 meses atrás que você não pega ninguém.
- Às vezes eu não sei por que eu te conto tudo da minha vida.
- Porque você me ama muito. – Disse e rimos. – Mas fala ai o que aconteceu?
- Sabe a Cecilia do terceiro b?
- E como não saber? Os comentários sobre as partes nuas dela no Facebook estão rolando a solta.
- Aff Fernando, ate você?
- Ei garota. Eu não vi foto nenhuma, só os comentários, eu não perderia meu tempo olhando isso, mas se fosse fotos do namorado, ou melhor, ex-namorado dela, quem sabe.
- Você é egoísta viu. A coitada está arrasada, o idiota do namorado dela postou aquelas fotos dela nua pra se vingar dela, ele descobriu que ela é lésbica.
- Lésbica? – Perguntei perplexo.
- Sim. – Disse Leticia.
- E o que ela tava fazendo namorando com aquele cara?
- Pergunta pra ela, por que isso eu não sei.
- E qual a parte massa disso tudo?
- Vou contar tudo...
- Por favor, direto ao ponto, sem seus rodeios. – Falei interrompendo-a.
- Fiquei com ela.
- Não tão direto assim. – Falei rindo. – Como isso Leh?
- Eu fui na casa dela ontem, como amiga, ela me recebeu super bem e ficamos o dia todo conversando, ela me contou tudo e eu consegui animar ela, ela me deu um beijo de obrigada e depois vieram muitos mais beijos e outras coisas que não irei detalhar.
- Safada, se aproveitando da fragilidade da garota. Cada vez mais eu me surpreendo com você Leticia. – Disse tentando ser serio, mas caímos na risada.
O sinal bateu e entramos para a sala. Como estávamos às vésperas das férias de julho e principalmente das provas, as aulas eram apenas de revisões. Por volta de 12:30 eu e a Leh saímos do Colégio, no portão o Juliano já nos esperava para irmos juntos almoçar no shopping e depois irmos pra ONG.
* Juliano o conheci quando tinha 13 anos, ele era aluno novo, eu me aproximei dele cheio de intenções até porque ele era muito bonito, e naquela época eu já tinha certeza de que também gostava de garotos. Mas aos poucos depois de vários trabalhos em aula e fora dela, os papos nos intervalos acabamos nos tornando grande amigos. Confesso que já o desejei mais que amigo, cheguei a contar que era bissexual e que estava afim dele aos 16 anos. Na época foi a pior coisa que eu fiz, ficamos sem nos falar por quase 2 meses. Mas ele voltou a me procurar disse que se afastou por que não queria que eu imagina-se algo que nunca rolaria até porque ele sempre fazia questão de jogar na minha cara: “Eu gosto de buceta”. Independente disso nossa amizade continuou e forte, nos tornamos melhores amigos, ele me respeita e hoje eu não o desejo mais. O Juliano é muito charmoso, cabelo arrepiado escuro, com um topete que ele passava horas penteando, um sorriso perfeito e um olhar sedutivo. Alto e magro, atlético, porem tem um defeito. A timidez, se não fosse por isso tenho certeza que ele teria pego todas as garotas do colégio, e fora também. *
- Vocês demoraram. – Ele disse.
- A vaca da professora de Historia demorou pra liberar agente. – Falou Leticia.
- Vamos almoçar logo que eu estou com tanta fome que até te comeria agora Fe.
Eu fiquei sem o que falar. Simplesmente mudo. Vontade foi de esgana-lo por brincar com uma coisa dessa.
- Não Juliano! – Exclamou Leticia. – Mais um amigo gay eu não aguento.
- Qual é Leh ta me estranhando? To brincando só. Foi uma metáfora. – Ele disse.
- Ok Juliano! Hoje a sua aula para os seus aluninhos da terceira idade será de metáfora. – Falei irritado.
Ficamos em silencio ate chegarmos ao shopping, fizemos nossos pratos em um buffet por quilo e sentamos. Depois de um tempo meio que melancólico ele abriu a boca.
- Desculpa pela comparação idiota Fe? – Ele disse e eu permaneci calado e em silencio. – Desculpa Fefe?
- Não me chama de Fefe que eu não gosto Juju. – Retruquei.
- Aiai eu digo que isso ainda vai da em namoro. – Leticia disse.
- Prefiro namorar um asno a esse idiota.
- E eu só prefiro uma mulher. – Disse me encarando.
- Disso eu já sei.
- Parem de brigar vocês dois. Credo, o que você tem hoje Fernando? – Perguntou Leticia.
- O leite do café da manha dele devia ta azedo. – Disse Juliano sorrindo e dando uma piscada.
- Provoca mais Juliano. – Tentei ser serio, mas ele disse de uma forma engraçada que acabamos os três rindo.
Terminamos de comer dessa vez sem briga e fomos para o ponto de ônibus. Não demorou muito o ônibus chegou.
***
NA ONG:
Não demorou muito e chegamos na ONG, participávamos todas as tardes de segunda a sexta das oficinas de aprendizado, onde desde jovens ate idosos que não sabiam ler, ou até mesmo os que sabiam, e vinham sempre para colaborar, participavam. Nessa tarde não foi muito diferente, passei ajudando e ensinando o básico a alguns velhinhos até que a Clarice, coordenadora da ONG me chamou pra conversar na sala dela.
- Fe, eu vou ter que sair agora, e vou voltar só final da tarde. Você é o que mais se dedica aqui então vou confiar em você pra manter a ordem.
- Pode deixar. Eu tomo conta até você voltar.
- Obrigado meu anjo. E tem um garoto que quer participar das oficinas. Mas você sabe das entrevistas que fazemos antes, ele esta na sala de estudos, poderia fazer isso por mim?
- Vou tentar né. – Falei.
- Você consegue. Confio em você. – Ela disse. – Agora vai lá.
Sai da sala da Clarice e fui até a sala de estudos. A porta tinha aquela abertura em vidro onde pude reparar num garoto sentado de frente a mesa e de lado para a porta. Fiquei a observar. Um moreno claro, mas de pele aparentemente queimada pelo sol, cabelos pretos lisos. Muito bonito. Eu fiquei paralisado na porta até o olhar dele vir de encontro ao meu...
CONTINUAPrimeiramente um feliz ano novo pra todos vocês!!! Estou de volta com esse novo conto. Ja adianto que ele não será longo, será bem curto, mas é um conto que gostei muito de escrever e quero compartilhar com vocês. Um beijão e comentem, amanha posto mais.
