Acordo já tarde, no horário de almoço. Me sinto renovada e bem. Sento, espreguiço, ainda em minha cama. Levanto sem pressa e caminho até o banheiro. Pego as roupas que havia deixado no chão e coloco-as no cesto. Escovo meus dentes e faço minhas necessidades.
Antes de trocar de roupa pego meu celular abandonado em minha escrivaninha. Noto ter 2 novas mensagens. "Bom dia, acordou melhor?" "A festa será hoje, 22 hrs vem aqui que você vai comigo.".
Pergunto-me como Anna conseguiu meu numero.
"Estou melhor hoje. Sem febres. Combinado." digito para ela.
Adiciono seu numero em meu celular e assim que me troco coloco-o no bolso de meu short.
Saio cautelosamente do quarto, em total silencio, tentando ouvir onde a Flavia esta. Ouço uma agitação no seu quarto. Desço o mais rápido possível para não fazer barulho até a cozinha onde preparo meu almoço. Um macarrão de molho branco. Estou comendo quando Flavia entra na cozinha. Paro com o garfo indo a boca, desço-o de volta ao prato, sem fome. Nos encaramos por um tempo: Julia, precisamos conversar.
-Não quero conversar com você. - levanto jogando o pouco que restava da comida no lixo e lavando meu prato.
-Eu sou sua mãe Julia. Nós só temos uma a outra.
-Você não é minha mãe. - respondo com a voz controlada.
Vejo a dor em seus olhos mas não quero acreditar. Não quero acreditar no que vejo.
-Julia, me perdoa. Quando você vai me perdoar?
Meu maxilar trinca. O sangue sobe em minha cabeça. Respiro fundo e mostro a mesma frieza de sempre para ela.
-Vou sair hoje. - digo ignorando seu pedido.
-Vai? - seu rosto surpresa.
-Vou com a Anna. Não tenho hora para voltar.
-A menina que cuidou de você?
-Sim. - respondo já me retirando para sala de cinema.
Sento no sofá, envolvida pelo escuro. Fazem dois anos que tudo aconteceu. Que eu e Flávia brigamos. Desde aquele dia a trato com frieza e distancia. Fiquei independente e moro praticamente sozinha, sendo responsável por tudo.
Estou em meu quarto lendo quando Flávia entra no quarto.
-Pega. - me entrega o cartão - Esse é o cartão da conta da sua pensão. Você não gosta de usar mas é seu por direito. Pega, usa. Você sabe a senha.
Antes que possa responder ela sai apressada. Pego o cartão na mão e fico paralisada. Pego-o e guardo em minha carteira. É estranho tê-lo. Ele pesa em minha consciência.
A tarde se arrasta lentamente. Os minutos demoram mais que 60 segundos. A escuridão começa a cair. Preparo algo leve para comer.
Subo, tomo um banho lendo. Sinto meu coração batendo forte. Parece que meu corpo sente que estará com Anna em pouco tempo. Tento controlar-me. Sinto que é certo mas minha mente diz ser errado.
Saio e paro em frente ao espelho em meu pequeno ritual. Vejo os mesmos cabelos negros, os olhos verdes, a boca. Mais uma vez noto uma diferença do rosto sem emoção que a tempos mostrava. Vejo serenidade nos olhos e uma leve curva na ponta da boca.
Seco-me e coloco uma lingerie branca. Visto uma calça preta de couro, uma camisete branca meio transparente de forme que nota-se com dificuldade o sutiã que uso. Em meus pés uma bota de cano baixo preta, com um fino salto 10 e meia pata.
O celular vibra em cima da pia do banheiro. Mensagem de Anna. "Estou aqui na frente te esperando". Respondo um rápido "Estou indo".
Em meus olhos passo um lápis preto marcando-os. Nos lábios um batom vermelho. Antes de sair coloco um blazer azul marinho. Pronta desço as escadas passando pela sala onde Flávia esta.
-Se cuida. - ouço-a dizer.
Abro a porta e saio de costas, fechando-a. Quando me viro me deparo com Anna e quase perco o fôlego ao ver como ela esta incrível.