Capitulo 31
Heitor e eu ficamos deitados no chão acolchoado até escutarmos pancadas fortes no metal e varias pessoas chamando por ele. Como eu estava deitado sobre ele com a minha cabeça encostada no seu peito poderoso senti a vibração quando ele tentou conter outra risada e disse baixinho que tinha se esquecido de abri a academia hoje. Resmunguei para que ele pudesse ouvir, não queria dividir ele com mais ninguém hoje. Heitor riu mais uma vez e me puxou para mais um beijo, agora ele estava bem mais desinibido. Suas mãos estavam amassando a minha bunda, apertando, mas não ao ponto de doer, apenas para mostrar que ele gostava de mim.
- Me aguarda lá em cima, Christy-Ann – Depois que nosso beijo acabou ele disse isso – Tenho que despachar esse pessoal que me espera lá do lado de fora.
- Tudo bem – Um selinho – Mas não demora – Outra toque de boca rápido – No máximo cinco minutos.
- Sim, senhor. Senhor! – E bateu continência, ri e ainda resmungando andei em direção a escada – Que bela bunda, Christy-Ann.
- Eu sei.
Enquanto eu ia para a escada escutei Heitor vestir o calção rapidamente e andar em direção a porta principal. Parei no terceiro degrau e escutei a desculpa dele. Primeiro ele disse que estava doente, mas acho que ninguém acreditou, porque logo depois uma serie de vaias foram ouvidas. Ele tentou uma segunda vez e disse que ele não queria e não estava disposto a abri a academia hoje. Como da ultima vez, ninguém acreditou. Gritavam que quando ele estivesse indisposto e sem vontade de abri a academia esse dia seria o final do mundo. Foi na terceira e ultima vez que as pessoas entenderam o porque ele não queria abri a academia.
- Eu to com alguém aqui pessoal - Era possível perceber como ele estava com vergonha tanto do fato de ter que disser que tinha alguém com ele, quanto disser que não iria abri a academia por esse fato - Desculpa ai, pessoal!
Mas invés de todas aquelas pessoas ficarem com raiva, como eu pensei, foi o completo oposto. Todos foram quem pediram desculpa para ele, dei uma espiada e vi alguns até dando tapinhas no ombro dele. Achei a cena meio engraçada, mas depois fiquei me perguntando se Heitor fazia isso com frequência ou se ele não fazia nada disso. Quando a ultima pessoa se despediu dele e foi embora que eu sai de onde estava escondido e fui até onde ele estava. Passei meus braços por seu pescoço e dei um pulo, segundos depois cingi minhas penas na sua cintura. Heitor fechou a porta de metal e andou comigo em sua costa, como se eu fosse uma mochila ou um filhote de macaco. Quando contei para ele, sussurrando em seu ouvido, a minha comparação, ele riu. Riu de maneira alegre e contagiante que para a minha surpresa eu me vi rindo também. Ele abriu a porta do loft com o pé e foi na direção da cama, pensei que ele iria se deitar junto comigo ele não fez. O que ele fez foi me jogar na cama e rir da minha cara ultrajada antes de ir até onde ficava o fogão.
Apoiei minha cabeça no meu braço e observei Heitor se mover perfeitamente no espaço reservado ao preparo de comida. Ele estava de costas para mim, mas mesmo assim ele era bonito, muito bonito. O cheiro de fritura e algo mais aromático encheu o ar. Com um pensamento brincalhão fiquei me perguntando se além de ser muito bom na arte do sexo, ele também era um ótimo chef. Quando não aguentei mais ficar deitado, me levantei. Ainda não estava acostumado com a minha total nudez, mas eu também não estava muito incomodado, com um impulso me sentei na bancada de mármore que separava a cozinha do restante do loft.
- O que você esta preparando, Heitor?
- Bife de carne acebolada com molho picante e um arroz com fatias de cenoura - Ele respondeu sem nem mesmo se virar, mas o seu contentamento e orgulho por esta fazendo isso era quase palpável.
- E quando vai ficar pronto?
- Vai demorar um pouco - Remexeu com uma colher de pau um liquido espeço de coloração laranja e se virou para mim com um sorriso brincalhão no rosto - Por que não aproveita esse tempo e vai tomar um banho.
- E ficar pelado de novo? - Olhei para ele com as sobrancelhas arqueadas e ele sorriu mais ainda - Então prefiro ficar assim.
- Por mais que eu goste de você assim, Christy-Ann - Seus olhos foram de minha cabeça até meu pé, em uma lenta e minuciosa inspeção que provocou arrepios na minha coluna -, quero você cheiroso e bem limpinho na hora do jantar.
- Mas não tenho roupa, Heitor - Reclamei.
- Use alguma coisa minha - Foi a resposta dele.
Fiquei olhando para ele só para ver se não era mentira o que ele falou. Mas não era, ele me olhava com os olhos preenchidos de desejo, preocupação e devoção. Então o que eu fiz foi puxar ele pelo cós do calção e lhe dar um super beijo molhado. Gostava quando ele me beijava, gostava quando ele me tocava, gostava quando ele estava perto de mim. Resumindo: Gostava de Heitor, vivi anos pensando que não merecia ser feliz e por consequência não fui feliz. Vivi na falsa ilusão criada por mim mesmo que fazendo meus irmãos felizes eu também seria feliz. Mas não fui, nem um segundo sequer. Ai foi quando Li entrou na minha vida, uma luz em toda aquela escuridão que era a minha morada, segui o caminho dessa luz por quase dois anos e quando enfim cheguei a fazer contado com essa luz que foi meu ponto de referencia por um tempo muito longo, descobri que na verdade essa luz nunca foi a beleza que eu imaginava. Nem era uma luz, era apenas uma projeção mal feita.
Eu parei o beijo e apontei para a panela que estava chiando e borbulhando, Heitor xingou baixinho e foi resolver o problema da panela borbulhante. Pulei da bancada e fui para o banheiro, não fechei a porta. Abri o box de vidro e liguei o chuveiro e tomei um banho rápido. Não estava muito sujo, apenas muito suado. Peguei uma toalha e enrolei-a na minha cintura, quando sai do banho Heitor ainda estava na cozinha resmungando algo sobre um garoto maravilhosamente nu que sabia beijar e que fez ele estragar a comida que ele estava preparando. Sorri e fui até o guarda roupa dele.
A maioria das roupas que ali estavam eram roupas de ginasticas, mas também tinha roupas mais casuais e formais. Passei os olhos por todas as roupas esportivas e nenhuma me chamou atenção. A roupa que eu escolhi foi uma camisa de manga comprida cinza e revirando a gaveta de cuecas dele achei uma preta com bolinhas pequena. A camisa ficou grande demais, ia até o meio das minhas coxas e poderia facilmente colocar mais um eu que ainda sobraria espaço, a cueca ficou só um pouco folgada nas pernas, mas eu até que gostei de me ver vestido nas roupas dele.
Me virei e encontrei Heitor colocando dois pratos na pequena mesa e depois as panelas fumegantes. Ele estava todo suado e o rosto estava vermelho por causa do calor das chamas. Ele me olhou de cima a baixo novamente e deu um sorrisinho de canto de boca aprovando o meu visual, depois, sem o menor pudor, abaixou o calção que estava vestido e disse que iria tomar um banho também. Não sabia se eu esperava ele para comer eu se eu poderia começar logo a me servir, resolvi perguntar e ele me respondeu que se eu pudesse esperar mais uns minutinhos nós iriamos jantar juntos.
E foi o que eu fiz, esperei. Ele nem demorou muito, ao contrario de mim ele não se enrolou em toalha alguma. Saiu peladão do banheiro e colocou um calção azul claro e uma camiseta branca, que ficou transparente segundos depois de vestida. Já estava sentado na mesa, batucando meus dedos no tampo da mesa. Heitor se sentou na minha frente e me serviu. Sorri quando ele começou a falar do que estava fazendo antes que eu chegasse e transformasse a tarde dele na tarde mais prazerosa de todos os tempos. A comida que ele fez estava divina, apenas o molho que estava com um gosto travo, mas nada que pudesse atrapalhar o sabor estonteante do prato.
Rimos, conversamos e comemos. Heitor sabia do que falar, em nenhum momento o nome de Li foi citado, mas nós sabíamos que esse fantasma estava ali presente, na minha mente, mas mesmo assim presente. Quando enfim dei o primeiro bocejo nós já estávamos na cama, minha cabeça estava apoiada em seu peito e nossas pernas eram um emaranhado irreconhecível. Ele me abraçava e com o seus dedos fazia caricias em minha costa. Com um beijo e um boa noite sussurrado eu dormi.
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- Como eu vou aparecer na faculdade assim? - Eu estava na frente do espelho que tinha no banheiro com Heitor bem atrás de mim. Nós olhávamos as marcas avermelhadas no meu pescoço que seriam facilmente reconhecidas como chupões, eu não estava bravo com Heitor por ter feito aquilo, era mais vergonha de chegar na faculdade e ver os olhares curiosos presos em meu pescoço.
- Desculpa, Christy-Ann - O maxilar de Heitor estava travado, sua boca crispada em uma linha severa - Eu não deveria ter feito isso com você.
- Não se desculpa, Heitor - Eu não queria que ele se desculpasse pela melhor noite da minha vida depois que eu cai na real sobre tudo - Se eu não quisesse ficar assim eu não teria te provocado.
- Mas eu não pensei no depois - Ele resmungou ainda visivelmente com raiva de se mesmo por ter feito isso comigo - Eu estava pensado apenas no durante. Você é tão gostoso que foi impossível de não provar da sua pele perfeita.
- Obrigado - Vi que ele ainda estava se culpando e com um estalo eu dei a volta e parei na sua costa onde vi linhas vermelhas e longas feitas pelas minhas unhas - Mas se você tem que se desculpar por ter feito isso eu também tenho que me desculpar por isso.
- Não foi nada.
- Dói?
- Só quando eu faço malabarismo com serras elétricas - Vi o ar brincalhão voltar a brilhar ao seu redor.
- Viu? - Beijei cada uma das marcas de unhas - Eu to bem assim como você esta bem também.
- Eu acho que tenho um casaco gola alta em algum lugar dentro do meu guarda roupa - Ele se virou e me abraçou.
- Eu gostaria de ver, por favor - Falei antes da sua boca cobrir a minha.
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Eu não estava um modelo da palavra moda, mas ao contrario disso. Heitor foi me deixar na faculdade no seu enorme 4x4. Estava usando a minha calça, a cueca antiga de Heitor e um casaco gola alta duas vezes maior que eu dele também. Com um susto me lembrei de uma coisa.
- Minha mochila, Heitor?! - Nem me toquei da coitada, estava tão envolvido com Heitor que não sei onde foi que eu coloquei ela - Meu Deus! Eu deixei ela na porta da academia!
- Relaxa, Christy-Ann - Respondeu sem olhar para mim - Ontem depois que você dormiu eu me lembrei dessa mochila e desci para pegar, encontrei ela encostada na parede próximo a um pilar, na porta da academia. Olha para trás.
E ali estava a minha companheira de tantos anos, cheia de remendos e rasgões. Me estiquei e dei um beijo estalado na bochecha dele. Assim que cheguei na porta da faculdade eu vi o carro de Li ir na direção ao estacionamento dos alunos. Heitor me deu um super beijo de despedida e falou que quando a aula terminasse eu deveria ligar imediatamente para ele.
- Entendeu?
- Entendi!
Sai do carro e caminhei de cabeça baixa, algumas pessoas que ali estavam começaram a me xingar. Puxei a gola do casaco mais para cima, não queria que eles tivessem mais munição para me humilharem. Na sala de aula eu me sentei na cadeira próxima a porta e vi quando Li e Chin chegaram rindo de alguma coisa que Chin tinha feito no caminho até aqui. Fiz questão de abaixar a minha cabeça, mas só não contei com uma coisa. No ato de abaixar a minha cabeça a gola desceu, como o casaco era muito grande eu me sentei praticamente sobre ele todo, fazendo assim o material se esticar, cair e revelar a minha pele branca cheia de marcas vermelhas.
Escutei uma forte tragada de ar e olhei para cima, Li encarava fixamente o meu pescoço. Arregalei os olhos e imediatamente puxei a gola para cima novamente. Li respirava fundo e tinha as mãos formadas em bolas apertadas e o queixo travado, mas mesmo assim ele conseguiu disser, entredentes:
- Então você já está em outra, Christian?
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Gente muito obrigado por tudo o que vocês escrevem nos comentários, fico bobo lendo alguns. Enfim aproveitem essa parte e provavelmente amanhã eu postarei mais.