"Naquela época, eu e Emerson já
éramos muito amigos. Uma
amizade que já durava 6 anos.
Víamos nossos corpos mudarem,
víamos nossos interesses mudarem
também. Ele demonstrava interesse
cada vez maior nas meninas; falava
safadezas envolvendo suas
fantasias com elas; ficava de pau
duro na minha frente; pegava no
pau por baixo do short enquanto
delirava com suas histórias
eróticas. Eu também me excitava.
Não era por compartilhar da
fantasia, que eu confesso que não
dava a mínima e as ouvia por alto,
mas era pela contemplação do seu
tesão, do seu fogo em narrar as
hipotéticas histórias envolvendo
suas paquerinhas. O que eu sentia
pelo Emerson era muito mais que
amizade. Era uma mistura de
carinho fraterno e tesão. Quanto
mais os dias passavam, mais ardia
em mim a vontade de fazer coisas
com ele que eu mesmo nem sabia
dizer ao certo o que eram. Mas
desejava pegá-lo, palpá-lo,
masturbá-lo; cheirar seu peito,
suas axilas, seu pescoço, seu pau,
seu saco e mais abaixo. Enquanto
ele delirava contando suas
histórias, eu delirava me
imaginando no lugar das
piriguetes que ele citava.
"Mas éramos muito unidos, como
eu dizia. Fazíamos coisas juntos
que - sem maldade, juro! -
qualquer um diria que havia algo
mais entre nós. Íamos à praia, e
na volta, tomávamos banho juntos
no meu quarto. Trocávamos de
roupa um na frente do outro. Não
tínhamos pudor. Era assim desde
que nos conhecemos, ainda
crianças. Dormíamos um na casa
do outro. Ele gostava mais de
dormir na minha casa, pois minha
mãe era muito acolhedora. Meu pai
falecera quando eu tinha 4 anos.
Desde então, éramos eu e ela. Por
isso, ela sempre preferia que meus
amigos viessem para casa do que
eu estar na casa deles. E pra
tanto, ela criou o quarto que toda
criança adoraria ter, com
brinquedos, videogame,
computador, TV, videocassete - na
época, né - e etc. E apesar de eu
ter outros amiguinhos, o Emerson
sempre foi meu preferido. Quem é
gay sabe do que eu tô falando:
desde aquela época, eu já tinha
por ele um sentimento que era
diferente do que tinha pelos meus
outros amigos. Eu gostava de tocá-
lo. Eu percebia que com o Emerson
havia uma reciprocidade naquilo.
Ele mantinha contato físico comigo
que ia além de brincar de briga,
como crianças fazem. Se
estivéssemos assistindo TV, ele
deitava no meu colo. Às vezes,
quando fazia frio, dormíamos na
mesma cama, mesmo havendo
duas camas no meu quarto. Sei
que minha mãe já devia ter visto
aquilo diversas vezes, mas crianças
são assim mesmo, ela devia
pensar. Não havia mesmo
maldade.
"Entretanto, todo aquele contato
me intoxicara de sensações,
sentimentos e pensamentos que
entraram em combustão na
adolescência. Pra minha sorte,
Emerson continuava sendo o
mesmo Emerson carinhoso de
sempre. Mantínhamos os mesmos
hábitos de nossa infância. Ríamos
das mudanças bizarras que iam
acontecendo conosco sem um
pingo de vergonha da nudez um do
outro. E o calor do seu abraço
ainda era o mesmo. E então,
haviam as histórias fantásticas que
ele contava. E ali extravasávamos
nosso tesão. Foi com essas
histórias que nos masturbamos
juntos a primeira vez. Ele pôs o
pau pra fora, duro - e assim eu
ainda não tinha visto - e começou
a se masturbar, dizendo que tinha
visto um vídeo na casa de um
primo em que o homem fazia
aquele movimento com o pênis. Me
incentivou a fazer o mesmo, e ali
ficamos friccionando nossos pênis
com nossas mãos. De primeira, não
havia interesse em prosseguir
naquilo por muito tempo. Até que
um dia ele teve seu primeiro
orgasmo. Já sabíamos o que era
esperma, mas do pênis dele só saiu
um líquido viscoso transparente.
Meu primeiro orgasmo aconteceu
na mesma noite, enquanto eu me
masturbava olhando pra ele
dormindo na cama ao lado. A
partir dali, a masturbação passou a
ser uma atividade mútua
sistemática. Mas não nos
tocávamos. Curtíamos apenas o ato
solitário compartilhado um com o
outro. Ele com seus devaneios, às
vezes olhando as revistas de
putaria que o primo safado
emprestava pra ele, e eu olhando
fixo pro seu pênis, que crescia a
cada dia, ficando realmente muito
bonito. Da noite do primeiro
orgasmo, transcorreram-se alguns
meses em que percebi um certo
afastamento do Emerson. Seu
interesse particular por uma garota
do colégio em que estudávamos
nos afastou um pouco. Ele fazia de
tudo pra ir falar com ela no recreio
- ela estudava em outra turma.
Pagava lanche pra ela, e eu
percebia que da parte dela havia
um parco interesse. Mas ele,
apaixonado como estava, não
enxergava. Só tinha olhos pra
Camila.
Experimentei uma gradativa e
dolorosa solidão. Os finais de
semana sozinho no meu quarto
ficavam cada vez mais longos e
cinzentos. Minha mãe percebia
meu desalento. Me acolhia talvez
sabendo que algo acontecia
comigo, porque eu era diferente
dos outros meninos. Não precisava
dar uma palavra. Seu colo era tudo
de que eu precisava.
"Foi em novembro daquele ano,
que algo imprevisível ocorreu.
Emerson ligou pra mim depois de
uns 10 dias sem contato - antes
nosso contato era diário. Perguntou
o que eu tava fazendo, perguntou
se podia vir aqui em casa. Depois
de umas duas horas ele veio. Aqui
em casa, já fazia no mínimo umas
3 semanas que ele não aparecia, e
da última vez esteve praticamente
só de passagem. Dormir aqui?
Tinha sido em Agosto! Eu o recebi
calorosamente, dizendo claramente
a ele que estava com saudades. Me
emocionei quando ele disse que
também tinha saudades. Eu o
percebi muito abatido, de olhos
vermelhos e inchados. Ele tinha
chorado muito. Ao chegarmos ao
quarto, ele sentou na cama que
era "a dele", e eu na minha. Ao
que perguntei o que houve, ele se
atirou na minha direção chorando,
deitando a cabeça no meu colo. Só
pude afagá-lo e esperar que se
recompusesse. Foi quando mais
uma vez perguntei o que acontecia
e ele explicou que ele e Camila já
vinham ficando havia algum tempo.
Mas que misteriosamente a família
dela resolveu mudar de cidade.
Não havia explicação, não vazava
nenhuma informação. Camila foi
proibida de falar com ele, e em 6
dias eles foram embora da cidade -
naquele mesmo sábado de chuva.
Eles não chegaram a se despedir.
Doeu como se fosse em mim.
Imaginei de repente Emerson indo
embora pra outro lugar sem se
despedir de mim, e tive vontade de
chorar também. Sim, eu podia
imaginar o que ele estava
sentindo. Mesmo que corroído pelo
ciúme, eu o amava mais, e por isso
fui solidário com sua dor. Tentei
durante a noite alegrá-lo. Mas
nada lhe tirava um sorrisinho que
fosse. Então achei melhor deixar
pra lá. Fiquei deitado na minha
cama, com ele a meu lado. Não
falávamos uma palavra.
Às vezes ele contava alguma
situação vivida entre ele e Camila.
Eu me perguntava se eles
chegaram a transar, mas não tinha
coragem de lhe perguntar aquilo.
"O sono chegou, e como estava
frio, e ele muito triste, não me
importei que dormisse comigo. O
edredom era grande pra nós dois.
Virei pra parede e sentia minhas
costas em contato com seu braço
gelado. No meio das minhas
fantasias eróticas, fiquei de pau
duro mas fui vencido pelo sono.
Devo ter cochilado alguns minutos,
quando senti Emerson mudar de
posição. Dessa vez senti seu braço
me envolvendo. Ele me abraçou e
colou seu tórax nas minhas costas.
A sensação de aconchego naquela
posição de conchinha foi
gratificante, principalmente por
causa do frio. Estávamos os dois de
short de dormir e não usávamos
cueca nenhum dos dois. Eu o ouvi
sussurrar que eu era o melhor
amigo que ele tinha. Me deu um
nó na garganta, mas fiquei quieto.
Achei que ele pudesse estar
pensando que eu estava dormindo.
De fato eu estava com sono, mas
meu coração palpitava com aquele
contato tão íntimo. Eu antes nunca
vira maldade naquela posição em
que dormimos tantas vezes, mas
daquela vez minha mente suja
pecava horrorosamente, eheheh...
Mesmo assim, eu estava uma
pedra, e tentando controlar minha
respiração que insistia em ficar
ofegante. Me concentrei no contato
com o corpo do Emerson. Seu
coração palpitava. O que será que
estaria provocando aquilo? Alguns
minutos se passaram e sua mão
em volta de mim, passou a alisar
minha barriga. Ele se mexeu pra
mais próximo, colando dessa vez
seus quadris nos meus. Caralho,
como o pau dele tava duro! Meu
coração tava quase saindo pela
boca. Tava muito complicado
respirar com controle. Eu sentia
vez ou outra os espasmos do pênis
dele contra minhas nádegas.
Estávamos separados por duas
camadas finas de tecido, eu
pensava... E esses pensamentos só
pioravam as coisas. Meu pau já
tinha ensopado meu short e ele
não parava de alisar os pelinhos da
minha barriga, subindo até meus
mamilos. Eu sentia a respiração
forte dele na minha nuca.
"O safado começou a fazer
movimentos de vai-e-vem muito
lentos e suaves, pressionando o
pau contra minha bunda ainda
mais. Ele tinha tomado uma
dimensão que eu nem imaginara.
Ele criou coragem e levantou
cuidadosamente a mão que me
acariciava, e pegou na lateral do
meu quadril. Sutilmente deslizou
para baixo, palpando meu traseiro.
Como eu não manifestava reação,
percebi que ele mexeu em algo
nele mesmo, e depois tentou
baixar meu short. Como não
conseguiu, voltou à mesma posição,
esfregando mais uma vez o pau na
minha bunda. Dessa vez tive
certeza que ele havia tirado pra
fora do calção. Ele começava a
transpirar, e embaixo do edredom,
onde antes estava frio, começara a
fazer um calor filho da puta. Meu
corpo ardia também. Não sei se ele
ainda acreditava que eu estivesse
dormindo. Só sei que não aguentei
mais e lentamente repousei minha
mão esquerda, que estava livre, em
cima do meu quadril esquerdo e
baixei meu calção. Eu morri de
medo que ele descobrisse que eu
estava acordado e parasse. Mas
não. Facilitei as coisas. Estávamos
conscientes do que estava
acontecendo. Estávamos acordados
e sabíamos o que queríamos
daquele momento. Agora era só
pele! O pau dele mais quente
ainda do que seu corpo, se é que
era possível, escorregava no meu
rego sem pêlos, lubrificado pelo
nosso suor e pelo líquido seminal
que vertia abundantemente a cada
esfolada que a glande intumescida
dava através do seu prepúcio.
Emerson, num gesto de
curiosidade, voltou a me abraçar e
deslizou a mão até meu pau.
Quando ao tocar, sentiu-o duro
como pedra e todo babado
também, respondeu apertando o
corpo ainda mais contra o meu.
Sua respiração era forte na minha
nuca. Não falávamos uma palavra
sequer, pois a cumplicidade
tagarelava sozinha. Naquela dança
de vai e vem, depois de tanta
lubrificação natural debaixo da
sauna que tinha se transformado o
espaço abaixo do nosso edredom,
Emerson pegou o próprio pau e
tateou meu ânus. Após localizá-lo,
colocou sua glande em contato com
ele.
Esfregava com carinho sua borda,
me fazendo querer morrer de tanto
tesão. Minha mão esquerda, que
minutos atrás estava ociosa, agora
cuidava de envolver meu pênis com
vigor. Eu batia uma punheta
calma, mas deliciosa com aquele
estímulo que recebia atrás.
Emerson tentou numa primeira vez
me penetrar, mas mesmo com todo
aquele lubrificante natural, estava
difícil. Senti uma dor desgraçada
quando aquela cabeçona
atravessou meu orifício anal e
deixei escapar um gemido muito
baixo. Ele percebeu e parou. Ficou
ali parado, com a cabeça do seu
pau dentro do meu reto enquanto
eu me recuperava. Ele podia sentir
a contração de dor que oferecia
resistência ao seu pau, apertando-
o forte. Voltou a me abraçar, e
envolvido naquele carinho todo,
aos poucos fui relaxando, e o que
aconteceu depois foi uma
sequência natural a tudo o que
veio antes. Seu pênis deslizou pra
dentro do meu reto que o recebia
úmido, quente e macio de uma
maneira que eu no fundo sabia
que ele jamais voltaria a provar
com outra pessoa. Acho que a
sensação foi tão boa pra ele, que
demorou a começar a socar. Queria
aproveitar cada segundo dentro de
mim. Eu me masturbava com
cuidado porque sabia que estava a
um passo de gozar. As estocadas
começaram suaves, e foram se
intensificando até que ele parou e
gemeu no meu ouvido. Ele gozara.
Gozei imediatamente após,
mirando contra a parede e
tentando ao máximo proteger com
a outra mão para que não caísse
esperma no lençol da cama.
Estávamos num êxtase tão
profundo que ele nem tirou o pau
de dentro de mim. Só após alguns
minutos seu pênis perdeu volume
com a flacidez e foi expulso do
meu reto.
"Ficamos ali, ensopados de suor,
incapazes de nos mexermos,
esperando nossa respiração
normalizar e nossos corações se
recuperarem. Eu queria ficar um
pouco mais curtindo o momento,
mas minhas mãos estavam
meladas, e eu precisava ir ao
banheiro. Criei coragem e saí
daquela fornalha e fui em direção
ao banheiro do meu quarto.
Aproveitei e tomei um banho.
Enquanto a água escorria pelo meu
corpo realizado, minha cabeça
estava a mil. O que seria da gente
depois daquilo? Ao sair do
banheiro, Emerson já estava
esperando na beira da cama, já de
short. Levantou e entrou no
banheiro sem olhar pra mim.
Fiquei super mal e deitei na cama
com lágrimas nos olhos. Sabia que
ele sairia do banheiro e deitaria
em sua cama sem falar comigo.
Fiquei ali, de cara pra parede
perdido em pensamentos, já
arrependido em ter manchado a
amizade com minutos de prazer.
Mas ao sair do banheiro, foi pra
minha cama que ele veio, deitou e
me abraçou. Falou baixinho
próximo ao meu ouvido: "Você é o
melhor amigo que alguém pode
ter." E aquelas palavras me
encheram de alívio. Eu não sabia
exatamente o que significavam,
mas ao menos serviram pra me
mostrar que nada mudara. E assim
abraçados, finalmente dormimos.
No dia seguinte, acordamos quase
juntos. Reatamos a nossa rotina de
final de semana: jogamos
videogame, assistimos TV,
almoçamos, e no fim da tarde
saímos ao encontro de outros
amigos.
"Muitas outras noites como aquela
se sucederam. Meses depois, já
completamente despidos de
qualquer culpa ou pudor,
explorávamos o corpo um do outro
com naturalidade e cumplicidade.
E os anos que se seguiram nos
foram repletos de experiências
mútuas. Fomos o grande
acontecimento da vida um do outro
naquela época. Mas era natural
que uma hora as pulsões
heterossexuais do Emerson
voltariam a clamar por serem
saciadas. Ao mesmo tempo, eu
necessitava de outras experiências,
e o afastamento dessa vez foi
compreensível e consensual. Enfim,
o que antes chegou a ser rotina,
tornou-se lembranças, memórias
secretas no íntimo meu e dele, de
que jamais voltamos a conversar.
Hoje continuamos melhores
amigos. Sou padrinho da filha mais
velha dele, e ele é uma presença
constante na minha vida. Meu
namorado o adora. Mesmo assim,
vez ou outra, nos momentos de
solidão, ou antes de dormir, meus
pensamentos viajam no tempo e
revivem o que aconteceu naquele
ano de 1993."