Do ABC para o AMOR! – PARTE 3
- Alguma coisa Marcelo?
- Sim. – Disse se aproximando. – Isso. – Falou aproximando seus lábios dos meus e me beijando.
Fiquei sem reação alguma, um beijo totalmente inesperado, deixei o livro cair no meu pé, tirando toda a atenção daquele beijo.
- O que foi isso Marcelo?
- Foi mal cara. – Falou.
- Mandou muito mal viu. – Falei irritado.
- Mas você gostou? Gosta de homem?
- Independente de gostar de homem ou não. Não gosto de ser pego de surpresa desse jeito Marcelo. Alias, porque fez isso?
- Eu não sei. – Ele disse. – Sei lá, você ta sendo legal comigo, e sua boca carnuda me atiçou.
- Não da pra confundir as coisas Marcelo.
- Mas você gostou ou não?
- Não sei. – Minha cabeça estava confusa, a meses sequer beijava alguém e ser beijado assim do nada assusta. – Eu gosto de homens sim, mas não de ser beijado desse jeito, pode ter certeza que já perdeu pontos comigo. – Falei.
- Posso recuperar. – Ele sorriu. Um sorriso que fez aquela raiva que eu tava ir embora.
- Podemos voltar ao objetivo? – Perguntei. – Não dou aula de beijo.
- Beijo eu entendo. – Ele falou – Posso ensinar.
- Garoto safado! – Exclamei. Tenho certeza que fiquei corado. – Senta ai.
- Ui é mandão. – Ele disse e riu, e não teve como eu não rir também.
Ele sentou, sentei-me no banco ao lado e tentei me concentrar no objetivo que era ensina-lo a ler e escrever. Abri o livro depois de junta-lo do chão. E comecei a explicar...
- Primeiramente você tem que aprender o alfabeto das letras. – Mostrei a ele.
- Hum.
- A, B, C, D, E, F, G...
Passei ate o começo da noite explicando tudo a ele, letras, vogais, consoantes.
- Conseguiu entender um pouco?
- Sim. – Disse. – Com um professor como você como não aprender?
- Para de me cantar garoto. – Falei envergonhado.
- To elogiando.
Ficamos um pouco em silencio. Nos olhando, seu olhar transparecia sua dor, a pele queimada pelo sol o seu sofrimento.
- Marcelo. Depois que sua mãe te entregou ao seu tio, como foi?
- Não gosto muito de falar isso. – Disse olhando fixamente janela a fora. – Mas confio em você. Meu tio me colocou pra trabalhar desde que cheguei, primeiro em um Ferro velho pra catar sucatas para ele vender e depois no lixão. – Ao falar lixão, deixou escapar algumas lagrimas. – Isso até os meus 18 anos.
- Espera ai! Não era 16? – Perguntei assustado.
- Tenho 19. – Suspirou. – Eu tava com vergonha. 19 anos e não saber ler nem escrever.
- Não precisa ter vergonha disso Marcelo.
- Mas eu tenho. – Falou. – Deixa eu continuar. – Até ano passado vivi catando coisas no lixão. Foram 9 anos da minha vida naquele lugar. Eu não tive infância. Sinto até hoje o cheiro daquele lugar. A briga por achar objetos, ferro, alumínio, latinhas, plásticos, pra vender no final do dia. Sendo rápido pra achar essas coisas eu conseguia uns 10 reais por dia. Meu tio me pegava tudo. Eu tinha que usar umas luvas sujas, botas rasgadas, catar lixo em meio a ratos, urubus, moscas. As roupas que eu usava era as que eu encontrava no próprio lixão, levava pra casa e fervia.
- Meu deus, seu tio te escravizou. – Falei.
- Bom se fosse só isso. Quando eu tinha 11 anos minha tia morreu em um acidente com meu primo. Ficou eu e ele apenas naquela casa, ele passou abusar de mim. Dizia que precisava aliviar o tesão. Não bastava me sentir humilhado pelo que fazia naquele lixão, ele fez eu me sentir mais sujo que o lugar que eu trabalhava. Sangrei muito. Ele cada vez mais inventava coisas pra me comer de diferentes maneiras, ele estava maníaco. – Seus olhos estavam estáticos, Marcelo não esboçava reação, as lagrimas continuavam a rolar de seus olhos. Eu não sabia bem o que fazer, apenas o abracei. Ele correspondeu ao abraço. – Bom sentir seu abraço.
Não falamos nada por um tempo, ficamos envolvidos naquele abraço. Ao cair a fixa por tudo que ele passou eu não me conti e comecei a chorar, sou uma manteiga derretida também pra isso. Ele percebeu e se preocupou:
- Ta tudo bem?
- Sim. Que monstro seu tio. Que vida você teve.
- Eu traumatizei, mas não abalei não. To aqui e quero ser alguém na vida.
- E eu vou te ajudar. – Falei e voltei abraçá-lo. – E você mora onde?
- Na casa dele ainda.
- Mas ele não te abusa mais? – Perguntei.
- Defunto não. – Ele riu. – Ele bebeu demais num dia, acabou exagerando, teve uns ataques. Só dei uma forcinha em não socorrer. Foi maravilhoso ele lá naquele maldito sofá implorando pra eu chamar uma ambulância. Joguei na cara dele: “Você não me deixou estudar não sei telefonar, por isso vai morrer sem socorro”. E não é que ele morreu?
- Meu deus. E como esta sobrevivendo desde então?
- Não tenho contas já que não tenho dinheiro pra pagar luz nem agua. E pra me alimentar eu como num restaurante popular, não me cobram nada.
- Nossa. Só faz uma refeição por dia?
- Só o almoço.
- Vem que eu vou fazer algo pra você comer. – Falei puxando ele pelo braço indo pra cozinha.
Nisso a campainha tocou, fui atender, era a Leticia...
CONTINUAObrigado minha gente, ta ai mais um capitulo pra voces.
Edu19>Edu15: que bom que esta gostando, vlw :)
Voncrimson: e o Marcelo sofreu e nao foi pouco. Haha vamos ver o que o conto guarda pra eles.
Rafael Guimarães.: eu tento ser realista nos finais. em alguns tive que ate fazer um final contra meu gosto, mas era o que dava mais sentido ao conto, mas espero que esse final te agrade haha. valeu por estar acompanhando :)
agatha1986: fico feliz que esteja acompanhando tbm :)
hyan: valeu :)
Dhcs: obrigado :) fico feliz que esteja gostando
pri ♥: obrigado :)
MaiquinhoHell: valeu cara :)
Luhh: brigado Luh :)