Antes de mais nada, eu quero me desculpar (não consigo parar com esse costume), eu demorei por que uma amiga minha me convidou para viajar com ela e não tive como negar. Cheguei hoje e não queria postar coisa duas horas da manhã. Agora quero agradecer aos lindos que comentaram, vocês sabem que eu amo comentários <3 E Syaoran, Miguel não tem tendências suicidas do Hugo, você acha que eu estou conseguindo fazer um personagem diferente? Ou da pra ver um pouco do Hugo no Miguel? E me informem se eu errar alguma coisa, principalmente o ele/ela, ou nome de personagens trocados, eu acho isso pior que erros ortográficos, vai entender.
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Parte 2 – A Chuva Casual
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Aqui não chovia muito. Mas quando chovia...
Maldito dia que essa chuva resolve aparecer. Em plena quarta-feira! O dia no qual minha mãe trabalha em uma cidade vizinha há vinte minutos daqui, e não pode me dar uma carona para o colégio.
Ela tinha deixado um recado:
“Sei que vai chover, então se não quiser ir para o colégio hoje, pode descansar, beijos te amo. Ps: Tem um guarda-chuva em cima da cadeira do hall”
A cara dela isso.
Coloquei o uniforme do colégio, arrumei a gola polo que estava toda amassada, coloquei um sapato qualquer e peguei o guarda-chuva. Nem estava parecendo que eram 6 horas da manhã... o céu nublado, pouca gente na rua, não existia nenhum outro barulho a não ser o da chuva. Abri o guarda-chuva preto, que dava quase para levar uma família inteira embaixo e fiz certo esforço para fechar o portão enquanto segurava aquela porra. Meu cabelo molhou todo nesse processo, andei duas casas a minha direita e gritei:
— Gabi! Gabi sua putinha! – gritei.
Ela aparece com cara serena e com um pouco espanto.
— Minha mãe ainda está aqui! – disse séria.
DROGA, VERGONHA ETERNA, e tia Jeane achando que eu era um anjo.
— Mentira seu viado. – e riu da minha cara.
— Ah sua vaquinha... – disse aliviado.
— Olha pra seu cabelo, todo molhado! – ela passou a mão nos meus cabelos castanhos lisos e MUITO úmidos agora.
Ela pediu para eu esperar um pouco, entrando em casa novamente.
— Vamos logo gata?! Adianta sua vida, hoje tem prova de biologia, esqueceu? E eu não quero pagar segunda chamada!
— Ah meu Deus! Meu clareador de mente! – ela entrou e foi buscar o clareador de mente dela, ou melhor, a cola dela. Voltou colocando o papelzinho no bolso da calça.
Chegamos 7 minutos atrasados, e a tolerância eram apenas 5 minutos. Graças a Deus, fomos liberados por causa da chuva.
Corremos pelo primeiro corredor, depois quase decolamos na cantina (que era o centro do colégio) viramos a esquerda para mais corredores e, enfim, as salas do ensino médio. Tomamos um pouco de fôlego, antes de chegar à porta, porque a metade era de vidro.
Entramos.
— Vocês estão atrasados... – disse Sarah, a professora de Biologia. Ela nem olhou para nossa cara. Ela tinha cabelos curtos e lisos, magrinha. Uma das mais severas do colégio, só perde para a de literatura. — Onde estão as permissões? – perguntou agora virando para gente, e nos olhando por cima dos óculos.
Entregamos a permissão.
— Sentem-se, já vou entregar as suas avaliações.
Olhei para sala, os mesmos rostos de sempre. Felipe estava sentado no fundo como sempre. Só tinha duas cadeiras vazias... uma ao lado do Felipe, outra atrás da Brena, a mais estudiosa da sala (a cadeira estava vazia provavelmente porque Sarah tirou algum espertinho de lá) Eu apenas pisquei o olho e Gabi já estava sentada lá. V-A-D-I-A. Tive de sentar do lado do ‘lindinho’ do Felipe. Enquanto andava, mostrei o dedo do meio para ela escondido, ela respondeu com um beijinho no ar.
Sentei e esperei a droga da prova. Sarah me entregou, o que mais parecia uma bíblia, respirei fundo, e comecei a resolver. Espiei apenas para saber em qual questão o bonitinho estava, mas Sarah era uma coisa que não era de Deus.
— Olhe para sua prova, Miguel. – disse me dando um susto.
— Mas eu não...
— Mas nada, se lhe pegar olhando a prova do Felipe outra vez, anulo sua avaliação. – disse séria.
ARG. Tudo bem que eu não era tão bom em biologia, mas não estava desesperado ao ponto de colar do Felipe.
Eu ainda terminei primeiro que ele e Gabi. Chutei a metade.
Esperei Gabi sair na cantina.
— Meu clareador de mente não serviu pra nada! Mas consegui ver algumas questões da Brena... Tava colando mesmo do Felipe?
— Claro que não! Eu só queria ver em qual questão ele estava!
— Ahh, eu quero ir logo para casa! Não vou aguentar aula da Múmia. – é assim que ela chama o professor de filosofia.
— Eu to achando que eu vou filar a aula dele, já passei mesmo. – disse levantando, logo após que o sinal tocou.
— Só não filo essa droga com você porque eu preciso tirar 7 na desgraça da média. – disse revoltada. — Já estou indo... bye baby!
— Tchau.
Andei normalmente para o banheiro para não levantar suspeita sobre minha fuga. Encostei-me à parede, logo em seguida meu telefone vibrou.
Olhei a tela, e alguém havia me mandado a seguinte mensagem:
“O que você está fazendo no banheiro no horário de aula?”
É cada coisa que eu vejo! Ligeiramente respondi:
“Quem é primeiramente, e depois, como conseguiu meu número?”
Enviar.
Quem seria essa pessoa? Obviamente algum retardado daqui. A porta do banheiro abrindo, e seja lá quem for entrou como um raio, e não me deu chances de me esconder.
— Que susto porra! – gritei com Felipe Martins. Aqui eu não estava trabalhando.
— Filando aula? Não acredito... – disse zombando. — Você com certeza não é mais o Miguel de dois anos atrás... Você sabe que não pode levar muitas advertências por ser bolsista, não é?
Ele tinha razão em tudo.
— E você continua o mesmo idiota de sempre. – disse olhando seus olhos. E que maldito olhos.
E um sorriso se formou no canto da sua boca. Eu não era obrigado a isso.
— Você venceu! Não vou ficar aqui com você! – disse passando por ele.
Felipe segura meu braço com uma certa agressividade e me puxa de volta.
— Que inferno garoto, o que você quer?! – tentei me desfazer da sua mão, mas era praticamente impossível. — Me solta. – falei com os dentes cerrados. — Agora... ou...
— Ou o que? – chegou mais perto e me observou. — Sabe o que mais me intriga em você Miguel? É o seu amor por mim. – ele disse sério.
Tudo bem. Esse era o pior dos motivos de nossas brigas. Eu disse pra ele, no dia 20 de outubro de 2010, claramente que o amava. E ele simplesmente disse que não daria pra gente se ver mais, muito menos sermos amigos. Ele do nada começou a me odiar. Ele fez de tudo para me tirar do colégio, sim, eu admito que eu também queria sair, mas não deu muito certo. Ninguém, a não ser a gente, sabe o motivo da nossa separação.
Ele não ia brincar com meus sentimentos outra vez. Quando ele me soltou, acertei um murro na cara dele. Ele recuou um pouco. Eu não sabia o que fazer agora. Acabei de dar um murro no Felipe Martins! Corri para longe. E ele veio atrás de mim. Eu escorreguei um pouco na quadra de esporte, e já estava morrendo quando cheguei ao campo de futebol sem cobertura, os pingos grossos da chuva começaram a me encharcar. Num momento de ousadia, olhei para trás, e ele estava a menos de um metro de mim, e sua linda boca escorrendo sangue. Caí encantado. Eu merecia uma bela surra agora.
Ele me virou e me puxou pela gola da blusa e me levantou. Coloquei minhas mãos no seu peito, numa tentativa fracassada de afastá-lo de mim, e do seu punho. Ele não estava com raiva, ele estava simplesmente tranquilo. Eu admirava toda essa paciência dele.
— Não gosta de falar sobre amor, Miguel? – perguntou quase gritando, limpando o sangue da boca com a manga da blusa.
— Eu não te amo mais, seu babaca! – gritei.
Ele me jogou no gramado, e depois ficou por cima de mim, me imobilizando totalmente.
— Acaba logo com isso! Me bate! – gritei meio ofegante.
Ele tirou os cabelos negros úmidos da sua testa. E me encarou por um momento.
— Você bem que merecia... - sussurrou.
Ele apertou ainda mais seu corpo ao meu, quase me deixando sem respirar, por mais que eu precisasse de oxigênio.
— Tem certeza que não me ama mais? – perguntou chegando perto. Muito perto.
O garoto mais bonito que vi na vida, e pelo qual ainda sou inegavelmente apaixonado estava em cima de mim. E me perguntando se eu o amava. Mas eu não podia esquecer que foi esse mesmo garoto que me abandonou, quando disse que o amava.
— Absoluta.
— Você não é de mentiras, Miguel... – agora ele tirou o pouco cabelo que estava na minha testa. Não acreditei.
— Por favor, Felipe, acaba logo com isso... – quase implorei.
E a fria chuva casual foi a única testemunha do beijo que ele me deu.