Bem, como alguns leitores demonstraram interesse por esse fato de minha vida, estou aqui para continuar a História.
A voz era de trovão, parecia ser de Oxóssi, O Rei das Matas ou de Tupã, Deus para os índios! O Marcos estava de frente para a direção de onde escutamos a fala que me paralisou, desse modo, como ele estava vestido, simplesmente se embrenhou no meio do mato e sumiu correndo. Quanto a mim, fiquei estático, parecendo uma estátua de praça. A figura dona da voz foi se aproximando e surgiu na minha frente e eu pensando ser um fantasma ou o BOTO (No lugarejo, acredita-se q o boto se transforma em homem para seduzir mulheres e matar homens afogados); mas, ainda estava paralisado sem poder fugir da tal figura q vestia uma calça branca enrolada nas pernas e uma camiseta também de cor branca, embora meio encardida. Era um homem; ele carregava os sapatos nas mãos e uma especie de boné que os militares usavam em baixo do sovaco preso no braço. E ai, ouvi a voz do cara novamente...
A FIGURA: Mas, o que significa isso?! O quê pensas que estás fazendo seu pirralho?!
Eu quis tentar correr, mas, quem disse que pude?! Ai, tudo que me restou, foi colocar minhas mãos no rosto e cobrir meus olhos pra não enxergar o tal homem de branco que estava fazendo eu quase me cagar de tanto medo! E o homem falou novamente...
O HOMEM: Eu te fiz uma pergunta, moleque! Não estás escutando minha voz? Queres que eu de um berro nos teus ouvidos?!
EU: Apenas sacudi a cabeça em sinal de negação; mas, não tirei minhas mãos do rosto.
O HOMEM: Ah, coitadinho do pirralho; ele está quase cagado de tanto medo! Muito bom; pois, se não sabias, o medo traz o arrependimento ao espírito! O medo transforma a humanidade em escrava de si mesma! Sendo assim, já que estás com medo, partindo deste momento, serás meu escravo e deu um berro dizendo...
O HOMEM: Meu escravo, escutou bem?!
EU morrendo de medo e sem olhar pra ele, apenas sacudi a cabeça concordando; então ele disse...
O HOMEM: Muito bem; gostei! Se tudo continuar desse jeito iremos nos entender bem. Se o escravo obedecer seu senhor, logo ele será livre; estamos entendidos? E eu quando já ia concordar com a cabeça, escutei outro berro...
O HOMEM: Responde falando. Não tens língua? És mudo?!
EU: Não senhor, eu posso falar.
O HOMEM: Muito bem! Então me digas porque estás com esse pinto pra fora do short? Achas que por estares nas matas podes fazê-lo voar?
EU: Não senhor, desculpe! E fui tirando as mãos do rosto devagarinho.
O HOMEM: Ainda bem que descobriu seu rosto, pois, eu já estava me preparando para arrancar suas mãos!
Neste instante comecei a chorar baixinho, mas, de nada adiantou, pois, ele percebeu minha respiração ofegante e ai eu desabei num soluço sem fim! Ai, o tal homem segurou minha mão esquerda e disse...
O HOMEM: Calma, meu menino; não precisas chorar, pois, macho nunca chora, morre gargalhando e soltou uma risada medonha!!!
Ao escutar aquelas palavras me mijei todo e o jato da mijada atingiu as pernas dele e; foi ai que mergulhado no terror eu disse com uma voz arrastada...
EU: Num mi mata seu moçu; eu num queru morrê ainda!!!
A figura gargalhou parecendo um capeta quando mais uma alma chega no inferno e em seguida largou minha mão e apertou meu braço falando...
O HOMEM: Me perdoe meu pequeno guerreiro! É, eu sei que você é um guerreiro; afinal, um valente sabe reconhecer um outro valente quando encontra, mesmo q ele esteja confundindo seu adversário com alguma assombração! Você está pensando que eu sou o BOTO DA AMAZÔNIA?
EU: Sim senhor! Ai, sim consegui falar direito, que alivio saber que ele era gente desse mundo; minha mente começou a pensar em como fugir dele, como eu poderia matar a figura se fosse preciso...
O HOMEM: Eu são tão gente quanto você, meu pequeno guerreiro! Eu sou o CAP WALTER da Marinha do Brasil, aperte minha mão e comproves e estendeu a mão pra mim...
EU: Apenas fiz o que ele me mandou fazer, apertei a mão dele sem dizer nada; nem respirei ao menos!
CAPITÃO: Agora podemos conversar, meu pequeno guerreiro?
EU: Podemos, sim, senhor.
CAPITÃO: Pare de me chamar de senhor; O SENHOR está no Reino dos Céus! Me chame de Mal ou de Marinheiro, está certo?!
EU: Tá certo.
CAPITÃO: Como seu olhar já está mais firme, eu posso limpar essas gotas de lágrimas que ainda têm em seus olhos?
EU: Não respondi e passei as mãos no rosto bem rápido e várias vezes.
CAPITÃO: Calma, homenzinho, calma! Como é o seu nome? Você mora aqui pela beirada da praia? Quantos anos você tem? Você estuda?
EU: Meu nome é Mundico...
CAPITÃO: Mundico não é seu nome, disse ele passando as mãos e em seguida uma toalha em meu rosto. Me digas seu nome e responda tudo que perguntei, pois, um guerreiro não tem somente valentia e força, tem que mostrar, principalmente, inteligência. Me respondes,vai!
EU: Me chamo Raymundo, moro la perto do mercado, tenho 12 anos de idade e não estudo, não Marinheiro!!!
CAPITÃO: Muito bem guerreiro; muito bem!!! E me puxou pra um abraço como eu só ganhava da minha Madrinha e do meu Pai, no dia do meu aniversário; em seguida, beijou meu rosto dos dois lados e eu passei logo as mãos, mas, ele tornou a beijar.
EU: Homem não beija homem, Marinheiro!
CAPITÃO: Você está muito enganado; mas, isso, é bom! Significa que você ainda tem inocência apesar do que estavas fazendo; talvez nem saibas o que estavas fazendo, mas, a partir de agora vais saber porque eu vou te ensinar meu guerreiro. Você vai aprender como ser macho na cama, apesar de não ter uma cama aqui! Você vai aprender a dominar uma fêmea, embora seja com um marmanjo como eu, mas, o fato é que eu vou ser sua mulher, meu menino-macho, meu macho-menino!
Pensei em correr de volta pra casa, mas, a partir daquelas palavras, eu passei a entender o que ele queria e comecei a ficar ansioso; ai me desvincilhei do abraço e fiquei olhando pra ele...
CAPITÃO: Hum, meu guerreiro é muito macho mesmo! Fico feliz de saber que você só teme as coisas que estão além deste mundo; pois, agora que já sabes quem sou ate já está me olhando cara à cara, olho no olho! Me fala uma coisa, você quer que esse Marinheiro seja sua mulher, sua fêmea, sua puta? Queres que aprender a foder comigo?! Tenho certeza que você gosta muito de usar esse pauzinho; mas, acho que não tens os modos corretos pra satisfazer aquele teu parceiro numa foda; sendo assim, é hora de aprender, quer?!
EU: Quero sim, Marinheiro. O quê que eu faço? Falei já sem nada de medo...
CAPITÃO: Comeces tirando esse short e afastando essa armas pra longe da gente; depois vem aqui e deixes o resto comigo, certo?!
EU: Tá certo, eu disse e foi logo enfiando o terçado numa árvore e o varão no chão e foi pra perto dele...
CAPITÃO: Hum, que pressa! Meu homenzinho está com fome, é?! Só que precisamos esperar um pouco, pois, estamos na beira da trilha e precisamos de um espaço onde possamos ficar bem à vontade. Você conhece algum? Onde costumas meter naquele moleque que estava com você? Não me respondes; estou com ciúmes dele, por tanto, vamos pra um lugar nosso e quero que você me mostre esse espaço bom!
Apesar da ansiedade, vesti meu short, peguei as armas e fui caminhando mata à dentro e ao olhar pra trás vi que ele estava parado e me olhando; ai chamei ele e acelerei meus passos por entre as árvores. Não demorou eu escutei os passos dele quebrando talos de mato seco; mas, eu não procurava lugar nenhum, só queria sair da beira do atalho. Após caminhar certo tempo, escutei ele dizer...
CAPITÃO: Aqui tá bom, meu guerreiro! É neste canto de sua mata que você vai aprender a comer cu homem e; ouça bem, eu disse cu de homem e não daquele moleque de quem já sinto raiva, inveja e ciúme! Tires seu short, vai! Tira essa peça que me impede de provar esse queijinho do Marajó!
Quando escutei aquelas palavras, me senti recebendo um presente, mas não sabia como poderia demonstrar minha alegria; então, simplesmente e parei e comecei a fazer o que ele mandou... Cont.
