Eu estava num sono tão pesado desde que eu descobrira aquelas coisas sobre aquele grosso.
— Ei, ei, acorda — disse alguém do meu lado, balançando-me.
Era Augusto. Será que ele não tinha senso do ridículo?
— Sai daqui! — eu disse, me enrolando mais no edredom, ficando meio que em posição fetal.
— Por quê? — disse ele.
— Cadê teu anel? Onde será que tu o escondes? — falei pegando em sua mão. Sentei-me na cama.
— Que anel? — perguntou ele puxando sua mão.
— Do teu noivado! — falei, tornei-me frio. Ele arregalou os olhos.
— Olha, não é isso que tu tá... — tentou falar.
— Não é isso uma ova! — interrompi-o apontando meu dedo para seu rosto. — Tu não vai conseguir nada comigo, entendeu?
— Seja lá o que o Bruno te disse, tudo é mentira! Eu já não te disse que ele tem interesse em ti? — falou ele tocando minha coxa.
— Que seja! Eu sabia que tinha algo de errado contigo — disse atraindo-o para fora de meu quarto. — E se é tão mentira por que tu ficaste tão irritadinho daquela hora? Ah, e eu troquei de número, só para constar... — Menti. Escapuli porta adentro de meu quarto. Fechei a porta.
— Porque... Porque ... — falou do outro lado da porta. — Ah, quer saber? Tu não quer falar comigo que seja!
Primeiro bloqueei o número de Augusto para qualquer tipo de contato. Depois peguei meu computador e digitei Facebook.com e dei enter. Por mais que eu tivesse sofrido com aquela rede social, por causa de Matheus, entrei. Fui até o painel de controle e desbloqueei o Bruno e acessei seu perfil. Ouvi o carro dele ligar.
Daí pensei “Rá, vou pegá-lo na ra-ta-da!”. Pesquisei com gosto e achei-o, só queria ter a razão. Lá estava ele com aquele sorriso cínico abraçando uma mulher com um bronzeado indígena. Sorri. Bateram na porta
— Quem é? — perguntei.
— Sou eu! — falou a voz de Ana. Abri a porta. — O que foi isso? Por que não foi? — disse uma rainha de copas com um coelho ao lado.
— Dor de cabeça fumada. Besteira, mana, coisa de criança. — Fiz uma careta tipo “bláh”.
— Olá, Henrique — disse Tiago ao seu lado.
— Pode ir Tiago. — disse ela beijando-o no rosto.
— Tá, tás me expulsando mesmo, tchau. Tchau, Henrique. — disse Tiago.
— Vou te levar até o carro. — disse a ele.
— Tudo bem. — ele abriu um sorriso.
Papai olhou com um carão para mim enquanto passávamos pela sala.
— Boa noite. — disse Tiago.
— Boa noite. — disse mamãe enquanto papai ficou calado.
— Melhoras. — Tiago me estendeu a mão, segurei-a. Sentir um tremor pelo corpo.
— Obrigado. — Abracei-o. Seu perfume me inebriou. — Sei lá, quando tu quiseres pode volta, viu? — sorri.
— Com certeza voltarei. — disse ele entrando no carro. Subi as escadas. Não sei nem como papai não me chamou.
— Que isso!? — disse Ana com os olhos arregalados. — Ele não é só teu? Ah, meu Deus!
— Para, Ana, eu não sou! — disse me sentando na cama.
— Para, tu. Todo mundo já te conhece. — Ela riu.
— Sou educado, é isso!
— Para de fingir!!!! EU SOU TUA AMIGA!!!
— Tudo bem!! EU SOU... — dei uma pausa. — Testemunha de Jeová. — Comecei a rir da cara dela, que por mais que fosse séria se desfez num sorriso imenso de rainha de copas.
— Fala sério... — disse ela.
— Tá, graças a tua pressão psicológica eu falo!! — eu disse — Eu sou gay! Desde que eu nasci! Que droga! Isso tem importância?
— Tem! — disse ela. — Mas todo mundo já sabe! — disse ela rindo. Vou me trocar pera. — disse ela. — Vê se não foge! — Fiz barulho com os lábios. Fui para a varanda, melhor lugar para se ficar, ficar no meu balanço.
— Tá, o que foi que aconteceu? — Perguntou-me.
Abracei-a e comecei a contar a ele tudo. Nada de lágrimas.
— Minha Nossa Senhora da Santa Ordem Seiládasquantas. — disse ela.
— Ah, para! Nem é chocante! —falei. — Tô cansado. — Me levantei.
— O Tiago é.
— O quê? — falei me sentando de novo.
— Ele é gay.
— Tu és a capa dele? — falei. — Mas ele me disse que era BI, como é isso?
— Um tá sabendo das gírias, né? Ah, sei lá... só sei que não tô afim dele.
— Nossa, não era isso que me parecia daquele dia que fui para tua casa. — falei rindo. — Ele até me dá uns olhares sabia?
— Ai, mas se ele não fosse!!! — ela riu se abanando. — Rolou uns amassos, só isso.
— De carinhas confusos já basta eu!
— Mas o Bruno!! Não acredito!— ela falou.
— Ai, sei lá ele é Gr!!!! — rimos.
— Mas é um puto gostoso! — Na hora que ela falo eu me calei. — Admite que é!!! — falou ela rindo.
— Tenho que tomar meu banho para dormir. Quase onze horas! — Corri para o banheiro. Ou fugi?
Ela deu três pancadas na porta — Tu vai sair daí safado!! — Nós rimos cada um em seu lado. Encarei o chuveiro e a água me refrescou. Quando eu sai do banheiro Ana disse:
— Teu parece querer falar contigo e não tá com cara para amizade — falou ela torcendo a boca.
— É por causa dos pais do Augusto! Money Money, honey. — ela riu.
— Por isso te digo Brunão, gostosão... — Eu ri.
— Babacão! — falei do corredor e logo depois sussurrei — Enrustidão. Bora pegar algo para comer?
— Olha quem fala! — falou se jogando para trás na cama. — Ai... não sei... Bora! — Se levantou.
Cheguei à cozinha e peguei um bolo estilo formigueiro meio congelado da geladeira.
— Ai, meu Deus, que delicia! Quem fez?
— Sei lá, tava ai! — Peguei o refrigerante. — Por que viestes aqui? E tão cedo!?
— Não ia ficar sem minha bi favorita, né mesmo? — Piscou rindo.
— Para de graça — falei rindo.
— Tu ficando com aquele babaca! Sei lá ele até parecia um rocambole bem gostoso! E ai, ele tinha pegada? — levantou as sobrancelhas.
— Não fiz nada com ele. Só uns pegas, sabe? Beijos... Dá até um pouquinho de saudade. Foi meu primeiro, sabe? Credo tás se embuchando ai! — falei num riso meio “mundo da lua”. Realmente, lembrar-me dele me dava saudade. Ele me marcou? E a corujinha, hahahahaha. Eu amava alisá-lo.
— Claro! Só bebida... Ninguém fica em pé! Graças a Deus teus pais não perceberam! — falou ela comendo outra fatia. — Migo, tu ainda é virgem?
— Não.
— Hm, com quem foi, hein?
— Foi muito bom! Nota tipo oito.
— Mano tiveste sorte. A minha doeu pra caralho!
— A minha também doeu. Não quero contar detalhes sórdidos.
— Tá, mas com quem foi?
— Não importa.
— Teu vizinho?
— Claro que não sua anta!
— Tu não gosta?
— Não, eu o amo!
— Putz... Tás ferrado!
— O problema é meu!
— Bora dormir, daqui a pouco eu te agarro. Logo que eu tô bêbada
— Tu não tá bêbada! — falei subindo a escada.
— Quem tá bêbado ai? — disse a mamãe.
— O Alex — gritei para ela.
— Quem? — perguntou mamãe.
— O meu namorado — disse Ana.
— Tudo bem. — disse mamãe passando perto da gente.
Eu e Ana olhamo-nos com cumplicidade e começamos a rir. Mamãe nos olhou como se quisesse nos esganar.
— Parei. — eu disse.
Antes de dormir. Ana começou a me contar sobre um Felipe do verão e que tava louca para reencontrá-lo. Que era tipo meu vizinho: very, very bad and hot!!
Depois de conversarmos e mexermos com Ricardo horas e horas a fio, acabamos caindo no sono. Nossa... mexer com o Ricardo deu-me uma adrenalina da porra, hahahahahaha. Ai mesmo que ele se exibia. UouNão deu para fazer algo como prometi, pois, tô com um imprevisto chatíssimo, desculpem-me !! Beijos, hasta luego ;)