Continuando...
-Alô.
Definitivamente não era a voz dele.
Era uma voz femenina, uma voz
aguda e extridente.
Eu não falei nada, não conseguia.
-Alô, quem é?
Eu calado.
-Olha aqui idiota, eu sei quem é. E
se você continuar correndo atraz do
meu namorado eu vou acabar com
você. (outra voz enterrompeu)
-me da esse telefone Andreia!
-não. Larga...
Ouvi um barulho de estrondo, e logo
após a ligação caiu. Cara meu queixo tava no chão, não só ele mas meu celular tambem.
Como ele pode fazer aquilo comigo?
Realmente eu era muito idiota de achar que um garoto como ele ia me querer alguma coisa comigo.
Acho que desde o começo ele só queria brincar comigo. Eu devia ter virado as costas pra ele de uma vez quando peguei aquele preservativo em seu bolso. Na verdade acho que nunca devia nem ter olhado pra ele. Assim não iria estar machucado como estava.
Me deitei novamente, ainda totalmente atordoado. Não queria mais pensar em nada, só queria dormir e quando acordasse, percebesse que aquilo não passou de um sonho ruim.
Lagrimas e lagrimas rolavam em meu rosto, fazendo encharcar o travesseiro, com aquelas gotas de dor.
Meu desejo de dormir e esquecer não se concretisou. Ouço minha mãe bater na porta e entrar. Era costume dela bater e ir entrando.
Quando me viu, ali. Jogado. Colocando o coração pelos olhos. Ela correu e me abraçou.
Foi engraçado, por que mesmo sem saber de nada ela me confortava como se ja soubesse de tudo.
Ela: calma meu amor... O que aconteceu?
Eu: mãe, meu mundo acabou... D.. De desabar.-disse soluçando.
Ela: você quer conversar?
Eu: não, mãe. Só quero que você me abrace.
Apertei mais ainda minha cabeça em seu colo. Ela não perguntou mais nada. Quando me acalmei mais, ela desceu para preparar algo pra mim comer. Apesar de eu insistir muito que estava sem fome.
O bom da minha mãe, é que ela não fica rondando. Ela pergunta apenas uma vez, e mesmo que sem saber nada ela entende tudo.
Após pensar um pouco decidi que não iria mais chorar por quem não me merecia. Me animei, mais, mesmo que sendo quase impossivel.
Felizmente consegui disfarçar bem perto do meu pai. Eu e minha mãe decidimos que ainda não era hora dele saber, então quando ele vinha com aquele papinho de "filho pegador" eu infelizmente tinha que dar uma rizadinha sem graça.
Passei o resto do dia deitado, assistindo filmes com meus pais. Os filmes até que eram interessantes, mas meus pensamentos estavam ancorados nele. Tudo que eu fazia, tudo que eu pensava, ele sempre vinha em minha mente. Por mais que tentasse ele era como uma sombra. Onde quer que eu estivesse lá estava ele.
Com aquele sorriso lindo, o cabelo bagunçado e ao nesmo tempo incrivelmente alinhado. Os olhos negros e misteriosos, o corpo, a pele branca e macia como veludo. Tamanha perfeição se recusava a deixar minha perturbada mente.
Na segunda, não tive a menor vontade de ir à escola. Especialmente porque não estava pronto para encara-lo. E o pior seria se ele viesse falar comigo como se nada houvesse acontecido. Ai eu não aguentaria e quebraria a cara dele!
Terça, quarta e quinta, deu no mesmo. Não tinha a menor vontade e disposição pra ir ao manicomio.
Minha mãe mesmo não querendo teve que se meter em meu casulo interno.
Estava eu, com a comida na boca, e o maxilar imóvel.(tenho essa mania de por a comida na boca e esquecer de mastigar rsrs)
Estava no mundo da lua. toltalmente. Quando vejo vultos à minha frente.
Era os braços de minha mãe me acordando pra vida.
Eu: há, oi mãe. -disse com a boca cheia.
Ela: filho, eu estou sinceramente preocupada com você. Você não ta comendo direito, dorme o dia todo, quase não fala comigo e com seu pai. O que vamos fazer a respeito disso?- terminei de engolir e dei uma breve pausa olhando em seus olhos azuis.
Eu: mãe, me desculpe mas é que... Eu estou passando por uma fase meio complicada e não tenho a minima vontade de fazer nada.
Ela: ok. Filho, eu sei, mesmo você não me falando, que tem algo te machucando, e que tem haver com aquela pessoa do outro dia, certo?
Eu: é...-disse hesitante. Mesmo minha mãe sabendo que eu era gay, ainda não me sentia à vontade pra conversar sobre isso com ela.
Ela: tabom, de uma vez por todas. O que aconteceu?- senti as lagrimas chegando, mas consegui segura-las antes que escorressem pelo rosto. Respirei fundo e comecei.
Eu: eu estava namorando um garoto... Eu acho. O nome dele é Fernando, estuda na minha escola, e...
Ela: eee?
Eu: e eu acho, ou tenho certeza que ele só queria brincar comigo. Eu liguei pra ele, e uma grota atendeu dizendo que era namorada dele.
Ela: e como você tem certeza que ela era realmente namorada dele?
Eu: porque eu ouvi a voz dele mãe!
Ela: Pode ate ser, mais você não vai mais ficar em casa perdendo aula por calsa dele.
Eu: mas mãe! Ele vai ta lá.
Ela: você vai mesmo querer passar o resto da sua vida sofrendo por calsa dele?
Eu: não mas...
Ela: mais nada. Você é forte, lindo, e inteligente. Então mostra que quem perdeu foi ele .
Eu: tem certeza?
Ela: claro!
Sendo assim no outro dia lá estava eu. Na portaria do colégio. Pensando se deveria realmente entrar ali. Então olhei para o lado e lá vinha o carro dele. Voei o mais rapido que pude pra dentro da escola. E logo estava eu sentado na segunda cadeira da terceira fileira. As meninas logo vieram me entimando a contar por que não tinha vindo para as aulas. Inventei umas desculpas e depois elas aquietaram.
Logo apos a entrada do professor a Ana veio ate mim, e começou a cochichar.
Ela: ei!
Eu: o que foi?
Ela: Uma coisa engraçada aconteceu ontem.-olhei de canto do olho.
Eu: o que?
Ela: o Fernando perguntou por você.
Um friu atravessou a minha espinha nessa hora.
Eu: o Fernando?
Ela: é!
Fiquei calado.
Ela: mas o mais engraçado é que eu não me lembro de vocês serem amigos, e muito menos que ele tinha o seu numero!
Ela chegou bem perto do meu rosto e me olhou seria, desconfiada, com os olhos apertados como se estivesse olhando dentro da minha alma...
Continua....
Por agora é só pessoal. Tentarei postar ainda hoje a parte 8, é que a parte mais interessante não deu pra contar nesse capitulo. Bjuuu lindos;)