Sim, nós podemos 22

Um conto erótico de Patrick
Categoria: Homossexual
Contém 1327 palavras
Data: 10/01/2014 18:09:26

...

Não demorou e eu estava indo embora, nos despedimos com um beijo, a tristeza nos dominava, eu só consegui dizer "nós podemos" e ir. Eu esperava que um dia nós pudéssemos ficar juntos ou voltar a ter nossa amizade sem que ninguém atrapalhasse e eu iria esperar ele voltar. Não era certeza que ele iria, mas eu sentia que era isso que o pai dele faria, nos separaria a qualquer custo. Um drama adolescente em tanto para a nossa história e idade.

Aquela semana foi tensa, não sabia o que estava acontecendo, ele não me atendia. A novidade era que eu já me comunicava com o Carlos através de redes sociais, ele já sabia de tudo pois eu contei e ele me ajudava a ser firme. Outra novidade foi a mudança do meu irmão para o novo apê, eu pedi para morar com ele, meus pais e ele autorizaram de pronto por saberem da nossa união. Passei a morar com meu irmão e aquilo me aliviou, ficar em novos ares.

Uma semana depois daquela briga toda, o irmão dele me procurou e contou que aconteceu o que eu esperava, ele foi para outra cidade morar com os pais, o irmão dele me contou com lágrimas nos olhos, certamente se sentindo culpado. Disse também que poucos da família deles já sabiam da sua sexualidade porque seu pai não permitia que ele se assumisse e imaginava que ele "tivesse jeito" e fosse mudar a sua "opção" sexual. O irmão dele não escondeu que também queria que ele mudasse. Eu apenas escutei, quando ele acabou de falar eu agradeci por avisar e estava embora, mas ele me chamou segurando meus ombros.

- Foi melhor assim, Patrick.

- Melhor? Tu não sabe o que tá falando, playboyzinho. Vocês nem procuram entender. Esse tempo e distância não vai mudar nada, otário.

Eu falei aquilo para pôr pra fora mesmo, ele ficou me olhando estranho, querendo partir pra cima de mim, eu acho, mas ele virou e foi embora. Eu fiquei andando desnorteado pela orla, me senti sozinho novamente, como já estava me sentindo há um tempo. Parei e me sentei e acordei com o sol batendo no meu rosto, assim mesmo, rápido. Peguei um susto quando fui pegar no bolso e cade o celular? Tava parece um mendigo e fui pra casa dos meus pais a pé já que era mais perto que o apê.

Cheguei na casa, até meu irmão estava lá, e tome interrogatório, tive que escutar muito por ter dormido na orla, me perguntaram o motivo mas eu ficava sem responder e fui tomar banho. Saí do banho e fui pro meu antigo quarto, meu pai tava lá.

- Eu... É... Eu acho que sei o motivo...

- Sabe? É, o senhor deve saber mais ou menos.

- Quer me falar agora?

- Pai, é, assim...

- Olha, eu sou dos costumes antigos mas eu vou procurar entender e quero saber de ti, meu filho - Nessa hora não aguentei e chorei pela atitude dele.

- Obrigado pai. É... Assim haha - quando tô nervoso fico rindo - É, eu sou gay.

A cara dele foi engraçada, ele ficou querendo ri e não segurou, ficamos rindo um tempo até que ele falou:

- Ta bom, eu já esperava, passei um tempo pensando e conseguir aceitar, filho. Pelo menos eu acho, é muito estranho essa coisa. Sei que não sou o pai mais carinhoso e senti vontade de te bater quando desconfiei, até agora pouco também, mas nunca faria isso com você em sã consciência. Mas por agora queria saber o que tá acontecendo contigo.

Aí eu fiquei olhando para ele sem ter o que falar nem como, puxei todo o ar que pude e comecei a contar a história pra ele. Não todos os detalhes, porque falar que transei com homens pra ele seria abusar da sua paciência. Ele me interrompeu.

- Espera, aquele loiro que tava cantando pra ti era só teu amigo, mas você gostava dele e ele foi embora. Correto?

- Mais ou menos isso.

- E um baixinho que já apareceu por aqui é o menino que você "ama"? - É, ele fez aspas.

- Sim, pai haha, eu o amo.

- Espera, calma. É, assim, vou pensar como se fosse mulher, é menos complicado... Vocês se gostam e esse é o problema?

- Pai... O pai dele descobriu, e... Eu fui na casa deles pra dar apoio, mas..

- Diz de uma vez, Patrick.

- Eu cheguei lá, fomos para o escritório... Nós discutimos e ele me deu um tapa.

- Mas o que? Caralho, quem é esse filho da puta? Nem eu bato em ti. Me leva até ele agora! - gritou meu pai. Ele não suportava quando alguém fazia algo para nós. Ele não era muito violento, mas quando queria chegava a assustar. Ele mudou de humor muito rápido, eu estava com medo mas falando firme.

- Pai isso só iria piorar as coisas.

- Foda-se, Patrick. Eu vou quebrar esse cara.

Meu pai já havia praticado algumas artes marciais quando jovem, ele era alto e gordinho mas não muito. Eu entendia a revolta dele e na mesma hora me arrependi de ter falado.

O meu irmão já estava batendo na porta pra saber da gritaria.

- Não pai, esquece isso. Vai ser pior. Eu quero apoio e não vingança por um tapa.

- Porra de apoio, tu é um viadinho mesmo.

Ele falou e me deixou totalmente sem reação, ficou um silêncio mais que doloroso. Eu cheguei a pensar que ele tinha mesmo entendido, mas era o que ele também queria acreditar. Infelizmente, ambos estávamos errados.

Ele saiu abrindo a porta com força e meu irmão apareceu com uma cara triste, se apoiou na porta me olhando.

- Escutou tudo? É... Acho que sou um viadinho mesmo, por não querer me vingar - Falei sentando na cama.

- Não, mano. Tu sabe que ele não pensa isso de verdade, só tá de cabeça quente - Falou Jair me abraçando.

- Só me leva pro ap, por favor.

Terminei de me arrumar e me despedi da minha mãe. Fomos para o ap, só cheguei e dormi.

Bom, aqui a parte da minha vida que eu quase entrei em depressão, ou fiquei mesmo e não procurei ajuda. 2012, o pior ano da minha vida. Estava sem os dois garotos que eu amava, falava apenas com o Carlos, não tinha nem notícias do Marcus. Às vezes via o Marcelo mas ele meio que fugia. Nesse ano cheguei a fazer algumas amizades, transar com algumas meninas, só pelo carnal, pra gozar. Eu sei, muito idiota mas nós não conseguimos segurar tanto isso.

O ano passou devagar, muito devagar, Carlos me falava de alguns garotos que conhecia, que os portugueses eram gatinhos, me chamou pra passar férias lá e eu topei. Esperava tanto pelo final do ano.

Já era setembro, mês do aniversário do Marcus. Saber que eu não o veria, nem poderia desejar um feliz aniversário, nem dar um abraço, um beijo, me deixava hiper pra baixo.

Já era tempo de eu ter superado, mas a formar que nos separaram fazia isso ser impossível. Eu sentia falta sempre dele, do sorriso de menino, do olhar de gato de botas, da pele, do cheiro de criança. Dele por inteiro.

Minha esperança? Estava diminuindo. Passei quase um ano sem falar com ele. Não sabia nada, nem se ele já havia desistido. Se ele estava namorando uma garota para fazer as vontades do pai. Se tinha cedido. Eram muitas perguntas, e elas logo seriam respondidas.

...

Volteeei, tava viajando, no interior do interior, desculpem-me.

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Fabi28, Gik, Lena78@, kyryaq, JGA: Obrigado! O apoio de vocês e comentários sempre me deixam bem.

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Tay Cris: Sim, sempre este que nos faz agir por impulso, mesmo assim nos faz feliz, porque mesmo sofrendo quer dizer que estamos vivendo (:

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Tack: Não se preocupe, para tudo há seu tempo, aposto que você vai encontrar um carinha legal. Mesmo que as pessoas reprimam e te julguem, ligue o foda-se, deixe que elas percam a vida delas falando falandoa sua enquanto você a vive lindamente haha.

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Abraços à todos!

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Comentários

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MUITO BOM, TU SOFREU MUITO NÃO FOI?

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Eu me identifiquei com essa parte da sua vida e muito doloroso mesmo perder alguem que se ama de mais...ta perfeito...bjs

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Tadinho do Marcus, seu pai mancou em te chamar de viadinho, curtindo mt teu conto

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