Comecei a observar Ivan servindo um senhor que acabara de chegar. Ele já aparentava ter uns 60 anos. Estava tomando whisky. Acabei chamando Ivan.
- Pois não?
- Ivan, você conhece aquele senhor?
- Sim, é seu Gomes. Cliente do seu Cesar. - eu estava bebendo mesmo na hora que ele encerrou a frase. Quase me engasguei. - Tudo bem, Lorena?!
- Sim sim. Me dá só esse pano pra enxugar aqui...Ivan, você conhece seu Cesar?
- Claro, quem não o conhece aqui? Sou capaz de saber que você ou é cliente dele ou "trabalha" pra ele.
- A segunda opção. - falei terminando de me enxugar.
- Mais um chopp, senhorita?
- Claro, a conversa está ficando muito boa! Tenho mais algumas perguntas pra você.
- Pode deixar, saindo mais um chopp!
CONTINUAÇÃO...
Enquanto Ivan foi pegar meu chopp, chegou um rapaz e sentou na mesa desse seu Gomes. O rapaz ficou sentado de costas pra mim. Estava com uma camiseta, uma bermuda e usava tênis. Dava pra ver que tinha um porte atlético, apesar de não ser musculoso. A distância não permitia que eu ouvisse a conversa. Enquanto isso, Ivan chega com meu chopp
- Mais um para a moça bonita!
- Obrigada, Ivan. Me diz uma coisa, você conhece o rapaz que está sentado lá?
- Sim, conheço. É o...
- Ivan!!! - um senhor de dentro do bar gritou pelo meu garçom. Ivan imediatamente foi atender, pela subordinação dava pra ver que era seu patrão.
Fiquei olhando os dois homens conversando. Seu Gomes bebia whisky, o rapaz cerveja. Estava curiosa pra ver seu rosto, mas de onde eu me encontrava não era possível. De repente vi o tal do seu Gomes passando a mão no rosto do rapaz. Eu olhava discretamente a carícia do homem de idade no rapaz.
Seu Gomes então tirou do bolso sua carteira. Pegou algumas notas e deu ao rapaz. Logo em seguida se levantou e saiu do bar.
- Ivan! - gritou o rapaz. Aquela voz não me era desconhecida. Aproveitei e chamei o Ivan também:
- Ivan!
Enquanto Ivan terminava de receber o dinheiro da conta do rapaz e caminhava ao meu encontro, o rapaz se levantou e então pude ver seu rosto.
- Meu Deus do Céu! - falei quase em voz alta.
- Que foi senhorita?! Viu fantasma? - perguntou-me Ivan, visivelmente horrorizado com minha expressão.
O rapaz era André! Meu Deus, eu estava atônita. Não sabia o que fazer. E o pior aconteceu:
- Lorena?! - pronto, ele me viu!
- Vocês se conhecem? - perguntou Ivan sem entender nada.
- Somos praticamente vizinhos. - respondeu André sem tirar os olhos dos meus.
- Senhorita, tudo bem?
Meu mundo parou totalmente. Ainda precisava assimilar a cena que acabara de ver. André como garoto de programa e ainda de um homem! O choque foi enorme.
- Lorena?! Lorena?! - depois de alguns momentos eu aterrissei.
- O que você está fazendo aqui, André?! E com aquele homem? - peguntei ainda meio sem acreditar.
- Acho que o mesmo que você. - André me respondeu na lata.
- Bom, vou deixar vocês à vontade. - falou Ivan se retirando da cena.
André sentou ao meu lado. Ficamos nos encarando durante um bom tempo. Então resolvi tomar o rumo da conversa:
- Meu Deus, André! Há quanto tempo está nisso aqui?
- Sabe o final de semana que eu disse que ia viajar com meus pais? Pois é, foi meu primeiro.
- Ai André, está vindo na minha cabeça toda conversa com o seu Cesar. E o pior, estou imaginando você e aquele velho, meu Deus...
- Lol, Lol...ei me escuta.
- Não toca em mim, André! Você me disse que não gostava de homens, quase teve um treco quando me confessei a você e agora vejo você se envolvendo com um homem! Ai meu Deus, onde fui me meter!
- Ei calma aí! Não venha se fazer de santinha! O que você está fazendo aqui se não é o mesmo que eu?
- É diferente!
- É diferente é o caralho! - André nunca tinha falado comigo assim, e continuou: - No final estamos fazendo a mesma coisa, não importa com quem seja!
Tive que admitir que ele estava certo. Mas eu ainda não pudia acreditar no que acabara de viver. André pegou meu chopp e tomou um gole. Então vieram as minhas lágrimas.
- Ei Lol, não chora. Desculpa se gritei com você. Vem cá. Deixa eu enxugar suas lágrimas.
André pegou um guardanapo e começou a secar meus olhos. Nossos olhares estavam juntos novamente. Os bons momentos retornaram à minha mente. Sua boca estava ali, há pouco centímetros da minha. Não tinha como evitar, iríamos nos beijar.
- O que pensam que estão fazendo? - fomos interrompidos!
CONTINUA...