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Depois de muito tempo eu sabia de novo o que era está feliz, os sorrisos bobos. Ao mesmo tempo em que estava triste, por não sentir ele, mas só de escutar a voz dele me revigorou. Minha esperança aumentou em saber que era recíproco o amor, a saudade e a esperança.
Setembro passou, chegou outubro, finalmente criei vontade para tirar a minha carteira de habilitação. Foi tudo bem, já sabia dirigir desde os 16. Era visível a minha mudança, nesse mês fui mais uma vez na casa que agora era apenas do Marcelo, para saber de tudo e dar os recados.
- Oi, Marcelo. Pode falar agora? – falei após ele me atender na porta.
- Fala, Patrick. Têm uns amigos meus aqui e o Vini também. Estamos bebendo, não quer aliviar a cabeça um pouco?
Não tinha por que negar, eu estava precisando, então aceitei o convite. Eram mais dois homens além do Marcelo, do Vini e eu.
- Aí galera, esse aqui é meu colega Patrick – falou o Marcelo me apresentando. Eles se apresentaram, mas só me lembro do que aparentava ser mais velho, Pedro, tinha uma barba sem falhas, era forte, olhos verdes e voz grossa, sorriso marcante.
- Tu sumiu, parceiro. Depois que mudou de escola nunca mais te vi, nem pela rua – falou o Vini.
- É, não tô saindo muito...
- Bom, estamos em cinco agora, vamô fazer alguma brincadeira com as bebidas? – sugeriu o Marcelo. Todos concordaram, e eu meio apreensivo, não sou fraco pra bebidas, mas também não sou forte.
Eu não me lembro bem o nome da brincadeira, mas acho que era “só perguntas”. Consistia em fazer perguntas a qualquer um da roda, mas eram perguntas engraçadas, a pessoa perguntada tinha que responder com outra pergunta e não podia demorar muito. Se alguém risse tinha que beber. Eram shots de tequila.
Quem começou foi o Marcelo com o outro cara. Eles só perguntavam besteiras, e a maioria tava rindo, logo, estávamos ficando bêbados. Já tinham sido umas sete rodadas, era a vez do Pedro e nessa ele perguntou para mim:
- Verdade que quando tu transa com uma mulher ela geme igual uma “hipopótama” com gases? – perguntou Pedro. Só o Vinicius que já estava bêbado riu.
- E tu quer gemer igual um hipopótamo com gases? – revidei. O carinha e o Vinicius riram. Beberam.
- Não seria muito incomodo? – Respondeu rápido. Marcelo tava olhando apenas.
- Depende se o seu, é muito apertado? – Já estava esquecendo que eram apenas perguntas. Vinicius agora estava rindo e bebendo sem parar.
- Não era você que deveria me responder essa? – falou rápido e meio atropelando.
- Não haha.
- Ráaaa, perdeu! Tem que beber! – disse apontando para mim.
- Beberei, mas agora responde: é apertado? Hahaha.
- Não vou nem responder... – falou me olhando de lado enquanto bebia devagar. Eu virei o shot e olhei pro Marcelo, ele estava me olhando com uma cara estranha do tipo “o que foi isso?”.
A brincadeira parou por aí, depois ficamos bebendo e rindo do porre do Vini. Eu dormi lá em um quarto com o Vini e o carinha. No outro Marcelo e o Pedro. Acordei cedo, relógio interno é uma droga, com uma dor de cabeça razoável, fui pra cozinha e Marcelo tava lá, ele era o que tinha ficado menos bêbado.
- Bom dia, Marcelo – falei me sentando na cadeira.
- Fala aí, mano – respondeu de costas.
- Valeu pelo convite, tava precisando de um porre.
- Que nada... – ele estava estranhamente monossilábico.
- Marcelo, o que foi que aconteceu?
- Quero falar contigo... – falou se sentando de frente pra mim na mesa.
- Tô ouvindo.
- Sabe o Pedro... Bom, a gente se conhece ha um bom tempo, uns seis anos. Um dia, estávamos numa balada e ele ficou bêbado, eu trouxe ele pra cá e ele tentou me beijar...
- Tá, e daí?
- E daí que eu acho que ele é gay.
- E?
- E que eu... Não sei, acho que tô incomodado.
- Tu gosta dele? Sente atração?
- Claro que não, porra! Sou homem!
- Eu também sou homem, e veja só, eu amo seu irmão.
- Já disse que não sou gay, Patrick, porra...
- Tá bom, okay. Eu não sei como te ajudar. Se você é homem e não sente atração por ele, não há problema.
- Pode ser, não sei por que do incomodo... Mas mudando de assunto, tu quer saber do meu irmão não é?
- Sempre! – respondi com um sorriso.
- A novidade é que nosso pai está voltando a confiar mais nele, ano que vem ele vai para uma escola normal, sem mais aulas particulares. O namoro dele agora tá um amor, só fingimento, claro. Meu pai nem desconfia que sou correio de vocês e... isso é estranho, mas ele mandou um beijo e pediu pra te dizer que ele te ama – Ele falou e fez um coração com as mãos, muito desajeitado.
- Haha tu é ridículo fazendo isso. Que bom que tá tudo melhorando pra ele. Quando tu vai lá com ele de novo?
- Final do mês para o aniversário de uma tia.
- Manda um beijo pra ele, diz que eu tô morrendo de saudades. Fala que eu tô bem e seguindo minha vida de um jeito melhor, saindo mais. E que eu amo ele – falei fazendo um coração com as mãos também.
- Haha pode deixar.
- Vou indo então, Marcelo. Deixa um abraço pros moleques aí. Me avisa qualquer coisa, tens meu número, e leve o celular pra viagem, por favor!
- Relaxa!
- E aaah, quase ia esquecendo... Cuidado com o Pedro, homem! Hahaha.
- Ah vai se fuder, Patrick!
Eu ri e fui para casa. Essa história do Marcelo estava muito esquisita, parecia com medo de ser gay também, mas eu chocaria se ele fosse, tem um jeito tão heteroE é isso, agradeço a todos que leem, sei que tá em falta as cenas “hot”, mas foi assim que ocorreu.
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dani3l: Obrigado! Mas exagero kk. E sim, espero. Mas espero só o respeito pelo nosso relacionamento, em relação aos pais dele.
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Binho Subtil: Obrigado. Amor só acontece uma vez, é bom valorizar.
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Tay Cris: A Thousand Years, música perfeita, também nos lembra, com certeza eu o amarei por mais mil anos.
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Tack: Siga seu caminho, eu acredito muito no destino, só não se desespere e seja forte!
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Thiago Silva; fabi26; Ru/Ruanito: Sempre presentes aqui. Obrigado pelos comentários! (:
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Abraço a todos!