Cocei meus olhos e abri-os.
— Buh! — falou Ana.
— Ai, credo que susto monstra!
— E ai, goiano? — falou ela.
— Como tu soubeste onde eu tava? — perguntei.
— Um doce chamado Amélinha.
— Mamãe, a bocuda. — falei me levantando. — Que horas são?
— Duas da tarde. — falou ela apontando para o relógio.
— Já almoçastes? — perguntei.
— Já. Tua vó me manda para te acordar. — falou. — Disque tu tás com muita dor de cabeça?
— Besteira coisa rápida! Exagero, sabes? Coisa de vó e de mãe... — falei indo para a cozinha. — Sacanagem tua me deixar sozinho com o Bruno ontem!
— E ai, foi tão ruim? — perguntou enquanto eu montava meu prato.
— Ele é legal, longe do grupo dele. — falei. Ana se sentou — Mas deu um trabalhinho ensinar ele. Até que ele sabia algumas coisas...
— Tás falando meio apaixonado. — falou.
— Tás vendo cabelo em ovo. — retrunquei me sentando.
— Ai, parei de arranjar namorados para ti.— falou fingindo estar cansada.
— E tu e teus amores? — perguntei.
— Vou é na balada para dar uns pega nuns caras ai.
— Credo deixa de ser assim! — falei.
— Qualquer dia eu te levo. — falou ela em tom de ameaça.
— Credo. — falei mastigando. — Tu sabes que eu odeio essas coisas de festas.
— É sério. Tu vai gostar. Tu vai pegar uns bofes super bombados. Tu vai amar mais “a coisa”. — ela disse rindo.
— Meu neném acordou? — falou vovó vindo para a cozinha.
— Aqui, mãe. — falei para a vovó. Enquanto a Ana mexia uma colher em cima da mesa.
— Seu pai mandou para você — falou vovó com um saco fosco em mãos. — Tome. — Beijou minha cabeça.
— Ah, obrigado, mãe. — falei abrindo o saco com um sorriso enorme no rosto.
— Vou ao salão. Não sai de casa, filho — falou a vovó.
O telefone da Ana fez o barulho de mensagem.
— Tudo bem. — falei abrindo a caixa.
— Olha é o Bruno perguntando se eu tô contigo... — Ouvi a porta da frente bater. — E ai? Vai ter aula?
— Claro que não! Tô em Goiânia esqueceu? — falei rindo.
— Tudo bem! — falou ela rindo. — Como tu conseguiu o novo? — falou Ana se referindo ao telefone.
— Esse ainda é o quatro. — falei montando o celular.
— Putz o quatro ‘s’ tá quase para sair e tu compro esse? Tu é muito doido ‘mew’!
— O meu não presta mais, eu não ia ficar sem telefone! Pelo amor né!! Perai vou pegar o chip. — Fui no quarto e peguei o chip, desmontei o celular e coloquei. O celular ficou carregando.
— Por que ele não presta mais, Henrique? — falou ela abrindo a geladeira. — Ah, não acredito, Henrique! Sua bicha sentimental! Tu ligou para ele! — falou ela comendo um pouco de... Nutella?
— Ah, agora virou vidente, foi?! Me dá um pouco aqui! — Peguei a Nutella da mão dela.
— O quê ele te fez? — perguntou ela.
— Bom depois do Bruno ter saído de casa, a mamãe apareceu falando no telefone com o Augusto, mas ai ela tipo queria fazer eu falar com ele. Por causa da “boa amizade” que ele é... Mal ela sabe o safado que ele é...
— Tá e ai? — perguntou Ana.
— Eu desliguei na cara dele, ÓBVIO! — falei dando um peteleco na cabeça dela.
— Tudo bem, Sr difícil. Continue. — Fez uma reverencia.
— Logo ele tava lá em casa todo quebrado — eu ri. — Querendo que eu voltasse com ele e tals. Todo tchongo, mas de tchongo não tem nada.
— Parei contigo. — Soltou Ana rindo e engasgada com o Nutella.
— É sério ele tava todo quebrado, deve ter sido o Bruno. Deve ter chegado porre em casa e eles devem ter ido para o quebra quebra.
— Por causa de quem, de quem? Sr Difícil! — falou Ana rindo e apontando para mim.
— Para Ana! Isso vai dar uma dor de barriga arretada. — falei rindo e pegando mais uma colherada de Nutella.
— Não importa amo isso.
— E ai, já começou a estudar? — perguntei.
— Droga!! É segunda agora, né? — perguntou ela numa retórica.
— É — falei com uma voz pouquista e esganiçada.
— Me ajuda?
— Claro, sou idiota, mas sirvo, não é?
— Te amo nenezinho. — falou imitando vovó.
— Bora, lá. Não te garanto que será a mesma coisa! Somos de salas diferentes. Lembras-te disso! — Me levantei e fui lavar minha boca. Havíamos acabado com um pote de Nutella.
— Tudo bem! — falou ela se levantando. — É a mesma matéria!
— Bora logo. — Puxei-a.
Fomos estudar e foi bem divertido a Ana comentando a peculiaridade das figuras dos livro com um pênis, tipo putz! (O.O). Nós rimos muito. No meio da “aula”, eu me levantei e fui pegar o celular que apesar de novo já gritara um milhão de vezes:
“Tu tás em Goiânia?” – Em umas oito.
“Viajastes, pq?” – Bruno.
O resto das mensagens eram antigas que eu ainda não lera...
— Menino esse Augusto é doido por ti, né? — falou ela ao ver minhas mensagens.
— Sai lá. Não importa. — Puxei o telefone dela.
— Ele é meio lelé por ti só acho. — falou ela.
— Não, ele é lelé por querer aquilo lá... Mas não!
— Ui, tá difícil, né? — falou ela me fazendo rir. — Ai, já tô cansada. Já são seis da tarde! Amigo cá para nós — ela se aproximou mais. — Tu gostou de fazer?
— Gostei. — falei com um sorriso enorme.
— Então por que tu ainda não fez com o Augusto?
— Porque não! Eu só fiz uma vez e a próxima vai ser com que eu vou ficar para sempre!
— Que mentira! — falou ela me empurrando.
— É sério — falei rindo. Falar “É sério” rindo é a mesma coisa que dizer “Estou mentindo”...
— Sei... — Sorriu maliciosa. — Bom depois de falar da tua vida sexual. Vamos para o cinema? Vai estreitar Amanhecer parte 1 no cinema.
— Ai, eu quero ver! Eu vou comprar pelo site! — falei abraçando ela. — Ah, hoje quando eu tava vindo para cá o Augusto me viu no táxi e me seguiu — falei fazendo uma dancinha.
— Logo tu que não gosta. — falou a Ana.
— Pois é... né? — sorri. — Sou sem graça não Ana?
— Um pouco — falou ela rindo. — Mentira. Tô de brinks!
— Te “taco-lhe” a porrada garota doida. — Nós rimos e vovó apareceu entrando pela porta com o vovô. — Oi vô, oi vó.
— Oi, Henrique! Deus te abençoe! — disse vovô colocando a pasta na mesa e me abraçando. Ele foi para cozinha enquanto a Ana fingia falar das estruturas moleculares e suas transmutações.
“Nossa hoje tava tudo bem humorado, por quê?... Mistério... Hahahahahahah”, pensei. Realmente tava tudo melhorando? Cadê o Ricardo aqui do meu lado? Hahahahaha.
— Henrique dá para você ir ao supermercado? Eu me esqueci de ir. Tanta coisa para fazer! — falou vovó me dando cento e cinquenta. Assenti. — Compra maminha, feijão, arroz, alface... — conferiu mentalmente, mexendo levemente os lábios. —cebola... — outra pausa — cheiro verde, óleo português, salsa.
— Ah, não vó, salsa é ruim! — reclamei em pé ao lado de Ana, sentado. — Orégano, pode ser?
— Não, é salsa mesmo. Vai lá acho que é só isso. Qualquer coisa tento te ligar! — falou vovó.
— Bora lá, Ana? — falei.
— Cuidado com a travessia meu filho!
— Bora. — ela se levantou. Destravei a porta. — Ah! — Ela pareceu se lembrar de algo. — Bora visitar o Tiago?
— Como assim? Ele mora perto daqui? — perguntei saindo do apartamento.
— Ele mora no décimo andar! — falou Ana apertando o botão do elevador.
— Tu não gostas dele, né? — perguntei.
— Como amigo, já não disse? — falou ela.
— Mas e daquela vez quando eu tava indo para a tua casa? Tu tava ofegante na linha!
— falei como estupefato.
— Tava soprando uma daquelas bolas de ginástica — falou ela, como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. — E o cabelo arrepiado foi porque a criancice bateu, sabe?
— Mana eu tava pensando super mal de ti — Ri.
— Credoo!! — ela falou me olhando como “QUE ABSURDO!” — Isso por que tu é meu amigo, né? Qual o porquê dessa pergunta novamente? — perguntou ela estressada com o elevador.
— Por que eu acho que o Tiago quer ficar comigo. Tipo tô o iludido! — falei.
— Ai, tô me sentindo super traída com um namorado que eu nunca tive. AVÁ — falou ela.
— Mas e ai o que tu achas? — falei. O elevador abriu.
— Acho que tu deveria tentar, porque não. Né Tiago? — Tiago estava lá dentro do elevador.
— Oi! — fingi estar surpreso.
— Olha só! Tu aqui! — falou ele. — Que faz aqui? — perguntou-me.
— Como assim? Minha vó mora aqui — repeti o jeito “ISSO É ÓBVIO” da Ana.
—Nem posso dizer que eu nunca te vi por aqui, pois faz pouco tempo que eu me mudei. — riu.
— Pois é... — falei — Vou pela escadaria, tchau! Até amanhã! — Deu para perceber meu nervosismo. A porta do elevado fechou.
“Graças a Deus” pensei unindo e balançando minhas mãos como se fosse orar. “A Ana pode me entregar!! Meu Deus!! Vou matar aquela peste!”, pensei Desci os degraus aos pulos. Cheguei ofegante no Térreo. Tiago já tinha se despedido da Ana.
— O que falou para ele sua doida. — falei fingindo engasgar ela.
— Ai, para grude! — falou ela rindo. — Nem precisei. — sussurrou ela. — vocês vão ter vinte filhos e se casaram e terminaram velhinhos embaixo da macieira do colégio.
— Que? Macieira? — falei saindo com ela para o supermercado.
— Ele me contou um lance de tu sempre sentar no pé da macieira. — falou ela rindo e fazendo cara mufina. — Gente do céu, às vezes eu me pergunto como tu foi virar meu amigo. Acredita?
— Meu adorável jeito de esbarrar em tudo. — falei sorrindo. Fiz uma pose que as pessoas da parada tudo me olharam. Me envergonhei. — Parei. — falei rindo.
— Fica fazendo tuas papagaiadas. — falou ela rindo. Atravessamos o sinal. Na terceira quadra pegamos e dobramos estávamos na avenida do colégio e logicamente perto do apartamento de Augusto. — Ele tá querendo te pegar — disse Ana.
— Quem menina doida? — perguntei.
— Vários. — Ela riu.
— Para de graça! — falei empurrando ela rindo
— Já pensou três ao mesmo tempo? — falou fazendo com que a boca ficasse num “O” de surpresa.
— Vish, arrombadíssimo. — falei. — Eu ia fazer a Gaga e tu ia empurrar minha cadeira de rodas. Tipo Paparazzi. — falei rindo.
— Eu não tá louco. — falou ela rindo. — Bora ver se ele tá em casa? — Se referiu Augusto.
— Não! Tás louca? — eu disse.
— Louca, por quê? — disse Ana rindo. — Vou lá, se quiser fica ai.
— Para que fui te dizer o apartamento dele! — falei meio que sarcástico. Ri colocando minha mão sobre a testa. — Oh! — Ana riu.
Chegando à portaria.
— Oi, boa noite, o Augusto do quinhentos e cinco está?
— Quem gostaria? — perguntou o porteiro.
— Jéssica. — disse Ana o mais séria possível.
— E? — O porteiro apontou a caneta para mim.
— Lalaca. — Peguei o nome do amigo de vovô. Ana, virou a cabeça como a menina do exorcista, me olhou quase rindo.
— Eles acabaram de sair, mas vou deixar o recado de vocês.
— Eles? — perguntou Ana.
— Ele e a noiva dele. — falou o porteiro.
— A Vanessa? — falou.
— É. — falou o porteiro.
— Bom, então vamos Ana. — disse enlaçando meu braço no de Ana. Quando chegamos mais ou menos na esquina ela explodiu de tanto rir.
— Porra, Lalaca? Da onde tirastes isso?? — falou ela rindo.
— Amigo do vovô. — falei rindo, mas num tom menor. Passamos na frente do colégio. — O que teve hoje de bom? — perguntei.
— Nada, uma bosta. — falou. Três ruas depois e muito conversa sobre famosos e músicas... — Chegamos!! — falei. Fui comprar um sorvete.
— O meu eu quero misto com dupla calda de chocolate. — falou Ana.
— O meu também. — falei.
— É sério que o Tiago quer ficar comigo? — falei empurrando o carrinho.
— Claro, olha essa bunda meu bem! — falou e eu ri.
Vovó me ligou o relógio marcava sete e dez. Atendi.
(Na linha)
— Meu filho, onde você está? — perguntou vovó.
— No supermercado com a Ana. — falei empurrando o carrinho.
“Qual é para pegar?!” mimicou Ana.
— A maminha — disse para ela. — Não precisa de mais nada, né, vó?
— Não. Venha logo para casa! — falou ela.
— Tudo bem!! — falei e ela desligou.
— Agora falta o óleo português, a salsa, o cheiro... —Mas logo a Ana aparece com os três boques: um de salsa, de alface e outro de cheiro mais o óleo português.
— Olha como ela é prestativa — Eu ri.
— Hahahahahaha. — fingiu rir.
— É sim , ele me disse no elevador. O quê?
— Que ele quer ficar contigo. — falou ela.
— Ah, sim, o Tiago. — falei me lembrando.
— Não... O Chunda!
— Aquele que comeu tua bunda! — rimei e comecei a rir! — Ai como eu tô bandida!
— Nossa. Hoje tu tá tão engraçada hoje, Janete! — falou ela fazendo a cara da Valéria.
— Me daí teu telefone, tô sem crédito. — falou ela.
— Novidade... — Puxei meu telefone do bolso. Fui andando olhando para Ana que estava do meu lado.
“Oi, Bruno!” falou Ana ao telefone. “Não, é do Henrique, mas e o seguinte...”. Meu carrinho sofreu um impacto.
— Desculpe-me! — disse olhando para o lado, era Vanessa e Augusto de carne e osso!
— Tudo bem. — falou a mulher com traços indígenas, Vanessa. Augusto olhou para Ana que falava toda hora “Bruno”. E logo em seguida me olhou, eles estavam indo para o caixa. Logo sai daquela situação e daquele corredorPáh, que susto! Nosso carrinho bateu no de Augusto e ai?? Hahahahahaha Foi legal, não? Já estou escrevendo o restou desse dia... Beijos a todos!! Desculpa qualquer erro. Letras ;)