Meu sinceros desejos:
Primeiramente Feliz Ano Novo!!!!!!!!
Que vocês tenham um ótimo ano novo; que este seja prospero, abençoado, feliz adorável e cheio de amor e paz a todo o mundo :) !! Obrigado aos que me acompanham, pois me deixam bastante estimulado. Até deixei uma coleção inteira de livros por vocês!! O acesso, os comentários, os votos de vocês abrem inúmeros sorrisos enormes em meu rosto, por mais que seja somente unzinho, não importa! É o reconhecimento de vocês, é isso que vale!
Não deu para terminar a temporada como eu queria mas... Vai ser ótimo, um prazer continuar essa estória.
Muitos beijos e abraços,
Letras.
***
-Boa Leitura!!-
~~Eu estava no mar me afogando, no meio do mar frio estava com câimbra, o porto estava vazio. Eu me debatia vi de repente Ricardo. Ele pulava e vinha me salvar. Depois via a fumaça fria saindo de minha boca. Focalizei outra imagem no porto, era a imagem de Bruno e Augusto se esmurrando.
Uma onda me engoliu. Senti alguém me puxar. Minha boca sendo tocada por outra quente e rude. ~~
Acordei suado, ofegante e todo enrolado no lençol. “Que diabos foi isso? Este foi o sonho mais realista que tive! Oh, meu Deus! Ah, que dor de cabeça!”, pensei . Vinha um vento muito forte e frio da varanda.
Peguei meu celular. No relógio da tela marcava cinco e vinte e cinco. Tirei meu uniforme, minha mochila e meu sapato do mochilão. Abri a porta e sai, olhei para o quarto dos meus avós estava fechada. “Eles chegaram!”, pensei.
Era um apartamento bem grande, ele era do tipo um por andar. Fui à cozinha comer algo, minha barriga roncava. Peguei no armário duas fatias de pão de forma, passei manteiga de amendoim coloquei queijo e presunto. Hm... Que delícia!
A dor de cabeça me rasgava desde uma ponta até a outra. Tomei um comprimido de Dorflex, que tirei da maletinha de remédio da vovó que estava no seu quarto onde entrei de fininho.
“Por que eu não me suicido? Só acontece merda comigo! Suicidar-me? Por besteira? Pelo amor de Deus!”. Coloquei a água do chuveiro no ponto gelado. Molhei primeiro minha cabeça, o alivio me atingiu, entrei de corpo inteiro. Comecei a pular de baixo da água friíssima.
Logo já estava aliviado e de calças, fui escovar meus dentes, cuspi na pia e me olhei no espelho. “Tô um caco!”, pensei. Perfumei-me e vesti minha camisa da escola. Liguei a TV, diminui o volume e mudei para o CartoonNetwork. O sol já estava nascendo.
O telefone residencial toca. Vou atender antes que meus avós acordem.
— Mamãe, O Henrique está ai?! — Fala uma voz gritante. — Alô? Mamãe! Me responda!! — Desligo e tiro do gancho.
Volto para o quarto. Vovó aparece.
— Henrique, tu desligaste na cara da sua mãe? Ela disse que teu celular tá desligado, pode ligar que ela quer falar contigo!
— Desliguei, sim. Mas meu celular não tá desligado — Mostrei para ela, tava no modo avião —, viu?
— Meu filho! Não faça isso, ela é sua mãe!
— Vó, se a Sra não me quer aqui tudo bem, eu vou para casa da minha colega! — Pensei na casa de Augusto, mas Bruno poderia descobrir e ele se enrolar.
— Não faça isso! Vou me decepcionar muito com você, você sabe que eu gosto muito de você! — falou ela.
— Que foi isto Francisca? — perguntou meu avô me olhando sério.
— Nada meu velho, volta a dormir. — falou ela.
— Bença, vô. — falei.
— Deus te abençoe. — disse ele virando as costas. Vovó se sentou na cama.
— Vó, tenho que ir para a escola! — Ela apertava e apertava os números do Nokia 1208 (único que ela sabia mexer).
— Fale com sua mãe! — Aproximou o celular de mim.
— Não — Fiz bico. Abracei minhas pernas encostando meu queixo nos joelhos.
— Ela tá vindo aqui mesmo! — Me joguei para o lado ainda abraçando as minhas pernas. Ela desliga a chamada.
— Aff. Por que a Sra fez isso? Era para eu ter ido para longe! Que droga! — Afoguei minha cara nos lençóis amassados.
— Porque é para o teu bem!
— Sério? É para o meu bem... ISSO? — Ainda deitado levantei Mostrei a marca roxa que o cinto de papai me deixara.
— MEU DEUS, HENRIQUE! QUEM LHE FEZ ISSO? — Perguntou-me estupefata.
— Meu querido pai me fez isto! — Afundei meu rosto na cama.
— Eu tenho uma pomada boa para isto. É o Hirudoid 500 vou pegar! Que estupidez de seu pai! Espera. — A campainha toca.
“Que vida! Que bela vida!”, pensei. Peguei minha mochila, ia me esconder em algum lugar.
— Filho! — disse a mamãe ao me ver sair do quarto. — Está bem? — Me abraçou.
— Tô! —falei espremido.
— Ainda bem, não me perdoaria se algo te acontecesse! — Fiz com que ela me soltasse.
— Tenho que ir para escola! Já tá ficando tarde! — falei
— Não precisas ir se quiseres! — falou.
— Mas eu quero! — falei tentando passar por ela.
— Fica filho? Por favor! Vai não! Aquele menino que deu corda no teu pai... Ai sei lá tô com um péssimo pressentimento! — falou ela me abraçando de novo.
— Aqui a pomada. — disse vovó atrás de mamãe.
— Mamãe diga a ele para ficar! — disse mamãe a vovó.
— Já tranquei a porta. — Vovó bateu o bolso da sua bata onde estavam as chaves. Mamãe fez uma dancinha estranha e sorriu
— Ah, não, vó! — Reclamei batendo com as mãos junto ao corpo.
— É sim filho, fica aqui com a mãe! — falou ela me chamando para um abraço.
— Tudo bem, eu fico! Mas tenho que me trocar! — O relógio marcava na parede seis e cinquenta e cinco. Fui me trocar no banheiro não gostava que ninguém me visse sem camisa ou sem calça.
Sai do banheiro, mamãe estava com uma cara séria conversando com vovó, estavam em pé.
— Por que aquele teu amigo foi dizer aquelas coisas para o teu pai?
— Quem o Bruno? Ele não é meu amigo. — Me sentei em cima da perna, me arrependi. Senti a dor, vovó veio com o remédio. — Não quero esse creme não, vó.
— Estranho esse teu colega, não? — falou vovó guardando o creme e se sentando na cama enquanto mamãe se deitava.
— O que ele falou para papai? — Mordi minha língua e olhei apavorado para mamãe.
— Nada querido, nada! Seu pai bebeu por isso ficou daquele jeito. Você sabe como é! — falou ela acariciando meu braço.
— Se ele pudesse ia me matar! Meu Deus! Vai mãe, fala! O que ele disse a papai!!
— Bom primeiro ele disse que queria falar sobre a feira da cultura. Mas seu pai disse que você não tava. Ai ele soltou “Vou ligar para o Augusto então...” Teu pai perguntou se tu estavas com ele. E se Augusto era um médico e ele disse que sim e que vocês tavam namorando... Teu pai começou a beber... Foi basicamente isso... Mas você não é né filho? —
—De novo mãe?! — Fiquei nervoso, me fingi de ofendido.
— Calma, ela só perguntou Henrique! — falou vovó.
— Dorme filho! Vou conversar com a tua vó. — falou mamãe.
— Não, quero saber dos babados também. — falei.
— Viu? São essas coisas que teu pai não gosta! — falou mamãe.
— Aff, eu sou assim e acabou. — falei
— Mas tem que parar com isso! — falou vovó.
— Ah, pronto virei Cristo! —falei.
— Mãe, a Sra acredita que ele se passou por um português? Conversou com os policiais como português, veja só!
— Menino! Queria vê se eles pensassem que tu fosse bandido.— falou ela.
— Vó, e eu tenho cara de bandido por acaso? — Fiz uma careta.
— Não, é claro que não. Mas fostes imprudente em fugir! — falou ela.
— Ia ficar para uma surra matinal, até parece! Pela jararaca! — falei.
— Mais uma vez viu?! — falou mamãe.
— Ah, me deixa! — falei. Me celular vibrou na calça jogada em cima da cama.
— Bom, eu vou dormir! — falou vovó. — Emilinha me encheu ontem com uma conversa totalmente entediante!
Desbloqueei meu celular, tinha uma nova mensagem:
“Já acordou amor?” – Augusto.
“ Há muito tempo KKKKKKK’ E eu não tô namorando contigo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!” – Eu.
— Quem é? — Mamãe perguntou ao me ver sorrir.
— Ana. — respondi me deitando e espreguiçando.
— Hum... Vocês namoram?
— Claro que não! Que nojo mãe! Ela é minha amiga, mas é tipo... minha irmã!
— Que eu saiba só tive dois filhos!
— Não me diga — fiz cara de doido. — Acho que vou dormir também. Tô cansado. Fique vendo TV ai.
— Tá.
~Ring, ring~
Meu telefone vibra e abro o olho. Mamãe pega, mas não sabe a senha, me entrega decepcionada.
— Não sei para que colocas senha!
— Para situações como esta!
Abro a mensagem:
“ Não preciso da tua provação para te considerar meu namorado... Queres que eu vá te beijar ai? :9” – Augusto.
“Ai, eu? Nem sei... Vou perguntar pro meu namorado.” – Eu.
Ele me ligou, atendi:
(Na Linha)
— Ei, tá lembrado do que eu te disse ontem? Tu é meu!
— Sou nada! Coisas passageiras acontecem! TU ÉS é o correto!
— Hmm... Tô de olho em ti viu Henrique! — falou mamãe.
— Vou já ai te mostrar como é! Vem me ensinar português sentado no meu colhinho — falou ele. Levantei-me e fui até a varanda principal, da sala, me apoiei no suporte.
— Nem sabe onde é! Eu não. Por mim ficas burro que nem pedra, igual a teu irmão!
— Ontem tu queria fazer isso! — riu ele.
— Tá lelé é? Claro que não. A vida não se resume só a isso!
— Me deixa ir ai contigo? Por favor, tô com saudade de ti!
— Melhor não!
— Quero te abraçar, te beijar, te dizer que é só meu.
— Sou de Deus!
— Deus não é gay.
— Cala a boca! You are a bitch! — falei.
— Hein? Que é ousadia essa ?
— Tu és uma puta, que estraga sonhos! — falei. Ele riu.
— Eu realizo! Principalmente se for para ti... Te amo — falou ele.
— Ai para com isso! Tu me conheceu sei lá... Há alguns dias!
— Meu coração foi capturado por ti na mesma hora em que te olhei! Vem ficar comigo
— PARA! — falei num tom de mimo, falso choro.
— Olha, vou ai contigo te dar leitinho, tu ia beber?
— Eu não! Nem ia te tocar! Seu nojento!
— Henrique! Vem cá! — falou a mamãe do quarto.
— Mamãe tá me chamando!
— Olha! Sogrinha tá ai, vou ligar para ela.
— Tu nem sabe o número dela. — ele desligou, arregalei os olhos.
“Não, ele não deve ter, a ligação deve ter caído...”
Fui para o quarto, mamãe estava falando no telefone!
— Ele tá aqui. Ele tava reclamando de dor no tornozelo? É, estamos na casa de mamãe. — Ela deu o endereço. “Não!”, pensei. — Não, ele não reclamou de dor nenhuma comigo. Quer falar com ele? — falou ela. — Para ti.
(Na linha)
— Viu como eu tenho o número? Depois vou ai contigo! Vou te dá uns pega. — falou.
— Hm, legal, legal. Obrigado. Até mais... Tá, ok, tchau.
— Ei, não desliga! — Desliguei na cara dele.
— Mãe! Ontem o irmão dele quase me ferra e a Sra dá o endereço daqui para ele!
— Ele é tão gentil! Ao contrario do irmão que parece ser um grosso, seu pai gosta do irmão dele...
— Os pulhas que se entendam. — falei.
— Henrique, não fale assim de seu pai!
— Só comentando...
— Ai, ai ele é seu pai!
— Jura? Nem parece! Mudando de assunto, tenho que ir à casa da Paula.
— Filho é muito longe! Não tinha outra casa não?
— Não! E nem reclama por que eu entrei implorando no grupo dela de outro modo eu ainda estaria no grupo do Bruno. — Mamãe riu. Fui beber água.
— Oi, Zuleica — falei com a empregada de vovó.
— Oi! — Ela tomou um susto. — Quanto tempo!
— Pois é, voltei! Para ficar “forever” — falei.
— “Forever” uma pinoia daqui a pouco ele já vai. — falou mamãe, apareceu perto vinda da sala de jantar. Me sentei em cima do armário de madeira com tampo de mármore.
— Poxa, eu já ia fazer o bolinho de bacalhau que ele tanto ama.
A campainha tocou. Zuleica foi atender, mas voltou brevemente voltou a fritar os bifes. Ao lado dela veio Augusto.
— Licença. — disse ele.
—Oi!! — disse mamãe toda sorridente abraçando-o.
— Oi! — Sorri e acenei
— Pois é, já ia aprontar a massa do bolinho de bacalhau para ti comer. É teu favorito, não, Henrique?
— Com certeza. Cida ia ficar morrendo de ciúmes se me ouvisse falar isso. — Ri.
— Mas tu não é alérgico a peixes e frutos do mar?
— És! É és! E eu sou, mas tem exceções e bacalhau é uma delas! — desci do armário.
— Filho, vou para casa ver o movimento por lá. Depois venho te pegar! — falou ela vindo até mim.
— Não vou voltar! — disse abraçando-a.
— Henrique Damião, você vai, depois conversamos! — saiu.
— E ai? — falou Augusto.
— Tudo péssimo. — Fui para o quarto. Ele veio atrás.
— Então vamos dar um jeito nisso. — Ele fechou a porta e me carregou. Começou a me beijar. — E, ah, eu te amo. — Tentei resisti, bati, bati nele. Desisti.
Um beijo molhado, excitado, muito excitado se desenvolvia... Acariciei seus braços ele gemia, afaguei seus cabelos, seu peito um pouco malhado, apertei-o. O volume em sua cintura me cutucava. Sua língua, atrevida, se enroscava na minha. Me colocou em cima da cama.
— Deixa eu ir? — Me olhou.
— Não! É perigoso! Meu avô me mata! Ele é pior que papai!
— Droga — Se sentou ao meu lado. Olhei para suas costas e sorri.
— Como foi o trabalho? — Acariciei suas costas.
— Sem você lá? Uma droga! — Sorriu e me olhou, retribui.
— Não adianta puxar meu saco. Vai bater uma isso sim.
— Tô guardando para ti. — Eu ri. — Tudinho.
— Me daí teu celular! — Mandei ele sacou-o do bolso e me entregou.
Comecei a procurar as mensagens dele no telefone:Jéssica, Patrícia, Letícia, Laura, Verônica. Todas davam em cima dele e ele retribuía. Peguei a mão dele.
— Soca tudo nelas seu babaca! — Forcei na mão dele com força. Ele era bi.
— Se eu soubesse que ias fazer isso não ia te dar! Caralho! — Falou ele atrás de mim.
—Eu sei que tu não me amas! Nunca mais me procure! — falei — Idiota!
Ele me puxou para seu colo e me beijou. Fechei a boca, ele dava investidas inúteis.
— Tudo bem. — falou ele me jogando na cama. — Tchau. — Saiu porta afora.
Resisti mas comecei a chorar. “Ele só me queria para transar! Que droga! Ninguém vale nada! Safados! Todos”, pensei. Afundei meu rosto no travesseiro.
Comecei a ouvir minha lista de músicas da Deolinda. Comecei com “Um Contra o Outro”. Piorei. Ana deveria estar sem créditos. Não me ligou, nem me enviou mensagens. Meu celular tremeu. Na tela “Uma nova mensagem”. Abri. Era de Paula.
“ Ei! Por que faltastes??? Não falta hoje! Se faltares tás fora!”
“Tá, é claro que eu vou! O que é para levar?” digitei.
“EVA, isopor, papel crepom, dinheiro e tudo que tiveres” Ela respondeu.
“Ok...”
Almocei. Arrumei-me, coloquei minha mochila da escola na costa com todos os materiais. Dei um beijo em vovó me despedi de vovó. Peguei um táxi e chegando, uma e meia na casa de Paula. Fiquei a tarde fazendo enfeites, comprando mais materiais montando maquetes e cartazes, cada uma dava um pitaco em cada coisa e trocava com outra função.
Cheguei morto na casa de vovó, meu novo-antigo lar, morto de cansado. O relógio sublinhava sete e meia. Apertei no botão da campainha. A porta abriu-se.
— Estávamos a esperar-te. — disse vovó, atrás dela vovô, mamãe e papai. Era uma emboscada!!!
— Não, já estou indo. — Fui até as escadas. A mochila pesava.
— Henrique, volta aqui seu moleque mimado! — Gritava meu pai. Entrei na escadaria, desci-as rapidamente.
“Não fala assim dele Tadeu” falou vovó num tom distante.
“Cala a boca, não te mete. Fostes tu quem estragou-o!” falou papai um pouco menos distante. “Henrique eu só quero conversa!”. Eu não queria. Estava com medo, sei lá!
Sai da escadaria no térreo. Esbarrei numa parede de músculos. Ricardo?! O meu Deus! Como assim? Fiquei estupefato.
— Ei, calma! — falou ele. — O que foi? — Vi Augusto atrás dele. Beijei Ricardo, foi um beijo francês bem rápido... Um minuto e papai apareceu atrás de mim, ele me empurrou.
— SEU MOLEQUE! — Soltei Ricardo e corri empurrei Augusto de minha frente e abri o portão. Fui correndo, corri e corri, até a terceira ponta do quarteirão.
Nesta quadra peguei um táxi, não sabia para onde ir.
— Rapazinho, aonde quer ir? — perguntou o taxista septuagenário. O carro estava parado.
— Para casa da Ana, rápido! — Vi papai, ela ainda estava na outra esquina que vinha da casa da vovó.
— Mas onde é a casa da Ana? — falou ele rindo.
— Na Rua dos Salamandra. — falei. Papai viu o táxi — Rápido!!!!!!!
— Tudo bem. — falou ele. Peguei meu celular. A primeira não pegou. A segunda também. A terceira ela atendeu. Meu celular na parava de tocar.
(Na Linha)
— Alô? — falou ela ofegante.
— Ana tô indo para ai! Me socorre!
— Ah, depois de faltar e nem me ligar para dizer o porquê vem com o rabinho entre as pernas!
— ANA, É SÉRIO! ME SOCORRE! MEU PAI QUER ME MATAR! ONTEM O BRUNO ENVENENOU A CABEÇA DELE CONTRA MIM, FALOU QUE EU ERA GAY PARA ELE! E QUE EU TAVA ME AGARRANDO. ELE É TODO PRECONCEITUOSO E ATÉ ME BATEU! — O taxista me olhou pelo retrovisor, logo desviou o olhar.
— A por isso que ele tava falando que tu devias tá morto e morria de rir. — falou ele.
— Ele é um ARGGGG! — falei.
“Quem é” – falou uma voz portuguesa.
— Henrique. — falou ela para o que eu sugeria ser Tiago — Tá, vem, amigo.
— Beijos. — Cheguei na mesma hora.
— Obrigado, boa noite! — Paguei-o ficando com dez reais.
— Oi, o apartamento da Ana, por favor. — O porteiro interfonou.
— Alô, aquele menino tá querendo subir. — falou ele. — Tudo bem. — Ele abriu o portão.
— O elevador tá funcionando. — falou ele.
— Não uso — O apartamento de Ana era no vigésimo andar. — Subi os degraus e nem me cansei. Bati na porta.
— Fala, migo! — Me abraçou. — Ainda continua com essa bobagem de elevador, não? — Provavelmente ela viu a porta ainda se fechando.
— Não uso elevador amiga!
— Tudo bem, seu louco.
— Por que veio fugido? — falou ela bebendo um copo de coca-cola.
— Beijei o meu vizinho na frente de papai — ela cuspiu o refrigerante em meu rosto. — Nossa que legal ser mais subjugado ainda!
— Desculpa! Mas por que tu disse isso ou fez sei lá? — falou ela. Me fez entrar fechando a porta. Tiago aparece abotoando sua camisa xadrez azul.
— E ai — falou Tiago se vestindo. Havia um volume notável num cueca branca na brecha onde deveria ter a braguilha da calça fechada.
— Tô bem, tô bem — falei olhando para seu rosto.
— Ei linda tô indo. — falou Tiago.
— Tudo bem, te amo. — falou Ana.
“Como poderia ser tão fácil falar isso? Eu te amo...”
— Falamo-nos mais tarde — Se deram um beijinho fiz cara de nojo. Ana viu.
— Tchau. — Ela fechou a porta. — Melhor do que eu beijar minha vizinha! Rummmm!
— Tá bom, calei... — falei.
— Vai me conta, tudo isso! — falou ela em cumplicidade.
Contei para ela sobre quando cheguei na casa dela, quando arrumei meu mochilão, quando me de Tiago e imitei-o .
— Miga, tô cansado quero dormir. Mas me da água, por favor.
— Tudo bem. Por que beijastes teu vizinho? — perguntou indo à cozinha. — Porque ele é legal e eu sou um menino serelepe. — falei sorrindo. Ela veio com o copo d’água, tomou um gole e me entregou. — I kissed a boy and I liked it. . . — cantei dançando e rindo. — Ai, não vou tomar essa água. Tu acabou de fazer aquilo no português!! — falei brincando.
Meu celular ainda vibrava em cima da mesinha de centro, em cima do tampo de vidro, parava de tocar e chegava uma mensagem.
— Para menino doido!! — falou ela rindo. — E eu não fiz nada com o Tiago!! Estávamos nos beijando ai tu ligou! Não queria fazer nada para poluir a mente de uma criança linda a flor dos quinze anos. Ficamos nos beijos mesmo, ele é como todo homem assanhado. Foi logo se despindo, ficou só de cueca.
— E ai ele é HAM?? — falei levantando as sobrancelhas. Rimos.
— Nada comparada com a do Alex... — falou ela fazendo bico. — Teus pais devem estar doidos atrás de ti! — falou ela fazendo menção de agarrar meu celular.
— Esquece eles! Quer me deixar triste? Mas vou te falar uma coisa... Não queria te contar mas...como és minha amiga vou te contar!Mentira! Quero contar! — Sorrimos. — Ele meio que já deu em cima de mim! Pronto falei — disse.
— Mentira! Seu mentiroso! — falou. Apitaram na campainha.
— Sério. Mas ele podia brincando... Sei lá... Atende ai a porta. — ela abriu. Apareceu um esquadrão de pessoas: Ricardo, Augusto, mamãe.
— Menino! Para com tua imprudência! Queres atenção? Vou colocar uma melancia na tua cabeça e te empurrar na rua. Bora para casa! JÁ!
— Não!
— Bora, Henrique. Vou te levar na marra!
— Calma, Dona Amélia se a senhora quiser...
— Não, Ana, obrigado, mas quero meu filho comigo! — falou mamãe, estava soluçando.
— Tá mãe eu vou — Abracei-a. Coloquei minha cabeça no ombro direito dela, Augusto estava lá. Não o olhei, fui para o outro ombro e olhei para Ricardo. — Desculpa — mimiquei.
—Não esquenta. — mimicou.
— Vamos! — Mamãe me puxou pelo pulso.
— Tchau, Ana. — falei.
— Tchau, migo! Tchau, Dona Amélia, boa noite! — Ela me entregou o celular, abraçou e logo fechou a porta.
Mamãe apertou o botão do elevador.
— Não vou ai. — disse apontando.
— Vou com ele — falou Augusto.
— Não mesmo! — falei indo para a escadaria. Eu era muito doce, mas também sabia ser antipático quando queria.
— Vai sim! — falou mamãe. — Vá com ele Augusto, por favor. — Eu já estava no décimo oitavo andar. Ele veio correndo atrás de mim.
— Não me fez ciúme. — falou ele.
Corri mais alguns degraus, já estava no décimo andar.
— Para de ser infantil! — falou ele. — Vem cá, Henrique! — ele gritou.
— Se és tão adulto... Por que queres ficar comigo? Seu babaca— Me virei para ele.
— Por que eu te amo! — Ele parou. Parei e virei para ele.
— Para de mentir! Eu não acredito nisso! Tu és um babaca, um grande babaca! — Ele ficou calado. Pulei, novamente, de um andar para o outro.
— Eu dispensei aquelas mulheres! — falou ele correndo atrás de mim. — Sou um grande babaca mesmo! Por continuar atrás de ti!
— Esquece de mim assim como tu esqueceu delas! — falei indo para o primeiro andar. Saindo da escadaria. — Por que tu só queres uma coisa, né? Estava até gostando de ti mas parei, PAREI!
— Nossa que demora! — falou a mamãe. Augusto saiu.
— Tudo bem. Já vou D. Amélia — Com um tom totalmente palpável de tristeza.
— Tanto faz! — falei. — Cadê seu carro?
— Não acharam que eu estava apta para dirigir. — Ricardo desativou o alarme do seu carro. Entramos no carro era um Crossfox.
— Estou com sono! — disse.
— Já vamos chegar em casa. — disse mamãe.
— Desculpa por aquilo Ricardo. Foi para provocar o papai! — falei.
— Relaxa cara. Só não repete — Ele riu.
— Menino irresponsável! — falou mamãe no banco da frente. Meu celular vibra.
“Eu não vou desistir de ti!” — Augusto. Ignorei-o.
O caminho todo em silêncio. Com algumas exceções sobre o clima e fofoca sobre artistas.
— Tchau, Ricardo, obrigado. — dissemos eu e mamãe.
— Tchau. — disse ele.
Fui para casa estava muito envergonhado, sei lá... Que mico! Passei por papai no corredor, ele nem me viu. Nem tomei banho e joguei-me na cama... Deco lambeu minha mão.
— Me deixa Deco! — Afaguei a cabeça dele e descansei.
***