No outro dia eu me levantei as oito, tomei um banho caprichado, me arrumei como quem vai a uma festa e fui a cozinha minha mãe estava lá, coitada dela, ela era o que restava de humanidade na minha família, meus irmãos assim como meu pai eram hostis comigo, e eu fui criado em um padrão onde não se responde aos pais e aos mais velhos, então eu sempre ouvia calado, minha mãe era a única que não tinha me dado as costas, eu fiquei um tempo com ela na cozinha e ela me chamou pra conversar, pela cara dela eu sabia que era coisa tensa, ela demorou um tempo para falar e com os olhos cheios d'água me disse que o meu pai tinha compro passagens aéreas para elas passarem as festividades de final de ano em Curitiba com a família e que não tinha compro passagem pra mim.
Eu nem me atrevi a perguntar o porque de meu pai ter feito isso eu sabia muito bem o porque, ele não queria que o resto da família visse o gay da família, eu fiquei com pena da minha mãe, pois ela disse que iria comprar a minha passagens mais meu pai e irmãos ameaçaram de não ir se ela fizesse isso, sinceramente, acho que de tudo que meu pai fez isso foi o que mais me doeu, ainda teve outra coisa, mas isso eu conto depois... Eu terminei o meu café da manhã e fui me encontrar com o Joh, quando saia no portão ele parou o carro eu não consegui esconder a minha cara de raiva naquele momento, meu pai tinha me tirado do serio, assim que entrei ele perguntou o que tinha acontecido...
– Não sabia que ficava tão bravo por acordar cedo, poderia ter me dito, ou será, que essa cara fechada tem outro motivo?
– Me Desculpa, são problemas lá em casa, coisas de família, na verdade eu to muito feliz por ter me tirado de casa, depois te conto minha historia pode ser?
– Imagina, não tenha pressa o que mais temos é tempo.
Fomos a umas quatro corretores de imoveis, e por fim achamos uma casa bem legal pra ele morar próximo a praça da bíblia, no centro da cidade, e a praça da bíblia é ótima, muita gente vai caminhar lá, ou apenas ficar de bobeira, ele disse que a mãe dele tinha deixado ele alugar um imóvel de até R$ 1.500,00 ou seja, a família do moleque tinha grana, a casa tinha quatro quartos, dois suítes e dois dormitórios, garagem enorme, uma puta varanda com churrascaria, e bem localizada em uma parte bem segura da cidade era a casa ideal, e por mil e duzentos por mês, ficamos o dia todo na rua, ele ainda foi a algumas lojas e eu com ele, comprou um rack baixo, sofá enorme, mesa de centro, TV, som, dvd (Na época inda não tinha blue-ray) ou seja, ele montou a sala, o pessoal iria entregar no mesmo dia só tinha que esperar o pessoal da montagem que poderia demorar uns três dias eu disse ao pessoal que podia deixar eu mesmo montaria.
Eu sabia montar moveis, e ainda vinha com o manual era bem fácil, fomos a casa pouco depois o caminhão encostou atras desceram as coisas, eu tirei minha camisa, e fui montar o rack, rapidinho eu tinha terminado, parti pra mesa de centro e ele ligando os equipamentos na tomada e fazendo as conexões em pouco tempo a sala estava pronta ele ainda tinha comprado um carpete branco com preto uma veadagem enorme, mas tudo bem ele curtia né, pois de montarmos tudo e organizar eu já estava pingando de suor, suava igual tampa de panela, e isso já era mais ou menos três da tarde então eu perguntei o que me passava na cabeça a mais de hora...
– Joh, me desculpa mais eu preciso perguntar uma coisa, de onde tira tanto dinheiro?
– Demorou perguntar isso, na verdade meu pai faleceu, e me deixou uma quantia considerável no banco, parte minha mãe administra e outra me deu pra mobiliar minha casa, já que serão cinco anos pra eu morar aqui...
– E como é sua relação com sua mãe e irmãos?
– Não tenho irmãos, e minha mãe é ótima vai adorar conhecer ela, quando ela vier me visitar faço questão que a conheça, meu primeiro amigo de Sinop e entre aspas o homem da minha casa, já que esta me ajudando com o serviço braçal. E sua relação com sua família quer me contar agora?
– Ainda não, me sinto desconfortável com isso, mas em breve eu te conto, isso eu prometo, é que minha situação é bem complicada, mas minha mãe é uma ótima pessoa assim como sua mãe.
– Ao menos isso né, mas tudo bem quando estiver de boa com isso, me conte, vai ser bom pra ti ter com quem desabafar.
Terminamos de conversar e eu fui dar uma geral na casa e vi que em nenhum dos banheiros tinha torneira, ou chuveiro, falei com ele e ainda tínhamos tempo pra comprar isso, fomos ao Super center, nós dois e um carrinho de compras, pegamos os chuveiros, torneiras, veda rosca, fita isolante, chave Philips, inglesa e tudo que eu precisaria, ou poderia precisar para montar as coisas, voltamos pra casa e eu fui fazer as instalações e ele conversando comigo mas sem tocar em nada apenas me observando, eu encima da cadeira e ele apoiado nela como contra peso, a cabeça dele esta perto da minha cintura, eu precisei de uma concentração budista pra não ter uma ereção naquele momento, mas juro que passei muito perto, saímos da casa era mais ou menos sete da noite, e eu chamei ele pra caminhar comigo.
– Mentira, me chama pra comer uma pizza, um lanche, sei lá pra assaltar um banco, mas não me chama pra malhar e nem caminhar que eu fico nervoso.
– Para de drama vamos Sim... Vai querer ficar gordinho?
Ele me olhou com uma cara que eu pensei que fosse me bater, e depois de muito brigar comigo do jeito dele, todo engraçado ele topou ir comigo, voltei pra minha casa e enquanto tomava banho fiquei pensando na intensidade que aquele cara tinha, ele apareceu na minha vida a dois dias e tinha tomado conta da minha agenda, coloquei minha roupa de caminhada, eu já ia saindo quando meu pai fez a piadinha de sempre – Arranjou namorado agora né? É só o que me faltava um homem desse tamanho dando o cú. Nem respondi apenas fiquei na calçada esperando ele, na época ele tinha um Honda Fit, era um baita carro, com vidros escuros meu pai nem via quem dirigia já que o ar-condicionado vivia sempre ligado, fomos para praça da bíblia e fomos caminhar, enquanto caminhávamos ele me disse que adoraria morar com mais pessoas, em uma casa daquele tamanho morar sozinho seria muito ruim, e me perguntou se eu iria...
– Acho que não Joh, meu pai jamais aceitaria, ele hoje me disse que estou dando pra ti, imagina se morarmos juntos ai sim ele vai tacar fogo em mim em praça publica.
– Seu pai achou mesmo que estava dando pra mim? Fala pra ele que eu sou mulher Mitchel, que meu negocio é outro.
Comecei a rir, pois ele tinha um ar meio serio, e voz grossa, então quando falava essas coisas gays nem parecia ele falando, sempre me pegava de surpresa, demos uma risada e continuamos, foram 12 voltas na praça quando terminamos ele já estava com língua de fora o que ele tinha me dito eu havia constatado ele era mesmo muito sedentário, quando terminamos fomos ainda tomar sorvete, para depois irmos embora quando entrei em casa já era mais de dez da noite meu pai estava na sala com minha irmã mais velha e não perdeu a chance de me alfinetar – A pomada para assaduras esta na pia do banheiro de vocês pode usar lá, eu sei que vai precisar, e só comprei pra não dizer que sou um pai ruim. Fiquei de punho cerrado de raiva, e fui para meu quarto em seguida minha mãe entrou no quarto....
– Meu filho, me desculpa, por mais que eu peça para seu pai parar com isso não adianta e isso tem desgastado muito nosso casamento, eu vou me largar dele, para morarmos juntos, você precisa de paz meu querido, ainda mais agora que vai estudar.
– Não precisa fazer isso por mim não mãe, sei que ama ele, e deve ter seus motivos pra isso, o problema é entre eu e ele, na verdade é dele comigo, mas tudo bem... Eu nada posso fazer pra impedir meu pai de agir assim. Mas eu quero te pedir uma coisa, posso?
– Pode, o que é meu filho?!
– Posso morar sozinho? Me tira daqui mãe. Se preciso eu tranco a faculdade e arranjo um trabalho, mas não quero mais ficar aqui, e nem interferir no casamento de vocês.
Minha mãe não disse que concordaria apenas ficou pensativa e com um sinal de me fazer esperar saiu do quarto, e eu fui tomar banho e me preparar pra dormir, terminei meu banho, sai do banheiro e fui pro quarto sem nem sair do quarto pra jantar, fiquei pensando no Joh, e se minha mãe deixasse eu iria morar com ele, era pura empolgação de menino, era meu primeiro amigo, nunca tinha tido nada daquela forma, no outro dia quando me levantei ela já tinha ido trabalhar, minha mãe é dermatologista, tem um bom salário, e meu pai empresário, antes de eu ser gay eu tinha tudo que queria, depois nada vinha pra mim, meu pai me dava o necessário pra eu viver, e proibia minha mãe de me dar dinheiro, mesmo assim ela me dava escondido as vezes.
Tomei café da manhã antes dos meus irmãos levantarem e já procurava alguma coisa pra fazer na rua, e o Joh me ligou fomos mais uma vez as lojas, e compramos tudo para cozinha dele, ainda compramos lavadora, e as coisas do quarto dele, também um ar-condicionado, no mesmo dia, montaram o ar-condicionado e o guarda-roupas a cama era box, não tinha o que montar, ele comprou jogos de cama, e coisas de cozinha, como liquidificador, talheres e outras coisas, o quarto já estava pronto, e ele me disse que dormiria na casa a partir daquele dia, pois o pessoal iria montar a cozinha dele, e ele tinha que estar lá, no outro dia mais uma vez saímos e compramos, mesa pra copa, aparador, coisas atoa que nem precisava ele já tinha gasto uns quinze mil com a casa e nem ficava preocupado com os gastos. Isso era uma quinta-feira fui embora mais ou menos uma sete da noite quando cheguei em casa minha mãe foi falar comigo e me pediu algo que me assustou muito...
Ela sempre me chamou de nenenzinho da mamãe, eu sei é estranho mais ainda hoje ela me chama de neném, estava pronto pra me recolher pra não ter que suportar insultos e ela foi falar comigo e disse...
– Nenem da mamãe, eu vou concordar com você morar sozinho, mas não é pra sair da faculdade, se sair eu paro de te ajudar, é pra estudar minha condição é essa, eu vou te dar R$ 10.000,00 pra mobiliar a casa e tirar sua carteira, e por mês vou te dar R$ 850,00 é o que eu posso fazer agora, meu filho, eu sei muito bem que você já tem lugar pra morar, não me faria uma proposta dessas se já não tivesse algo em mente, a minha exigência é... Eu quero conhecer esse rapaz!
– O que mãe?
– Isso mesmo, o rapaz do carro, que tem vindo muito aqui, peça pra ele ir ao consultório amanhã as 15:00 da tarde é sexta-feira e ninguém vai estar lá, eu vou te deixar morar com ele, mas antes tenho que saber quem é, quem é a mãe e tudo mais.
Continua