-E foi isso...-disse me sentindo mais leve
-E depois?
-Não teve depois...
-Ela não te procurou? Vocês não se viram mais?
-Não e sim... um mês depois daquilo o namorado a pediu em casamento e a resposta você ja sabe. Acabamos nos encontrando em reuniões de família e no casamento dela, mas ela não olhava pra minha cara, talvez por vergonha ou por remorço, mas, pelo que nossa tia contou, ela ficou mal depois da minha partida.
-Mal? Como?
-Não sei, mas também sei que não durou mais do que algumas semanas...
-Oh, então isso é bom!
-Como assim bom?
-Agora eu sei que só tem uma no meu caminho...-ela disse subindo no meu colo.
-Para com isso Gisele...
-Por que?
-Porque eu estou namorando!
-É, comigo...
-Não, com a Marie e você sabe muito bem...
-Eu sei, só que eu já estou com você a mais de 2 anos.
-Não, nós ficamos juntos 2 dias...
-Mas foi você que disse, quando eu voltasse iriamos fazer funcionar.
-Eu já conversei sobre isso contigo.
-Eu estou com saudade, maninho...
-Eu também, mas...-ela me beijou.-Não Gisele...
-Por que não? Eu te amo, e até onde eu sei você também me ama.
-Sim, mas...
-Mas nada. É só o que importa.
-Não, tem outras coisas que importam.
-Tipo o quê?
-Tipo a Marie!
-Ela é legal, ela vai entender.
-Entender?
-Entender quando você terminar com ela.
-E daonde você tirou essa idéia maluca??
-Para com isso, maninho. Eu sou a pessoa certa pra você.
-A pessoa certa pra mim sou eu quem decido.
-Então decida. Ela... ou eu!-ela disse tentando me beijar de novo.
-Gisele, é melhor nós nos afastarmos um pouco...
-Se afastar?
-Sim, voltarmos a ser SÓ irmãos.
-Mas eu não quero isso...
-Mas eu quero, e você vai ter que aceitar.
-Entendi, eu posso até aceitar, mas não pense que eu vou me conformar.-ela tenta me beijar mais a vez.
-Eu... eu vou dar uma volta Gisele...
-E quando volta?
-O mais tarde que eu puder...
Eu sai de casa, fui esfriar a cabeça, encontrei alguns amigos numa lanchonete. Foi divertido, jogamos conversa fora, rimos, e com o passar do tempo foram indo embora, até sobrar somente eu e meu melhor amigo.
-Aconteceu alguma coisa, cara?-perguntou ele.
-Não...
-Então aconteceu... pode falar.
-Eu não sei se você entenderia...
-Pode falar, cara. Foi alguma coisa na família?
-Mais ou menos... a Gisele voltou hoje...
-Ah, é claro! Você falou disso a semana inteira. Aconteceu alguma coisa entre vocês dois?
-É... mas contar pra você só iria piorar a sutuação...
-Que isso, cara, eu sou seu melhor amigo!
-É exatamente por isso...
Eu sai de lá, mas não fui pra casa, fui pra casa de Marie. Eu cheguei na frente de sua casa, mas não toquei a campainha ou a chamei, só fiquei parado lá, olhando sua silhueta através da cortina. Fiquei por um bom tempo pensando nela e em Gisele, no que iria fazer, e nas consequências que isso traria.
Voltei pra casa lentamente, passava das 2 da madrugada quando cheguei, a casa estava completamente escura, então pensei que Gisele havia dormido.
Fui para meu quarto e acendi a luz, sim ela havia dormido, na minha cama, de langerie vermelha.
-Gisele...-a chamei.
-Oi maninho... finalmente voltou.-ela disse se virando pra mim.
-O que você está fazendo aqui?
-Te esperando...-ela se levantou.
-Me esperando pra fazer o que? Exatamente.
-Eu estou com saudade...-ela disse me abraçando.
-Não Gisele, já conversamos...
-Até demais.-ela me beijou.
-Não.Não!Não posso fazer isso com a Marie!
-Então imagine que eu sou ela...
-É?! Como?!
-É só fechar os olhos...
Eu os fechei, e vi perfeitamente Marie diante de mim. Gisele me beijou, mas eu senti a boca de Marie. Gisele me puxou pra cama, mas sentia a mão de Marie me tocando. Gisele sussurrava no meu ouvido, mas eu ouvia a voz de Marie. O perfume de Gisele invadia minhas narinas, mas era o perfume de Marie que sentia. E então eu abri os olhos e percebi a burrada que estava fazendo.
-Não eu não posso... Não posso!-disse empurrando ela de cima de mim.
-E por que não? Agora que já comoeçou...
-Não... não! Gisele, sai daqui, por favor.
-E se eu não quiser?
-Sai!
-Tudo bem...mas você não vai resistir pra sempre, maninho...
-Vou sim, é só você parar como isso!
-Isso eu não vou fazer...
Ela saiu do meu quarto reobolando, eu corri e tranquei a porta, e fiquei me perguntando,"por que agora?".
Desde aquele dia se passaram um mês e meio, e apesar de tudo o que Gisele tentava, minha relação com Marie cresceu. E tudo estava indo bem, até aquele dia, o dia em que minha vida mudou e meu mundo virou de cabeça pra baixo.
Era um sábado, eu liguei pra Marie mas ela não estava, não tinha passado bem e foi ao médico. Naquele dia haveria um churrasco família, nada demais só meu pai e meus avós paternos, além de mim e de Gisele, e esse era o problema. Meu pai meu avô me ofereceram cerveja, no início recusei, mas depois acabei cedendo e tomei algumas, eles por algum, motivo não viam problema nisso, dizia até que tinha começado tarde, mas con certeza não seria a opinião deles no fim do dia. Durante a tarde ficamos conversando, rindo, lembrando do passado e bebendo. Lá pelas 6 da tarde, saímos da casa de meus avós o fomos embora, chegando em casa eu percebi um ar diferente em Gisele, ela era a que havia bebido menos, e isso me preocupava, talvez pudesse usar isso contra mim.
-Pai, eu vou sair e já volto.-ela disse.
-Aonde vai?-perguntou meu pai.
-Vou comprar umas coisinhas, nada demais.-Ela saiu, meu pai foi a seu escritório e logo voltou.
-Ainda bem que ela saiu...-disse meu pai chegando com uma garrafa de whisky.-ela não aguenta beber bem...
-E eu também, acho que isso é sua culpa.-ele riu.
-Você quer?
-Eu não acho boa idéia...
-E você já tomou pra saber?
-Já... e é exatamente por isso.-ele riu e serviu a mim e a ele.
Acabamos bebendo damais aquela noite. Além das latas de cerveja tomamos uma boa parte da garrafa de whisky. Depois de algumas doses, e reclamações e metáforas de bêbado, meu pai foi dormir e eu apaguei no sofá.
Não vi quando Gisele chegou, só quando ela me acordou com um beijo.
-Gisele?
-Sim, sou eu, você e o papai beberam, né?
-Um pouco demais...
-Tô vendo... não tem importância, eu comprei um presente pra você.
-Presente?
-Sim, comprei uma peruca vermelha.
-Peruca... que eu vou fazer com uma peruca? Você tinha que dar pro pai... ele que tá ficando careca.
-Você não vai usar... eu vou.
-Se eu não vou usar, como que é meu presente?
-Você já vai entender...
Ela saiu e eu acabei cochilando. Acordei com um beijo de novo.
-Gisele?
-Não, é a Marie...
-Marie, o que você ta fazendo aqui?
-Nossa você tá bêbado mesmo, isso é ótimo.
-Por que não é você... que você veio fazer aqui?
-Eu vim aqui matar a saudade.
-Saudade? Do quê?
-Disso aqui...-ela agarrou no meu pau.
-Mas a minha irmã pode ouvir a gente.
-Eu tenho certeza que ela não liga...
-E o meu pai.
-Ela tá mais bêbado que você, não ouvir nada.
-Então tudo bem... só hoje.
-Hoje vai ser só a primeira...
Ela me beijou, eu não me lembro dos detalhes, mas acabei por saber. Ela tirou minha roupa e depois a sua e então subiu por cima de mim, posicionou e foi sentando devagar. Foi assim até entrar completamente, depois ela começou a cavalgar lentamente, gemendo baixinho, e com o tempo começou a intensificar as cavalgadas cada vez mais, gemendo cada vez mais alto, até que gozou, sentada até o talo, com a mão no seio e gritando de prazer, e apartir daí eu me lembro e vou lembrar pro resto da vida.
-Mas que merda...-meu pai parado no corredor com as mãos na cabeça.
Gisele saiu correndo e trancou a porta, meu pai balbuciou alguma coisa pra mim, e eu dormi, desmaiei alheio a tudo e todos.
Na manhã seguinte acordei com uma dor de cabeça que nunca havia sentido antes, e só conseguia me lembrar de alguns flashs da noite anterior.
Meu pai estava na cozinha, e me deu um copo de café.
-Precisamos conversar.-ele disse serio.
-O que aconteceu ontem?-perguntei.
-É exatamente sobre isso que quero conversar. O que você se lembra da noite passada?
-Bom, nós dois bebendo, depois eu dormindo no sofá, depois Gisele chegou com uma peruca, depois Marie chegou e aí eu lembro de você falando "Mais que merda"...-nessa hora me dei conta do que aconteceu.-Que merda...
-Sim, era a Gisele...
-Eu estava realmente bêbado ontem... pai, eu posso te explicar.
-Você não tem que explicar nada, não foi culpa sua. Foi culpa minha.
-Claro que não, pai!
-Foi, foi sim...
-Como assim?
-Eu sei o que aconteceu entre vocês dois na noite anterior a partida de Gisele. Eu ouvi.
-Minha nossa senhora...
-Mas eu também ouvi a conversa que tiveram, filho. Eu sei que tentou concertar.
-E quem mais sabe?
-Sua mãe, a mãe dela e provavelmente a sua irmã Marcia.
-Isso explixa muita coisa...
-Eu fui um péssimo pai, deixando aquilo acabar só naquela conversa. E fui pior ainda quando convidei Gisele pra voltar.
-Então por que chamou?
-Quando você começou a namorar a Marie, eu tive certeza que tinha superado, e conhecendo você, sabia que não ia tentar nada com ela...
-Mas você não esperava que ela tentasse algo...
-Sim, eu não pensei nisso. Eu sei que ela tentou você desde que voltou.
-Sabe?
-Eu conheço as mulheres, filho... mas a maior burrada que fiz foi trazer aquela garrafa de whisky...
-Se não fosse ontem, seria outro dia...
-Talvez, mas tinha a esperança de que você já tivesse ido pra capital, pelo menos...
-E agora? O que vai acontecer?
-Você vai pra capital agora, termina os estudos, começa a faculdade e arruma um bom emprego, como já haviamos discutido.
-Só isso? Vai nos afastar?
-Deu certo uma vez...-eu comecei a sair de lá.-Aonde vai?
-Falar com a Marie.
Eu sai de casa com a cabeça explodindo, pelos acontecomentos e pela bebida da noite anterior. Eu já havia discutido aquele plano com meu pai antes, mas não havia incluido o fator Marie, e muito menos o Gisele. Cheguei a casa de Marie, ela me atendeu e me abraçou.
-Eu tenho que falar uma coisa...-ela disse.
-Por favor, me deixa falar primeiro. É melhor a gente entrar e sentar.
Entramos em seu quarto e sentamos lado a lado em sua cama.
-Aconteram algumas coisas na minha vida, Marie, coisas que eu não me orgulho.-ela me olhou com os olhos lacrimejando- e tudo foi pra merda. Eu... eu vou ter que mudar pra capital...
-Não! Por favor, não! Não me deixa!Não agora!-ela gritava chorando e me abraçando.
-Calma, Marie. Eu nunca faria isso. Eu vim aqui pra te chamar pra vir comigo. Você aceita?
-Mas é claro!-Nos beijamos longamente.
-Eu te amo, Marie. E saber que vou ter você do meu lado é melhor coisa que poderia me acontecer...
-Sério?
-Com certeza... você queria me falar alguma coisa?
-Sim, eu... eu tô gr... eu tô gravida...
-Gravida?!?-aquilo foi a coisa mais aterrorizante e, ao mesmo tempo, feliz que ouvi.
-Eu passei mal, e minha me levou ao médico, e então eu descobri... e aí?
-E aí? E aí que agora eu tenho certeza que é ao seu lado que eu quero passar o resto da minha vida. Eu te amo.
-Eu também te amo, por toda a minha vida vou te amar.
Nos beijamos, o beijo do amor completo. O melhor que se pode ter.
Fim?
Não.