Particularmente eu não gosto muito de vinho, só comprei aquela garrafa por causa do Digo, mas naquele momento me deu vontade de beber, será que era para esquecer as minhas frustrações? Talvez, mas eu nem estava me importando mais com ele e se ele nem se deu o trabalho de me ligar ate aquele momento para dar sinal de vida ou pelo menos mostrar que se importa, não será eu que vai ficar chorando as pitangas por causa de gente que não me da valor, claro que isso é de boca pra fora por que por dentro eu estava com uma dor no coração.
Enquanto almoçávamos recebi uma ligação da minha mãe e ela dizia o quanto era bom o lugar que ela foi e talls e como o Pedro estava junto comigo ele aproveitou para falar com o pai dele. E pelo dialogo deles se notava que os dois era bem próximos um do outro assim como eu e minha mãe. Voltando ao almoço conversávamos sobre nossos planos para o futuro ate que a porta da sala se abre e alguém entra, mas só fui perceber isso quando olhei rindo para a direção da sala de estar e lá eu vi o Digo caminhando em nossa direção com uma cara seria.
P:Ae Digão chega ae... teu irmão cozinha muito velho, devia experimentar.
D:Boa tarde... valeu cara eu já almocei.
K:Tem mousse na geladeira que tu gosta.
D:Não valeu eu vim pegar uma pasta que esta guardada no meu quarto.
É claro que ele estava puto comigo, ele não tinha pasta nenhuma para pegar, e ate hoje não entendo como o Pedro nem percebeu a cara de ódio do Digo.
D:Kadu me ajuda ali em cima...
P:Quer ajuda mano?
D:Fica sussa... é coisa rápida.
Eu nem falei nada para acabar logo com aquele clima, e escrevendo aqui para vocês eu fico pensando em como agente é besta em certos momentos pois ali era eu que devia estar puto com ele e não o contrario, mas enfim fui subindo na frente e ele logo atrás eu sentia como se estivesse indo para a forca pois meu coração estava apertado. E assim que entrei no meu quarto o Digo já foi pegando em meu braço com muita força e me fuzilando com aquele olhar dele.
D:O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTA FAZENDO AQUI SOZINHO COM AQUELE BUNDÃO EM?
K:Ei pode abaixar seu tom de voz e largar o meu braço por favor.
Mas nem adianto foi como se tivesse entrado por um ouvido e saído pelo outro.
D:Não me provoca garoto eu vim aqui na boa vontade pra ficar com você e o que eu vejo? Você e o Pedro sozinhos em casa, não me enrola e nem tenta falar que não era nada.
K:Você ta loco ou bebeu...eu só chamei ele para almoçar já que tanto ele como eu estamos sozinhos.
D:E PRECISAVA FICAR QUE NEM UMA PUTA SERVINDO O SEU MAXO?
Eu nunca esperava que o Digo fosse falar aquilo pra mim, eu não podia admitir que ele falasse daquele jeito comigo e na hora me deu uma vontade de socar aa cara dele... sim amigos eu fiz isso mesmo na hora da raiva acertei um soco na cara dele... que quase caiu para tras e me olhou com uma cara de quem não acreditava no que havia acontecido e o pior é que nem eu acreditava que tinha feito aquilo.
D:O que que foi isso?
K:Calma...foi sem querer...
O Digo foi vindo em minha direção e eu já com o coração a mil por me arrepender de ter batido nele e de medo de ele me matar pois o olhar assassino que ele lançava em mim dizia que minha integridade física estava ameaçada...o que eu podia fazer naquele momento? Correr... e foi o que eu fiz sai correndo passei pelas escadas e não sei como não cai e sai correndo pela porta da sala e ele a atrás de mim e ambos correndo na rua e ele quase me alcançando... ate que ele para e eu acabo trombando em alguém...devido a velocidade que eu estava a pancada foi forte e tanto eu quanto a pessoa que trombei caímos no chão e assim que eu pude ver de quem se tratava, foi que eu vi que estava fudido de verdade...
Maldição aquele dia era natal, será que seria pedir muito um milagre de natal e eu ter pelo menos um dia de paz, mas pelo jeito seria sim pedir muito já que acabei trombando no Luigi o braço direito do Digo, companheiro de academia e de vez em quando competia, ele tinha uns 20 anos, 1,87 de altura troncudo um olhar intimidador e um cérebro do tamanho de um amendoim.
L:Ei calma ai garoto.
D:Segura ele...
Dizia o Digo ja chegando onde eu estava caído e já sendo colocado de pé pelo seu amigo que segurava meu braço com muita força quase arrancando ele fora.
L:Ei Digão firmeza...o que ta pegando?
D:Esse fdp ai que ta querendo apanhar.
K:Me solta.
D:Pode soltar...
Foi só o Luigi soltar que o Digo me pegou pelo braço e apontando um dedo na minha cara foi me intimando.
D:Vai agora pra casa que depois eu vou lá pra gente acertar nossas contas.
K:E se eu não quiser?
D:Quer apanhar aqui?
L:As duas mocinhas vão demorar para terminar de brigar ou já vai desenrolar?
Eu me soltei dele e dei as costas e voltei pra casa, pelo menos eu voltava com tudo no lugar só não entendi o por que o Digo ficou calminho ao ver o Luigi, achei que ele ia me bater ali mesmo pelo modo que ele me olhava, e o pior é que quando ele disse que depois agente ia acertar as contas eu fiquei com um pouco de medo por que ate então nunca tinha visto aquele olhar.
Quando entrei na sala de jantar me surpreendi ao ver o Pedro sentando comendo enquanto eu era perseguido pelo meu irmão assassino.
K:Brigado pela ajuda.
P:Que foi...não me meto em brigas de irmãos e muito menos quando o Digão ta nervoso.
K:Covarde.
P:Não sou covarde...sou esperto.
K:Sei.
P:Me diz uma coisa o que há entre vocês dois?
Aquela pergunta me pegou de surpresa será que ele ouviu alguma coisa.
K:Por que você esta perguntando isso?
P:Kadu eu conheço o Digão a muito tempo...ele anda meio estranho de uns tempos pra ka e principalmente naquele dia que vocês foram lá em casa.
K:Pedro não sei mesmo onde você esta querendo chegar.
P:Será que não Kadu?
K:...
P:Antes de qualquer coisa saiba que pode contar comigo, eu não quero me meter na vida de vocês, mas como a partir de agora nossas famílias estaram ligadas definitivamente, e seremos irmãos você pode contar comigo para o que der e vier.
K:Você ouviu né?
P:Estranho seria se não tivesse ouvido com aquela gritaria dele.
K:Cara não é nada disso que você esta pensando...
P:Ei ei kadu relaxa velho...não estou aqui para julgar você ou ele...eu não sei de nada você não me contou nada e eu não ouvi nada...quando achar que esta a vontade para me contar ai agente conversa, por hora vamos almoçar.
K:Não sei o que te dizer.
P:Não diga...come.
Vocês que estão lendo devem estar pensando como uma pessoa pode ser tão tranqüila depois de tudo que aconteceu e de ter ouvido a minha briga com o Digo e não fazer nada, assim é o Pedro um cara desencanado, que sorri dos problemas e da tchau para a tristeza...depois de ele ter deixado minha cabeça totalmente confusa com a naturalidade dele, conversamos mais algumas coisas e logo ele foi embora, fiquei em casa pensando no Digo e em tudo que havia acontecido e cheguei a conclusão de que eu não tinha amor próprio ou auto-estima, pois tudo que estava acontecendo era culpa minha por permitir que o Digo deitasse e rolasse sobre os meus sentimentos e não me desse o valor, e se eu quisesse ter ele exclusivamente pra mim eu teria que mudar esse meu jeito passivo de ser (não me refiro ao termo sexual) e ter uma postura de homem afinal o que eu tinha no meio das pernas não foi feito só para encher a cueca e ficar balançando, eu só não sabia que mudando o meu jeito me traria muitas cicatrizes tanto internas quanto externas.
