Acordei mais uma noite com o mesmo sonho e da mesma maneira que antes, aquilo começou a me incomodar, estava confuso comigo mesmo, não sabia se aquilo era apenas passageiro ou se estava começando a me interessar por homens. Não consegui dormir, fiquei acordado pensando até o despertador tocar, levantei tomei um banho, coloquei uma camisa listrada com faixas transparentes, uma calça social marrom, apesar de tudo estava me sentindo bem e queria demonstrar isso. Fui para o colégio com fones de ouvido, faço isso quando estou confuso, tento me distrair com música, me faz parar de pensar. Cheguei vi Eduardo, Daniel e Rafael perto do bebedouro, não queria cumprimentar nenhum deles, ainda mais depois que vi o Rafael no meio, Eduardo disse algo, mas nem me esforcei para tentar entender. Fui direto para minha sala, Gabriela já havia chegado, foi a única hora que eu tirei os fones.
Eu- Bom dia
Gabriela- Bom dia passou bem a noite? – disse puxando conversa.
Eu- Não dormir direito, mas estou bem acordado.
Fui para o meu lugar, me sentei não estava muito a fim de conversar, Gabriela reparou isso e não insistiu muito. Primeira aula fui química, não estava prestando atenção em nada, mas já estava percebendo que não iria entender aquilo, ia precisar de ajuda. Chegado o intervalo, fiquei aliviado por poder sair da sala, fui até a Gabriela.
Eu- Você entendeu a matéria?
Gabriela- Também ficou meio perdido? – disse surpresa.
Eu- Fiquei, não entendi muito bem isso. – disse caminhando até a porta.
Gabriela- Vamos precisar de ajuda. - me acompanhando.
Fomos para o refeitório, entramos na fila do lanche, um meninos começaram a encher minha paciência, mas não dei muita atenção, primeiro pois não me importava com o que eles falavam, e segundo que tinha mais coisa para pensar naquele momento do que um bando de burros me atormentando. Reparei que Gabriela estava desconfortável, dei uma boa olhada nos meninos é reparei que conhecia o machão do grupinho, na verdade sabia muito mais do que ele imaginava.
Eu- Por favor, você realmente tem tempo para ficar me enchendo?
Machão- Decidiu falar.
Eu- Como vai sua família? Espero que você possa continuar estudando aqui.
Sabia que sua família estava com problemas financeiros, havia escutado sobre isso pelo meu pai que tem varias conexões por ser presidente de uma companhia de publicidade, logo ele entendeu o recado e parou de falar. Comprei meu lanche, vi de longe o Eduardo, decidi pedir ajuda para ele, e fui caminhando para sua mesa.
Eu- Eduardo você é bom em química, não é?
Eduardo- Sou, por quê?
Eu- Estou com problemas, eu e a Gabriela, você pode nos ajudar, não quero sair mal na primeira prova.
Eduardo- Daniel é um professor melhor que eu, se não fosse por ele teria reprovado em história.
Eu- Você pode nos ajudar Daniel?
Daniel- Claro, escolhe um dia e eu te ajudo apenas me passe o tópico antes para dar uma olhada antes.
Eu- Valeu.Gabriela se importa de passarmos na biblioteca antes de voltar para a sala, preciso me inscrever no time de tênis.
Gabriela- Não me importo. – com um sorriso no rosto.
Fomos para a biblioteca, me inscrevi no time, aquilo iria me ajudar a esquecer um pouco do Rafael, voltamos para a sala. Ao final da penúltima aula não estava mais aguentando ficar na sala, decidi ir para a quadra e treinar um pouco de tênis antes da aula acabar, inventei uma desculpa para ir para a enfermaria, e fui para a quadra, para a minha sorte não tinha ninguém, fui para o vestiário me trocar, e peguei uma raquete das que ficam de reserva na escola. Fiquei um bom tempo sacando, quando me dei conta a aula já havia acabado.
Rafael- Sério?! - disse de longe.
Eu- Algum problema?
Rafael- Isso é perseguição.
Eu- Tem três quadras na escola inteira e você vem me dizer que eu estou te perseguindo sendo que eu estava aqui primeiro?
Rafael- Também quero treinar tênis. - disse sem graça.
Eu- Façamos o seguinte, vamos ver quem é o melhor em um set, quem ganhar fica com a quadra e assim treinamos.
Rafael- Aceito. – disse com um sorriso no rosto.
Jogamos o set, não me esforcei muito, não estava a fim de ganhar, na verdade não me importava, queria apenas irritá-lo. O set o terminou venceu por um ponto de diferença.
Rafael- Você joga bem. – disse ofegante.
Eu- Você também. – também estava ofegante. – Trato é trato, a quadra é sua.
Peguei minhas coisas e fui para o vestiário. Tomei uma ducha e ao sair me deparo com Rafael entrando.
Eu- Não entendi?
Ele apenas riu.
Eu- Sério, você fez apenas para me irritar, não foi?
Não importava a resposta apenas queria provocá-lo.
Rafael- Não foi não. – estava sem graça- e que depois que você saiu não consegui treinar mais, fiquei cansado e estou com fome.
Eu- Me pareceu apenas uma desculpa.
Rafael- Não é. –disse sério.
Eu- Você está apaixonado por mim, não está? – disse rindo e colocando a cueca por baixo da toalha.
Rafael- Ficou louco, você é insuportável. – abaixando a cabeça tentando desviar o olhar.
Eu- Então você me odeia? São essas as duas únicas explicações para você ficar me perseguindo. – colocando a camisa
Rafael- Não estou te perseguindo, e também não te odeio apenas te acho chato.
Coloquei minha calça e fui em sua direção, ele estava nervoso.
Eu- Ainda não entendi primeiro me persegui no bainheiro e agora na quadra.
Consegui a reação que eu queria, ele me olhou para explicar, mas não dei tempo para ele falar, apenas o beijei, ele não correspondeu de inicio, mas acabou correspondendo abrindo a boca, nossas línguas se encontraram, sentia seu cheiro de suor, até ele reparar o que estava fazendo e me empurrar. Não dei tempo para ele pensar, peguei minhas coisas e sai do vestiário. Fui o mais rápido para a saída da escola entrei no carro e fiquei me perguntando o que havia feito, como cheguei naquele ponto. Fui para casa, minha mãe estava lá, fiquei feliz em vê-la, almoçamos juntos e por pouco tempo acabei esquecendo o que havia acontecido mais cedo, me tranquei no meu quarto, minha cabeça estava a mil, não parava de pensar em seus lábios, seu cheiro, seu corpo.
