Alguém bateu à porta. Levantei-me. Bateram insistentemente. Não creia que tio Cristiano faria aquilo. Abri a porta.
―Vamos, vamos! Onde estão tuas coisas? ― falou papai alterado.
―Eu não vou! ― Me sentei na cama.
―Vai sim! ― falou alterado entre dentes. ―Já fretei um jato para voltarmos ao Brasil. Quero ver, tu viver sem roupas e sem dinheiro! ―falou ele puxando minhas malas.
―Eu saquei dinheiro. ―Menti e olhei, “despreocupadamente”, limpando minhas unhas.
― Esse dinheiro não vai durar por muito tempo. Tu vai voltar. Eu sei... ― falou ele rindo sarcasticamente.
―Pai. ― falei. ―Me deixa aqui. Por favor. Eu não quero voltar!
― Sua mãe não lhe quer longe. Garoto, o que te deu na cabeça para fazer tanta merda? Tás louco? ― falou ele parando na porta.
― Só não aguentava mais ficar no Brasil. ―falei com a cabeça baixa olhando para o chão. Agora, ao contrário de ontem à noite, o carpete deveria estar quentinho.
―Isso não é explicação para largar tudo lá de pernas para o ar! ―falou ele deixando as maletas na porta. ―Você quis nos fazer de palhaços. Sua mãe ficou em pânico. Quando soube o que fizeste!
“Tens que saber enfrentar o que provocas!” ― se sentou na cama. “Você tem que saber respeitar!” Bateu as mãos nos joelhos.
―O Brasil não me quer! Será que o senhor não me entende? Juro que irei ficar quieto! ―falei.
― Se fosse só por mim. Eu deixaria, mas não depende. ― falou. ― Sua mãe está lá embaixo.
―Ela também não me quer. ―Falei, mas fui interrompido.
―Não diga isso, ela sentiu-se extremamente culpada! ―falou papai.
― Serio mesmo? Ela queria colocar-me num quartel! ―falei chorando.
― Ela queria concertar-te... ― Ele percebera que falara bosta. Olhei para ele. ―Quero dizer ajudar-te nestes tempos difíceis, tempos de indecisões. Mas, ela falou isso em uma hora de pressão, de estresse.
“Ah, agora ela quer usar a “filosofia do cão arrependido.”,pensei.
―Não creio nesse vão arrependimento. ―falei.
―Acredite filho. Eu estou arrependida. ―falou mamãe.
―De que? Me ameaçar? Ameaçar por ser quem sou? ―falei.
― Não fale assim com sua mãe. ― falou papai.
―Ela me considera uma anomalia. Ela não, vocês!― falei. ―Tem vergonha de mim.
― Não você entendeu tudo errado. Eu também me estresso. Me entenda. ― falou mamãe
― Peço também que me entendam. ― Pedi. Não queria olha-los. ― Eu não gostaria de voltar ao Brasil agora.
― Pense na sua formatura, é amanhã! ―falou ela.
― Não é tão importante. Acho que posso viver sem isso. ― Olhei para mamãe.
― Você queria ficar aqui? ― perguntou papai.
― Por que não?
― Porque nós somos sua família e estamos no Brasil. É lá que deveria estar. ― falou mamãe.
― Tio Cristiano está aqui. Ele também é família. ― falei.
― Achas que ele é igual? ― falou papai.
―Ele demonstrou grande carinho por eu estar aqui! Qualquer coisa eu penso no que fazer! E se ele não é igual. Eu também não sou. ―falei.
― Queres ficar? Pois que fique! Eu não ligo! Você só criou problemas. ― disse mamãe chorando. Ela saiu do quarto.
― Bom. Você viu, isso não está sendo fácil para ninguém. ― Papai passou a mão pela testa. ― Eu vou lhe enviar uma mesada mensal. E se mantenha em contato conosco. Temos que ir. Até logo, meu filho. Nós te amamos. ― Se levantou e alisou meu cabelo.
Eu estava me sentindo um caco, eu estava sendo tão horrível! Como deveria estar Augusto? E Ricardo? Minha vida realmente virara uma novela? O que me espera? Eles vêm atrás de mim? Não acho que sou uma droga tão importante. Principalmente o Ricardo que me deu um fora!
― Tudo bem, Henrique? ― perguntou Louise.
― Tu sabes falar português? ― perguntei.
― Claro. Foi por isso que eu conheci teu tio. Mas... Por que tanto ‘sofrimenté’? ― perguntou.
―Uma coisa muito intima. Sei lá... Acho que não tá na hora de falar sobre isso. ―falei.
― Tudo bem, estarei aqui quando quiseres. ― Deu umas palmadinhas em minha coxa.
―Tá bem. Talvez fique para depois. ― falei indo ao banheiro. Fui lavar meu rosto.
A água que estava fríssima. Serviu para me acordar. Comecei a pensar em como seria minha vida na França. Voltar à ver o povo da embaixada francesa, ver como fazer para estudar lá e toda, toda aquela burocracia...
“Ai como seria a ‘minha’ formatura? Eu realmente estava querendo isso para mim? Minha documentação escolar? Como o papai disse que bosta eu queria? Por que eu tinha que ser tão confuso. Eu deveria entender-me, não? Mas... Um dia eu ainda vou me entender. Eu nunca mais vou me envolver com cara nenhum!”
Fechei a válvula da torneira. Era inevitável olhar no espelho e não chorar. Eu estava crescendo e isso era horrível de se aceitar. Bom pelo menos eles haviam respeitado minha opinião.
Me sentei na cama e liguei o computador. Tentei me fazer rir e consegui! Pensei “Q-Que ridículo sou! Nem visão para a torre Eiffel tenho... hahahahahahahah’"Bom, esse é o final dessa temporada então... Hasta las vacaciones, acho que em julho estou de volta! :) Los amo! Amo ver que estão lendo os textos :D Bom? Ótimo? Espero que continuem lendo :D E o tamanho se resume a minha falta de tempo. Entonces... más una vez lo siento :'( Besitos :D