CAPÍTULO 28
Eu me vi, de repente, em uma sinuca de bico...
A vontade era de dizer não, e deixar que ele decidisse. Depois da decisão poderia acatar ou ver o que faria.
Por outro lado, eu tinha certeza de uma coisa. A intenção dele era boa. Eu duvidava da dela. E ele já tinha me dado várias provas de sua maturidade e honestidade nessa relação louca.
Meu medo era dizer não, e ele enXergar em mim a insegurança que ele não demonstrava hora nenhuma. E isso sujar meu lado.
Eu gostava dele. Queria tentar, ficar com ele. E agora isso...
- Daniel... escuta aqui...
- Escuto.
- Sendo muito franco contigo. Não gosto nada da situação. Não duvido de vOCÊ e da sua boa intenção. Duvido da dela.
- Mas tu nem a conhece direito...
- Ah, cara... Conheço as mulheres velho.
- E tenho uma pergunta.
- Fala?
- Porque você não me contou?
- Porque não deu tempo. Eu ia te contar. O mais rápido possível. Até porque preciso dar a resposta prá ela, e dependia da sua.
- Bom, pelo que você falou, não dependia...
- Ela não sabe disso. Ela acha que depende.
- Você ia me perguntar?
- Claro né. Mas tu me surpreendeu com seu convite. Bruno, de boa. Se não houvesse essa possibilidade dela vir, hoje mesmo eu te diria que eu viria morar contigo. Não tenho medo de tentar. Nenhum. Mas tudo que te pediria é um tempinho maior... Duas, três semanas... Ela se ajeita, e tudo se resolve.
- Cara, ela quer um lugar prá ficar não é? Porque você não a deixa na sua casa,e vem prá cá?
- Bruno, ela quer uma casa prá ficar e apoio. É mais que uma casa.
- Sei...
- E minha tia não deixaria ela ficar lá sem mim. Aquela casa é um favor prá mim, não prá uma ex namorada...
Me deixei cair na cama. Deitei e fechei os olhos.
Ele se deitou ao meu lado.
Não falamos nada. Ele recostou a cabeça no meu peito, e ficou ali, abraçando minha cintura e olhando o teto. Eu virei meu rosto prá ele, e ficamos nos olhando por um tempo imenso, sem dizer nada.
Respirei fundo, puxei seu rosto e dei um beijo rápido. Ele fechou os olhos e curvou as pernas, se colocando numa posição quase fetal, de frente prá mim. Passava a mão no meu rosto suavemente.
- Confia em mim, seu bobo. Eu te amo, não quero nem brincar com a chance de te perder. Sei o que estou fazendo.
- Eu confio em você Dani. Já te falei isso. Só acho que às vezes a gente precisa se preservar e não dar margens à surpresas desagradáveis cara... Nem todo mundo tem o coração que você tem...
- Por isso o mundo tá assim.
- É verdade. Mas eu sinto muito se eu não consigo ser tão bonzinho agora cara. Eu podia fingir que tá tudo bem, e deixar as coisas acontecerem. Não consigo.
- Eu sei. Por isso que estou contigo.
- Bom... Vamos lá, tenho que te deixar em casa... Foi um dia e tanto.
Me levantei debruçado em seu peito ainda sem camisa, e ele veio junto. Me abraçou de pé, forte, sua cabeça em meu ombro. Ficamos assim um tempo, trocando carícias em nossas nucas.
- Beleza. Vamos. Não fica mal.
- Não tô mal. Tô ressabiado. Só isso.
Eu o deixei em sua casa, e mesmo sem ter tido a resposta, sabia qual seria. Ele não conseguiria dizer não, e Ana viria ficar com ele por algum tempo.
Eu tinha que me preparar. Não seria fácil.
Tava morto de ciúmes. De dúvida. De receios...
E completamente apaixonado por ele...
Cheguei em casa e me joguei embaixo do chuveiro quente. Da minha cabeça não saía a imagem de seu rosto quando ele saiu do carro. Era um olhar pidão, meio que implorando para que eu confiasse nele e não colocasse tudo a perder.
Fui prá sacada e encostei ali. A noite estava fresca, a vida corria lá fora. Ia fazer um mês que estávamos juntos, que parecia um ano. Tanta coisa tinha acontecido...
Passou pela minha cabeça aquele flashback completo...
Desde a primeira fase quando ele ainda estava na empresa. A forma que nos conhecemos, sua abordagem e camaradagem de início, com todo seu charme. As aventuras todas... Desde a balada com a Ana, passando pelo autorama, a praia, tudo que passamos no Rio, minha primeira experiência "a quatro", loja de shopping, aquela sacada...
Mas apesar de todas essas loucuras, os tantos momentos íntimos que tínhamos vivido também, que ele inclusive me surpreendia. Noites de papo cabeça, de sono sem sexo, de conversas francas, de favores trocados.
Percebi e me dei conta de como tínhamos, de certa forma e como ele mesmo tinha comentado, nos moldado um ao outro. Eu me via muito mais parecido com ele, mais louco, mais livre, porém ainda com minhas neuras e inseguranças...
Eu o via de certa forma mais comedido. Respeitoso por meus limites. Aquela necessidade inicial de se mostrar, me mostrar, e provocar mulheres e homens em qualquer lugar tinha de certa forma se convertido em uma busca por prazer em lugares inusitados, em uma tentativa de me mostrar o lado bom de tudo isso e numa experiência dividida de tesão, paixão e descobertas.
Eu tava feliz como há tempos não me sentia.
Não ia desistir assim...
Que viesse a Ana. Se fosse de boa mesmo, ótimo. Rapidinho eu ia saber.
Se fosse briga pelo amor dele que ela quisesse, era o que ela iria ter!
Meu celular tocou uma mensagem recebida.
"Tudo que quero é seu bem, e estar bem ao seu lado. Confia em mim. Te amo. Seu puto."
Sorrindo, dormi. Conformado em não tê-lo comigo tão rápido assimpresente para os seguidores.
Mais prá frente vcs vão entender o porquê desse link...
Ou, alguns, vão sacar agora mesmo...
http://www.youtube.com/watch?v=YOQeod5d8Jo
Até mais galera!