Quando abri os olhos senti que havia vários tubos em meu corpo, ao lado havia uma poltrona onde minha mãe estava com um terço nas mãos e rezava, queria falar mas não conseguia me mover, era como se meu corpo não mais me obedecesse e o mais estranho era que ela olhava pra mim e não vinha ate mim para conversar comigo, eu estava acordado mas ela só rezava sentada, foi então que fui perdendo os sentidos e acredito que dormi.
Não sei dizer se era um sonho ou realidade, me vi em meu quarto eu estava me vestido e ao terminar de colocar a camisa vejo o Digo na porta do meu quarto me olhando.
K:Que foi?
D:Nada... to indo la na casa do Léo, vou posar lá...vou trancar por fora.
K:Minha mãe falou que não era pra você sair.
D:Ela viajou e nem vai ficar sabendo ou então eu te bato.
K:Eu não quero ficar sozinho.
D:Vai chorar agora? Se vira to indo.
E saiu e ouvi a porta da sala sendo fechada e trancada por fora, era por volta das 6 da tarde e pouco depois que ele saiu começou a chover e logo acabou a energia, eu tinha medo do escuro e fiquei na minha cama debaixo das cobertas tremendo de medo e a cada trovão que dava eu me encolhia mais.
Eu já não estava mais naquele quarto agora eu estava balançando em um balanço no parque que ficava perto de casa que eu adorava.
K:Mas porque eu estou lembrando disso agora?
D:Por que eu voltei lá mais tarde e fiquei dormindo do seu lado.
K:É mesmo eu lembro que quando acordei levei um baita suto quando te vi deitado comigo.
D:Viu eu nunca te deixei na mão.
K:É mas nunca facilitou nada pra mim desde criança.
D:Nem você.
K:Mentiroso... rsrsrsrsrs
D:Rsrsrsrsrs
K:Acho que ta na minha hora...
D:Fica...
K:Por que?
D:Por que eu te amo...
K:Você não me ama...
D:Amo mais do que tudo na vida...eu só não sei o que fazer com esse amor.
K:Eu não te entendo.
D:Nem eu entendo por que faço essas coisas...então fica e me ajuda a entender.
K:Me empurra?
D:Se segura
Não sei dizer ate hoje se isso foi sonho ou alucinação, pode passar anos e anos e sempre vai ficar na minha cabeça esse momento, certa pessoa acha que foi uma alucinação por causa dos remédios, prefiro acreditar que fosse uma experiência extracorpórea kkkkk to doido, mas voltando.
Acordei e após meus olhos se acostumarem com a claridade vi uma enfermeira do meu lado e imediatamente viu que eu acabara de acordar...
E:Olá Carlos, meu nome é Jéssica eu sou enfermeira e fique calmo que logo o medico vai vir te atender... Você pode estar estranhando esses tubos, mas é para o seu bem, pode ser desconfortável, mas assim que possível será removido.
Aquela enfermeira falava e eu estava confuso , minha garganta doía muito e também todo o meu corpo.
E:Você esta sentindo dor?
Eu balancei a cabeça afirmando e logo ela disse que ia me dar um remédio para dor ate o medico vir me examinar.
Não há nada mais agoniante do que você estar em uma cama de hospital morrendo de dor e nem ter como dizer ou gritar, mesmo a enfermeira aplicando um remédio na veia e sorrindo pra mim, afinal a onde esta a graça para ela ficar rindo pra mim, ou a minha desgraça parece divertir ela, após algum tempo e amaldiçoa-la por diversas vezes me aparece um medico para me examinar, não vou repetir aqui o que ele disse por que não é relevante, mas acreditem quando digo que odeio hospitais e médicos eles são falsos torturadores, eu estava com um tubo na boca e o infeliz não tirava aquilo de mim, mas enfim eu deveria me revoltar com quem me colocou ali, bom resumindo nos primeiros dias eu não conseguia me movimentar e nem falar, meu corpo aos poucos recuperava sua força e eu estava impedido de receber visitas por que eu estava com minha imunidade bem fraca e uma simples infecção poderia agravar meu quadro, mas depois de alguns dias me livrei daqueles aparelhos e tubos e logo me tiraram da Uti e me levaram para o quarto que assim que entrei ainda numa maca já era aguardado pela minha mãe que tinha uma expressão bem abatida e com olheiras e na sua mão ela tinha um terço parecido com aquele que vi a dias atrás ou sonhei sei lá o que, ela assim que me viu veio ate a mim, mas logo foi impedida pela enfermeira para que esperasse ate que eles terminassem de me colocar na cama e eu via em seu rosto uma angustia que só quem é mãe sabe entender.
Enquanto os enfermeiros terminavam de me ajudar minha mãe permaneceu em pé do lado e com os olhos vermelhos e inchados de tanto chorar e assim que os enfermeiros saíram ela veio caminhando em minha direção com as duas mãos no rosto acredito que tentando não chorar, mas quando eu falei “mãe ” ela não aguentou e chorou me abraçando, admito que doeu um pouco na região do abdome, mas logo ela se afastou.
M: Desculpa... meu querido não imagina o quanto eu estou aliviada... eu rezei tanto pra Deus e nossa senhora te ajudar...
K:Mãe calma...
M:Não fale nada o doutor disse que você não pode se exaltar... vai ficar tudo bem meu querido.
Minha mãe permaneceu comigo durante todo o dia, recebi algumas visitas... a Luana com o pai e o Pedro, nossa quando ele entrou já veio logo me abraçando e ambos ficamos emocionados pois graças a ele eu ainda estava vivo, por que de acordo com o medico devido a pancada quebrei algumas costelas “de novo” e uma delas perfurou levemente o pulmão, fiquei em coma induzido por algumas semanas e ele disse que praticamente nasci de novo.
Mas eu notei uma coisa, ninguém ate o momento perguntou quem havia feito aquilo comigo, pensei que iam me bombardear com perguntas principalmente minha mãe, mas não nenhuma pergunta.
Nos dias que se seguiram minha mãe ficava comigo o tempo todo e de noite a Luana se revezava com o Pedro e ate meu futuro padrasto quis ficar comigo. Também recebi a visita de toda a turma, menos do Bruno e do Digo perguntei a minha mãe sobre o Bruno, mas ela dizia não saber, é claro que não esperava a visita do Digo seria muita estupidez minha, mas eu queria que ele olhasse bem pra mim e ver o que ele fez comigo e por isso pedi a Luana que quando viesse trouxesse uma câmera digital e o meu notebook a principio ela não entendeu o por que, mas também nem quis explicar ou ela provavelmente não iria fazer o que eu pedi, no dia seguinte pedi a ajuda dela para me fotografar.
L:Pra que?
K:Depois eu te explico só faz o que eu te pedi.
E assim ela fez tirou fotos do meu rosto onde aparecia os hematomas no meu abdome onde estava roxo e onde foi feita a cirurgia e por fim uma foto minha na cama do hospital, peguei o note e descarreguei as fotos e coloquei no Facebook com essa frase...
“Veja bem o que você fez comigo, espero que esteja feliz, e encare essa fotos como o troféu do que você é capaz de fazer com o seu irmão”
Não dei nomes aos bois, todos me conheciam e conhecia toda a minha família e como esperado todos ficaram perplexos inclusive a Luana que não acreditou no que eu fiz e no que o Digo foi capaz de fazer, ela ao entender o recado dado me bombardeou de perguntas e contei tudo a ela que ficou indignada e revoltada com o Digo.
L:Quem aquele idiota pensa que é...que raio de irmão é esse? Ele é um monstro, a mas ele que me aguarde, vou quebrar a cara dele...vou descer o cacete nele.
K:Lu relaxa não quero que faça nada... eu vou fazer.
L:E o que é que você vai fazer. Por que não creio que você vá fazer alguma coisa.
K:Por que você ta falando isso?
L:A Kadu me poupe ele fez o que fez com você e o que é que faz a respeito? Chorar como uma mocinha indefesa. Se você esta aqui todo ferrado é por que deu abertura para chegar a esse ponto e não ouse me contestar.
K:E nem vou, eu sei que a culpa em parte é minha, mas eu já cansei de me ferrar e vou tomar uma atitude e vai ser hoje, quero que me empreste seu telefone...
L:Pra que...fala que eu ligo
K:Só me empresta...
L:Pra quem você ta ligando Kadu?
K:Pra policia...
K:Alô...
Alguém toma o celular da minha mão e logo vejo minha mãe chorando com o celular na mão.
M:Não faz isso comigo...eu não vou aguentar ver um filho meu na cadeia...mesmo ele merecendo.
K:A senhora então sabe que foi ele que me deixou assim... e mesmo assim fica do lado dele?
M:NÃO EU NÃO ESTOU DO LADO DELE E NEM DE NINGUÉM... EU SEI QUE ELE MERECE SER PUNIDO, MAS EU TE PEÇO QUE NÃO O DENUNCIE, VAMOS RESOLVER EM FAMÍLIA...
K:Familia? MÃE QUE RAIO DE FAMÍLIA PORRA NENHUMA... NA HORA DE EME ESPANCAR ERA COISA DE FAMÍLIA... EU NÃO TENHO MAIS IRMÃO
M:Não fala assim...
L:Kadu se acalme você não pode ficar exaltado...
M:Ela tem razão conversaremos depois quando estiver melhor, mas por favor não faça nada antes de conversarmos...Promete.
K:A senhora não esta em condições de exigir que eu prometa alguma coisa.
L:Kadu..
K:Ok... mas não vai ficar barato pode escrever...
Três dias depois dessa conversa me deram alta, com ressalvas que eu ficasse em repouso absoluto, fiquei feliz comida de hospital é uma merda, admito que ao entrar naquela sala me veio as imagens do que aconteceu apesar de tentar esquecer esses momentos ruins eles teimam em ficar na minha cabeça.
A Luana realmente era uma grande amiga me ajudou muito enquanto estava debilitado sempre me fazendo rir, era uma quarta feira por volta de duas da tarde eu recebi uma visita que estava aguardando a dias, o meu primo resolveu dar as caras, Bruno entrou no meu quarto serio sem aquela alegria que era sua marca e a Luana percebendo o clima nos deixou a sós.
B:Oi.
K:Lembrou que eu existo é?
B:Corta essa Kadu sem drama.
Havia algo de erado com o Bruno, ele estava diferente, não me olhava nos olhos e quando ele faz isso é por que ele fez alguma besteira ou me esconde alguma coisa.
K:Eu te conheço Bruno, não é de agora pode começar...
Ele caminhou ate a janela do meu quarto em silencio e se apoiou no parapeito e depois desse silencio ele começou a dizer...
B:Você sabe o quanto te considero não sabe...
K:Sei...
B:Você pra mim é como um irmão...meio tapado de vez em quando, mas mesmo assim ta no coração.
K:OK obrigado eu acho...
B:Eu fiquei puto quando soube o que aquele@#$$%¨fez contigo... poxa cara isso não se faz... ai eu fui lá tirar satisfação com ele.
K:Você foi?
B:Fui..
K:Você é loco Bruno... ele te mata...olha o tamanho dele e olha o seu e ele Luta...
B:Eu sei eu sei não precisa me lembrar, mas não sou burro levei uma galera comigo.
Não sei porque mas meu coração ficou apertado ao ouvir o que ele disse.,
K:O que você fez?
B:Demos um pal nele...eu e mais dois, quebramos ele...e pode ter certeza que ele sentiu a mesma dor que te provocou... e não me olhe assim porque não me arrependo de jeito nenhum.
K:Bruno...
B:Kadu o que você esperava que deixasse ele te bater e ficar numa boa...sabe que não sou assim.
K:E ele? Como ele...
B:EU NÃO ACREDITO QUE VOCÊ ESTA PREOCUPADO COM AQUELE DESGRAÇADO DEPOIS DE TE MANDAR PARA O HOSPITAL DUAS VEZES. NÃO OUSE FALAR QUE EU AGI ERRADO, NÃO TO COM SACO PARA ESCUTAR SERMÃO...
K:Obrigado Bruno, valeu por me defender, mas eu não quero que se complique por minha causa.
B:Esquenta não...não deu nada...levaram ele para um hospital ae, mas me disseram que ele ta legal.
K:Sua mãe e a minha já sabe?
B:Todo mundo já sabe...