COMO CHAMAS 4x18: ULTIMAS HORAS
- Por favor, faça algo revolucionário. Eu amaria.
- Então porque você não escreve e eu leio?
- Porque é seu dever, não nosso, Senhor-Sou-O-Orador-Da-Turma. Disse Kristen rindo ao lado de Marcie. Sim, eu havia sido escolhido para ser o orador da turma, e estava muito nervoso. Aquela seriam minhas ultimas palavras ditas na escola para aquelas pessoas com quem passei boa parte da vida. Claro que eu não amava todos, alguns detestava ou nunca dei confiança, mas eles mereciam algo bacana. Mas como representar todo mundo de forma curta e bacana?
- Vai levar o Felipe, ne?
- Aonde?
- A formatura, idiota.
- Claro.
- Ah, ainda bem que vamos estar juntos Dan, não aguentaria me afastar de Greg se não fosse por você.
- Como assim? Esta indo por mim?
- Claro que não. Digo, que estar com você é tão importante pra mim quanto estar com ele.
Kristen pegou uma batata frita e levou a boca. Marcie olhava algo super interessante no meu telefone que zumbia.
- Porque Jeremiah está ligando pra você?
- Não sei. Respondi.
- Que estranho, pensei que não se falavam muito depois do surto dele. O que será que ele quer?
- Só vou descobrir se atender, passa pra cá! Tomei o celular dela e atendi.
- Oi. - Ele falou. Eu permaneci em silencio. - Está ai?
- Estou sim. O que foi?
- Pode vir ate o parque, é meio que urgente.
- Aconteceu alguma coisa?
- Não, mas preciso que venha. Por favor?
- Ta bom, chego ai em pouco segundos. Desliguei e me levantei.
- Aonde vai? Perguntou Marcie.
- Ao parque, acho que Jeremiah está com problema. Vamos você me leva.
- E porque vamos ajudar ele?
- Carona primeiro. Perguntas depois.
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Cheguei no parque e corri ate a grande pedra que usei como referência do lugar aonde Jeremiah me deu um soco.
E eu estava certo, novamente. Lá estava ele, sentado nela.
- O que foi? Me aproximei dele. Sua expressão perturbada me deixou com medo. Tudo de ruim veio a minha cabeça. Nick veio atras dele, ou ele estava aqui escondido pronto pra atirar em mim, ou eles estavam juntos pra me pegar de novo. O que diabos eu to fazendo aqui?
Jeremiah se levantou e veio pra cima de mim. Parou com o rosto a poucos centímetros do meu, meus lábios sentiam sua respiração quente.
- Vamos lá, me dê um soco na cara. Ele falou.
- O que?
- Você ouviu... Me da um soco na cara!
- Porque?
- Qual é, Dan, precisa de um motivo pra me dar um soco?
- Sim!
Jeremiah agitou os braços e chutou o vento. Era tão fácil tirar ele do serio.
- Eu contei tudo a Alice. Sobre você, os problemas e as mensagens e seu meio-irmão. Quero dizer, aquele cara.
- E...? Disse eu, fingindo não achar importante, mas respirando de alívio. Tudo ainda estava normal.
- Ela não quer me ver. Acha que tenho que reparar as coisas com você. E eu não posso ficar sem ela.
- Não pode mesmo, já é um milagre que você tenha conseguido ficar com ela. Falei rapidamente e sem perceber.
Ele me olhou de cara fechada. Eu e minha boca grande.
- Foi mal, deve ser a convivência com Kristen. - Falei sorrindo. - Mas eu não vou socar você. Tenho uma ideia melhor. Vou falar com ela amanha.
- Vai dizer o que?
- E isso importa? Não se preocupe, vou te ajudar.
Me virei para sair andando, mas ele veio atras de mim, me pegou pelos ombros e girou e então me abraçou forte. Nossa, minha nossa, muito forte mesmo.
- Estou ficando sem ar... Falei. Ele afrouxou, mais não me soltou.
- Cara, eu sinto muito. Por tudo, todos nos erramos, mas você é tão bom em superar as coisas e fazer tudo o que pode pra ajudar ate quem não merece.
- Tem razão, você não merece, vou precisar de uma massagem depois desse abraço.
Ele riu e beijou minha bochecha, de uma forma tão inocente que me chocou. Ate outro dia ele não se aproximaria de mim e agora estamos aqui. Bem, parece que sopram bons ventos para todos nos afinal.
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- Que bom que me ligou. - Disse Alice caminhando ao meu lado no parque. - Depois que você saiu do trabalho, não tinha te visto.
- Bem, minha vida estava meio agitada.
- Eu sei. Você está bem?
- Sim. Mas não é sobre isso que quero falar com você. É sobre o Jeremiah.
Alice me olhou seria por um instante, piscou demoradamente, e então revirou os olhos.
- Ele pediu para você falar comigo?
- Não. Queria que eu socasse a cara dele.
Alice riu, parecendo não conseguir conter a surpresa e risada.
- Serio. Ele gosta de você e está desesperado.
- Bom, ele fez coisas horríveis com você.
- Eu também não fui o melhor amigo do mundo pra ele, ne? - Falei simplesmente.
- Verdade. Todo erra uma vez na vida.
- Serio? Até você? Perguntei, afinal, sempre pensei que Alice se sentisse superior por nunca cometer um erro. Pelo menos nenhum que eu soubesse.
- Falando nisso - Eu disse quando tive uma ideia. - Você podia me ajudar com meu discurso da formatura.
- Eu também fui oradora.
Eu ri. Claro que ela foi a oradora. Grande surpresa.
- E como foi?
- Na verdade? Uma droga. Eu me senti monopolizando tudo. O que deveria ser para todos se tornou sobre mim e meu discurso.
Era exatamente o que eu pensei. Gostaria de falar por todos, mas não haveria um jeito de fazer todo mundo... Foi então que outro pensamento me atropelou. Era isso!
Beijei a bochecha de Alice.
- O que foi? Ela perguntou.
- Eu te amo, te conto depois, mas eu te amo!
E sai correndo. Acabei de ter a melhor ideia de todas. Todo mundo participaria do discurso comigo.