Estava no quarto fumando um baseado, tinha bolado três, dando um intervalo de longos minutos entre a "consumação"; no som sobre a cabeceira da cama ouvia "Índios" -pelo menos ainda era essa a faixa que tocava- quando me surpreendi com o toque do meu celular. Quem seria? Minha vida social sempre fora superficial, era um eremita de primeira!
-Fala!- atendi.
- Sou eu, o Pedro...
- Quem te deu meu celular?
- Sabe a Marina, aquela sua ex... Bom, eu pedi. - respondeu como quem justifica um vacilo.
Qual seria a próxima? Ele iria se fixar em mim o tempo todo? Não queria um namorado, tinha que deixar isso claro, dizer que eu o procuraria quando apenas eu quisesse, minha vida social (mesmo sendo quase inexistente), deveria ser posta à parte.
- Você será punido por isso, vejo que você precisa de adestramento. -falei. Em seguida traguei meu baseado.
- Você é muito difícil de se conviver, me maltrata o tempo todo...- queixou-se.
- Eu te enxergo como lixo, um dejeto, se quiser você arranja alguém que te trate bem, não sei se você tá me testando ou se está realmente incomodado, não estou te segurando. - falei com indiferença.
- Adoro quando você fica bravo, o que você vai fazer pra eu ser mais.disciplinado? Quero fazer o que você mandar. - falou em "tom submisso".
- Guilherme, abra a porta! Abra agora!- meu celular caiu direto na cama, era minha mãe batendo na porta, como ela pôde chegar cedo do trabalho? Ela sentiu o cheiro de maconha, eu estava ferrado, como ela me veria? Um maconheiro?
Começei a tremer, os sons ecoavam, e eu sequer conseguia me levantar, meu corpo parecia paralisado, estava letárgico e em pânico -como nos sonhos onde não conseguimos correr de algo ou alguém que nos persegue.
-Abra agora seu drogado!
Olhei pra porta e a mesma parecia ser de vidro, eu me senti observado; levantei e fui até ela lentamente, abri a fechadura, e num rompante a porta. Não havia ninguém atrás dela, entrei no quarto dos meus pais, idem. Não havia ninguém fora eu em casa, tava tendo minha primeira bad trip com maconha. Voltei pro meu quarto e me tranquei, tomei umas gotas de ALPRAZOLAM , pra dormir. Acordei ainda zonzo no dia seguinte, e pra piorar passara da hora do colégio! Fiquei feliz por ter acordado tarde, era sinal de que minha mãe não me viu fumando, fora um delírio, caso contrário eu estaria agora tendo uma conversa séria com ela. Mas tudo estava dentro do normal... Menos o motivo da minha bad trip.
Anoiteceu, meu celular não tocou de novo, o Pedro não me ligou... Tudo que eu queria era o contrário do que disse ontem, mas ele não entendera, levara ou pé da letra; aquela situação entre nós dois me dava ódio, eu queria eliminá-lo da minha vida, ele iria saber o que realmente é dor, eu iria pegá-lo de surpresa. É difícil entender quando se odeia e ao mesmo tempo deseja, talvez me incomodasse desejar aquele ser tão imundo, mas o queria pra mim mesmo assim. E o afastaria de todos pra tê-lo como um objeto, tirar sua liberdade e torná-lo efetivamente meu escravo.
- Alô, Pedro.
- Eu não posso falar agora, tchau!
Ele desligou... Filho da puta! Quis matá-lo. Liguei novamente:
- Ou você arruma tempo pra estar na minha casa em menos de uma hora, ou nunca mais me procure. - ameacei.
Eu não ligo. Tudo bem. Como você tem meu número? Não sei do que você tá falando.- ele disse calmamente.
- Seu merda, você não me conhece eu sou capaz de tudo. Seu putinho! Eu vou até o inferno atrás de você, esteja aqui em uma hora.
-Onde você mora? -perguntou.
Passei o endereço," sei lá, vai ele esqueceu" pensei.
Uma hora depois...
- Oi, que você quer comigo?- falou enquanto entrava na minha casa.
Dei-lhe um soco que o fez cair no chão. Ele tentou ficar de pé, mas o chutei no estômago, vi que sua boca estava sangrando, acho que pelo soco.
- Por que? O que eu fiz? - perguntou chorando.
Dei outro chute, e o mandei se despir. Ele estava querendo brincar de gato e rato? Comigo seria diferente, o prazer seria só meu, pra ele restaria a agonia.
- Eu penso em você, do acordar ao acordar, porque quando durmo você perturba os meus sonhos. - falei rindo de nervoso, com o olhar fixo em seus olhos, nestes, vi terror.
- Fica de frente pra parede e empina a bunda. - ordenei.
Ele o fez sobre protestos e choro:
- Cara, nunca fiz isso, eu não sou gay, por favor! Eu te dou quanto você quiser, crescemos na mesma escola... Não faça isso!- implorou chorando.
Não liguei, enfiei da forma mais devagar possível pra que ele sentisse dor em cada milésimo de segundo.
A sua dor aumentava ao passo que eu metia; ele tentava se soltar mas eu o segurava envolvendo sua barriga em meus braços. Ele se dividia em gritar de dor e chorar; clamava por deus, pedia perdão como se estivesse cometendo um crime hediondo.
- Eu vou gozar em você minha puta, você é só meu, é só meu.
Meu pau estava um pouco melado de sangue, o Pedro estava moralmente destruído e humilhado. Já estava fodendo ele há horas, o seu cu não parava de apertar, não era proposital, talvez uma maneira de tentar expulsar meu pau. Mas o efeito era rebote, me deixava com mais tesão, com mais prazer. Puxei seu rosto pra trás e lhe beijei, senti o gosto do sangue na boca, e suas lágrimas desciam em encontro a nossas bocas. Apertei sua barriga mais forte, o "tirando o ar" e gozei, quase caí, minhas pernas ficaram bambas. Abri as bandas de sua bunda e vi o estrago, o ânus dilatado e massacrado. Fui até a cozinha, o arrastando pelo braço e peguei um facão, ele conseguiu se soltar, mas antes mesmo de sair da cozinha, dei-lhe uma facada nas costas. Bem na região da nuca, ele caiu e começou a agonizar enquanto eu o esfaqueava. Deixei ele ali, fui pro meu quarto e tomei um banho, peguei meu celular, minha câmera, algumas roupas e coloquei na mochila do colégio.
- Ahhhhhhhhh, deus, o que é isso? Não, não, eu estou sonhando, não pode ser...- minha mãe gritava ao ver diante de si, um suposto cadáver ensanguentado.
Saí do quarto e minha mãe foi direta:
- Assassino! Vou chamar a polícia. Monstro! Você vai ficar sua vida inteira na prisão psiquiátrica, é culpa minha ter... eu não deveria ter parado de te obrigar a tomar os seus anti-psicóticos. - falou entre soluços de choro. Estava tão nervosa que achei que me mataria, a empurrei no chão e fugi com sua bolsa.
Fui vagar pela rua -de um bairro distante-, vi umas prostitutas nos pontos e vendedores de drogas sondando a rua; consegui com eles cem reais pela bolsa e o celular da minha mãe, tinha esquecido a minha própria bolsa no quarto. Estava sem documentos pra fugir, peguei um ônibus que me deixou em outra cidade, procurei um posto de gasolina e ali fiquei, esperava o dia amanhecer pra "comprar" uma carona de algum caminhoneiro.
A tal carona me custou todo os cem, mas me deixou em uma cidadezinha universitária de outro Estado.
Novo nome, nova vida, nova rotina... Vivo com medo da polícia, uso documentos falsos, moro em uma kit net que mal me possibilita esticar as pernas pra dormir, vivo da bondade de estranhos, o pouco que ganho é em programas que faço, tem sido assim há meses. Juro que não houve um dia em que não vi o Pedro, vejo ele passar na rua, nas saunas onde me prostituo, sinto sua presença onde vou; talvez o que fiz o eternizou em mim, nunca sinto sua falta, porque ele está sempre presente.
FIM
* Pra quem não conseguiu entender, há um dilema: tudo não passou de alucinações de Guilherme ou ele realmente teve uma relação com Pedro? Há evidências e ao mesmo tempo contradições pras duas versões, ficando assim a seu critério escolher em qual acreditar.