- ENZO, QUANDO EU LEVANTAR TU SE PREPARA QUE EU VOU TE BATER MUITO!
Ele levantou dos escombros que restavam da cama e correu pelo quarto atrás de mim, me derrubando no chão e subindo em cima de mim, imobilizando meus braços e olhando direto pra mim. Ter ele, o peso dele em cima de mim foi uma das coisas mais gostosas que já senti na vida. Ficamos nos olhando por alguns segundos e logo senti uma ereção, deixando a minha cabeça muito confusa. De repente, ele me deu um selinho e saiu de cima de mim, indo pro banheiro e me deixando ali, jogado no chão, sem reação e pensando
QUE PORRA FOI ESSA???
-
O Eduardo foi pro banheiro e trancou a porta e começou a tomar banho. Permaneci ali, jogado no chão pensando no que tinha acabado de acontecer. Um turbilhão de sensações e pensamentos tomaram conta da minha cabeça.. será que ele era gay? Será que eu era gay? Impossível. Ou não.
Me levantei e resolvi dar uma volta na pracinha que tinha na esquina da minha casa pra espairecer. Quando chego, vejo que ali tinha um campinho de futebol de areia então sentei no banco, até que um moleque chegou em mim
- E aí, tá afim de uma pelada?
- Claro, por que não? - respondi.
- A propósito, meu nome é Alexandre. É novo por aqui?
- Sou sim. Me chamo Enzo, prazer!
O Alexandre era meio moreno por causa do sol, tinha um corpo normal - nem gordo e nem magro - cabelos lisos castanhos escuros e olhos claro. Usava aparelho e tinha um sotaque de paulista desgraçado, que chegava a me irritar. Acabei jogando no time dos sem camisa. Imaginem a minha reação ao tirar a camisa no meio de um monte de gente que nunca sequer tinha falado na vida? A partida começou, começamos a jogar quando reparo que o Duda tava sentado me vendo jogar, sentado no mesmo banco que eu estava sentado ha alguns minutos atrás. Fiquei um tempo olhando sem reação pra ele quando de repente levo um carrinho violento e caio no chão.. porra, acho que aquele dia não era meu dia, era o dia da queda! Cai na areia, ralando um pouco do meu braço e fazendo com que entrasse bastante areia nos meus olhos. Vejo todo mundo do campinho vindo em minha direção, quando abro os olhos, vejo a mão do Duda estendida me ajudando a me levantar. Sentei no banco e logo que abri os olhos, percebi que o Duda e o tal cara que tinha me "quebrado" haviam sumido, me fazendo dar uma rapida olhada pelo local, e quando vejo, o Duda tá em cima do cara socando a cara dele. Todos fomos pra cima deles, eu segurando o Duda e o Alexandre segurando o tal cara.
- ISSO NÃO VAI FICAR ASSIM! SE EU TE VER AQUI DE NOVO, VOU PARTIR TUA CARA EM DUAS, SEU FDP! - gritava o Eduardo pro cara.
- Ei, duda, relaxa aí, isso acontece! É futebol, não é brincadeira de moça não - disse eu.
- Eu sei, mas odiei ver ele te machucando e não ter falado nada.
- Você me machucou hoje e nem por isso falou nada - ironizei
- Eu te dei um beijo, sua bixa! Como dizem, um beijo não valem mais que mil palavras? - E soltou um sorriso irônico pra mim.
Todos do campinho voltaram novamente a atenção pra mim e então começamos a conversar. Me apresentei como meio irmão do Duda, então descobri que todos ali eram amigos dele. Iria rolar uma festa na casa do Alexandre naquela mesma noite e, caso estivesse melhor, me chamaram pra marcar uma presença lá pra que eles pudessem me apresentar pro restante do grupo. Cheguei em casa, tomei banho, comi alguma coisa, esperei o duda e pegamos o carro da mãe do duda pra ir pra casa do Alexandre. Chegamos por volta das 20 horas na casa dele, ninguém havia chegado ainda. O duda tava com uma camiseta regata que deixava aqueles braços malhados a amostra, uma bermuda xadrez que ia até um pouco abaixo do joelho e de boné pra trás.. ele tava muito tesudo.. mas pera.. POR QUE DIABOS EU TAVA PENSANDO NISSO?
Algumas horas depois, a festa começou.. tinha bebida, churrasco assando, piscina liberada e muita musica. O pessoal se juntou todo em uma mesa e eu me sentia meio excluido por não conhecer quase ninguém. Chegaram as mulheres, o que eu achava perfeito pra esquecer a porra daquele beijo que mal tinha sido um beijo que o Duda tinha me dado. Haviam 3 delas, Mariana, Larissa e a Lorena. Larissa e Lorena eram gêmeas, tinham 15 anos, eram bem patricinhas mas eram ambos muito gostosas! A Mariana era mais calada, mas era mais bonita que as gêmeas. Ela tinha 1,54 de altura, cabelos loiros lisos, tinha os dentes bem brancos e tinha um sorriso maravilhoso. Apresentações feitas, logo começou a bebedeira. Duda, Larissa e alguns outros começaram a beber e a pular na piscina. Eu, Alexandre e Lorena ficamos na mesa conversando sobre a minha antiga cidade, sobre a escola que iria estudar (era a mesma da maioria deles) e etc. Assunto vai, assunto vem, de repente o Alexandre grita:
- Sabia que esses dois iam ficar uma hora ou outra. Se quiserem fazer algo a mais, podem ir pro meu quarto! Na piscina não.
Era o Duda quase transando com a Larissa dentro da piscina. Aquilo me deixou furioso, um misto de raiva e ciume, com uma pitada de tristeza e inveja. Inveja não do Duda, e sim da Larissa, por está beijando aquela boca tão gostosa que era a do Eduardo. Eles sairam da piscina e o Eduardo pegou as chaves do quarto do Alexandre e levou a Larissa pra lá, piscando o olho pro Alexandre como se fosse um sinal de que eles iriam transar la dentro. Então, o assunto na mesa foi: quantas meninas o Duda já tinha comido só essa semana.
Permaneci o restante da festa calado, só bebendo com copo de vodka pura e atento a conversa.
- Parece que ele vai pedir a Lorena em namoro. - Não sei quem disse, e nem precisei saber. Aquilo foi o ponto final pra mim. O final da festa pra mim e o início de todas as minhas duvidas. Eu não deveria ligar, ele só é meu meio irmão, mas por que eu fiquei com tanta raiva e com tanto ciume? Me levantei da mesa sem me despedir de ninguém e abri o portão da casa do Alexandre, andando em uma rua escura sem direção. A rua estava tão calma, ao contrário dos meus pensamentos. Uma luz de farol de carro pairava atrás de mim e logo apareceu ao meu lado. Era o Eduardo.
- Mas que porra foi essa, Enzo? Saiu da festa assim, sem mais nem menos, nem teu celular tu pegou.. Aqui não é a tua cidadezinha não, é São Paulo! Entra no carro. - Ele tava sem camisa, com a respiração ofegante e um pouco suado. Nem preciso dizer por que, né?
- Da pra me explicar agora que merda foi aquela? - ele perguntou de novo.
- Sei lá, tô cansado.. - respondi.
- A Mariana me chamou e disse que você parecia estar com muita raiva, ou com ciume.. ela até disse que se você não fosse meu "meio irmão", ela apostaria que você tá afim de mim".. e eu tava no meio de uma coisa bem importante -
- O que? Ia pedir a puta da Larissa em namoro? - falei, com um tom irônico.
- Não. Ah, já sei, ficou com ciuminho, foi? - Falou ele, soltando o seu sorriso irônico que eu odiava.
- Eduardo, por que diabos tu me beijou hoje?
- Enzo, tu realmente não tá com ciume de mim não, né? Aquilo foi só uma zoação contigo, eu sou hetero, gosto de mulher!
- Se tu gosta tanto de mulher, por que diabos me beijou?
- Acho que o único que gosta de homem aqui é tu, Enzo. - E puxou a minha nuca e me beijou. Não um selinho, mas um beijo de lingua, com tesão e calor.. e eu, claro, correspondi.
Nos beijamos por um minuto, mais ou menos, e ao terminamos, ele olhou pra mim e falou
- É, eu tava certo. Tu é uma bixinha mesmo. Mas relaxa, nada contra, só acho que teu pai não vai gostar de saber disso, hein?
- Quer dizer que você é hetero por ter me beijado, mas eu sou gay por ter correspondido? - perguntei.
- Eu sou muito seguro sobre a minha opção sexual, te beijei mas sei que sou hetero! Só queria ver a tua reação mesmo, nunca gostaria de um homem, muito menos do meu meio irmão. E se tu realmente achou que esses beijos tiveram alguma pitada de sentimento, quero te dizer pra tirar esses pensamentos da cabeça e te avisar que isso nunca mais vai acontecer, porque eu to namorando com a Larissa e quero ser feliz ao lado dela.
Continua..
