Cap.23
Chorei ao ouvir aquilo. Acho que até naquele momento ainda não tinha caído a ficha de que eu tinha um família perfeita. O beijei ali mesmo. Queria retribuir pra sempre o bem que ele tinha feito pra mim. Felipe fazia aquela cara que toda criança faz quando vê os pais se beijando. Algumas pessoas cochichavam, mas eu não ligava. Sabia que eu tinha a família perfeita. Voltei pra casa logo após aquele jantar. Estava tudo vazio, ninguém havia voltado da festa. De repente escuto alguém bater na porta.
- Quem será a essa hora-perguntei
- Não sei, vê pelo olho e abre- olhei, e era o pai dele
- Seu pai está aqui
- Não acredito- ele abriu um sorriso quando ouviu isso. Abri a porta e ele foi entrando.
- Meu filho, que saudade. Você voltou- ele abraçou o filho impiedosamente.
- Também estou com saudade pai
- Estava sentindo muito sua falta
- Eu também- de repente o Felipe veio correndo
- Papai, papai, tá passando aquele desenho- ele abraçou as pernas do Gabriel- quem é esse papai.
- Papai...- o velho parecia não entender
- Pai, esse é meu filho, Felipe. Esse é seu avô Marcelo
- Esse é meu neto- ele teve um brilho nos olhos instantâneo- que garoto lindo !!!- vi que ele começou a chorar.
- Eba, agora eu tenho avô- Felipe saiu dos braços do pai e pulou para os braços do avo
- Ele é adotado- ele falou um pouco mais baixo
- É uma longa história pai, depois eu e André lhe contamos
- Eu ainda não estou acreditando, que agora vou ser avô- ele parecia extremamente feliz com a novidade, ainda não tinha visto Marcelo tão gentil- e você André
- Estou ótimo, agora já enxergo...
- Eu percebi. Amanhã, vocês não querem ir lá pra casa, seus tios estão morrendo de saudades suas Gabriel
- Tá bom- ele falou desanimado
- Eu sei que eles são chatos, mas você não me faça a desfeita, e leve esse garotinho lindo, toda a família precisa conhecer o meu neto- ele estava orgulhoso- filho, nesses meses que você esteve fora eu pensei em muitas coisas. E hoje eu vejo que o errado da história sou eu, e não vocês. Olha só como vocês estão, montaram uma família linda. Você é o maior orgulho da minha vida Gabriel, pode falarem o que quiserem, você sempre vai ser o filho que me deu os meus maiores orgulhos- ele falava aquilo chorando, literalmente. Parecia realmente emocionado com a volta do filho, e com o neto
- Como é bom ouvir isso pai- eles deram um longo abraço apertado, de pai e filho. Realmente ele parecia mudado. Logo ele foi embora e ficamos só nós três em casa. Coloquei Felipe pra dormir e fui deitar- eu ainda não acredito que meu pai está tão diferente.
- Ele pensou na sua felicidade querido
- Deve ser. Você viu a cara que ele fez ao ver o Felipe, achei que ele ia brigar, mas não. Parece ter adorado saber que tem um neto. Me belisca que eu ainda não acredito- eu o belisquei- ai, doeu.
- Você que pediu. Deixa eu dar beijo, vai passar- ele começou a brincar comigo.
- Sabe aonde mais tá doendo
- Aonde
- Aqui ó- ele apontou pro peito dele. Resolvi entrar na brincadeira, e beijei lá- também tá doendo aqui- beijei o pescoço dele- e aqui- agora dei um beijão de língua nele. Como Gabriel me fazia bem, me fazia feliz, incrivelmente feliz. Dormimos abraçados. No dia seguinte, fomos acordados por um pestinha pulando na cama.
-Vamos, levantem, eu quero ir pra casa do vovô, levantem, levantem- Felipe serviu de despertador.
- Calma, calma, já vou levantar. Para de pular, e vai escovar os dentes.
Logo estávamos na mesa, todos já estavam lá, que milagre!!!
- Pularam da cama foi, pra quem chegou tarde em casa, vocês estão com uma força de vontade ein
- Nem me fale- Danilo parecia um zumbi andando
- A festa ontem foi ótima né- Gabriel bateu no ombro dele, rindo. Comemos tudo logo, e logo Felipe estava nos puxando.
- Vamos pai, eu quero ir.
- Mas que coisa, já vamos, vai se arrumar.
Fui pro quarto, e arrumei tudo o que iria precisar. De repente, caiu uma coisa, quando balancei minha mochila. Era um papel. Estava dobrado, e escrito “ Amor da Minha Vida”. Parecia ter certo tempo. Desdobrei, e lá estava uma foto antiga, minha e do Gabriel. Eu estava de óculos escuros, sorrindo, estando abraçado ao Gabriel. Sorri ao ver aquilo. Virei a folha, pra ver a parte de baixo. E tinha uma legenda.
“ Quando conheci esse garoto, senti uma coisa estranha, diferente. Tempo depois, percebi que era amor. Amor por um garoto cego. Amor pelo garoto mais lindo e charmoso do mundo. Tentei me afastar, não consegui. Percebi que só seria feliz, ao lado dele. Superamos barreiras, ele superou barreiras. Hoje temos uma família, ele enxerga, e todos nós somos felizes. Aqui, fica gravado, eu, Gabriel, amei um cego. Amei, não, amo. E sempre vou amar. Ele é minha alma gêmea, querendo os outros ou não. André é o amor da minha vida”
Continua
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