Capítulo Seis
REVELAÇÃO
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Chegou à sexta-feira. Estava me sentindo melhor depois de ter ido ao psicólogo. Eu me despedi do meu pai naquela manhã, eu consegui abraça-lo para se despedir dele afinal ele iria viajar e só retornaria na segunda. Realmente as palavras de Jeffrey tinham me feito bem. Eu cheguei cedo para compensar o psicólogo da quarta-feira. Ás 06h00min já estava no trabalho. Eu comecei a trabalhar com vários papéis deixados em cima da minha mesa.
Adam chegou ás 08h10min.
- bom dia – falei para Adam que saia do elevador.
- bom dia Mike, tudo bem?
- tudo ótimo. Só pra avisar hoje eu cheguei 06h00min horas da manhã para compensar ontem.
- não precisava, mas tudo bem – falou ele com um sorriso e indo para a sala dele.
Ele se foi e eu continuei o trabalho. Passou-se uns 20 minutos e ele saiu da sala e veio até mim.
- Mike, hoje a tarde nós vamos ter uma reunião, nós que eu digo, não inclui você é claro.
- ok.
- então, eu preciso que tire cópias dos relatórios.
- tudo bem.
- tire 10 cópias de cada folha, por favor, use as folhas recicladas.
- vou sim
Ele me entregou uma pasta enorme e em seguida eu me virei e comecei a tirar dez cópias de cada folha. Depois de mais de duas horas estava tudo pronto. Eu usei um grampeador grande para grampear todas as folhas juntas.
Logo após isso eu voltei ao trabalho. Ás 10h02min Roman me ligou no celular.
- oi
- bom dia querido – falou ele.
- bom dia.
- tudo bem com você?
- tudo ótimo e você?
- ótimo também, vai ficar melhor daqui a algumas horas quando nos encontrarmos.
- isso é um convite para almoçarmos juntos?
- espero que sim – falou ele.
- bom, daqui a algumas horas iremos nos encontrar então.
- te vejo mais tarde.
- beijo.
- beijo. – falou ele desligando o celular.
- com quem você falava? – falou Fritz me assustando. Eu dei um pulo da cadeira.
- é particular.
- você está na recepção falando ao celular, mandando beijos e marcando encontros, acho que isso torna sua ligação problema da empresa.
- falou bonito Fritz, mas em fato, ficar me paquerando na empresa como você fez nos últimos meses também não é muito profissional então esquece a ligação.
- você não me respondeu quem era.
- ninguém.
- espero que seja seu pai.
- como assim “espera que seja meu pai”? Fritz acorda! Nós não temos nada um com o outro, nós terminamos eu não te devo explicação da minha vida, não te devo explicação de nada que diz respeito a mim fora dessa empresa, se está mesmo incomodado com a ligação na recepção, ótimo, vai lá e fala para o Adam para que ele me puxe à orelha, mas não venha se meter na minha vida pessoal. Há... e já que perguntou, eu falava com meu namorado, isso mesmo: Namorado! Então saiba que nós dois nunca mais vai acontecer.
- você não se atreveria – falou Fritz.
- se eu tivesse dito isso para esse grampeador – falei colocando a mão no grampeador – era capaz dele entender. Falar com você é o mesmo que falar com uma porta ou uma parede.
- quer saber? – falou Fritz – eu vou mesmo falar com Adam sobre a ligação.
- por quê? Para que eu não ligue mais para ele no trabalho? Meu amor minha vida não acaba quando saio daqui a minha vida começa.
Adam saiu da sala.
- bom dia – falou ele apertando a mão do Fritz – por favor, Fritz não vamos ficar discutindo aqui na recepção, se tiver algum problema com ele fale comigo, eu vou resolver.
- o Mickey estava em uma ligação pessoal aqui na recepção, mandando beijos e marcando encontros.
- isso é verdade? – perguntou Adam.
- sim senhor.
- Mike, evite fazer isso aqui na recepção quando tiver pessoas, mas se não tiver ninguém eu não vejo problema nenhum em você fazer ligações pessoais.
- como você pode permitir isso?
- Fritz meu amigo – falou Adam passando a mão nas costas dele – deixe o garoto em paz – falou Adam rindo e entrando na sala dele.
- quantas vezes vou ter que pedir perdão?
- Fritz, eu te perdoo. Tudo bem? Eu te perdoo. Só que o fato de eu te perdoar não significa que vou te aceitar de volta, eu não estou interessado em você. Passou. O que eu sentia por você agora eu sinto por outra pessoa, eu sinto até mais. Olha eu não quero briga, por favor esquece isso.
- ok –falou ele apertando o botão do elevador – você ainda vai voltar pra mim.
Eu ignorei e continuei trabalhando.
O elevador chegou.
- Tchau Mike, até amanhã – falou ele entrando no elevador. Quando o elevador se foi eu comecei a gargalhar na recepção. Fritz não bate bem da cuca. Ele briga comigo, tenta me ferrar com o chefe por bobeira e depois se despede como se fossemos amigos.
No horário de almoço eu encontrei Roman como sempre na porta da empresa e nos cumprimentamos com um beijo. Logo nós fomos para o restaurante do outro lado da rua. Assim que chegamos escolhemos uma mesa e fizemos os pedidos.
- como foi seu dia? – perguntou Roman.
- nossa, hoje eu acordei mais cedo do que de costume, cheguei para trabalhar ás 06:00 da manhã.
- mas porque?
- quarta-feira eu tive que sair mais cedo.
- porque?
- eu tinha um compromisso – falei.
- ok – falou ele.
- o que foi?
- eu entendi que esse compromisso é pessoal.
- não fica com raiva.
- não estou com raiva Mickey, eu entendo. – falou ele com um sorriso.
- eu fui ao médico – falei.
- não precisava me dizer.
- Roman você é ciumento, eu já percebi isso, só que você não é o tipo de ciumento que eu sou, você é do tipo que fica na sua e quando chega em casa fica se corroendo e sofrendo.
- você é ciumento? – perguntou ele.
- hum, nem queira saber.
- sério? Muito ciumento?
- sim, e meu último relacionamento não me ajudou a acabar com o ciúmes, você sabe no que deu.
- é bom ter ciúmes, isso mantem o relacionamento sempre quente em ostra que você se importa com o outro.
- verdade – falei.
A comida chegou e nós começamos a comer. Enquanto comíamos eu vi Kenn entrar sozinho no restaurante e passar por nós sem dizer nada, alguns minutos depois ele voltou e passou olhando para Roman. Ele deu uma boa olhada nele e saiu do restaurante. Eu discretamente olhava aonde ele tinha ido. Ele estava de fora do restaurante olhando para Roman. Quando ele viu que eu o via ele acenou e depois foi embora.
- Fritz encontrou um doido igual a ele – pensei comigo
Depois de comemos nós nos sentamos em uma pequena praça próxima ao restaurante. Nós sentamos e ficamos conversando.
- quer dizer que esse fim de semana vamos ficar juntos?
- sim – falei – se eu estiver incomodando por de falar.
- você nunca me incomoda – falou ele olhando para os pássaros no céu.
- e você sempre sabe o que dizer.
- você vai para lá hoje?
- sim, eu até trouxe minhas roupas em uma mochila.
- poxa eu não posso te buscar hoje, você pode ir de taxi para minha casa, eu tenho uma reunião longe daqui e vou estar mais perto da minha casa, assim que acabar eu vou para lá.
- pode ser, ou se você me passar o endereço eu vou até e ônibus ou metrô.
- vai de taxi. – falou ele – é mais seguro, você está sobre minha responsabilidade, a partir de hoje a noite sou seu namorado sou seu pai.
Eu me aproximei dele e dei um beijo na boca dele.
- então aproveita, porque eu não costumo beijar meu pai na boca.
- eu retiro o que eu disse – falou Roman rindo.
- acho que já vou, falta só 20 minutos para voltar eu ainda tenho que escovar os dentes.
Nós nos levantamos e fomos embora, nos separamos na metade do caminho e nos despedimos com um beijo. Eu cheguei ao 5º andar e escovei meus dentes, lavei o rosto e fui para o elevador voltar para a recepção.
Entrei no elevador e enquanto ele subia eu olhei no relógio, era 14h10min. Eu estava 10 minutos atrasado. Assim que a porta se abriu eu levei um susto. Adam, Gray, Steve, Vanessa, Xavier, Fritz e Kenn estavam parados olhando para mim.
- boa tarde – falei. Nenhum deles respondeu.
- onde você estava Mike? – perguntou Adam sério.
- nossa me desculpa, foi só 10 minutos, mas... não vai acontecer de novo.
- não é isso, eu quero saber onde você estava?
- almoçando, no restaurante do outro lado da rua.
- com quem?
- meu namorado.
- qual o nome dele?
- Roman, por quê?
Todos se entreolharam quando eu disse isso.
- Mike, vamos conversar na minha sala, por favor.
Adam abriu a porta e antes de entrar ficou esperando que eu entrasse. Eu estava um pouco confuso, mas entrei na sala e em seguida todos entraram.
Me sentei na cadeira de frente para a mesa de Adam e Adam se sentou na cadeira ao meu lado e ficamos em uma espécie de circulo.
- vocês estão em assustando. O que aconteceu?
- Kenn, conte para nós o que você viu.
- eu estava passando pela rua e vi Mike e um homem sentado em uma mesa do restaurante, eu achei estranho porque eu achei que conhecia o homem sentado com ele, afinal eu só o tinha visto, uma vez e de costas. Eu entrei no restaurante e fui até o final e voltei para ver o rosto dele e foi quando eu tive certeza que o homem que estava com Mike é Roman.
- sim, é o Roman. O que tem isso? – falei.
- Mike, eu nem sei como dizer isso...
- dizer o que?
- Mike, o homem que você está almoçando... você não reconhece o nome?
- eu deveria?
- sim.
- pois eu não tenho a mínima ideia – falei.
- o homem que você está namorando é Roman Pearce Orth – falou Adam me entregando um jornal com uma foto de Roman apertando a mão do governador do estado da Califórnia.
Eu peguei o jornal e olhei a foto dele. era realmente Roman.
- Mike, Roman é um dos maiores advogados desse pais e ele é nosso rival no caso de Nova York.
Eu ouvia atento o que ele dizia.
- ele é um ótimo advogado e muito poderoso porque ele tem contatos no governo e até talvez na casa branca. Ele já fez muitos favores e as pessoas devem muito favores a ele.
Adam me entregou outro jornal com uma noticia sobre um caso que Roman ganhou.
Como eu disse ele é nosso rival no caso de Nova York, Kenn reconheceu ele porque Kenn vem acompanhando o caso, como o caso é altamente secreto você nunca viu uma foto dele e nem sabe do caso.
Eu olhei as fotos e olhei para Adam.
- e dai? Ele é um advogado.
- você não entende Mike? Ele está te usando. Roman é muito esperto, ele é poderoso e quase nunca perde um caso ele usa suas táticas e artimanhas. Ele está te usando para saber quais táticas iremos usar na próxima audiência.
- mas ele me conheceu aqui no elevador da empresa, ele foi ao dentista.
- Mike, ele deve ter colocado pessoas te vigiando para saber qual seria o próximo passo dele. ele sabia a hora que sairia do trabalho e entrou no elevador propositalmente.
- isso não é possível.
- me fala Mike, Roman te disse no que trabalhava? Falou qual o emprego? A empresa?
- não – respondi.
- ele sabia que você é o único que não o reconheceria.
- está me dizendo que esse cara, Roman é heterossexual?
- isso eu não posso afirmar – falou Adam – o que eu posso afirmar é que ele está te usando para chegar a nós.
- afinal, que droga de caso é esse em Nova York?
- não podemos dizer – falou Steve. – é super secreto.
- eu quero saber, eu vivo nesta empresa, faço tudo o que vocês mandam. Agora vocês estão o acusando de tantas coisas. Porque esse caso é tão importante? Porque ele fingiria gostar de mim apenas para ter um contato próximo a vocês? Eu sempre fui leal a você Adam, agora eu preciso que seja leal a mim e me conte que caso de Nova York é esse?
Adam olhou para todos na sala.
- você vai ter que assinar um papel declarando que nunca vai contar esse caso para ninguém, se perguntarem se você conhece sobre esse caso você irá negar.
- tudo bem – falei.
- tem certeza? – perguntou Gray.
- sim – falou Adam pegando um papel e me dando para que eu assinasse.
Eu assinei o papel ansioso para saber que caso seria esse.
- Mike – falou Adam – está vendo esse homem que Roman está ao lado? – falou Adam me mostrando outro jornal onde Roman está ao lado de um homem de mais ou menos 35 anos.
- sim. É o senador Davis, ele vai ser candidato a próximo governador da Califórnia nas próximas eleições.
- esse senador Davis, está sendo acusado de molestar duas crianças.
- o que?
- a mídia não tem nem ideia disso porque todos foram obrigados a assinar um contrato sobre isso tanto do nosso lado como do lado deles.
- esse não parece ser um caso muito complexo – falei.
- agora é que fica complexo – falou Adam. – As duas famílias são vizinhas e acusaram o senador de ter molestado os filhos durante a campanha de dois anos atrás, a investigação estava indo tudo bem, até que provas desapareceram do arquivo, pessoas mudaram seu testemunho.
- você acha que foi Roman?
- talvez, - falou Adam.
- Davis está livre da acusação, mas ele quer processar a família por difamação. Eles querem arrancar tudo dessas famílias. São famílias bem pobres, nós estamos sendo advogados deles de graça Mike.
- ele não faria isso – falei.
- você não conhece Roman – falou Adam.
- mas se o senador Davis está praticamente livre das acusações, porque ele processaria as duas famílias mesmo sabendo que seu cliente é culpado?
- você sabe do que esse homem é capaz.
- mas não foi difamação.
- vai ser quando estiver chegando à eleição, essa história com certeza vai vazar e eles já estão adiantando tudo para que pareça que o senador tenha sido acusado injustamente.
Minha cabeça com tanta informação. Eu olhei as fotos e olhei para Adam e para todos. Kenn estava com uma cara de satisfação. Eu olhei os papeis e meu coração bateu forte.
- eu não acredito em você – falei entregando os papéis para Adam, meus olhos começavam a ficar húmidos – quer dizer, acredito em tudo o que disseram, mas não acredito que Roman esteja me usando.
- você é idiota? – perguntou Fritz – o cara está te usando e você se recusa a acreditar.
- por favor – falou Adam. – Fritz não vamos nos ofender.
- eu não acredito, eu conheço Roman. Ele gosta de mim. – falei sentindo meus olhos transbordaram, mas eu limpei com a mão antes de escorrerem pelo meu rosto.
- sinto muito – falou Adam.
- não sinta – falei me levantando – eu não acredito e fui em direção à porta para sair.
- pergunte para ele – falou Adam.
- o que?
- pergunte para Roman se ele está te usando – falou Adam – Você é esperto Mike se ele estiver mentindo você vai saber.
Eu olhei para ele e depois sai pela porta.
- e agora? – perguntou Xavier para Adam.
- o jeito é torcer para que Mike abra os olhos. – falou Adam.
Voltei para a recepção e me acalmei, e em seguida tomei um copo de água. Eu não consegui me concentrar no trabalho e decidi não fazer nada o resto do expediente. Eu fiquei apenas sentado esperando chegar a hora. Assim que deu 18h00min eu bati o ponto para sair sem me despedir de ninguém para a casa de Roman.
