Cap.3
Ele ficou extremamente vermelho, parecia não acreditar que eu tinha feito essa pergunta.
- Você não tá sendo um pouco indiscreto- ele não olhava pra mim
- Desculpe, mas de ontem pra hoje acho que você me deu liberdade pra te perguntar isso- puxei o rosto dele e o encarei
- Tá bom. Se você quer saber isso, eu digo mas no seu ouvido- ele se abaixou e chegou próximo ao meu ouvido. Senti sua respiração no meu ouvido, me fazendo arrepiar por completo- sou- e de repente sinto seus lábios escostarem meu rosto. Eu olhei pra ele, que já estava vermelho, qualquer dia desse, ele ficaria assim pra sempre- eu nem acredito que eu fiz isso.
- Não se preocupa, eu gostei- peguei a sua mão e a beijei. Ele sorriu ao ver aquilo. Eu nem acreditei que estava dando em cima de um garoto, e que ele estava correspondendo. Não sei o que deu em mim, mas eu peguei um papel e lá escrevi meu número- pega
- O quê é isso ?- ele perguntava, curioso
- Pra gente não perder contato- ele olhou pro telefone e pra mim em seguida. Vi seu rosto dar um sorriso lindo pra mim, e irresistível.
- Tá bom- ele voltou pra poltrona dele.
Já tinha ganhado meu dia apenas com aquele sorriso. Não consegui mais tira lo da cabeça. Seu sorriso lindo, seu rosto sedutor e seu jeito inocente me encantavam. Nunca ninguém tinha dado bola pra mim, e eu nem acreditava que não estava sendo tímido com ele. Ele parecia me dar coragem pra fazer qualquer coisa. Enfim, pousamos no Rio. Fui pegar minhas malas e quando vou saindo, meus pais estavam escoltados, me esperando.
- Pai
- Ai Filho, que saudade- papai Gabriel sempre foi mais emotivo. Logo ele já estava em prantos
- Esqueceu do outro foi- pai Gil fazia aquela cara de sempre quando nos viamos, felicidade.
- Claro que não pai- fui abraça lo agora
- Você não vai mais voltar pra China não né- Pai Gil perguntava
- Não- ao falar isso vi Murilo passando. Ele viu que eu estava passando, e mandou beijinho pra mim, de modo discreto, pra ninguém perceber. Eu acho que um monte de corações se formaram ao redor do meu rosto. Só consegui dar tchau pra ele, sorrindo.
- Quem é o seu "amigo" Anderson ?- gelei quando percebi que papai Gabriel tinha percebido a troca de carinho. E o pior, ele fez aspas com os dedos no amigo- ele é bonito, parece com aquele escritor que escreveu aquele livro.
- Ah, o dono da livraria- meus pais sairam rindo, pareciam até que eles sabiam que eu gostava de homens. Fomos pra casa entre brincadeiras e risadas dentro do carro, mas nada de tocar no assunto.
NARRADO POR GABRIEL LIMA
Eu já imaginava que o Anderson fosse gay. Eu só queria saber porquê ele ainda não havia me dito. Eu achei que Anderson confiava em mim, pra tudo. Não me sentia triste, apenas intrigado.
Logo quando chegamos em casa, vi ele praticamente correndo pro quarto, mas hoje eu conversaria com ele.
- Anderson, senta aqui filho- sentei e pedi pra ele sentar do meu lado
- Eu tenho que deixar minhas coisas lá em cima
- Depois você leva, vem cá- procurei ficar tranquilissimo, pra que ele não ficasse com medo- olha filho, uma vez me descuidei
- Como assim, se descuidou ?- sua cara era de confusão
- Uma vez, seu avô me viu beijar seu pai na rua, logo quando o namoro começou.
FLASHBACK
- Você viu- falei, com uma cara triste
- Vi Gabriel. Vem cá- ele me chamou- nós sabemos que não se escolhe nascer assim, afinal eu e seu pai nascemos assim, gostando de outros homens. E já que você está amando ele, diga a ele pra vir hoje a noite, jantar aqui. Nós te amamos viu filho, e não ligue para o que os outros falam.
- Obrigado pai- falei, saindo pulando, de tanta felicidade.
FIM DO FLASHBACK
Chorei ao me lembrar daquilo, foi muito marcante pra mim. Além disso, me fazia lembrar do meu pai, que já havia morrido, e o quanto ele me ajudou, pra viver meu amor. Eu queria ser como meu pai foi pra mim, para o Anderson.
- Descobri depois- falei, olhando pra ele- olha, hoje lá no aeroporto eu vi aquele garoto mandando beijos pra você, e vi você com uma carinha de apaixonado. Anderson, se você é gay, e tá, namorando com aquele garoto, é só me dizer, eu não vou te julgar, afinal eu e seu pai somos assim.
- Desculpa não ter contado nada pai, é que eu já vi tantos casos de pais gays que rejeitam seus filhos gays. Eu fiquei com medo de que vocês fossem assim
- Não meu filho, eu senti na pele o que é ser rejeitado pelos pais, eu nunca faria você passar pelo que eu passei- agora era pai Gil que falava comigo.
- Sério pai
- Sério filho
NARRADO POR GILBERTO
FLASHBACK
- Mãe, eu estou namorando
- Ah meu filho, que bom, quem é ela ?
- Não é ela, é ele- sua expressão foi de sorridente a raivosa em um segundo
- Como é que é Gilberto ?
- Eu estou namorando um garoto
- Você é viado, eu não acredito. O que os outros vão dizer Gilberto, e meus netos, e sua vida ?
- Eu não ligo para as pessoas, e você vai ter netos mamãe
- Não, você nao era assim, você sempre foi hetero. Quem é ?, esse garoto deve tá te influenciando
- Mãe, ninguém tá me influenciando, eu namoro com ele por que eu quero. Ele é filho do Felipe Lima
- O Ricaço. Só podia ser, viado filho de viado, é viado. Mas você não é. Você vai morar com o seu pai, bem longe daqui
- Não. Eu não quero
- Você não tem querer, você vai e pronto
FIM DO FLASHBACK
- Desculpa papai, mas a vovó foi uma pessoa muito ruim
- Eu sei. Mas não estamos falando dela.
- Vocês não sabem o quanto eu estou aliviado após falar isso pra vocês.
- Não se preocupe com nada filho. Eai, conheceu ele na China ?- pai Gil perguntava
- Vocês já... Você sabe - fiquei vermelho que nem pimenta.
- Não pai, sou virgem ainda. E não estamos namorando
- A não ?
- Não, mas bem que eu queria.