Erick- Como pode ter certeza? Como você disse, demônios são do mau, eles não tem sentimentos.
Eu- Porque somos o que escolhemos ser, Lucifer era um Anjo, agora é o Diabo, se um anjo pode ficar do mau, um demônio pode ficar do bem.
Erick- É que... as vezes eu sinto tanto ódio, eu sinto vontade de fazer o que não é certo, vontade de ver os outros sentirem dor, naquela noite no reciclado, confesso que gostei do que fiz na hora...
Erick começou a chorar, ele realmente estava com medo, apoiei ele no meu ombro, disse que iria ficar tudo bem. Em meus pensamentos busquei lembrar do Douglas, das coisas que ele dizia, o bem que me fazia.
" Eu- Oi!! Sou o Douglas mas pode me chamar de Doug. "
" Will- Tá fazendo o que Doug? Eu disse pra esperar!!
Eu- Você não é o meu pai!!
Will venho correndo em minha direção, era um gramado bem grande, estava liso por causa da água, imagina se o pateta não iria deslizar e me derrubar. Caímos no chão, fiquei todo sujo.
Eu- Seu idiota, olha o que você fez!! Agora to todo sujo e molhado."
Nascer do sol no Morro Azul- "Will- É lindo não é?
Eu- Muito. Me sinto mais vivo, mais tranquilo, sei lá, não dá pra explicar.
Will- Por isso eu não te disse como era, só dá pra sentir.
Eu- Ele é mais bonito quando nasce.
Will- O que está sentindo agora?
Eu- Paz, amor, felicidade, algo que nunca senti antes."
Eu- Você não um semi, não é um semi.
Alguém- Wééééhhh!!!
Erick- Esse foi...
Eu- É o Rafa! Vamos.
Fomos até o Rafa ver o porquê do grito, pra nossa surpresa Rafa estava deitado dentro da barraca como se nada tivesse acontecido.
Eu- Está tudo bem aqui?
P
Rafa- Está.
Eu- E por que gritou?
Rafa- Não fui eu, foi a cabrita.
Eu- A cabrita?
Rafa- É verdade, ela grita igual a gente, e aquele cachorro, ele sorri.
Eu- OK! Haamm! Vamos dormir, parece que amanhã é dia de rodeio, temos muito o que fazer.
Rafa- Will, podemos conversar um pouco lá fora?
Erick- Pode ir, eu não me importo.
Saímos da barraca e fomos até o lado, Rafa parecia que queria dizer algo sério.
Eu- O que foi?
Rafa- A Sarah me ligou, não era pra mim te contar mas... hoje ela foi na escola pra fazer pesquisa na biblioteca e disse que viu o alguém conversando com o Diretor do colégio.
Eu- O que tem de mais nisso?
Rafa- Esse alguém era muito parecido com o Douglas mais velho e com algumas cicatrizes, tipo sua idade.
Eu- Tá, espere aí. Tá me dizendo que ela viu o Douglas?
Rafa- Não o Douglas, alguém parecido com ele. E se ele for o Douglas? Vai continuar sendo amigo do Erick? Vai coloca-los frente a frente? Porque eu avisei pra não ficar esperançoso.
Will- Eu não sei, acho que... vamos voltar pra casa.
Rafa- Agora? Ficou maluco? Viu como tem muitas porteiras pra serem abertas até a estrada, sem falar que viajar durante a noite é muito perigoso.
Will- Eu sei disso, mas eu preciso saber se esse cara é ou não o Douglas, sabe-se lá quanto tempo ele vai continuar na cidade, você podem ficar aqui, eu vou ir.
Rafa- Primo, pare de pensar nisso, vamos esperar, se ele for o Doug vai continuar na cidade, te esperando, se não for, vai deixar o Erick aqui?
Erick- Por mim nós podemos ir.
Rafa- Estava ouvindo a conversa?
Erick- Não, eu só vim aqui pra dizer que tive um disparo neural, a única coisa que ouvi é que vocês querem voltar, bom, pelo menos o Will quer.
Will- Não mais, vamos ficar e aproveitar o eventos da região, é pra ser nossa folga, o único lugar pra onde vamos agora, é pra barraca.
Rafa- Falou e disse, Erick vem cá, me expliquei aí, o que é esse disparo neural.?
Erick- É como eu passei a chamar quando vem as páginas do livro em minha mente.
Rafa- E você disparou o quê?
Erick- As 12 palmas da mão perdidas do Buda, um golpe no seu pescoço e você desmaia.
Rafa- Legal, faz isso pra mim dormir tranquilinho.
Durante a noite acordei várias vezes, meus sonhos se resumiam na morte do Douglas, passei a noite toda pensando nele, nas coisas que ele fez e no que eu teria que fazer.
No dia seguinte levantamos e fomos tomar café da manhã, era o descanso perfeito.
Tio- Rafaer! Ajuda o tio a soltar o gado.
Rafa- Sim tio, eu já vou lá.
Rafael foi pra fora, assim que terminamos nosso café, chamei o Erick pra dar algumas voltas e contar histórias sobre mim e o Rafa, como nossas famílias foram pra São Paulo.
Erick- Você tem sorte, sua vida é muito boa.
Will- Parece mas não é.
Erick- Você não tem do que reclamar, já se perguntou o que é viver? Qual o sentido da vida?
Will- Nunca parei pra pensar nisso.
Erick- Deveria, não pode esperar que só aconteça coisas boas, isso não é viver, viver é ter experiências, pense nela como um jogo, não tem graça se você não perder algumas lutas.
Eu- Falou o cara que estava todo emotivo ontem a noite. Sabe Erick, tem uma coisa que está me incomodando. Toda vez que você passa mal, é quando está perto de mim, eu queria saber, tenho algo alguma relação a isso?
Erick- Acho que não, isso é algo que tenho desde quando sofri o acidente, do nada vem uma leve dorzinha a cima dos olhos, fico meio tonto e... eu acho que vem algumas imagens na minha cabeça.
Eu- Pode ser o livro, você gravou ele todo na mente.
Erick- Talvez. Não sei como fiz aquilo, só dei uma lida e algumas folhadas.
Eu- A batida pode ter afetado sua cabeça.
Erick- Tá ouvindo isso?
Rafa- Corre!! Corre Will!!
Eu- Haaa meu Deus! Erick é melhor a gente...
Me virei pro lado e Erick já estava correndo. Do quê? Dos gado, isso mesmo, Rafa conseguiu assustar o gado.
Rafa- Corre Will!!
Will- Seu idiota!! O que tu fez?
Rafa- Não fui eu, foi a cabrita que berrou!!!
Will- Haaa!! Ai! Aii! Aiii!
Todo aquele gado correndo atrás de nós e não tinha mais saída, o jeito era escalar o barranco, Erick já estava subindo o barranco, a sorte é que nós também estávamos alguns metros distante do gado e tivemos tempo pra subir, quando Erick estava quase subindo, ele escorregou e caiu.
Eu- Rafa segura ele!!
Rafa- Não dá, ele está muito longe!
Alguns bois estavam bem próximos enquanto os outros ainda estavam chegando.
Eu- Rafa! Ajuda a atirar algumas pedras nos bois!!
Atacar pedra nos bois não ajudou, eles ficaram mais nervosos a passaram a bufar pro Erick.
Rafa- Erick vem logo, os outros estão chegando!
Erick ficou lá, parado, sem reação. Fiquei com medo do que estava pra acontecer. Nos instante em que o boi abaixou a cabeça pra chifrar o Erick, ele deu um mortal agarrando nos chifres do boi pra dar mais impulso e pulo pra trás do boi. O resto do rebanho parou diante do Erick.
Rafa- Erick você está legal?
Descemos pra ver se ele estava bem, o rebanho estava mais calma, não havia mais perigo. Olhei pra ele e estava ofegante, assustado.
Rafa- Tudo bem amigo, já passou.
Erick- Fiquei com tanto medo.
Nosso tio chegou até nós de cavalo.
Tio- Alguém se feriu meninos?
Rafa- Sim tio, está tudo bem, ninguém se machucou.
Eu- Por sorte né Rafa?
Rafa- Não foi culpa minha, a cabrita gritou e assustou os boizinhos.
Tio- Por Deus estão todos bem, vou puxar o gado de volta.
Rafa- Will, você viu como o gado parou não é? Erick deixe-me ver seus olhos...
Rafa abriu os olhos do Erick pra ver, dei um tapa na mão dele.
Will- Qual é cara?
Eu- Ele não é um semi Rafa!
Rafa- Então explique como ele fez isso.
Eu- Olhe em seu pescoço, estava com a coleira o tempo todo, foi ela que o salvou.
Rafa- Tem certeza? O Doug também usava quando morreu.
Will- Eu sei, pensando no jeito que ela funciona, ela deixa as pessoas mais calmas, nem os Jhones podem se transpor e se ela teve algum efeito com o gado?
Rafa- Os boizinhos? Tem certeza?
Will- Tenho, ele não é um semi, é o Erick e nada vai mudar isso.